[Mês do Dr. Seuss] The Hoober-Bloob Highway


Como já vimos, Dr. Seuss produziu alguns especiais totalmente originais, como Pontoffel Pock, Where Are You?, e The Grinch Grinches the Cat in the Hat. E hoje, encerrando essa edição do Mês do Dr. Seuss, veremos o primeiro desses especiais originais, que é um belo exemplo de como Dr. Seuss considerava a inteligência das crianças.


Então, vamos fazer uma viagem pela Hoober-Bloob Highway.


O especial conta sobre uma rodovia espacial que liga... sabe-se lá o que a Terra, onde vemos que o Sr. Hoober-Bloob é incubido de mandar bebês pra Terra, quase no mesmo estilo de A Princesa e o Cavaleiro. E ele mostra a um desses bebês como é a vida na Terra, e pergunta se eles realmente querem ir pra lá.



Nos é mostrado como a vida na Terra é difícil, muitos afazeres, muita coisa pra aprender, muitas questões a serem respondidas, e muito atribulada. Mas também há momentos de tranquilidade, de prazer, por mais curtos que eles sejam.

Embora nunca toque em fases muito avançadas da vida (como casamento, por exemplo), o desenho faz um bom trabalho em sintetizar a maioria dos problemas e dificuldades que um ser humano comum pode ter.



Divagando no meio pra mostrar que o bebê poderia nascer como algum dos trocentos animais estranhos que Seuss inventa, mas sim.

O grande trunfo do curta é que ele funciona tanto pra crianças como pra adultos. Ele tem uma certa carga filosófica, falando sobre os altos e baixos da vida, e sobre o que esperamos viver, e ainda, o que esperam de nós.



E essas são lições importantes pra se passar pra crianças, embora os adultos já tenham melhor essa noção sobre a vida. O desenho joga luzes sobre o que seu público-alvo vai enfrentar, as dificuldades, as trocentas e complicadas matérias de colégio, as incessantes perguntas que quase todo adulto faz (de "o que vai ser quando crescer?" a "você é muito religioso?"), tudo de uma forma divertida e prática de uma criança entender.

Os personagens são extremamente planos, mas funcionam. Sr. Hoober-Bloober age como um tipo de cientista meio louco; o violão com bracinhos e perninhas também tem um ou outro momento engraçadinho; e o moleque é um moleque comum, mas isso é usado a favor do personagens, possibilitando uma maior identificação com ele.


Vemos ele tentando diversas carreiras e falhando em todas elas, e nós nos sentimos um pouco como ele, bem como quando ele precisa aprender coisas que não queremos ou não precisamos e começamos a divagar em nossos pensamentos.

E o estilo gráfico começa a se estabelecer como mais surreal que os livros, criando uma identidade própria dos curtas originais, que passaria a influenciar as produções seguintes. É um estilo bem solto e abstrato, mas que de alguma forma tem uma certa estrutura nele.


E claro, no final o moleque resolve ir pra Terra, mesmo com todas as dificuldades. E talvez esse seja o único defeito: o Hoober-Bloober mostra a vida futura pro bebê, que não consegue falar. Talvez a mensagem ficasse mais clara e melhor explicada com o moleque mesmo, debatendo sobre se valeria a pena ou não.


Mas, pelo que é, ainda é um ótimo curta. Nota-se uma certa inexperiência com o novo estilo (um curta sem ser baseado em nenhum livro), mas que tenta fazer alguma coisa realmente relevante e mostrar pras crianças que a vida é difícil, mas que sempre teremos algum momento bom pra contrabalancear. Cabe a nós procurar esses momentos.


E é isso que eu admiro nas obras de Seuss: ele escrevia pra crianças sobre coisas do mundo real, problemas da vida real, mas de uma forma lúdica e didática pra crianças entenderem. E muito dos assuntos que ele toca, acabam também sendo úteis pra adultos.


Infelizmente é difícil de achar mais informações sobre o desenho, mas ele tá completo no Youtube, dividido em duas partes. Se tiver interesse, vale a pena dar uma olhada.

Mostre essa imagem sem nenhum contexto
pra alguém que não conhece Dr. Seuss.