The Mighty Peking Man


Resolvi pegar um filme aleatório da minha lista de filmes de monstros gigantes aqui, e acabei nesse. Acho legal esse desconhecido, não saber o que vai encontrar. Como quando você tem uma penca de jogos de emulador de Super Nintendo, e pega um jogo aleatório de nome estranho, e pode achar um jogaço ou uma verdadeira pérola.

Quando comecei a ver "The Mighty Peking Man", quase desisti quando apareceu o logotipo do Shaw Brothers, o mesmo estúdio de "The Super Inframan". Mas fui um guerreiro e consegui ver o filme todo. Sobreviveria eu a uma segunda sessão desse filme?






Como podem imaginar, o filme é uma cópia descarada de King Kong, incluindo a garota loira que "controla" o gorila e a cena no edifício, mas estou me adiantando.


A ideia do filme nos é jogada logo nos 40 segundos do filme e não, não estou brincando. Com 40 segundos já somos informados de um gorila gigante que, ao acordar, destruiu uma aldeia na Índia.


Uma equipe de exploradores chineses resolve ir atrás do macacão pra trazer pra cidade como atração e ficarem mais ricos que o Tio Patinhas. Então os caras vão pra Índia pra capturar o grande homem com uma fantasia de macaco comprada no Centro para conseguir fama e fortuna. Para isso, chamam Chen Zengfang, ou algo assim, não quis ter o trabalho de decorar os nomes dos personagens. Chen é um explorador que acabou de terminar com a namorada, porque descobriu que ela o estava traindo com o irmão produtor de TV.


Interessante é a cena em que um dos engravatados diz "Ah, tem o explorador chamado Chen Zhengfeng, mas ele acabou de terminar com a namorada, não sei se ele quer", e momentos depois, aparece um carinha pro tal Chen dizendo "E aí? Bora lá?" e o Chen diz algo como "Bora lá."


Enfim, após procurar muito, a equipe desiste e deixa Chen pra morrer sozinho na selva porque sim.
Então Chen se encontra com o gorilão, que quase o mata, mas o explorador é convenientemente salvo por uma guria loira fazendo cosplay da Regra 63 do Tarzan que começa a cuidar dele.
De alguma forma, o explorador convence a guria a levar o gorilão e ela pra cidade grande.


A narrativa do filme possui várias falhas, com momentos rápidos e óbvios, e que ainda por cima contam com uma péssima edição. Sério. PIOR. EDIÇÃO. DO. MUNDO. Não tem nada acontecendo em um momento, e daí do nada, TUDO começa a acontecer. Tanto o roteiro quanto a edição são prejudicados pela pressa em mostrar os fatos, sem ao menos tentar manter uma linha orgânica entre as cenas.
O tempo é algo meio confuso, ao que parece o explorador passa um ano na selva, mas para nós, se parecem algumas semanas, meses no máximo.



MUITOS furos de roteiro. Praticamente plot twists durante o filme. Citando alguns:
-A guria chegou na floresta após um acidente de avião, onde foi a única sobrevivente. Mas onde raios ela aprendeu a falar mandarim?
-Como raios uma garota claramente estadunidense se chama "Ah Wei"?
-A guria realmente não sabia que os caras iriam explorar o gorilão pra ganhar dinheiro? Digo, ela e o explorador estão, em teoria, namorando. E mesmo que não estivessem, ela não tem curiosidade em saber como o mundo lá fora funciona e o motivo de o explorador querer levar o gorilão pra cidade grande? Ela sabe falar em mandarim (de alguma forma) Sério mesmo?
Isso porque não citei os que não interferem muito na história.


Os personagens são tão profundos quanto uma folha de papel. Podemos deduzir o motivo de algumas ações, mas nuca somos apresentados aos motivos realmente. Isso sem falar no suposto romance entre o explorador e a guria-tarzan, que é forçado ao extremo. A moça simplesmente cai nos braços do cara e de repente os dois se apaixonam. Há uma montagem para nos forçar o romance entre os dois, e é a montagem mais lenta e desinteressante que já vi em toda a minha vida, e olha que tenho só 17 anos.
Isso sem falar nas atuações, que são péssimas, muito artificiais e forçadas. De longe, a melhor atuação é do gorila.


O relacionamento entre os irmãos (o explorador e o produtor de TV) é meio complicado. Mesmo após a traição catastrófica por parte do produtor e da namorada do explorador, o relacionamento entre os irmãos não é muito afetado. Poderia-se usar essa oportunidade para aprofundar mais nos personagens.Sim, é bem interessante a situação em que o protagonista é situado, com sua ex-namorada querendo voltar, e sua paixão pela guria da selva, o que o leva a ficar indeciso. No entanto, tanto o relacionamento com o irmão e com a ex-namorada, bem como o dilema, é mal usado e é logo jogado pela janela sem mais nem menos.






Os efeitos visuais não estão ruins, estão bons para a época e para o orçamento que o filme recebeu. Claro, não são todos os efeitos visuais, mas alguns realmente tiveram algum esforço, como a cena do barco na tempestade.




As maquetes em especial são muito bem trabalhadas. Tem vários detalhes que enriquecem a cena de destruição do macacão. Tem até carros motorizados, vejam só.


Pelo menos nesse filme tentaram colocar uma música de fundo descente, ao contrário de "The Super Inframan", que praticamente não tinha música, e deixava o filme desinteressante e com ritmo arrastado.


Eles fazem de tudo para que sintamos pena do gorilão, e quer saber? Funciona. De fato, eu sinto mais simpatia pelo gorilão que foi tirado de casa e está servindo como entretenimento quase medieval sem nem ao menos poder se defender, do que os personagens humanos.

De fato, eu estou totalmente convencido de que o filme inteiro foi feito apenas para a cena da destruição da cidade. Porque, sinceramente, é uma cena divertidíssima de ser assistida, e foi muito bem executada. Pena que o roteiro do filme em si possua diversas falhas e que a atuação dos personagens deixe muto a desejar, sem falar na unidimensionalidade dos personagens.
Mesmo com todas essas falhas, é um filme divertido até certo ponto. Se você ignorar a história e pular direto pra cena de destruição, sairá no lucro, eu garanto.


 


 


 





A propósito. Eu declaro o final de "The Mighty Peking Man" o pior final de todos os tempos.