Garo (Primeira Temporada)


“Onde há luz, as sombras se escondem e o medo reina.
E pelas espadas dos cavaleiros,
A humanidade recebeu esperança.”



É assim que se começam praticamente todos os capítulos de Garo. Um tokusatsu que não é bem tokusatsu, ele se autodenomina um action drama. Não importa o nome que você dê, é inegável que é excelente.





Neste mundo, há bestas chamadas Horrors, e os Cavaleiros Makai. Os Horrors devoram seres humanos, possuindo-os. Eles aparecem através de maldades, loucuras e pecados dos humanos. Como já devem ter percebido, os Cavaleiros Makai existem para matar os Horrors. É aquele velho clichê “Criaturas do Mal vs. Cavaleiros”. Mas o grande trunfo de “Garo” é seu desenvolvimento.

Todos os personagens são bem construídos e explorados, sem exceção. Até o humano possuído da vez eu notei que tinham muitas particularidades. E vários personagens secundários se mostram fundamentais para o decorrer da trama, sendo adicionados de forma muito inteligente. Outra parte disso é o equivalente ao “amadurecimento” dos personagens de tokusatsus normais, que seria o frio Kouga se tornando um pouco mais amável.

Kouga transformado


A história começa quando uma jovem pintora iniciante chamada Kaoru, vai tentar colocar seu quadro a venda numa exposição. Porém, um rapaz vestido de branco (Kouga) chega, dizendo que quer comprar um quadro. Acontece que ele acaba se deparando com um Horror, e o mata. Porém, no meio da briga, Kaoru é atingida pelo sangue do Horror. A regra dos Cavaleiros Makai diz que, se um humano é banhado pelo sangue de um Horror, ele morrerá em 100 dias, e o cheiro do sangue irá atrair mais Horrors. Ou seja, ou o Cavaleiro mata a pessoa, ou ela vai ficar atraindo Horros até ser morta.
Esse é o plano de Kouga, que também é um Cavaleiro Makai, o Garo. Kaoru não sabe desse plano, e
Kouga começa a matar os Horrors que se aproximam dela, ou seja, a usa apenas como isca.

A coreografia das lutas é linda, me atrevo a dizer que talvez seja a mais bela dos tokusatsu, não importa o gênero. São saltos, piruetas, espadadas pra todos os gostos, lembrando um pouco os clássicos filmes de kung-fu (mas a maioria dos filmes de kung-fu geralmente exageram nas lutas). E todas são muito bem incluídas, inclusive batalhas contra Horrors gigantes.


Este é um dos Horrors. Fofo, não? :3


“Garo” usa muita CG (Computação Gráfica, Animação 3D), e poucas vezes decepciona. Quando aparece um Horror mais mecânico (engrenagens, correntes, etc), os efeitos são belos. Porém, quando o Horror é mais orgânico, devo confessar que fica um pouco estranho, mas nada que tire o brilho da história e do contexto. Aliás, os próprios Cavaleiros Makai vez por outra são animados, e não decepciona tanto.

“Garo” é uma série mais voltada a adultos (era exibido de madrugada, no Japão), então, os produtores tinham uma liberdade maior sobre o conteúdo. Então, não é de se estranhar que os Horrors tenham tanto sangue, e apareça um pouco de nudez aqui ou acolá. Eles também foram ousados no conteúdo dos roteiros. Vira e mexe você encontrará pessoas com problemas psicológicos seríssimos, a ponto de torturar alguém só por memória de um ente querido, ou matar pessoas por dinheiro (tá bem, esse último é mais comum...)
Outra coisa interessante sobre o roteiro, é que ele mostra que qualquer um, mesmo que não saiba ou não possa lutar, pode ajudar e encorajar o que luta.

Da esquerda pra direita, Kaoru, Kouga, Gonza (mordomo de Kouga, praticamente um Alfred),
e Rei, outro Cavaleiro.


As temáticas abordadas também são bem mais adultas que os outros tokusatsus, como por exemplo:  beleza, dinheiro, solidão, vida maçante e triste, isolamento de uma pessoa da sociedade, e são tratadas bem mais seriamente.

Também há uma mensagem muito interessante relativa ao livro que o pai de Kaoru ilustrou. Mas esse eu deixo pra vocês perceberem, pois se eu falar mais alguma coisa perderá a graça.

Ah, mais uma coisa interessante que não se vê sempre em tokusatsus: “Garo” tem toques de suspense e terror. (Na verdade, é mais suspense, levar um sustinho de vez em quando. É até bom, sério.)

“Garo” é um excelente tokusatsu, se você procura fugir daquele padrão “Kamen Rider” ou “Super Sentai”. Aqui há monstros gigantes sim, mas não são constantes e nem temos um robô gigante. Mas nem por isso, desistimos de lutar para defender as pessoas. Se você busca um tokusatsu alternativo, veja “Garo”. Só tem 25 episódios, mais os filmes e especiais (que hei de resenhar um dia). Mas vale muito a pena. Assista na primeira oportunidade que puder.

Uma curiosidade: o anel falande de Kouga, Zaruba, é dublado por Hironobu Kageyama. Agora você pode dizer que conhece um anel metálico falante que canta "Cha-La Head-Cha-La".