[Mês do Dr. Seuss] Green Eggs and Ham (Game Boy Advance)


E começamos mais um Mês do Dr. Seuss! Um mês onde vemos um pouco mais sobre esse grande escritor pra crianças, que tal qual o nosso Mauricio de Souza, alfabetizou mais da metade do país usando histórias nonsense contadas de forma divertida e desenhos engraçados.

E qual a melhor forma de começar esse mês dedicado a um tema tão literário, tão culto, tão imaginativo? Um video game ruim do Game Boy Advance!

...

É, claro. Porque não?




Pra vocês porcos incultos que desconhecem Green Eggs with Ham, é um livro dr Dr. Seuss onde Sam-I-Am importuna...

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Ele tem um nome?

Deixa eu ver na Wikia do Dr. Seus...

...

Sim, é claro que existe uma wikia de Dr. Seuss.

...

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Sim! Sim, sim, o nome dele é Joey. E aparentemente a raça dele é Knox, e ele compartilha o nome e raça e... aparência, tirando as roupas e o chapéu, de outro personagem que aparece em Fox in Socks. A wikia não dá nenhuma informação que seja o mesmo personagem, mas outras fontes dizem que sim.

O lore de Dr. Seuss é mais complicado do que vocês imaginam.

Enfim, Sam-I-Am tenta fazer com que Joey tente comer Ovos com Presuntos Verdes em todas as situações e locais onde uma rima possa ser feita. Cê pode ver uma versão narrada do livro aqui, mas só depois de ler este artigo. Caso contrário, seus pés serão puxados de noite pelo fantasma de Optimus Prime.

Até que certa vez, numa bela manhã de sol, alguém achou que seria uma ótima idéia fazer um jogo baseado no livro. Ok que o GBA era basicamente um entulho de idéias mal-acabadas, mas há uma diferença enorme entre fazer um jogo baseado em High School Musical e um livro pra crianças pré-escolares. Um deles ao menos vai ter um público que vai comprar.

...não é um público grande, mas ainda assim.


O jogo consiste em um tabuleiro onde os personagens andam por aí de acordo com uma roleta e cada casa que caem, jogam um minijogo de memória pra decidir quem joga o jogo da casa, e só então joga o jogo da casa. Depois de completar o tabuleiro, há uma tabela de pontuação dos jogos e quem pontuar mais ou tiver jogado mais ganha troféus por cada categoria.

E eu acho que usei a palavra "jogo" mais vezes nesse parágrafo do que em todos os meus anos de faculdade juntos.

A idéia em si é interessante, já que foi adaptada pra crianças bem bem BEM pequenas. Ao invés de usar números como seria o usual, a roleta usa cores, e o boneco anda até a próxima casa com a cor correspondente. Não é exatamente usual, mas lembremos que o público-alvo provavelmente não entende números muito bem.

E é por isso que o jogo gira em torno de um placar de números.

...

Ai, meu rim...


Cada vez que você cai numa casa, joga um jogo da memória que permanece igual pro resto da partida (e provavelmente é resetado quando acaba os quadrados, mas eu não tive saco de jogar mais de uma vez pra descobrir). Por exemplo, se tu encontrou um par na casa vermelha, da próxima vez que tu ou teu adversário cair numa casa vermelha o jogo já vai estar com um par aberto. Ou seja, cada cor de casa tem seu próprio jogo da memória.

Uma vez decidido quem vence o jogo da memória (que não é necessariamente quem caiu na casa, então é um elemento interessante pra virar a mesa), entramos no jogo da casa, que são minijogos variados.

...ei, sabiam que Green Eggs and Ham (o livro e a animação, não o jogo) foram parodiados num episódio de Johnny Bravo? Eu descobri isso uma vez vendo o Tooncast, onde eu reafirmei minha teoria de que quase ninguém na dublagem ligava pra rimas do Dr. Seuss na época (vide a dublagem do desenho do Grinch, que é mais feio que bater num bezerro com um martelo). E sabe quem escreveu e dirigiu esse episódio? Butch Hartman, criador de Padrinhos Mágicos e Danny Phantom!

...perdão, eu divaguei.


Os minijogos seguem algumas situações criadas no livro, exceto o In the Air, que é novo, mas ainda assim se mantém no mesmo contexto e eu só reparei que não existia no original até rever o desenho.
E ainda assim, tecnicamente tá lá, mas o momento em si não é descrito assim. Ou talvez seja e minha memória de idoso sobrevivente de guerra esteja falhando, vai saber.

Cada minijogo é ridiculamente fácil, do nível "jogo em flash do fliperama.com.br". Normalmente envolve mover teu personagem pra pegar Ovos Verdes, Presuntos Verdes, Ovos com Presunto Verdes, e as palavras da frase "Green Eggs and Ham" (que significa "Ovos e Presuntos Verdes", caso esteja se perguntando). Seja em queda livre, pulando em vagões de trem, árvores de borracha que te fazem pular, carros, barcos ou pássaros, sua missão é simples: pegue o máximo possível dos itens-título.

