Ninja Gaiden (OVA)


Se você tem ao menos um pingo de amor à vida, deve conhecer Ninja Gaiden. Se não jogou, ao menos conhece a lendária dificuldade dos jogos de NES, numa época onde os jogos eram feitos de maneira quase artesanal e precisavam de uma dificuldade absurda pra fazer valer o preço do cartucho.

Não tinham como enfiar trocentos DLCs, patches, nem detalhar os poros do rosto dos personagens, então eles compensavam com uma dificuldade hercúlea, mas que não era injusta em alguns casos, só exigia um nível de dedicação e treinamento que só moleques de 8 anos tem.

Maldito sistema de ensino que nos obriga a fazer trabalhos e pesquisas sobre coisas que absolutamente ninguém, nem mesmo os profissionais da área usam, quando poderíamos usar nosso tempo de forma mais útil. Dia desses eu me surpreendi que consegui zerar Robin Hood - A Lenda de Sherwood em menos de uma semana, jogando só um pouco por dia.

...onde eu estava? Ah, sim, Ninja Gai-den. HAI!

Então, anos 80 e 90 a série estava no auge... Aparentemente, porque nada mais justifica fazerem um filme direto pra vídeo que se passa entre um jogo e outro. Basicamente, um DLC da época, se parar pra pensar.

Então... avante.


"Preciso ir, meu amigo Simão Belomonte
precisa da minha ajuda!"

Se tu não manja da história, Ninja Gaiden conta sobre Ryu, um ninja que viaja pra América a fim de vingar seu pai, morto num duelo em meio a uma plantação de arroz, ou aquela parada lá do Kirby Super Star. Ryu ficou incumbido de proteger uma estatueta que se junta de outra estatueta ia liberar o uma entidade DUMAL, e tinha que impedir um maluco que parece o primo do Mumm-Rá de juntar as estatuetas e liberar o antepassado do Fiend.

...

Eu ACHO que a história é assim, eu só joguei o primeiro jogo até a... última cena da segunda fase, sei lá, aquela que tem as múmias que jogam crucifixos, e sequer passei da primeira fase do segundo jogo.

Parece que depois que tu se acostuma com um joypad pra jogar plataforma, é uma desgraça pra usar o teclado pro mesmo tipo de jogo. É como ter que lembrar dos afazeres do dia sem ter que perguntar pra Alexa.

"Recalculando trajeto."

Dá pra ter uma noção que eu não sou exatamente um grande conhecedor da franquia, mas de vez em quando eu boto no emulador só pra passar raiva, porque tem dia que eu preciso sentir qualquer emoção que seja, já que a vida e a faculdade me sugou toda a alegria e brilho dos olhos, mas também deixa tudo num marasmo tão grande que nem vontade de socar alguma coisa eu tenho.

Mas cê não precisa saber muito sobre a história dos jogos, porque mesmo que o OVA se passe depois do segundo jogo,o básico da história tu consegue deduzir rapidamente. Construção de mundo simples, focada em ação, ok, faz sentido.

Ryu agora tem seu próprio negócio com sua namorada Irene, que é uma agente da CIA. Eles tocam um restaurante de ramen... ou pode ser uma loja de antiguidades, vai saber, a fachada da loja não dá muita informação.


Viu?

Porque raio um ninja e uma agente federal iriam abrir uma lojinha? Sei lá, o salário de agente da CIA deve ser realmente baixo. Digo, ok, ninjas basicamente se alimentam de luz e sangue, moram nas sombras e usam as mesmas roupas todo dia, então eu imagino que eles se adaptem à falta de salário, mas um agente federal devia receber um salário razoável.

Digo, cês viram as parada que aparece na internet? Alguém tem que pagar o psiquiatra dos agentes.

Enfim, a história aqui envolve um figurão da ciência que diz ter descoberto a cura pro câncer, e a amiga de Irene, que é uma repórter, vai lá pegar o furo numa coletiva de imprensa, onde o cara não diz uma única palavra.

Até agora eu tento imaginar o climão manero, quem foi o primeiro repórter a desistir de entrevistar o cara, e se ele realmente ficou imóvel numa mesma posição, sem piscar, enquanto ninguém tentava encostar nele. O desenho não nos conta nada a mais sobre a coletiva, então eu imagino que nada relevante tenha acontecido.


O namorado da jornalista (que é amigo de Ryu e detetive particular) acha que tem caroço nesse angu e vai na mansão do cara pra descobrir o que tá rolando. Lá eles se encontram com Ryu e descobrem experiências em mutantes, os mesmos que vem perseguindo Ryu ultimamente.

E aí eles vão lá tentar seguir o rastro dos mutantes do cara da cura do câncer pra descobrir que de alguma forma ele conseguiu sintetizar o poder das estatuetas dos infernos lá e... É meio complicado, mas é divertido.

