Especiais de Natal



Aah, especiais natalinos.

Algo que nós nos acostumamos a ver todos os anos, às vezes durante as festas de Natal, na mesma sala onde 20 parentes conversam mais alto que a TV e se entopem de gordura animal e sucos gaseificados. Enquanto você tenta só ficar na sua e assistir seu filminho treinando para entrar no departamento de leitura labial do FBI.

Gash, essas boas e velhas memórias...

Sim, eu acabei descobrindo que esses especiais natalinos clichês são de fato uma das coisas mais legais do Natal, mais legais até do que o dia da festa em si!

Então, que tal dar uma olhada em alguns desses clássicos? Aumente o volume da TV, ligue os closed captions, e suba no trenó!




O Estranho Mundo de Jack


Confesso que eu nunca achei esse filme lá essas coisona toda. Sim, as músicas são memoráveis, e SIM, a animação é soberbamente estupenda. Mas faltava algo... Ligação com os personagens, talvez.

Eu não me identifiquei com os personagens, eu sequer conseguia gostar deles. Mas aí eu revi o filme.

E algumas coisas mudaram.

A história do Rei da Abóbora que tenta tomar conta do Natal é um conto de alguém que tenta sair da sua zona de conforto, e mudar o seu trabalho. Até descobrir o óbvio ululante que pulula nas mentes humanas: ele não serve pro serviço. E após passar por uma experiência semelhante, eu o compreendo.


Também o compreendo de querer... Namorar, se juntar, casar, sei lá o que eles fazem no Mundo do Halloween, com a Sally. Ela de fato é a melhor companheira para Jack, que realmente o ajuda, que quer o melhor pra ele mesmo que ele não consiga ver, etc etc. Mas o problema que avistei da primeira vez persiste: ela é >MUITO< plana.

Mas, o filme tem um bom visual, músicas marcantes, uma animação ornitorrincamente bela, e embora seja um filme exibido duas vezes ao ano (no Halloween e no Natal), acredito que a mensagem não tenha uma data específica e os feriados mencionados sejam mera ferramenta do roteiro.

Ainda assim, acredito que seja um dos filmes mais superestimados da história, o que pode causar má impressão a quem vá ver pela primeira vez. Mas a fotografia é linda, a animação é linda, as músicas são cativantes, e... Bem, basicamente isso. É mais uma experiência audiovisual que qualquer coisa.

Sobrevivendo ao Natal


Drew é um milionário que começa a sentir falta de calor familiar no Natal, e aluga uma família pra passar o feriado.

É uma proposta interessantíssima e que, até onde me lembro, não foi feita antes (ou com muita frequência). Há muito coração nos personagens e em seu desenvolvimento, e tem seus momentos engraçados, dramáticos, e... constrangedores.

Sabe aquele climão de quando alguém faz uma gafe muito grande em uma festa de família? Pois é, aqui esse climão atinge níveis estratosféricos.


E... sim, não é exatamente um filme pra toda família por conter alguns elementos mais pesados e morais confusas (e piadas pesadas que são extremamente dispensáveis), mas ele tem sim algumas boas morais e bons questionamentos.


Não quero dar muito spoiler aqui, mas duas coisas que me chamaram muito a atenção é no tocante à nostalgia dos Natais passados e o quão importantes essas memórias são para nós hoje, fora também pensar em quem seremos ou como estaremos nos próximos Natais. E devo dizer, me fez pensar um bocadinho.

O outro aspecto que me chamou a atenção foi o de que toda família tem problemas, por mais perfeitas que elas possam parecer, e por maiores ou menores que sejam. De novo, sem muitos spoilers.


É sim um filme mediano, mas é um daqueles filmes que merecem dar uma olhada. A fotografia tem seus momentos, os personagens são relativamente identificáveis, a edição tem um certo brilho no início, e há tradições natalinas que nós, brasileiros não nos identificamos muito, mas nos acostumamos a ver. Check it out.

How the Grinch Stole Christmas e O Grinch


Tanto o desenho quanto o filme, embora seja mil vezes mais fácil o filme ser exibido. Só lembro de uma vez que o desenho foi exibido, no Tooncast, em 2012.


Já falei muito deles aqui, mas não custa repetir. Em geral, há um imenso clima natalino, com todos aqueles clichês, que no filme são bem melhor explorados e trazem uma mensagem mais contemporânea (que foi apenas adaptada ao nosso tempo, por assim dizer).

