Rudolph's Shiny New Year



De todas as datas que tem especiais, o Natal é o maior deles. Recentemente tem aparecido mais especiais temáticos de Dia de Ações de Graças, e Dia dos Namorados/São Valentim tem aos montões em séries de TV. Os feriados que ainda são esquecidos são a Páscoa e o Ano-Novo.

Na Páscoa as emissoras ainda podem passar filmes bíblicos, Hop, The Easter Bunny is Coming to Town, e Noé de 2014, que só rivaliza com o argentino El Arca no quesito "vamos irritar o maior número possível de cristãos e não-cristãos ao mesmo tempo".

No ano-novo quem que representa o fim de ano? Renato Aragão?

Foi pensando nessa situação que Rankin-Bass produziu o especial de ano-novo com Rudolph, porque é necessário tirar o máximo possível desse personagem rentável até a Era do Wii.



A história começa logo após a história de origem de Rudolph. Porque ele não teve trabalho e emoções suficiente nesse filme. Pai Tempo manda uma carta pro Papai Noel, pedindo sua ajuda pra encontrar Feliz, o bebê do Ano Novo.

Sim, o nome do bebê é Feliz Ano Novo.

Mas OH NÃO, a névoa tá forte e ninguém pode atravessá-la... Ninguém a não ser o moleque que aprendeu a voar um dia desses e não tem força física e mental necessárias pra uma responsabilidade dessas, já que caso o bebê não seja encontrado até a meia-noite, o dia 31 de Dezembro será eterno... o que falando em voz alta não faz muito sentido. Não era pro ano velho nunca acabar e tudo que aconteceu acontecer de novo num eterno loop?

Se bem que como isso seria uma punição? A gente só repetiria o mesmo ano e teríamos sensações de déja vu mais frequentes e duradouras, mas tudo estaria em seu devido lugar. O que me faz perguntar se isso já não aconteceu algumas vezes e nós que não percebemos, e se o Papai Noel e o Pai Tempo, bem como seus... súditos (?) estão numa espécie de semi-dimensão paralela que se mescla à nossa realidade mortal, logo não estão sujeitos a exatamente as mesmas condições temporais que nós.

...meu Deus, como eu tou sozinho.


Enfim, Rudolph vai atrás de Feliz, e no caminho encontra Pai Tempo, um soldado relógio, uma baleia relógio, um camelo relógio, e um abutre que não é relógio mas quer o bebê pra si pra que ele possa viver pra sempre.

Rudolph então precisa viajar pras ilhas onde os anos ficam... lá... existindo...?
Tem uma ilha da pré-história, uma ilha da era medieval e uma dos EUA de 1700 e alguma coisa, cujo representante lembra Benjamin Franklin. O estranho é que cada um tem o nome do ano da ilha, o que me faz questionar qual a diferença entre uma ilha de 1789 e 1788, se os acontecimentos daquele ano acontecem naquela ilha específica durante todo o ano e se repetem em um loop, e se esse for o caso, Rudolph não teria atrapalhado a continuidade do espaço-tempo?

Aliás, porque raios na ilha de Benjamin Franklin todo dia é 4 de Julho? É uma parte específica da ilha ou tem ilhotas pra cada dia ao redor da ilha maior do ano? Como funciona esse lugar?

Aliás, se a oficina do Papai Noel fica no Pólo Norte (ou na Lapônia, provavelmente Noel era parça de Väinämöinen), podemos assumir que aqueles envolvidos com o trabalho de Noel (renas falantes e elfos) tem natureza mágica, logo eles tão no mesmo patamar que Pai Tempo?

MEU DEUS O QUE EU TOU FAZENDO DA MINHA VIDA


Ok, então a hitória é imbecil e não faz muito sentido, assim como a original. Embora a história de origem de Rudolph ainda tenha uma certa lógica interna que funciona, aqui... É. Eles tentam dar uma personalidade e uma mitologia pro Pai Tempo que... Funciona mais ou menos? Digo, ok, eles dão uma explicação de como funciona o conceito de "idade" dos anos.

