[Mês do Dr. Seuss] The Grinch Grinches the Cat in the Hat


Tivemos vários crossovers recentemente, né? Com a escassez de criatividade e a facilidade pra fazer filmes, uma jogada fácil dos estúdios é juntar personagens amados na tela grande e nadar nos rios de dinheiro que isso vai gerar. Você pode fazer isso do jeito certo, como a Marvel, ou pode fazer Batman vs Superman.

Mas eu aposto que o crossover de hoje nunca foi tão bem debatido. Mario versus Sonic? Mickey versus Pernalonga? Superman versus Goku? Todo mund já debateu sobre eles um dia


E que tal o Grinch versus The Cat in the Hat?




A propósito, o Superman vence. Não tem como contra-argumentar.



O especial começa com uma bela manhã de sol, onde o Grinch acorda feliz e saltitante, tal qual um moleque que acorda às 7h da manhã pra assistir TV Globinho, antes de descobrir que a vida é cruel, sombria, devastadora, onde Michael Bay ainda tem crédito pra fazer algum filme.

Até que o reflexo do Grinch aparece e diz "ow tu tá alegre demais, bora aqui recitar o juramento dos Grinch", e após isso, ele sai disposto a infernizar a vida de alguém.


E por algum acaso este alguém era The Cat in the Hat, que fazia um piquenique de boas, sozinho em uma colina.


Como nesse universo não existem estradas com mão dupla, o carro do Grinch bate no do Gato. O felino, tentando ser um camarada, diz que vai tirar, mas comete o erro fatal de chamar o Grinch de cara verde.

Como resposta ao gato racista, o Grinch o persegue e começa a atazanar a vida do pobre animal (que não é o Quico), literalmente trollando ele com uma máquina que muda sons e outra que muda cores.


E... É basicamente isso. É mais uma desculpa pra ver dois personagens que são muito diferentes, mas ao mesmo tempo bastante semelhantes.

NAITOFAYA!
Ambos querem o caos, mas o Grinch quer ver o circo pegar fogo, quer ver o mundo se adequar a suas idéias; enquanto o Gato só quer se divertir, no fundo ele não é uma má pessoa. É como se o Grinch fosse o Coringa e o Gato fosse o Deadpool.

E em teoria funciona muito bem. Ambos os personagens são interessantes o suficiente pra ao menos nos dar imagens e conceitos divertidos, e até uma moral porque, bem, Dr. Seuss.

Entretanto, a palavra-chave aqui é essa: teoria.


Dr. Seuss não é bem um cara de fazer crossover. Raios, ele sequer costuma fazer sequência dos livros. Normalmente suas histórias possuem um começo, meio e fim bem determinados, e são bastante rasas, servindo como mera desculpa pra fazer trocadilhos, rimas engraçadas, e nos dar conceitos e desenhos criativos. O que funciona muito bem pra ele, Seuss conseguia fazer isso como ninguém. Mas essa história talvez requeresse um pouco mais do que só passar uma moral. Ou ao menos, uma vez que o foco seria o combate surrealista entre os personagens, que fosse full locão e focasse só nisso. Mas provavelmente demandaria mais tempo de exibição, o que não era possível.

Mas o que temos aqui, funciona?

Sim e não.


Sim, ele é divertido. Ver o Gato e o Grinch contracenarem é surreal, a história não se sente forçada, e a forma que cada personagem lida com o outro flui muito naturalmente. O Grinch apela pro caos, pro extremo, enquanto o Gato tenta ser mais racional. Embora eu acredite que se o especial tivesse o dobro do tempo, seria uma batalha mais igual de ambos os lados, já que o Gato tem a Caixa e os Coisas 1 e 2.
E o final poderia ser exatamente o mesmo, com o Gato realizando que a forma de combater o troll é com gentileza, e eles o fazem de uma forma tocante, até.

E claro, temos uma cena de Elefantes Rosa proporcionada pelo Grinch, que é sim criativa e divertida.


Entretanto, por mais criativa e divertida que seja, por ser um especial de apenas 25 minutos, ele te deixa com aquela impressão de "já acabou? Uééé" ao final de tudo. É um evento grande, os dois maiores e mais reconhecíveis personagens do Dr. Seuss se enfrentam, e você espera grandes coisas disso.


Agora, é interessante notar como há coisas aqui que os produtores do live-action muito provavelmente se inspiraram. Por exemplo, o Grinch aqui inventa máquinas, tem uma oficina, e no filme vemos que ele mora em uma espécie de oficina e até monta o próprio trenó motorizado. E há uma rápida menção a bullies aqui, que o Grinch nega ter sido a origem de sua malvadeza. Mas ele poderia estar mentindo também né. Continua sendo um toque.


É um conceito interessante, mas foi mal desenvolvido. Talvez nem por culpa do Seuss, mas por restrições orçamentárias mesmo. Pouca duração, a animação é claramente low-budget, mas os caras merecem reconhecimento por serem tão fiéis ao estilo do Dr., é como se as ilustrações do livro tivessem sido animadas sem nenhum ruído, é impressionante.


Assista se tiver curioso, mas a menos que você seja um fã hard do Dr., se não ver, não perdeu muita coisa.