A Christmas Carol (1938)



Esse é uma daquelas histórias que todos nós aparentemente nascemos conhecendo. É um conceito tão simples e tão adaptável que é tentador fazer diversas versões, e sim, veremos outras ao longo desse mês. Mas por hoje, quero focar nessa versão em particular, que foi uma das primeiras, e provavelmente a primeira a ficar melhor conhecida devido às exibições televisivas.


A Christmas Carol, de 1938.



A história começa como todos nós sabemos. Ebenezer Scrooge é um velho avarento, razinza e repelente que odeia o Natal e tudo que for alegre, belo e chocolatante. Ele destrata seu único funcionário, seu sobrinho, e dois caras que tentam arrancar doações para os necessitados. No entanto, nessa mesma noite, ele recebe a visita do fantasma de seu falecido sócio, que o avisa da visita de 3 espíritos que o farão rever sua vida: o do passado, do presente e do futuro.




Como adaptação do livro, é um filme bastante fiel. Eu tentei ler o livro, mas ele tem um linguajar que eu simplesmente não tou acostumado, e larguei mão, porque eu sou um merda inculto que prefere jogar Haunted Mansion de PS2. Mas pelo que li, é bem narrado e descrito, mas realmente, a melhor forma dele é em película.


Por ter aproximadamente 1 hora de duração, a narrtiva permanece andante, sem prejudicar a história em si; e ainda toma certas liberdades, como a abertura onde o sobrinho de Scrooge brinca com o Pequeno Tim, e a demissão de Bob, fora que até onde eu sei, o final é diferente do livro, que ao longo do tempo se estabeleceu como o final padrão (e melhor).




Os efeitos visuais não são exatamente impressionantes, na verdade, são bem básicos e típicos do teatro e cinema pré-histórico. Usando trucagem com vidro, cenas sobrepostas, atores pendurados por fios, etc. Mas a intenção dele não é te fazer acreditar que aquilo é real, mas sim, contar a história da melhor forma possível. E de certa forma, consegue. Essa é a versão mais básica que eu consigo imaginar, quase que como uma versão "ó, se tu não conhece o básico da história, essa é a versão que tem todos os pontos principais".

Tem um nome pra isso, aliás? Eu tenho quase certeza que tem, mas tou com preguiça de olhar no TV Tropes.


Mas duas coisas tornam esse filme distante de ser uma mera "versão histórica George Lucasiana": o design de produção e as atuações.




Os cenários são belamente construídos, e te passam um clima de credibilidade, fora os figurantes que permeiam os mesmos, vívidos e atuantes. E cada um passa a emoção exata que a cena pede: a mansão de Scrooge é ampla, rica em objetos e detalhes, mas ao mesmo tempo vazia; a casa dos Cratchit é relativamente pequena, mas confortável e quente; o cemitério é sufocante e angustiante.



E a atuação também é no ponto, mas Scrooge é quem obviamente é o que mais nos chama atenção. A postura dele, os trejeitos, você nota a mudança de atitude, e com o ator consegue fazer desde uma expressão razinza, fria, dura, sem sequer piscar direito, e ao final quando ele abre um imenso sorriso com olhos vivos e brilhantes; bem como os momentos que Scrooge percebe que fez coisas ruins e se arrepende por ter feito elas, e quando ele se sente nostálgico pelo passado e como ele de fato perdeu aquele brilho da juventude, te faz sentir recompensado pelo tempo que passamos acompanhando o personagem.




Mas se tem algo que eu senti falta, e que eu sinto que era primordial pro desenvolvimento completo de Ebenezer, eram os momentos onde ele se tornava mesquinho. Eu não lembro se no livro mencionavam esses momentos, mas pro filme, tu sente que falta algo. As outras adaptações mostravam ele apaixonado, quase se casando, mas nesse momento ele começava a ficar preocupado demais com o futuro, e consequentemente, com o dinheiro. Esse momento faz muita falta pra que entendamos completamente Ebenezer.





Mas isso é o de menos, e todo o resto é feito com muito esmero e com fidelidade. Não é a melhor versão da história, mas ainda assim uma que vale a pena assistir.