A cada ano muda-se o Pai Tempo, que no decorrer do ano envelhece e no último dia passa a coroa do tempo pro próximo ano, que ainda é um bebê, inocente e cheio de energia. É um conceito bom e que combina com conceitos que temos no mundo real. Mas... Depender de fazer essa troca pra que o ano continue...? Sei lá, parece algo que gera mais perguntas abstratas. Quem foi o primeiro Pai Tempo? Quem cria os bebês? Como nascem os bebês do tempo? Tem vários ou só nasce um a cada ano?


Agora, o que esse filme tem de confuso, tem de criativo. Claro, é coisa básica pros padrões de hoje, mas pro tipo de coisa que o estúdio fazia e pra mentalidade da época, eram visuais bastante interessantes e que até hoje tem um certo charme. Eu amo a simplicidade de simplesmente jogar um relógio em alguma coisa e dizer que é relacionada ao Pai Tempo, é o tipo de coisa que funciona na lógica de uma criança e que tem um ponto criativo notável nesse contexto.

Parece o tipo de coisa que dá pra expandir em uma adaptação com mais orçamento e mais gente trabalhando. Eu gosto do conceito das ilhas, gosto do palácio do Pai Tempo, dos animais tempo, desse soldadinho relógio. O urubu parece algo totalmente solto e menos ameaçador do que deveria, no entanto.

E porque o bebê Feliz é zoado por ter as orelhas grandes, Rudolph vai e conta sua história de como ele mesmo era zoado porcausa do seu nariz, pra ajudar o pirralho com a auto-estima dele.
E claro que ele faz isso em animação 2D que é inconfundivelmente japonesa.


É realmente o tipo de coisa que funciona bem como ruído de fundo numa festa de fim de ano em família. A história é previsível, mas as ilhas, os cenários são criativos e vão pra todo lugar, de eventos históricos a contos de fada, e a lição de aprender a ri de si mesmo como um passo de auto-aceitação é ótimo, além de ser algo pouco usado em especiais assim.

Dá pra passar perfeitamente logo antes do único especial realmente bom de ano novo: o especial do Chaves.



Esse artigo foi feito com o apoio do padrinho João Carlos. Se quiser ajudar com o blog ou simplesmente não quer que nós morramos de fome, peste e miojo barato, considera contribuir com qualquer valor no Padrim


E mais uma vez, é aquele momento chato que eu faço um discurso fazendo o balanço de fim de ano.
Foi um ano meio Jogador Número 1, pra mim. Teve umas coisa daora, teve umas merda, mas no final, parece que foi um ano que meramente existiu.
Sei lá, foi como se eu tivesse deixado passar sem fazer muita coisa, sem ter tentado algo. Como se eu tivesse numa perene introspecção a ponto de me isolar de quase tudo e de todos. E sim, agora que eu vejo o que eu fiz, eu me arrependo.

Talvez não faria diferente, talvez eu precisasse um pouco disso. Ou talvez eu tivesse sido levado tanto pela rotina e pelo dia-a-dia, que eu não parava pra pensar exatamente quais eram meus objetivos.
Nesse ano, meus horários de dormir e acordar pioraram astronomicamente, e eu tenho certeza que esse foi um dos motivos pro meu humor e comportamento durante o ano terem sido tão zoados.
Agradeço a Deus por pelo menos ter gente perto de mim que tenta me ajudar nisso, e eu só espero poder retribuir.

Ano que vem eu só espero poder finalmente consertar meus horários, porque se tem uma coisa que eu simplesmente ODEIO é ser improdutivo, e eu ainda tenho planos pro blog. Vocês vão ter que aturar muita piada ruim ainda.

E obrigado por voltarem aqui, saber que vocês lêem o blog e gostam do que eu escrevo é um dos motivos que eu não parei ainda. Eu queria poder abraçar vocês. E obrigado ao Álvaro e a Gunther, por terem continuado na equipe sendo esse suporte sempre que eu preciso, vocês valem todas as paçoquinhas que eu prometo.


Outra coisa, o blog vai entrar num hiato durante o mês de Janeiro, porque eu também mereço férias. Salvo se eu ver algum filme no cinema, aí eu venho aqui fazer um artigo. Então fiquem de olho caso eu poste algo sem avisar.
E vão olhar as coisas antigas também, tem uma pancada de coisa daora.