Embora o filme tenha lá alguns problemas, no geral, é um bom filme, e tem um clima natalino gostoso.


O que eu NÃO recomendo é a versão dublada do desenho. Uma das piores dublagens que eu vi na minha vida, sem nenhuma rima, ele traduz literalmente o texto e ainda peca no ritmo. Vejam legendado com legendas em inglês, é melhor aproveitado e bom pra treinar seu inglês, também.

Um Duende em Nova York


A história do humano que foi adotado por elfos por si só já tem uma história interessantíssima e original. Fica melhor ainda com a atuação de Will Ferrell, que realmente dá uma vida e carisma impressionante ao personagem.

Ele é muito inocente e faz besteira, mas com boas intenções. Por onde ele vai, ele espalha alegria e felicidade, e todos gostam dele. Ele é realmente a essência do espírito natalino, e isso fica extremamente evidente nas cenas do clímax. (Se você conhece a letra de "Santa Claus is Coming to Town, provavelmente cantou junto. Eu aprendi a letra nesse filme.)


Uma das coisas que eu acho mais interessantes nesses filmes é a forma como o Pólo Norte é retratado e como funciona esse mundo e as coisas ligadas a ele, como o trenó do Papai Noel, por exemplo. E aqui ele nos dá uma visão interessante e divertida (e de quebra faz referência a outro clássico natalino).

E o final, mostrando como as coisas acabam se encaixando no seu lugar, é simplesmente... Cara, eu quero abraçar esse filme. De verdade.

Eu não quero ficar meloso ou superestimar o filme ou vocês irão esperar muito e se decepcionar, mas eu recomento muito esse, de verdade. Assista com uma mente relaxada, e aproveite a viagem.

Operação Presente




Logo acima eu falei sobre como eu gosto de ver a forma que o Pólo Norte e o Papai Noel são retratados nesses filmes. E esse filme é um ótimo exemplo disso.

A história é sobre uma linhagem de Papais Noéis que entregam os presentes na noite de Natal. Mas eles acabam esquecendo de uma criança, e o filho mais novo do atual Noel, Arthur, vai entregar o presente por conta própria.

Uma das coisas mais interessantes nesse filme é o conflito de gerações, algo que acredito que muitos de nós estejamos acostumados. Vovô Noel acha que toda essa parafernália tecnológica é desnecessária e que é melhor fazer do velho modo, o filho mais velho de Noel quer fazer tudo da forma mais profissional possível, e o velho Noel está literalmente perdido no meio de tudo isso.


Eu não quero dar spoilers, mas posso dizer que esses relacionamentos e motivações são extremamente bem desenvolvidos. Os personagens são muito humanos, todos tem suas falhas, suas dúvidas, seus pontos fortes e fracos, e eles de fato conversam sobre isso, da mesma forma que há conversas e discussões na família, muitas vezes tendo uma figura que tenta apaziguar e trazer a família de volta ao chão e à razão.

A animação é estupenda. Ela é muito energética, muito rápida, e muito detalhada, mas ao mesmo tempo sabe quando precisa ser mais lenta e mais emocional.

Eu poderia falar mais, mas acho que o Nostalgia Critic falou melhor do que eu.

O Natal de Pinky e o Cérebro


Mais um episódio com o mesmo plot dos outros: Cérebro tenta dominar o mundo com a ajuda de seu amigo fiel e quimicamente desequilibrado, Pinky. O plano envolve se infiltrar na oficina do Papai Noel e botar um boneco controlador de mentes do Cérebro em todas as casas do mundo, para que Cérebro possa hipnotizá-las e assim atingir seu objetivo.

O desenho em si é muito básico, mas o que vale mesmo é o final. Eu não vou dar spoilers, se quiser vá ver agora, eu espero. Tem online e dura só 25 minutos.

Vá lá, eu espero.


Um Herói de Brinquedo


Esse aqui é um clássico da Globo.

...não que a Globo tenha feito o filme, mas porque só passa nela.

...pelo menos quando eu era pirralho passava, faz tempo que não vejo muita TV aberta e... ORA VOCÊS ENTENDERAM!

