Férias Frustradas de Natal




Férias Frustradas de Natal é um filme que por qualquer motivo, eu nunca vi quando pirralho. Aliás, se for parar pra pensar, eu acho que os filmes natalinos que eu vi quando pirralho nunca foram exatamente conhecidos ou celebrados. Ou minha memória que é ruim mesmo, sei lá.

Enfim, nunca vi nenhum filme da série National Lampoon's, e talvez seja um dos motivos que eu não consegui, a princípio, entrar de fato na idéia do filme. Mas isso não é motivo pra eu simplesmente não gostar dele, certo?


Vejamos.



Muito bem, National Lampoon's era uma revista de comédia, que era na verdade um spin-off de outra revista de comédia dos anos 60, mas divago. O escritor John Hughes escreveu algumas histórias pra ela e as usou de base pros filmes de National Lampoon's Vacation, incluindo European, Christmas e Las Vegas. Há duas sequências, uma de 2010 e outra de 2015, que sofrem do mesmo mal que afligiu Home Alone, mas eu ainda não assisti então nem posso dizer se são de fato bons.

Quem diria que o lore de National Lampoon's seria complicado assim.





Nesse filme, o pariarca da família GRIMWABLD, Clark, quer fazer o Natal perfeito em sua casa, tentando unir as duas partes da família. Acaba com os pais dele, os sogros dele, a família da irmã, dois tios tão velhos que a tia dele dublou a Betty Boop e a Olívia Palito, e o tio dublou o cientista de Nightmare Before Christmas, bem como o dono da fábrica de lã de O Ratinho Encrenqueiro. Fora os filhos dele, a vilã daquela batida de trem das Jem e as Hologramas e o Leonard de Nerd Blackface.

E eu só extendi demais a sinopse porque de fato, ela é bastante simples. O cara quer ter um Natal em família perfeito, mas absolutamente TUDO atrapalha ele de celebrar a festividade, das formas mais cartunescamente trágicas possíveis.


E da mesma forma que o Universo conspira contra Clark, o timming conspira contra as piadas neste filme.






Comédia slapstick não é fácil de fazer, é uma ciência muito exata. Você não pode simplesmente jogar uma torta na cara de alguém e esperar que funcione, tem que haver uma preparação, um momento rápido, e uma reação. E o timming é uma parte crucial disso.

As piadas nesse filme são constantemente lentas demais. Por exemplo, tem uma cena que Clark pisa em tábuas de madeira, que resultam na pancada na testa, isso repetidas vezes. Mas é tão lento que você consegue prever o que vai acontecer, e as reações de Clark não ajudam a sustentar a piada.


Mas até as piadas verbais demoram muito a se desenvolver e aplicar, que pode se tornar maçante. Só não se torna porque, entre uma cena e outra, há algo interessante acontecendo. Clark tentando descer uma ladeira na velocidade da luz; Clark tentando arrumar as lâmpadas de Natal de casa e falhando miseravelmente, ou o cunhado dele fazendo alguma merda.


E, na real, alguns desses momentos mais lentos funcionam a favor do filme, uma vez que tu entende o propósito dele.




A comicidade dele não tá presente necessariamente nas piadas, mas nas situações do cotidiano. Todo mundo já passou pela mesma situação de Clark, de tentar fazer uma festa, uma comemoração, ou pelo menos um dia perfeito pra alguém, e tudo dar errado. Raios, no nosso dia-a-dia é capaz disso acontecer! Aconteceu comigo dois dias antes de assistir esse filme, de fato. Ver as reações de Clark, e como ele se contém diante dessas reações é extremamente identificável entre nós, especialmente em situações onde a resolução do problema não tá nas nossas mãos, e nos sentimos frustrados e impotentes diante de tudo.


E quando a gota d'água surge, ele entra em modo beserk e surta geral, e de certa forma, é até catártico, se você já passou por algo parecido.





O filme acaba se sustentando mais pelo clima familiar, pelas situações do cotidiano, e pelas proporções cartunescas que tudo tomou. Há um clima de sinceridade e até de nostalgia pelo passado. E o diálogo, embora não seja sempre engraçado, é cômico e divertido o suficiente pra te manter interessado, embora os cortes repentinos da edição tentem te confundir.


Não é um dos meus favoritos, mas eu seria tolo se dissesse que é ruim. Ele talvez só não tenha falado comigo forte, mas definitivamente, vale a pena rever.