The Muppet Show (Season 1)
O visionário Jim Henson estava satisfeito com sua série Sesame Street. O
programa era um sucesso entre crianças em idade pré-escolar, e ele estava
trabalhando com o que amava, fantoches feitos à sua maneira.
Mas ele queria fazer uma série um pouco diferente. Que fosse mais focado
em comédia, e que fosse mais variado e atingisse um número maior de audiência.
É aqui que The Muppet Show entra.
Pra quem praticamente conheceu os Muppets com Muppets na Ilha do Tesouro
e Muppets do Espaço, o conceito da série era algo difícil de entender. Raio, eu
mal entendia o conceito por trás dos pesonagens. O que eles eram, eram como o
Chapolin, que "viajam" pelo tempo e espaço e universos, eram um bando
de amigos dividindo uma casa porque sim? O que me causou uma certa confusão
quando vi O Natal dos Muppets envolvendo o Teatro Muppet e etc.
Mas por outro lado, a série original não foi difícil de acostumar (em
parte graças ao filme de 2011).
A série consiste em quadros/esquetes variados que envolvem comédia,
música (geralmente cômica) ou entrevista com um convidado (geralmente com
piadas). Segue um estilo muito usado em teatro vaudeville e alguns programas de
rádio (cujo nome me foge agora), que era o de ter esquetes variados e com temas
variados. Algumas vezes nessa temporada há um tema mais fixo, mas são raros.
São vários esquetes, e há alguns bons e outros ruins. Às vezes o conceito
de um ou de outro pode levar um pouco pra ser assimilado, e parte da graça pode
ser perdida nesse tempo.
Irei listar abaixo alguns esquetes com comentários
Poemas do Rowlf
Consiste em Rowlf recitar um poema original, enquanto outros personagens
atrapalham. Mas, como isso é SHOW BIJINESSU, Rowlf continua recitando. Uma
esquete engraçadinha que tem plot twists inesperados e hilários (como é
tradição dos Muppets), mas que por algum motivo não apareceu tanto. Talvez os
produtores sentiram que fizeram tudo que tinha que fazer, mas eu pessoalmente
gosto bastante. Ainda assim, entendo o caso de não quererem deixar o quadro
forçado.
Proezas de Gonzo
Essa esquete remete ao circo clássico, onde um "Incrível [Insira
nome]" fazia alguma coisa que nenhum outro homem fazia, como levantar
pesos, pular por um arco de fogo, assoviar e chupar cana ao mesmo tempo, e
comer um balde de frango frito.
A diferença é que os atos dele chegam a serem engraçados de tão
nonsense, como comer um pneu enquanto a orquestra toca "Flight of the
Bumblebee", ou fazer um tomate crescer ao som de "1812
Overture". Ideia engraçada, execução nem tanto.
Monólogos de Fozzie Bear
Esse é o típico stand-up, com o adendo de que Fozzie não é um bom
comediante, e vive sendo criticado e zoado pelos velhos críticos Waldorf e
Statler (de longe dois dos meus personagens
favoritos), que não só zoam e comentam Fozzie, mas o show como um todo.
É um esquete relativamente curto, dependendo de como ela se desenrola. O
mais engraçado não é o comediante, mas as reações que os outros tem dele. Fora
que o Fozzie é um personagem bastante identificável.
Chef Sueco
É um esquete interessantíssima, pois ela é inteiramente visual, e cuja
graça está no fato do chef aparentemente não saber bem o que faz com a comida
em alguns momentos, e no plot twist como de costume, que inclui jogar tênis com
bolas de carne e dar um tiro de rifle pra fazer um donut. Esquete engraçada,
criativa, e imprevisível.
Wayne e Wanda
Sabe aquela ideia de narrar os clipes? É mais ou menos isso que
acontece. O casal é introduzido por Sam a Águia como "um pouco de cultura
decente para esse antro de loucura" ou algo assim. E nas primeiras linhas
o ato deles é desfeito porque a letra se torna literal ou irônica.
Criativozinho, engraçadinho, o que você quer é o que você tem.