É um típico filme de ação exagerada oitentista, mesmo que tenha sido lançado em 91. Alguns diálogos razoavelmente quotáveis ou só memoráveis mesmo, bala pra tudo que é lado, lutas de espada ninja satisfatórias, e aquela aesthetic oitentista japonesa que... pra ser sincero, cê pode achar melhores em outros desenhos da época, mas também não é de se jogar fora.


O curioso é que o protagonista, Ryu, é incrivelmente raso. Eles tentam desenvolver algum romance entre ele e Irene, o vai-não-vai do relacionamento deles, o "eu não quero te envolver nesses perigos" que é a desculpa de 90% de super-heróis pra terminar namoros com civis, mas que no final eles acabam juntos mesmo porque é claro que sim, todos esses clichês.

O filme termina num meio que cliffhanger, com a filha do cientista usando o poder sobrenatural de um dente do capiroto ou algo do tipo, e eu não sei se foi algo continuado nos jogos ou se foi esquecido mesmo. Enfim.

Os personagens mais desenvolvidos e que passamos mais tempo de fato são os americanos que falam japonês fluentemente mesmo entre eles, como é de praxe. Eles são mais engraçados, eles que tentam de fato resolver o mistério, enquanto Ryu já manja dos paranauê tudo e tá lá pra salvar o mundo.
Os americanos aqui são basicamente o everyman enquanto Ryu é o Herói, o que torna ele bem mais genérico do que deveria.


Mas pra um amontoado de clichês... É divertido. Definitivamente tem coisa melhor pra assistir e definitivamente não faz a menor diferença na franquia (até onde eu sei, porque, de novo, eu sou um leigo em Ninja Gaiden; eu sei que aqueles inimigos que parecem cachorros salsicha no NES aparecem aqui como mutantes, então... tem isso), e poderia passar batido.

E de fato, PASSOU batido, eu soltei casualmente em algumas redes sociais sobre resenhar esse OVA, e recebi mais de uma resposta com "TEVE OVA DE NINJA GAIDEN?", e é pra isso que existe esse blog.

Trazer coisas obscuras de IPs conhecidas, ou só coisas obscuras ligeiramente memoráveis, e fazer piadas ruins caçoando dos filmes.


E talvez esse seja o lugar de Ninja Gaiden, mas não como o main event. Imagina aí, cê tá passando a sexta pro sábado na casa dum amigo, você e a gangue toda. Enquanto abrem uma coquinha gelada com os parças, vocês resolvem pedir logo três pizzas e virar a noite vendo filme ruim dos anos 80 pra ficar tirando sarro.

Ninja Gaiden é o que vocês poderiam botar pra passar enquanto esperam a pizza chegar, dá pra caçoar um pouco e ir aquecendo o motor das piadas, mas ao mesmo tempo dá pra legitimamente apreciar a ação e estética do negócio.

Digo, o vilão é basicamente um monstro de tokusatsu que parece uma mistura de Piccolo com o Pepe the Frog. Se isso não é sinal de uma excelente direção de arte, eu não sei o que é.


...

Agora que eu reparei que eu uso muito esse exemplo pra justificar uma sessão de certos filmes, mas eu de fato nunca fiz isso. Ainda assim me dá uma certa nostalgia estranha, enfim.

A menos que tu queira vender sua alma pra Mefistófeles (porque eu não consigo achar nem o VHS nem o Laserdisc à venda na internet), dá pra ver de boaça no YouTube, com o bônus da qualidade baixa e aquele estilo de legenda característico de evento de otaku.

Also, em uma nota menor, em um dos uploads desse filme no YouTube, alguém comentou que "isso não é Ninja Gaiden nem aqui nem na China", que deve ser a mesma reação que um millenial tem quando vai ler os quadrinhos da Archie pra comparar com Riverdale.

BANDO DE SEVANDIJAS INCOMPETENTES E INCULTOS, TOMARA QUE O CHAPEIRO CUSPA NO BIG MAC DE VOCÊS!


****

Esse post foi feito com o apoio dos padrinhos João Carlos e Cauã Alves. Caso queira contribuir com doações pro blog, dá um pulo lá no Padrim, que cê vai poder dar pitaco nos artigos futuros, ler artigos assim que forem terminados, e mimos aleatórios na medida do possível.

Ou dá uma olhada nas camisas, travesseiros, adesivos e outros produtos da loja, tem camisa com o símbolo do blog, designs exclusivos de Disney e Archie, etc. Also,aceito sugestões de ilustrações ou temas.

Se quiser dar uma doação random de qualquer valor sem compromisso ou assinatura, escaneia o código do Mercado Pago aí, Não esquece da vírgula. Qualquer valor já ajuda a manter o blog e impede que o Joshua morra de fome.
Sério, já viu o preço do salmão? Pois é.


You May Also Like

0 comments