Embora teoricamente sejam tarefas fáceis, na prática o buraco é mais embaixo. Ou às vezes não tem buraco e tu só cai indefinidamente, como em In the Air. Esse é um minijogo fácil, aliás, o controle é bem responsivo e tu pode fazer uma partida perfeita sem muito esforço. O problema é nos de plataforma, como On the Train e On a Boat.


O boneco é INCRIVELMENTE pesado, exigindo um pouco de paciência na hora de mover o desgraçado. O botão de pulo parece estar sempre emperrado e só funciona se tu calcular muito bem o momento que aperta, caso contrário vai sofrer em jogos como On a Box, que exige que tu pule de caixa em caixa. Só que algumas das caixas tão a uma distância zoada uma da outra, te obrigando a fazer um pulo de fé em algo claramente visível, o que é... estranho.

Em On a Tree tu tem que pular nas árvores pra ir mais alto e pegar os itens, mas até agora eu não descobri se tu tem que pular em um canto específico da árvore, ou se tem que esperar o boneco pisar na árvore e então apertar o botão de pulo pra só então dar o pulo mais alto, ou as duas coisas. O que eu tenho certeza é que em alguns pontos específicos da árvore, ela simplesmente me joga pro lado errado. Por exemplo, eu quero ir pra esquerda pra pegar os itens, mas a forma que eu aterrisso me joga pra direita, mesmo eu apertando o direcional pra esquerda. E não é um bug ocasional, eu perdi bons segundos fazendo essa marmota.

O que me lembra, tu tem um timer de poucos segundos pra fazer cada partida, então não dá pra perder tempo experimentando possibilidades calmamente.


Problemas semelhantes acontecem em On a Boat, onde vez ou outra eu tentava subir numa ave, mas acabava caindo. Os únicos jogos que eu consistentemente sentia que tinha controle do meu personagem era In the Air e On a Car, onde eu seguia num caminho pré-determinado e minha única função era pular, tal qual aquele minigame de My Little Pony da Gameloft pra celular.

O que não deixava de ser frustrante o fato de eu não poder acelerar o carro nem passar por cima dos outros carros, e se o cara da minha frente fosse lento, eu também ficaria lento, perdendo preciosos segundos. Ou seja, de qualquer jeito eu seria prejudicado por algo fora do meu alcance, o que seria aceitável se fosse um jogo bom, divertido tipo... Mario Party? Eu sei lá, não tenho nem console nem amigos pra jogar isso então não posso afirmar que o elemento da sorte aleatória ajuda ou atrapalha nesses momentos. Mas é frustrante de qualquer jeito, o sentimento que dá é de estar lutando contra o jogo, e não melhorando as habilidades.

Aliás, sabiam que o livro foi escrito como um resultado de aposta? O editor do Ted virou pra ele e disse "ow é fácil fazer The Cat in the Hat com 236 palavras, aposto 50 conto que tu não consegue fazer com menos" e o sr. Geisel mandou um "observa aí, otário" e escreveu Green Eggs with Ham com exatamente 50 palavras. Os 50 dólares que o editor apostou nunca foram pagos.


E sim, o jogo é tão maçante que eu tou soltando trivia sobre o livro aqui. É um jogo de tabuleiro que tem elementos interessantes pra crianças pequenas, mas não parece ter o devido cuidado. Talvez por falta de orçamento ou conhecimento da equipe, mas poderia ser feito algo bem mais divertido e variado com isso, talvez com mais personagens de Dr. Seuss ou novos minigames, sei lá.

Mas o fato é que ao menos visualmente, é um jogo muito bonitinho. Ele consegue captar bem a essência do traço de Dr. Seuss em todos os momentos, com muitas curvas distintamente seussianas e cores variadas que saltam da tela. O que prova que mesmo que em qualquer mídia que tente adaptar algo do Dr., mesmo que o roteiro, argumento ou execução seja uma desgraça criminal, ao menos o design visual vai ter algo que parece estar no lugar certo.
E ainda assim, por vezes os visuais parecem sofrer de um excesso de informação na tela que talvez atrapalhe crianças pequenas a identificar os elementos.

Falando em criminal, sabiam que uma vez um juiz usou o estilo de rimas seussiano pra fazer uma sentença? O juiz James Muirhead recebeu um ovo cozido pelo correio de um prisioneiro que protestava contra o cardápio da prisão. Como se isso não parecesse uma esquete humorística o suficiente, o juiz escreveu "I do not like eggs in the file, I do not like them in any style. I will not take them fried or boiled. I will not take them poached or broiled. I will not take them soft or scrambled Despite an argument well-rambled. No fan I am Of the egg at hand. Destroy that egg! Today! Today! Today I say! Without delay!"

