Natal em Família




De todos os filmes natalinos, esse foi um dos que me marcou quando pirralho. Eu nem sei direito o porque, talvez por nunca ter conseguido pegar do começo quando passava no SBT, ou por sempre assistir na casa da minha avó durante a preparação da festa, uns 2 dias antes.
E se tem uma coisa que eu acho estressante, mas ao mesmo tempo confortante, é a preparação pro Natal. Sério, quando minha mãe faz escondidinho, ou só o purê de batatas/carne de sol, bate aquela nostalgia da boa.

Mas com o passar do tempo, esse filme meio que sumiu das TVs, ao menos pra mim. Mas a premissa básica continuou comigo e até hoje, se sustenta. Mas e o resto do filme?







Jake (interpretado por Simba Pirralho) é um daqueles malandros de faculdade, o cara que te dá a cola da prova em troca de dinheiro, e que sempre tem uma saída pra tudo, usando basicamente na sua lábia. Ele convida sua namorada, Jessica Biel, pra passar o Natal na praia, mas ela diz que vai pra Nova York, passar o Natal com sua família. Mufasa liga pra ele dizendo que se chegasse em casa até as 6h da noite de Natal, o jovem leão iria ganhar um Porsche.

O que raios Simba quer com um carro, eu não faço idéia.



Mas alunos vítimas de uma das malandragens que não deu certo resolve se vingar de Simba, colando uma roupa de Papai Noel nele e o largando no meio do deserto, enquanto seu rival levava sua namorada de volta pra NY.

Eu adoraria dizer que durante o filme acontecem alguns quiproquós, porque... Realmente, é o que parecem, mas na prática acaba se tornando outra coisa devido ao nível de babaquice dos personagens.


O principal problema do filme é que Jake não é só um malandro que tenta sobreviver, ou que tem algum carisma, como... sei lá, o Zé Carioca. Dependendo do autor, o Zé pode ser de fato mais anti-herói ou menos anti-herói.

Aqui não tem escapatória, Jake é um babaca egoísta e vez ou outra o filme nos lembra disso, seja por alguma imagem dele sonhando com seu Porsche, ou mentindo pra geral.




Raios, ele tava num ônibus indo pra NY, e viu na TV a namorada dele com o rival dele (que aliás, nem fica bem estabelecido esse relacionamento de rivais, for that matter) em um mini resort temático. O que ele fez? Pegou um bife cru de outro passageiro, botou numa caixa de isopor com gelo de outro passageiro, e disse que era um transplante de coração pra uma menininha nesse tal resort, convencendo todo o ônibus, incluindo um militar que obrigou o motorista a fazer o desvio pro tal resort.
Babacas desse nível eu só vi em filmes como O Espanta Tubarão.

E fica pior porque o rival de Jake também não é flor que se cheire, sendo basicamente do mesmo nível que ele.



Sim, Jake faz umas duas ou três boas ações durante o filme, reconcilia dois casais, doa o prêmio de uma corrida pra comprar a ceia de famílias necessitadas, dá presente pras crianças, etc. Mas como vimos ano passado em Esqueceram de Mim 2, uma ação boa NÃO apaga uma ruim, ele continua sendo um babaca impossível de torcer durante todo o filme.




Mas a fotografia é bonitinha.

Mesmo com todos esses problemas argumentais, no último ato a fotografia realmente é agradável. A neve tem agradáveis tons de azul e branco, as luzes são muito quentes, as cores natalinas são simpáticas. E pra ser sincero, os personagens que Jake ajuda são infinitamente mais interessantes que ele, que de certa forma dá um equilíbrio à narrativa.






E em uma nota menor, é muito estranho um filme da Disney falar as palavras "sexismo, racismo e homofobia", mesmo sendo por 4 segundos e sendo irrelevante pra história.

Assim como o caminhoneiro chamar a Jessica Biel de "two-timing ho", com um trocadilho tão cretino que só mesmo assim pra passar em um filme da Disney.

Sim, um filme da Disney que o cara chama uma das protagonistas de "vadia duas-caras".




A FAAAAAMILY PICTURE!



Esse é um bom exemplo de um filme que poderia se tornar memorável, e o fato de eu lembrar do plot depois de todos esses anos é prova disso. É um excelente plot e poderia se tornar um filme não espetacular, mas longe de ser ruim. Um filme assistível e relativamente memorável, mas escolheu a rota ruim, por algum motivo.





Se tem nostalgia por esse filme, eu diria que é válido uma assistida. Caso contrário, eu diria pra pular.