A história narra a odisseia de Arnoldo Esuasnega na nobre missão de dar um presente de Natal a seu filho, Anakin Skywalker. O guri quer um boneco do clássico Turbo Man, um design rejeitado de Metal Hero 'MURICANO, mas o boneco que o pequeno vilão quer praticamente não existe mais, assim como bonequinho do Mario no McDonald's. Mas Arnoldo é implacável, e vai aprontar altas confusões de tirar o fôlego para compensar as barbaridades que fez com sua família por ser um workaholic que não cumpre as promessas.

...e eu acho que esse foi o parágrafo mais surreal que eu já escrevi na vida.

Basicamente, esse filme dispensa apresentações. É divertidamente idiota e surreal (Arnoldo fugindo de uma rena dentro de casa, enfrentando um exército de Papais Noéis ninjas e wrestlers que fazem brinquedos falsificados, esse dia foi loco), e fica ainda melhor com a atuação do Arnoldo.


É sério, se assistiu esse filme dublado, eu recomendo fortemente que o veja também legendado, vale muito a pena ver porcausa da atuação dele. Ele é tão involuntariamente exagerado que chega a ser cômico.

E é, ainda tem uma certa crítica ao consumismo desenfreado e o retorno ao Natal mais simples, mas sem muito foco a essa segunda parte. O que é interessante, porque é como se dissessem "tudo bem em ir pra correria das compras, presentear quem amamos é algo ótimo, mas não cheguemos a extremos para presentear... como roubar bolinhas coloridas de uma criança, socar uma rena, ou participar de uma parada natalina com fantasias não aprovadas pelo Inmetro".

...ou algo assim.

O Natal de Charlie Brown


E por último, mas não menos importante, esse clássico natalino absoluto. Ainda acredito que seja quase um crime não ser exibido anualmente nas nossas TVs, abertas ou pagas, porque é de fato um especial muito bom.

Charlie Brown está deprimido no Natal, porque, segundo ele, ele não o entende, não sabe porque as pessoas ficam tão alegres nessa época do ano, já que ninguém gosta dele nem manda cartões de Natal pra ele.

Lucy tenta ajudá-lo mandando-o ser diretor da peça de Natal, onde ele irá ocupar a mente e talvez descobrir o que é o Natal.

Plot muito básico, mas a execução é brilhante, especialmente porque nada está exagerado demais.


As crianças soam como crianças normais (até porque foram dubladas por crianças normais), agem como crianças normais, e psicologicamente são crianças normais, com seus medos, receios, arrogâncias... Nenhuma criança prodígio que transforma brinquedos e sucata aleatória em um sistema de vigilância que daria inveja ao MacGyver.

É tudo muito simples, mas por ser simples demais, funciona.

E mais, tem a VERDADEIRA mensagem do Natal, quotando integralmente um trecho do livro de Lucas.

Os outros especiais em geral são algo "paz e amor a todos, felicidades no ano que vai vir", etc etc, o tipo de coisa que esquecemos assim que acordamos no dia 1º de Janeiro.


Mas aqui, a mensagem é passada de uma forma tão simples, mas tão poderosa, pois há uma atenção absurda aos detalhes, que a complementa. Ao citar a frase "Não temais, pois trago novas de grande alegria", Lino solta o tão amado cobertor.

Se você tem noção de estudo de personagem ou simples lógica, entenderá muito bem o que significa.

E essa é uma mensagem a ser passada não apenas no Natal, mas todos os dias. Sendo você cristão ou não, pare um pouco pra pensar no sacrifício que Jesus fez, e o que ele fazia pra merecer isso. Sim, parece mais uma mensagem de Páscoa, mas uma coisa liga a outra, de que adianta falar apenas no nascimento de Cristo e não falar também na morte e ressurreição?


E aqui se encerra o expediente do Super Review Time desse ano! Foi um ano... estranho, pelo menos pessoalmente, pra mim. Várias indas e vindas, projetos, e um pouco mais de descobrimento das minhas falhas, especialmente pessoais. Mas é algo bom de se fazer no Natal/Ano-Novo, é como rever o que você fez de certo e errado para tentar corrigir no próximo ano. Isso, claro, a um nível maior, pois devemos fazer isso diariamente, constantemente. Nunca é tarde para corrigir a si mesmo.

Feliz Natal, e um excelente Ano-Novo para todos nós! Obrigado por nos acompanhar esse ano e até o ano que vem!