Tangled: Before Ever After


Sim, já fazem quase 10 anos que Enrolados estreou, sinta-se velho. Em 2010 eu tava fazendo meu curso de quadrinhos, já faz um bom tempo.

Antes que eu comece a divagar sobre minha nostalgia a esse ano em particular, falemos um pouco do filme em si. Enrolados é memorável por vários motivos, tanto por ser um filme no estilo clássico Disney, com músicas, contos de fada, personagens interessantes e de longe, um dos melhores casais Disney. Mas também foi um tempo de mudança pro estúdio, com a morte do 2D que forçou o filme a ser refeito totalmente em 3D, o que o levou a ser mais caro que a trilogia Senhor dos Anéis.

Mas eu entro em detalhes quando chegar a hora, eu ainda vou continuar a retrospectiva da Disney.

E eis que em 2017 estreia a série animada baseada no filme, iniciando com um piloto de 50 minutos.
E é sobre ele que falarei hoje!

HOORAY!




O filme de 50 miuntos que funciona como piloto começa fazendo uma recapitulação do filme, caso você tenha começado a ver sem ter visto o filme. Nossa história começa 6 meses depois que Rapunzel volta à sua família, e toda a série se passa antes do final do filme e do curta Tangled Ever After.
Provavelmente vocês devem ter percebido pelo título do filme onde ele se encaixa cronologicamente.


Rapunzel e Eugene aproveitam a vida no castelo, mas não podem sair dos limites do muro por ela ser uma princesa e blablabla. Mas Rapz se cansa de todas as obrigações que tem de fazer enquanto realeza, e sua ama de companhia Cassandra a ajuda a escapar e ter uma noite explorando o mundo além dos muros.
Elas encontram o lugar onde os soldados acharam a flor mágica que curou a mãe de Rapz e deu  a princesa o cabelão com luzes de LED curativas.



Mas ao invés da flor, o lugar agora tem uma pedra com uma inscrição estranha e espinhos inquebráveis, e por algum motivo o cabelo de Rapunzel cresce e tá tão resistente que faria com que toda a indústria de shampoo e condicionadores falirem e entrarem em desespero, forçando seus empregados a entrarem em esquemas de pirâmide pra sobreviver e os donos das empresas a viajarem pras Bahamas.
Não existia shampoo na Alemanha medieval, mas vocês entenderam.

Mas enquanto Rapunzel e sua trupe tentam esconder seus cabelos que grandes e potentes o suficiente pra lutar contra um Ultraman, um grupo de ladrões está se organizando pra invadir a coroação da ex-ex-loira e se vingar porque quando a Rapunzel foi raptada o rei fez alguma coisa lá pra prender os ladrões embora eu ache que isso seja meio que o trabalho do rei, mas divago.


Quando foi anunciado que o desenho seria feito em 2D, eu considerei uma boa opção. É mais barato que o 3D e dá pra achar um meio-termo entre o design do filme e algo mais livre. O design de Claire Keane é limpo e agradável, e consegue ser fiel ao filme, que já era bem geométrico. Ora raios, ela mesma trabalhou no desenvolvimento visual de Enrolados, ela deve saber algo. E em termos visuais, a única coisa que me incomoda de leve é o rosto do Eugene, por algum motivo ele não foi bem traduzido pro 2D, mas é cata-piolhagem minha.

E os cenários são simplesmente magníficos. Claro, o design de produção geral ainda parece muito com algo que sairia do Tumblr ou DeviantArt, mas parece ser bem a direção que eles buscavam.

Entretanto, a animação em si é estranha. Os personagens se movem como tu esperaria de uma animação em flash, só que mais viva, algo na linha de Song of the Sea, por exemplo. E enquanto os personagens simplesmente falam e realizam ações simples é de boas, o incômodo que eu senti foi embora e eu só aproveitei o roteiro bem escrito e fiel. Entretanto, no final do piloto tem uma cena de ação e... Ouch...


Eu não sei o que aconteceu, provavelmente usaram o mesmo método de renderização ou de velocidade de frames que as outras cenas, mas rapaz... Que cena de ação fraca. Nenhum do slapstick se sente real, sente-se a dor, ou mesmo a velocidade. As pancadas são lentas e ineficazes, o que faz com que Tiny Toons se pareça com WWE por comparação.
É sério!

Embora ele tenha uma coreografia "OK" e algumas idéias interessantes com o cabelo da Rapz, ainda é feito num ritmo bem mais lento do que o exigido, o que torna a coisa bem menos interessante de assistir.

Entretanto, toda a parte argumental e de roteiro é incrivelmente bem feita.



Todos os personagens se sentem como de fato, extensão dos personagens do filme, nunca soando forçados nas suas atitudes ou modo de agir. Rapunzel tá meio perdida por ainda não estar acostumada à vida de realeza; Eugene se sente no topo do mundo, finalmente; e a melhor parte é que eles de fato conversam sobre isso.

Uma das melhores coisas de Enrolados era que ambos os personagens eram interessantes por si só, mas também tinham química, conseguiam se entender e conversar entre si e procurar um meio termo. Isso é um dos elementos chave que os tornam um dos melhores casais do estúdio. E esse elemento permanece aqui, ambos os personagens são interessantes, identificáveis, e conversam sobre seus problemas, seus medos, e tentam chegar em um ponto intermediário, tentam compreender um ao outro.

E Eugene consegue ser um dos personagens ao mesmo tempo mais maneiros, românticos e divertidos, eu nem sei como. Eu acabei de adicionar ele na minha lista de role models, junto do Bert.


E quanto aos novos personagens, eles conseguem se integrar bem ao universo já conhecido, bem como outros tem seus papéis expandidos. Eu particularmente adoro os pais da Rapz, e como eles mostram a dor do Rei, de uma forma visual que até crianças entendem. Digo, pra adultos é bem óbvio, mas é interessante colocar isso de uma forma que as crianças podem ver e desenvolver uma interpretação audiovisual.


As músicas são compostas por Alan Menken, que também compôs pro filme, então tamos em casa. As canções embora não sejam do mesmo nível do filme, seguem o mesmo padrão e conseguem ao mesmo tempo ser agradáveis e transmitir as emoções necessárias.

E eu reclamei da animação de ação no final, mas a cena da ponte ficou espetacular. Provavelmente por não ter nenhum golpe entre personagens, mas ainda assim é uma cena empolgante e bem executada.
Eu digo que essa cena vai ser indicada pro próximo Annie, vão vendo.


Em termos gerais, é um ótimo começo. O piloto em si é divertidíssimo de assistir, ele se sente uma extensão do filme e não um mero caça-níquel; há várias oportunidades pra ser criativo com futuros plots de episódios; o plot maior (os cabelos inquebráveis, o mistério dos espinhos, a gangue de ladrões) são pontos interessantes e que podem dar aquela cronologia esporádica; tem tudo pra ser uma série interessante.


Acompanharei a série com vontade, mas até lá, ao menos o filme-piloto é uma peça letigimamente divertida baseada em Enrolados.


E a melhor parte é que provavelmente não vai ser o Luciano Huck que vai ler as falas com a mesma empolgação de um moleque da quarta série lendo o livro-texto na aula de Química! AEEEEEEEEEEEEEEEEEE!