Usagi Drop
Normalmente, em gêneros como esse predominam os exageros de coincidências ou situações incomuns. Podem ser fracos, médios, altos, altíssimos, e Pastel. Claro que o nível não determina a qualidade da obra como um todo, já que o que vale mesmo é o desenvolvimento.
E então temos Usagi Drop.
A história começa quando Daikichi, um solteiro que vive sozinho e tem uma vida comum, recebe a informação de que seu avô faleceu. Ao chegar na casa deste, descobre também que seu avô deixou uma filha de 6 anos, Rin.
Nenhum parente se voluntaria pra cuidar da garota, e cogitam deixar ela num orfanato.
Até que Daikichi toma uma atitude "danem-se vocês, bando de imbecis sem coração" e passa a criar a garota.
E então começa a parte cotidiano da história. Basicamente, acompanhamos Daikichi sendo um pai de primeira viagem de uma guria de 6 anos: as dificuldades que ambos tem pra se adaptar, Daikichi esquecendo coisas básicas como onde a Rin vai estudar, ao mesmo tempo em que se preocupa em saber sobre o paradeiro da mãe de Rin, e até mesmo cuidar dela, já que ela possui marcas psicológicas graves.
As reações de Daikichi como um pai de primeira viagem são impagáveis, a propósito. Sendo uma série mais dramática, os momentos cômicos vem bem a calhar. Mas claro que eles não são exatamente constantes, mas existem os momentos fofinhos de Rin sendo fofamente fofa, o que ajuda a deixar a série com um ar mais light e ao mesmo tempo nos fazer sentir algo por Rin e claro, por Daikichi.
Os personagens são bastante complexos e definidos. Rin mostra seus medos e desejos, e Daikichi mostra ser bastante direto e corajoso, até porque foi uma decisão totalmente impensada, e o estilo de vida dele mudou drasticamente e literalmente de um dia pro outro. E é perceptível sua evolução, nos questionamentos e reflexões que ele faz sobre ser pai, e sobre família.
E é importante frisar que Rin e as outras crianças agem como crianças normais. Ou seja, sim, alguma vai ser irritante a ponto de você querer dar uma mãozada nela, mas outras são extremamente adoráveis e inocentes, e que até essas irritantes podem mudar com o tempo.
"Toasty!" |
A animação é belíssima. Antes de a abertura ser tocada, ela tem uma colorização que emula a de aquarela, o que cai bem no contexto (já que envolve crianças) e artisticamente, produz um belo efeito.
A abertura e encerramento também são dignos de nota. Ambos tem um estilo gráfico bastante típico daqueles feitos por crianças, mas usam simbolismos presentes na série e que são facilmente identificáveis, servindo até como recapitulação dos eventos pequenos e aparentemente insignificantes, mas hey, não é assim quando se lida com crianças? Aqueles pequenos momentos soltos que mostram como a criança está evoluindo, mas ao mesmo tempo não tem muita noção? E que nos lembramos e contamos aos outros como se fosse a coisa mais magnífica do mundo?
Basicamente, Usagi Drop é uma belíssima série. Dura o tempo que precisa (menos que a versão em quadrinhos, deixemos pra outro dia), é doce, possui emoções e mostra, em essência, o que é ser um pai.
Usagi Drop é a série que me faz querer criar uma garotinha.
...
Mas eu não quero filhos.
Não mesmo.
Nem.
...enfim. Dê uma chance a Usagi Drop. É uma obra que certamente vale a pena ser vista e apreciada.
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