Astronauta: Magnetar

Maurício de Sousa é um ícone nacional. Criador da Turma da Mônica, Astronauta, Penadinho, Piteco, e tantos outros personagens que marcaram gerações, hoje é mais um empresário que um quadrinhista, de fato.
Diversos quadrinhistas brasileiros tiveram suas vidas/carreiras influenciadas pelas obras do Maurício de Sousa, e o mesmo deu a oportunidade de alguns desses artistas fazerem suas releituras do universo criado por Maurício, com as coletâneas "MSP por 50 Artistas", que rendeu uma continuação e o livro "Ouro da Casa", com a mesma premissa, mas usando os artistas de dentro dos estúdios.



"Astronauta: Magnetar" é o primeiro título do selo Graphic MSP, que pretende mostrar releituras do universo "mônico" para um público mais adulto e/ou maduro (porque uma história ser "adulta" não quer dizer necessariamente que é madura). A aventura foi escrita e desenhada por Danilo Beyruth, que já trabalhou no segundo volume da coletânea citada anteriormente ("MSP por mias 50 Artistas") e em "Bando de Dois", além de um personagem próprio, o Necronauta. Como ele se saiu com "Magnetar"?




A história trata sobre uma aventura do Astronauta. Vemos um fragmento de sua infância, no interior, pescando com seu avô, que transmite toda a sua sabedoria popular ao seu neto.
Depois somos levados ao espaço, onde o Astronauta investiga o Magnetar, uma estrela de nêutrons imensa.
No entanto, após uma pequena falha do protagonista, ele fica "naufragado" no meio do espaço, sem contato com nada nem com ninguém. Até mesmo o seu "Wilson", o Computador de Bordo, sofre danos e fica incapacitado de ajudar o Astronauta. Ou seja, o herói está sozinho no espaço, sem comunicação, e graças aos efeitos do Magnetar, começa a ficar louco.

A narrativa é de fácil entendimento, onde o autor, com o auxílio de um estudioso do tema, explica todos os termos científicos chatos e que provavelmente nunca ouvimos falar em nossas vidas, tudo num glossário bonitinho no final do livro.
O legal é que, quando terminei de ler, senti como se tivesse lido uma história aleatória do Astronauta. Eu tive uma revista que era só história do herói ovo de páscoa azul espacial, e muitas delas eram só aventuras normais, e outras incluíam reflexões filosóficas que cutucavam diretamente o pensamento de nós, terráqueos comuns. Em "Magnetar", algo parecido acontece, e é mostrado de uma forma bem interessante e desenvolvida.

Infelizmente, o tema de solidão e insanidade poderia ter sido melhor trabalhado e até mesmo estendido. Não que tivesse ficado ruim, mas ficou um pouco... Rápido demais. Poderia ter desenvolvido um pouco mais.



Os desenhos são excelentes. O visual do Astronauta, como também seu uniforme, recebeu uma boa repaginada para se tornar mais realístico e palpável, sem perder a essência. Inclusive, recebeu até um toque meio Homem de Ferro, com vários uniformes diferentes, um para cada ocasião. Isso sem falar na detalhada estrutura da nave.
O único defeito que encontro nos desenhos, são alguns traços aqui e acolá que saem dos quadros, mas não é nada que atrapalhe e só tou citando isso porque eu sou chato mesmo.
Pra fechar, ainda tem as belas core de Cris Peter, que casam perfeitamente com as situações mostradas.

Como bônus, ainda temos uma galeria de esboços de Danilo, e um pequeno texto sobre o Astronauta, seguido da primeira história publicada do herói.
A propósito, eu descobri que sou parente do Astronauta.

Com duas versões (uma de 19,90 de capa simples, e outra de 29,90, com capa dura pra colecionador), "Astronauta Magnetar" é uma graphic novel com uma releitura inteligente de um personagem clássico nacional. Vale MUITO a pena comprar.