A história completa tu lê aqui


Enfim, o jogo em si nada mais é do que uma curiosidade engraçada. Pode até ser divertida por alguns minutos independente da tua idade, nem que seja pelos visuais adoráveis. Mas não se sustenta muito pela falta de conteúdo mesmo.




Ok, ok, uma última curiosidade antes de fechar. Green Eggs and Ham vai receber uma série nova da Netflix, produzida pela... Ellen DeGeneres. E no elenco como Joey temos... IH! QUEISSO? MAICOU DOUGLAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAS 
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Eu vou só me retirar em silêncio, se me permitem.





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3 comments

  1. +Kapan, mais uma vez, obrigado pelo seu trabalho!

    Bem que poderia haver no Brasil um grupo de interessados na obra do Dr. Seuss chamado Sociedade Dr. Seuss Brasil, nos mesmos moldes da Sociedade Chesterton Brasil (o conteúdo deles é ótimo), editando livros por meio de crowndfounding, possuindo loja oficial, site e canal no You Tube!

    Obs: caso aconteça um segundo filme do Shazam!, essa seria a minha ideia para uma das cenas pós-créditos (esse filme poderia ter 6 cenas):

    Basicamente seria uma reunião dos personagens Espectro/Spectre, Mago Zatara, Zatana, Sr. Destino, Monstro do Pântano, Etrigan (O Demônio) e John Constantine para criar uma equipe de heróis para combater ameaças de caráter sobrenatural/mágico, com isso, formando a Liga da Justiça Sombria.

    Pelo que andei lendo, esse filme está sendo desengavetado, logo, seria uma chance de ouro, na sequência do filme Shazam! apresentar esses personagens, já que o Shazam é um herói com ligação forte a parte mágica dos quadrinhos da DC Comics.

    Fora que essa ideia de apresentar esses personagens na sequência do filme Shazam! veio em uma das cenas pós-créditos do filme Guardiões da Galáxia Vol. 2, na qual mostrava os Guardiões da Galáxia originais do final dos anos 1960 e dos anos 1970 (aquela formação que mostra o Sylvester Stallone), que aliás, caso os guardiões atuais não retornassem do estalo do Thanos, e caso a formação original tivese sobrevivido a isso, poderiam usar essa formação para continuar a franquia!

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    Respostas
    1. Aqui os livros do Dr. são publicados pela Companhia das Letras, mas eu pessoalmente nunca vi um (e pessoalmente achei eles meio caros pro tipo de livro que são, mas custo de licenciamento, né).

      Mas Dr. Seuss é um fenômeno que faz muito mais sentido na cultura americana, na nossa o que a gente tem é Monteiro Lobato e Mauricio de Sousa, que tem mais a ver com a nossa cultura e são bons equivalentes ao Dr..

      Mas eu adoraria que os trabalhos dele fossem mais populares por aqui, os livros em inglês são legitimamente ÓTIMOS pra começar a ter domínio do inglês.

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  2. +Kapan, olha só a ideia que tive para o começo de Aquaman 2:

    Os primeiros 15 minutos mostrariam vários heróis da DC (tanto do cinema, quanto das séries de streaming, algo que a Marvel AINDA não conseguiu fazer) chegando em Atlântida para o nascimento do Arthur Curry Jr., mostrando a relevância do Aquaman para o resto do universo DC (também conhecido como Aquababy), e logo em seguida vemos as respectivas reações dos heróis.

    Grupos de heróis como:

    1) Liga da Justiça;
    2) Sociedade da Justiça da América (que irá aparecer na série da Stargirl/Sideral);
    3) Liga da Justiça Sombria (o filme está sendo desengavetado);
    4) Patrulha do Destino;
    5) Jovens Titãs.

    Entre outras equipes!

    Garanto que esse começo de filme elevará o nível dos filmes de super-herói!

    Obs: ao meu ver, o Universo Cinematográfico da Marvel ficaria ainda melhor caso os Irmãos Russo tivessem dirigido esses filmes:

    1) Thor: O Mundo Sombrio (2013) (arrisco a dizer que esse filme ficaria muito mais épico, fora as possibilidades de explorar os outros reinos, isso para não falar no build-up para Ragnarok);

    2) Vingadores: Era de Ultron (2015) (com toda a certeza o Ultron ficaria ainda mais ameaçador, fora que o filme ficaria um pouco ainda mais longo, para desenvolver melhor os personagens);

    3) Thor Ragnarok (2017) (o filme teria menos piadas, ficariam mais focadas em minha opinião, ficaria mais épico e a Hela provavelmente seria uma ameaça ainda maior, fora que provavelmente teria uma cena muito boa: Odin, Loki e Thor enfrentando o Surtur na batalha final do filme, como nos quadrinhos).

    Isso para não falar que os filmes dos Irmãos Russo acabariam se tornando filmes-evento (todo ano teria um, de altíssimo nível).

    Obs: estou no aguardo para a sua resenha do filme Shazam!

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