Toontown Rewritten



No início dos anos 2000, a Disney lançou um MMORPG chamado Toontown, baseado na área dos parques temáticos, Mickey's Toontown. O jogo recebeu boas críticas, ganhou prêmios, tinha um bom nome.
No decorrer dos anos, os servidores foram fechando, até que o último servidor foi fechado em 2013. Desde então, a Disney disse que focaria mais em jogos pra celular e outros jogos online, como Club Penguin.

Até que, recentemente, um grupo de fãs disse “OH, HEEEEEELL NO!” e resolveram relançar o jogo por conta própria, usando arquivos do jogo guardados por eles e servidores próprios.

E assim se inicia a história de Toontown Rewritten.




Antes de iniciar a resenha propriamente dita, eu acho que é justo contar um pouco da minha história com o gênero MMO.

Quando eu era um projeto de gente (uns 10-11 anos) eu costumava ir pra lan house com meus primos. Enquanto eles jogavam Ragnarok e Lineage 2, eu ficava jogando Spider-Man 2, porque eu não tinha saco nem jeito pra jogar RPG. Eu achava legal os gráficos e tudo o mais, mas ainda achava complicado pacas.

Até que um belo dia eu resolvi tentar aprender a jogar Lineage 2, eles me ajudaram, blablabla. A partir daí eu me aventurei em Grand Chase, Ragnarok, Champions, The Duel, Aura Kingdom, e mais uma rruma aí que eu nem lembro, sendo meus favoritos Grand Chase (até enjoar mais que aquela música que tu ouviu tanto que fez um calo na tua mente) e Rusty Hearts. Ambos os jogos fecharam, mas foi com Rusty Hearts que eu fiquei realmente desapontado.

Hoje eu tenho receio em qualquer MMO porque eles tem um design muito genérico (e isso não é problema só dos MMOs, ao meu ver), e porque eles precisam de uma certa pesquisa em fóruns sobre que itens pegar, lugares pra upar, etc. E isso, pra mim, é um pé no saco, é entediante, e tira parte da graça de aventura. Em suma, muito complexo.

Veja bem, eu vejo que um MMO é bom quando mesmo sozinho tu consegue se divertir um bocado e continua tendo coisas pra fazer. Claro, com uma galera sempre é mais divertido, mas sabemos que nem sempre é possível reunir 5 pessoas pra jogar. Pra não me demorar muito, Rusty Hearts era um mmo de beat'em up, com mapas divertidos de explorar e com um gameplay geral que era agradável, fora que tinha um design de personagens e ambiente lindos. Fora que as quests e lugares pra ir tinham uma certa lineariedade, era tranquilo e intuitivo. Uma pena que tenha sido fechado, mas há um grupo que quer ressuscitar o jogo (assim como Toontown Rewritten) chamado Rusty Hearts Revolution.

Deus abençoe essas pessoas.


Enfim, Toontown Rewritten (que eu chamarei de TTRT a partir de agora porque Rewritten é uma palavra muito ruim de digitar) se passa na cidade de Toontown. Outrora administrada por Mickey Mouse em pessoa, houve uma eleição para novo prefeito, entre Slappy e Flippy. Slappy vence, mas ele é capturado por robôs engravatados chamados Cogs, cujo objetivo de vida é tornar Toontown chata e sem graça. Então Flippy fica sendo o prefeito.

Agora você, sendo um animal antropomórfico, tem o dever de aprender piadas físicas slapstick dos anos 30 para derrotar os Cogs, uma vez que eles não suportam piadas e alegria.


Após fazer seu cadastro e todo o procedimento padrão de jogos online, você cria seu personagem (chamado de Toon) e começa um tutorial sobre como funciona o jogo, explicando a história e alguns conceitos.

Passado isso, você irá para o Playground, que é um lugar sem Cogs, onde você poderá comprar piadas, pescar, conversar com outros toons, e brincar nos joguinhos pra ganhar jelly beans, que são usadas como dinheiro.


O jogo tem alguns elementos que lembram MUITO neopets, como os ditos joguinhos. Eles variam de cabo de guerra, caça a itens, nadar através de argolas, jogo da memória, coisas bem simples e fáceis de entender. Obtendo o sucesso, você ganha jelly beans pra gastar em roupas, mobília pra casa, mas principalmente, as piadas usadas pra derrotar os Cogs.

Entre um playground e outro, existem as ruas, que é onde a ação acontece. Além de encontrar Cogs e explodí-los com comédia pastelã dos anos 30, você também encontra NPCs com missões a serem realizadas, como todo MMO que se preze tem.



Uma das coisas mais bacanas do jogo é que ele realmente pega muita referência dos desenhos clássicos da Disney, mas de uma forma graficamente atualizada. Mais ou menos como OK Mundongo da Disney e House of Mouse (que surgiram na época do jogo original, aliás).
Os olhos tem o formato do pac-man; as piadas envolvem torta na cara e flor que espirra água; os prédios são datados mas tem um charme da época… Visualmente é um jogo bonitinho e agradável, e a forma que ele utiliza as mecânicas de batalha refletem esse clima kid-friendly.


A batalha contra os Cogs acontece em turnos, como um RPG comum. Pra iniciar uma batalha, basta ficar frente a frente com um Cog. Então é só escolher a piada e assistir as animações. Se o medidor de alegria do seu toon chegar a zero, ele volta pro playground cabisbaixo e depressivo, e com o tempo vai recuperando a alegria (somente no playground). Na área residencial e nos playgrounds também podem ser achados itens que curam sua alegria (como sorvete, estrelas, margaridas, depende do lugar).

Infelizmente, o jogo tem seus problemas. Lembremos, é um jogo de 2003 voltado a crianças pequenas e sua família (que presumidamente não tinham experiência com MMORPG), então algumas mecânicas são beeem datadas e estranhas.
Por exemplo, pra falar com um NPC você tem que chegar na frente dele, e só. Não tem que clicar nele nem nada, o que seria a coisa mais intuitiva, ter exatidão no controle do que tu quer fazer.

Embora não pareça ser tão ruim, o mesmo sistema é usado pra entrar em uma batalha contra os Cogs, e mesmo o multiplayer de batalha funciona assim.
Se tiver alguém já em batalha com os Cogs, você só precisa chegar na frente do Cog e tu vai ser adicionado à batalha. No entanto, isso atrapalha caso tu esteja só andando de um lugar a outro, sem ir atrás de briga, e ter que esperar um turno ou dois pra poder sair da batalha.


Algumas modificações são necessárias, mas eu entro em debate comigo mesmo, se o jogo de fato precisa dessas modificações. Por um lado, sim, atrapalha em alguns momentos, a mecânica precisa de um polimento; por outro, o jogo tenta recriar o máximo possível a experiência do jogo original. E os caras tão fazendo tudo isso do bolso deles, e eles não aceitam nem doações. Eles só querem que esse jogo tão único seja presenciado e experimentado por novas gerações.


Não é um jogo perfeito. Como eu mencionei, ele tem falhas, ele é bem datado em vários pontos, mas ele é leve, criativo, e divertido. Pode ser repetitivo? Sim, mas no fundo, todo MMO é repetitivo em certo ponto. Dê uma olhada, nem que seja por curiosidade, porque vale a pena. Kid-friendly, relaxante, visualmente agradável, e simples de jogar, mas não menos divertido por causa disso.

Oh sim, quase esqueço. O jogo ainda tá na fase beta, então tem algumas coisas (como o cinema e os pets) que não tão disponíveis, mas esperemos as futuras atualizações.


Toontown Rewritten