Faeries (1981)


Antes de Dark Crystal e Labirinto, Brian Froud teve um de seus livros adaptados pra um especial de TV. Pra quem não sabe, Brian Froud e Alan Lee produziram um livro de arte com a temática de fadas, mas na real era sobre criaturas fantásticas da floresta em geral.
Se tiver um tempo e se interessar, dê uma olhada no Google, vai achar belíssimas peças de arte.

Caso queira ver uma adaptação feita em cima das coxas e com um orçamento equivalente a um episódio de Chaves, venha comigo.


Rapaz, que raio de curta nós temos aqui. Essa foi uma das experiências mais estranhas que eu já tive.
Não top 5, talvez top 10. Mas mesmo assim, estranha.


Comecemos pela história. Oisin é um aprendiz de caçador. Durante uma caçada com os outros caçadores, ele flecha um cervo, que se transforma na princesa das fadas. Ela o leva pro seu reino (que aparentemente é como se fosse uma outra dimensão no mesmo espaço, que é um conceito bacana), onde eles enfrentam um perigo.


A florsta das fadas costumava ser alegre, cheia de música, danças, e churros de Nutella. Mas o rei, provavelmente bêbado com Sprite, deu vida à própria sombra, que criou consciência própria e estabeleceu uma noite eterna na floresta e a domina com mão de ferro.

Isso é que é ter medo da própria sombra.
HA!


E agora, somente o humano Oisin é capaz de derrotar a sombra (por algum motivo), e vai acompanhado de Puck (sim, aquele bicho de Sonhos de uma Noite de Verão) e o LeFou de Bela e a Fera.

Deixa ir... Deixa ir...
A primeira coisa que nota-se é que a animação é barata. Muito barata. Não só ela é extremamente rústica, rabiscada, sem acabamento, mas até nos frames ela economiza. A melhor forma de descrever a animação é que a equipe recebeu um orçamento pra fazer uma animação estilo japonesa, com poucos frames mas que funciona bem assim. Mas os caras tentaram dar mais movimento, e na metade do caminho perceberam que não podiam terminar os frames necessários e resolveram só repetir os frames já usados.

Não, sério, olhem essa imagem.


Notem que exsitem "clones" dos personagens em posições analógicas, pra que eles fiquem rodando ao redor do centro e não se perceba a diferença. É basicamente um dos princípios dos gifs animados modernos.
E eles reutilizam essa mesmíssima cena não uma, não duas, mas três vezes.

Isso deve te dar uma idéia do quão barata foi essa animação.

Quanto a história, eu queria lembrar de algo.


Eu nunca vi personagens tão, mas TÃO planos desde... sei lá, a última propaganda de carro que eu vi.
Por ser um curta de 20 minutos, as coisas simplesmente acontecem sem muito desenvolvimento. Personagens vem e vão, e basicamente servem pra explicar certos pontos da narrativa. O que é uma pena, porque os designs das criaturas e especialmente os backgrounds são muito bem-feitos. Provavelmente metade do orçamento foi pra fazer os backgrounds e a outra metade pra conseguir os direitos autorais do livro, o que restou aos animadores e dubladores um grill, um pacote de pão de fôrma e um refrigerante sem gás.


E sim, se tem um motivo pra assistir esse filme, é simplesmente pelos designs das criaturas, que são de fato bastante fiéis aos desenhos de Froud, adaptando apenas pra algo mais fácil de animar. Na cena de flashback dá até pra encontrar personagens na mesma pose dos desenhos do livro.


Minha teoria é que esse filme na real era um episódio piloto de uma série, ou algo pra motivar investidores a injetar verdinhas em algo maior, como um especial de 40 minutos ou mesmo uma série animada.
Se for isso mesmo, é uma pena que esse especial tenha sido tão fracamente produzido, porque o livro e os conceitos da animação tem um potencial imenso.

Agora, outro livro de Froud com o mesmo tema teve outra adaptação pra TV, dessa vez em live-action.
E... Só. Eu não consigo achar nada, nenhuma informação, nenhum trecho, DVD ou VHS pra vender, nem em torrent. A única coisa que temos é uma página no IMDB com o trailer (que aparenta ser bem promissor). O fato de não ter nota nem nenhuma resenha é um sinal de que esse filme basicamente cessou de existir. O que, de novo, é uma pena, parece promissor.

Ou ao menos parece ser baseado no livro, tem tão pouca informação que é capaz de terem errado a capa dele no IMDB.


Enfim, Faeries de 81 não é nada além do básico (raios, eu diria que é menos que o básico) e você pode ficar irritado com a falta de personalidade dos personagens ou mesmo da narrativa apressada. Mas pelo menos você terá bons designs de criaturas e os conceitos (e até o plot) aproveitáveis pra uma partida de RPG. Recomendo e ao mesmo tempo não recomendo.
Sim, é estranho, só aceite.