Casas Falantes
PELA BANKAI DO SHINKEN RED COMO ELES NÃO CONSEGUIRAM FAZER ESSE QUADRO
FUNCIONAR?
Ok, ok, funciona assim. É um quadro curtíssimo, sobre casas falantes,
fazendo os típicos trocadilhos de Muppet, com apenas uma piada. Em seguida vai
uma amostra:
-Soube que seu filho, o Hotel, se tornou interessado em religião.
-Ah, "interessado" não é bem a palavra... Ele está pensando
seriamente em se tornar um monastério.
Ok, engraçadinha, se não fosse o fato deles repetirem a mesma piada duas
ou três vezes.
"Minha mãe é fanática em religião. ela é uma igreja" e
"Meu filho mais novo se interessou em medicina, agora ele é um
hospital." (Diálogos comprimidos)
Ainda tem uma ou outra tirada engraçada (como a da "guest
house"), mas talvez se a ideia tivesse sido melhor trabalhada, ficasse
algo bem mais engraçado e com mais possibilidades. Porque de fato é uma ideia
engraçada e que faz sentido dentro do universo Muppet (que se baseia muito em
trocadilhos). Por se repetir demais, e faltar talvez um pouco mais de
desenvolvimento, acaba não funcionando
como devia, e só aparece na primeira temporada (assim como o Poemas do Rowlf).
Vendaface
Uma máquina de vendas que tem funções variadas. Da primeira vez, é um
psicólogo automático. Da segunda, um trocador de faces. Da terceira, dá uma
bofetada em Statler. A ideia do primeiro esquete é até interessante, mas nos
outros dois se torna previsível e sem graça. Ainda bem que durou pouco.
Hospital Veterinário.
De longe meu favorito. O quadro consiste em três funcionários do
hospital, Dr. Bob (Rowlf), e as enfermeiras Piggy e Janice. Dr. Bob é um doutor
que não liga muito pros pacientes e prefere passar o tempo fazendo trocadilhos
com as situações. E é um trocadilho atrás do outro, tendo suas respectivas
conexões. Tiradas dinâmicas, bem sacadas, e que são no mínimo, divertidas de se
assistir (como uma história do Louco, da Turma da Mônica).
Painel de Debate
Provavelmente meu segundo ou terceiro favorito. Basicamente, são os
personagens e geralmente o convidado (geralmente fazendo um personagem)
debatendo algo com relativa paz até que tudo vira um caos por algumas trocas de
farpas ou algo assim. Perfeito pra usar de paródia em debates de candidatos
políticos.
E há também esquetes menores, geralmente envolvendo covers de músicas,
ou simplesmente atos de arte ou comédia envolvendo bonecos. Às vezes funciona,
e às vezes cai no mesmo erro de Garras da Patrulha/Caras de Pau/etc, o de
demorar demais numa piada que todo mundo sabe o final e que nem sequer é
engraçada, e acaba se tornando maçante. Mas quando funciona, realmente
funciona.
Entre uma esquete e outra nós vemos os bastidores, que tem suas próprias
piadas e momentos, que também são muito bem escritos, e encenados.
Essas cenas dos bastidores também tem um valor altíssimo ao desenvolver
a personalidade dos personagens, como a paixão da Piggy pelo Kermit e como ele
reagia a isso.
E sim, os convidados são um pouco datados, mas ainda assim, são
interessantes de se conhecerem, pois eles tem de fato carisma e são
entretíveis.
Em resumo, The Muppet Show é uma série obrigatória pra qualquer um que
se interesse por arte. Eles de fato encarnam o conceito de entretenimento, e
mesmo a fundo, são inteligentemente escritos, e dá uma boa noção de show
business, fazendo muita referência à Broadway e peças clássicas de arte como um
todo, sempre fazendo piadas e trocadilhos, como é de praxe deles. Algumas
piadas são perdidas na dublagem brasileira, então sim, eu recomendo ver com
áudio original e legenda em inglês, é muito mais aproveitável.
Sem dúvida nenhuma, eu recomendo que deem uma olhada.
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