Rudolph the Red-Nosed Reindeer (1964)



Pense em personagens do folclore popular natalino. Quem vem à mente? Sim, Papai Noel, os elfos, Jack Frost, Roberto Carlos e os marcianos. Mas um dos personagens mais referenciados na cultura popular é Rudolph, a rena do nariz vermelho que lidera as outras renas durante as noites de névoa. Até a Turma da Mônica se envolveu com o personagem, dando um motivo um tanto quanto brega pra luz no nariz.


Mas este é o especial que começou tudo, ou ao menos o que ficou mais famoso. Depois de Frankenstein e O Mágico de Oz, não dá pra assumir que o mais conhecido foi o primeiro.

De qualquer forma, não percamos mais tempo, vamo ver Rudolph the Red-Nosed Reindeer de 1964, da Rankin/Bass.





A história nos é narrada por um boneco de neve, que provavelmente bebeu demais nesse dia e começou a contar uma história baseada em uma música de 1939. Tipo aquele seu tio solteirão Palmeirense de 40 anos que ainda acha que bermuda camisa de time e um bigode são socialmente aceitáveis na ceia de Natal.
Em uma bela manhã de sol, (ou nos belos 6 meses de sol, sei lá), nasce Rodolfo, a rena de nariz vermelho. Ele já nasceu preocupando a seus pais se algum dia participaria dos Jogos das Renas, pra ser classificado e ser uma das renas a puxar o trenó do velho Kris.

Mas o Pai Natal é um velho gagá e racista, e Rudolf é ostracizado pelas outras renas, optando por fugir.



Enquanto isso, há um elfo que prefere fazer coisas mais interessantes do que fazer brinquedos e cantar, como por exemplo, ser um dentista.

Claro, podemos pressupor que o pobre... Qual o nome dele? Deixa eu ver aqui no IMDB... Hermey! Hermey. Que nome horrível. Ok, Hermey pode ter uma predisposição pra causar dor nos outros, mas considerando que estamos no Pólo Norte natalino, provavelmente guloseimas fazem parte do cardápio cotidiano, como vimos em Elf. Então Hermey é, na verdade, um empreendedor de olho vivo.


Mas claro que ele também é ostracizado pelos seus semelhantes, e junto com Rodolfo eles fogem sem rumo por aí. Até encontrarem um mineiro chamado Yukon, onde vivem aventuras como ajudar os brinquedos desajustados (cujo final feliz só foi possível graças às cartas dos telecs... telesxpec... tele-expectadores que pediram um final decente pra eles); e também enfrentar o abominável monstro das neves, ou o equivalente genérico.





Falemos da animação primeiro, já que Rankin/Bass é infamemente conhecido pela qualidade das suas animações. Sim, é ruim, mas o orçamento deve ter sido baixo, e a falta de tecnologia na época era notável. Mas ainda assim, os bonecos são extremamente bem-feitos e bem acabados.

...se eles fossem figuras colecionáveis, isso é. Embora o design seja competente, os bonecos são incrivelmente pouco expressivos, dando praticamente nenhuma liberdade pros animadores, restando aos dubladores o trabalho de dar emoção.

E... Até que eles conseguem. Claro, o roteiro é mais simplório que um episódio de Drake e Josh, e a narrativa vai pouco além do básico, e a atuação não vai muito longe.



O que eu não entendi foi os tais brinquedos desajustados. Digo, temos um pássaro que ao invés de voar, nada. Sim, é o contrário do que ele deveria fazer, mas eu tenho quase certeza de que dá pra encaixar ele em algum episódio de He-Man.

Temos um caubói montado num avestruz, que é uma idéia tão imbecil que é legal; uma pistola d'água que solta geléia (que é genial, na verdade); e um daqueles bobos da corte em uma caixa cujo único problema é o nome errado, mas um ou dois dias perdidos em cartório se resolve isso. E uma boneca que não se sente amada o suficiente.

...eu nem... enfim.




Mais ou menos como aconteceu com Nightmare Before Christmas, esse é um lendário clássico de Natal, aclamado pelo público e exibido tradicionalmente nas Tvs gringas. E há uma parcela considerável de pessoas que amam esse filme.

Eu não entendi.


Tecnicamente, o filme tem uma animação passável (dado a tecnologia da época e o orçamento, que devia ser um pacote de Ruffles), um roteiro básico, personagens básicos, e tudo resultando num dos filmes mais "meh, ele existe" que eu vi na vida. Mas curiosamente, ele é relativamente memorável.

Eu ainda tou tentando descobrir o porque disso. Não é a história, não são os personagens (que embora façam uma analogia interessante relacionada a talentos e trabalho), não é a narrativa e muito menos as músicas. Eu diria que o clima natalino é forte, mas até isso tem de menos. Menos cores fortes, menos luzes... Embora estejamos com elementos da festa constantemente por perto.


Eu não sei. Se tem curiosidade, dê uma olhada. Por mim, eu poderia assistir todo ano quase como um ritual, mas sem muita empolgação.