A Filha do Papai Noel


O tema de paternidade relacionado ao Papai Noel não é coisa nova, bem como a questão entre a tradição e o progresso. E esse é mais um filme que trata disso, de uma forma única.


Como, você pergunta? Vem comigo.



A história nos conta sobre Mary Class, uma consultora de gestão de negócios (ou algo do tipo) que recebe uma chamada de sua mãe em pleno Dia de Ação de Graças. Acontece que seu pai teve um infarto, e ela prescia urgentemente voltar pra casa.

Cê quer contar o filme ou vai me deixar falar?
Hunf
Para surpresa de todos (e por "todos" eu quero dizer "a assistente de Mary"), Mary é filha do Papai Noel, e já que o velho tá impossibilitado de trabalhar, ela resolve assumir as rédeas do trenó.

E do negócio da família.

....

Entenderam? Porque renas usam rédeas pra serem... dirigidas... Também é uma expressão popular e... É...

...

perdão.



...Enfim, só que Mary pretende modernizar a fábrica, colocando máquinas e usando relatórios e TI e essas parafernália toda. O problema é que os elfos são mais incompetentes que você depois de bater aquele almoço maroto no PF a cinco conto, e tem tanto conhecimento sobre tecnologia e relatórios quanto aquela sua tia que fica mandando corrente no WhatsApp sobre seringas com o vírus da AIDS no meio da rua.

Além de tudo isso, ela ainda vai reencontrar o amor de adolescência, e o mesmo vai se encontrar com o atual namorado de Mary, causando alguns Climão Manero™ que não pode faltar nas festas de família.


Se livrando logo dos poucos problemas, a fotografia é horrível. Não, sério, é uma das piores fotografias que eu já vi num filme natalino. Os ambientes são escuros e sem vida, cores fracas e chapadas. Mesmo quando há muita luz, é como se não fizesse muita diferença, o ambiente continua escuro e sem vida. Isso é um problema especialmente porque os sets são bem construídos. O design da fábrica, embora não seja muito diferente do que estamos acostumados, é bem vivo e é interessante ter um escritório como se fosse uma estufa dentro da fábrica, pro Noel ficar organizando alguma coisa burocrática e ao mesmo tempo ficar de olho nos elfos. Que, como já mencionei, são tão habilidosos e inteligentes quanto uma iguana com um maçarico.

E fora isso, a atuação geral também não é lá essas coisa. Não que seja ruim, mas também não tem nada de particularmente bom nelas. Eles fazem o que lhe é pedido, e funciona.


Mas de longe o grande ponto do filme é o conflito de gerações, que foi melhor abordado em Operação Presente. Mas mesmo aqui são tomadas decisões interessantes.
Noel quer continuar a fazer as coisas do jeito certo, porque funciona. Mary quer organizar melhor tudo, informatizar e capacitar os elfos pra atenderem uma demanda que, como ela diz, aumentou consideravelmente. Mas embora seja uma excelente idéia e seja tratado dessa forma mais realista, eles na prática não fazem muito em relação a isso. Há um momento em que Noel se gaba de fazer todos os trenzinhos de madeira à mão, e Mary indaga qual foi a última vez que ele fez um trenzinho manualmente. Esse tipo de debate funciona perfeitamente, mas acaba não tendo uma participação maior.

Mas, é um especial pra família, é pra ser uma coisa mais leve. Eu consigo deixar passar esse tipo de coisa.


O resto do filme foca não só na Mary querendo melhorar o Natal, mas também em redescobrir a si mesma. Voltar à terra Natal (HHHÁ!), rever pessoas queridas, às vezes isso é necessário pra lembrarmos quem nós fomos e quem nós queríamos ser. Assim como proteger as tradições, mas sabendo o que se passa ao nosso redor e tomar aquilo que pode nos servir.



É um filme perfeito? Nnão. É emocionante? Definitivamente não. É engraçado? Olha, eu ri nos momentos que ficava constrangedor, mas nem tanto por ser engraçado. Ele é mais um filme leve pra ver com a família, sem se preocupar muito, aproveitando algumas idéias e ocasionalmente um lance bem feito da fotografia, como algumas cenas exteriores na neve.


Se tiver um tempo livre, pode ser interessante assistir, mas não espere nada de mais.

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