Meu Papai é Noel (The Santa Clause)



Continuando nossa saga revisitando clássicos natalinos, nós iremos dar um passeio pelo clássico The Santa Clause (Meu Papai é Noel).
Produzido pela Disney em parceria com ela mesma, eles tiveram a ideia de botar nosso querido Buzz Lightyear como Papai Noel, num mundo mais realista e blablabla, vamo logo dar uma olhada.


Meu Papai é Noel (1994)




Scott Calvin (Buzz Lightyear) é um executivo de uma fábrica de brinquedos. Sua ex-esposa passa na sua casa pra deixar o filho deles, Charlie, pra passar o natal com uma versão mais velha e chata do ProJared. Mas nesse dia, Scott sem querer mata o Papai Noel, e agora terá que tomar o lugar do velho.

Como filme stand-alone, é bem fraco. Ele tem várias ideias boas, como colocar toda a situação do ser Papai Noel como uma posição de BUSINESS, de ter uma cláusula pra isso (daí o nome original, The Santa Clause), e como isso afeta a vida de Scott e sua família.



Tim Allen não tem exatamente a melhor atuação, mas ele faz o que lhe pedem. Enquanto executivo, ele é direto, profissional, e até meio perdido, quando se trata de cuidar do filho. Não que ele seja um mal pai, só que… Ele é perdido, talvez sendo até um dos motivos que causou o divórcio. Mas depois de ser oficialmente admitido como Papai Noel, ele passa a ter uma personalidade mais amigável. Ainda tendo suas recaídas, é um processo lento.


E talvez esse seja um dos problemas do filme: lentidão. As coisas demoram muito pra acontecer, a gente tem todo aquele vislumbre do Pólo Norte, que é um cenário lindo, aliás. Aí depois eles tentam nos fazer pensar que foi um sonho (como o próprio Scott ainda acha), mas… É, não funciona. A gente passa muito tempo revendo conceitos que já entendemos (mas o personagem não), tentando descobrir se é um sonho ou não. Mas aí é que tá, a gente sabe que foi real, o filme não se esforça em dar essa dúvida, ainda mais depois que Scott começa a engordar e pegar barba.





No entanto, o filme deixa os personagens respirarem. A mãe e o padrasto de Charlie tem uma certa complexidade, em especial na história deles, de como eles deixaram de acreditar em Papai Noel. A situação de Charlie insistindo que seu pai é o Papai Noel, e como eles resolvem isso também são interessantes, mas não são muito bem aproveitadas.





Não é um filme muito complexo, muito desenvolvido, ou mesmo muito divertido. Ele joga vários conceitos interessantes, e só fica mais interessante no terceiro ato quando Scott resolve aceitar seu papel. Mas, até lá, é um roteiro que poderia ser mais divertido, talvez se fosse voltado a um público mais velho. Mas pelo que é, é interessantezinho. Vale a pena dar uma olhada.





Meu Papai é Noel 2 (2002)



Scott Calvin aceitou seu trabalho de Noel e o faz dignamente e com muita alegria. Mas ele corre o risco de perder os poderes caso não cumpra uma cláusula do contrato, a de se casar.


*dun-dun-duuuuuuuun*


E pra piorar, seu filho está na lista dos malvados. Como tem coisa demais pro velho resolver, o elfo Curtis (o guri daquela abominação com Mike Myers) faz um Noel-brinquedo gigante pra tomar o lugar do original. Sim, tudo sai do controle e blablabla.



Esse é um filme muito mais divertido que o primeiro, com certeza. Eu amo os sets, amo as caracterizações, e amo o fato deles usarem conceitos do mundo real pra coisas fantasiosas. E aqui temos um vislumbre bem mais detalhado que no primeiro filme, o que é compreensível, já que o primeiro filme funciona mais como estabelecimento de conceitos e personagens.


A melhor coisa aqui é como Tim Allen se comporta como Noel. Ele é aquele chefe gente fina, vive cumprimentando os elfos, não só dizendo clichês, mas tentando de fato falar as coisas boas deles individualmente. Ele é amável, gentil, ajuda os elfos a fazer os brinquedos, e ainda joga bola com eles.


E quando ele vai atrás de uma esposa, é algo igualmente carinhoso. Ele sabe como agradar as pessoas, mas ele não usa isso para as controlar, ele tem esse feeling genuíno. Agora, verdade seja dita, em alguns momentos a química entre Noel e sua amada não é muito acreditável, mas quando funciona, é muito adorável, e o roteiro tenta dar credibilidade ao casal.



O elenco do filme anterior está de volta (menos a elfa Judy, cuja intérprete não faz nada desde 1999, segundo o IMDB), e vemos como Scott ainda é o mesmo Scott mesmo sendo Noel, especialmente em relação ao ProJared terapeuta.


O foco agora é dividido entre o mundo real e o Pólo Norte, mais do que no primeiro filme, onde tínhamos aquela jogada de deixar a dúvida no ar (que não deu muito certo), e é uma decisão mais que acertada, pois torna o filme bem mais divertido e prazeroso visualmente.

No primeiro filme o Pólo Norte tinha um sentimento meio… Claustrofóbico. Agora ele é bem mais alegre, cores mais vivas, mais gente, all the good stuff. Eu gosto principalmente como é tudo efeito prático: os sets são reais, as renas são animatrônicos, os elfos são crianças de verdade fazendo coisas de verdade… Mas ao mesmo tempo é tudo muito fantasioso, e essa química é interessante.


Mas tem um plothole que eu PRECISO comentar. Noel tem que sair e deixa o Brinquedo-Noel tomar de conta de tudo, mas ele não precisava. Bernard mesmo diz que é uma ideia estúpida e que ele pode tomar de conta de tudo. E faz todo o sentido, ele é o chefe dos elfos, trabalha lá há séculos, e é uma situação de emergência, os elfos compreenderiam e confiariam no Bernard. Qualquer coisa liga pro Noel, oras.


No mais, é um bom filme, bem mais divertido que o primeiro. Continua a história sem forçar, tem os mesmos personagens do primeiro filme, e tem um feeling muito, muito adorável. Tem suas falhas? Sim, e algumas bem notórias e que podem incomodar. Mas se você conseguir ignorar essas coisinhas, continua divertido e agradável.




The Santa Clause 3 (2006)




O primeiro Santa Clause foi bom, tinha ideias interessantes, mas que não conseguiu uní-las numa narrativa interessante. O segundo foi bem mais sem foco que o primeiro, subplot por cima de subplot, mas ainda dava pra acompanhar.
O 3... É uma bagunça. Não que ele não tenha ideias interesantes ou não continue a história de uma forma coesa, mas... É tão desnecessário, ele pega referência de It's a Wonderful Life, Back to the Future, e tenta misturar, e tem mais subplots que o segundo e... Arg, vamos à história.


É Natal mais uma vez, mas dessa vez a Sra. Noel está grávida. Para acalmar os ânimos dela, Noel chama os pais dela, e mais sua própria família. Mas a família da Noélia não pode saber que ele é o Grande N, então eles tentam manter segredo. Acima disso, Jack Frost está com planos de se tornar ele mesmo o Papai Noel no lugar de Tim Allen, através de uma cláusula onde o Noel pode reverter o dia em que ele virou Noel.
Embora seja menos interessante que os outros dois, ele ainda tem um certo charme. Ele toca em toda a questão de família e união, blablabla. Também joga o conceito de Tim Allen viver uma outra vida, onde ele não é o Bom Velhinho.


Eeentretanto… O roteiro em si não é tão interessante como devia ser.


Por exemplo, lembra que no segundo filme ele ficava falando aos elfos que eles tavam fazendo um bom trabalho, etc? Isso tá de volta, mas soa mais forçado, tanto pelo texto como pelo ator.

A ideia de fazer Jack Frost o vilão também não é exatamente ruim, mas é mal aproveitada. Sim, ele quer um feriado só pra ele, compreensível. Mas não é bem desenvolvida e Jack parece mais um típico vilão do que um humano com problemas. O fato dele querer um feriado tem pouquíssimo build-up, uma explicação rápida e bum, motivo pra ser vilão.



No entanto, o que funciona, realmente funciona.


...kinda.


O clima natalino, a humanidade dos personagens, a crítica ao consumismo, etc etc. Mas é tudo meio que passado por cima, não tem tanto desenvolvimento de personagem como deveria ter, ou de momentos importantes.

Os momentos cômicos também funcionam bem, em especial o fato deles dizerem pros pais da Noélia que eles moram no Canadá e eles remoldam a vila pra ficar toda no esteriótipo canadense, e os elfos começam a falar com sotaque e gírias canadenses de uma forma forçadamente engraçada... É provavelmente uma das únicas coisas memoráveis do filme.



É de fato o mais fraco dos 3 filmes, mas ainda é assistível, se você conseguir ignorar as falhas de roteiro, que tem mais que no segundo.

Até a próxima semana, onde teremos a última postagem especial de Natal do ano, e não esqueçam de acompanhar o #25ChristmasSongs, uma música a cada dia (e uma extra no dia 26).