[Mês do Dr. Seuss] O Grinch (2018) - Parte 2

Ao menos lembraram de homenagear
Chuck Jones.
Na semana passada como bem recordam, deixamos Grinch e seu cãozinho Max pra planejar o roubo épico de uma festividade, sem saber das dificuldades que enfrentariam.


Como por exemplo, Max foi recebido na manhã seguinte com essa imagem:



E nós somos recebidos com um rap incrivelmente bleh.
Aliás, essa frase no calção do Grinch é meio zoado pra gente. Normalmente a gente vê essas frases com "Go, team!" em alguma competição esportiva, mas aqui a idéia é "hora de ir", mas como "tempo" em inglês tem a mesma escrita de "time", então a gente tende a ler como "Vai, time" mesmo.
Ou talvez o picles que eu fiz esteja mofado e só agora eu esteja sentindo os efeitos, vai saber.

O Grinch chega à conclusão de que pra roubar o Natal, ele precisa se tornar Papai Noel.
...okay.


Enquanto isso, Cindy-Lou e seu amigo cujo nome eu já me esqueci e não me importo de ir atrás tentam achar uma forma de falar com Papai Noel, mas seu amigo tem a capacidade de raciocínio equivalente à de um abacate, o que deixa a menina fazer todo o trabalho sozinha.
Porque se tem algo que Caça-Fantasmas Feminista e Hermione e Zé Colméia me ensinaram, é que pra mostrar o quão forte e capaz e empoderada é uma personagem feminina, o jeito é fazer os personagens masculinos completos imbecis.

Fazem quase a mesma coisa em Alice do Burton, mas divago.


E enquanto Cindy-Lou tenta descobrir como capturar o velho Claus, Grinch tenta se tornar o próprio, não sem antes ver uma imagem bonitinha de uma família de doces numa casinha de biscoito e ficar levemente movido.
Porque Deus nos livre de mostrar que nosso personagem de fábula tenha a principal característica da moral da história tão forte assim. E sim, a essa altura cê já entendeu pra onde essa história vai acabar.


Enfim, Grinch e Max vão atrás de renas, mas se tu conhece bem a história, sabe que nenhuma rena pôde ser encontrad-


Ah meu raio, uma cabra gritando de forma irritante tentando ser engraçada mas só sendo estranha e fora de lugar. Xô, xispa, vaza.


Prosseguindo, Grinch tenta mais uma vez procurar renas, mas se tu conhece a história, sabe que ele procurou e procurou mas nenhuma rena encontr-



Pelo amor de Oz, essa cabra ainda tá aqui? Qual o problema dos roteiristas?

Enfim, dizia eu que a aritmética... caham... O Grinch procurou renas, mas nenhuma pôde ser encontrad-


...

Ora, me morda.

Bom, finalmente o Grinch encontrou renas pra puxar o trenó, é totalmente diferente do livro e de outras vers-



PELO AMOR DO KLEBER BAMBAM ALGUÉM MATE ESSA CABRA E FAÇA UMA BUCHADA



Aí! Espantou todas as renas!

...o que nos leva de volta ao texto original.

...


Exceto que sobrou uma rena que se pintasse o cabelo e tivesse umas duas tatuagens no mínimo seria o candidato ideal pra trabalhar na Google, Tumblr ou outra rede social.

...

Então tinha rena?

...

Pra que raio essa volta toda na história? Motivos.



Após uma perseguição dolorosa, a rena cujo nome é Fred se junta a Grinch e Max porque motivos.



Enquanto isso, Cindy-Lou junta seus amigos de South Whoville e os recruta pro seu plano de caputrar Noel.


De volta ao Grinch, ele se envolve em altas confusões com a cachorra de Bricklebaum enquanto tenta roubar o trenó de seu vizinho e de novo fica levemente movido ao ver uma família e amigos reunidos. Basic stuff, been there, done that. De novo vemos Grinch ser coração mole ao deixar que Max e Fred durmam com ele e um subplot que provavelmente foi abandonado de Max sentir ciúmes de Fred.


No outro dia, Grinch e Max estão usando todo tipo de parafernália comprada na... Whomazon...? pra pegar estatísticas de casas dos Whos. E deve ser um equipamento do balaco baco, porque menos de 3 minutos sobrevoando poucas ruas de Whoville e o Grinch já tem uma idéia bastante específica de quanto tempo vai levar pra roubar todas as casas da cidade.

Oh não, estamos perdendo a atenção das crianças de 2 anos! Rápido! Precisamos de alguma piada visual nojenta que possa ser usada no trailer!


Obrigado, Fred.



Então chega o momento de treinamento pra que seus soldados não caiam nas tentações natalinas, usando uma maquete que toca... My Favorite Things de Noviça Rebelde... porque se tem um filme que me vem à mente assim que eu ouço falar em Natal, esse filme envolve Mary Poppins e nazistas!

Não, não é Se Minha Cama Voasse, embora faria tanto sentido quanto aqui.
Na real é engraçado que toda vez que eu começo a cantarolar My Favorite Things minha mente automaticamente vai pra reprise de The Life I Lead de Mary Poppins.

Não é relevante, eu só queria deixar essa informação no subconsciente de vocês pra que eu não sofra sozinho.


Voltemos pro segmento só pra dar continuidade ao subplot de Cindy-Lou e seus amigos desbocados pra capturar Santa Claus, o que termina com um dos moleques encobrindo suas vergonhas com um biscoito, e ainda pergunta se ele pode comer.

Porque não basta termos só um nudista no filme.


De volta pro Grinch, que agora testa o seu trenó novo...


...até que Fred encontra sua família. Movido pela cena, o Grinch o liberta.

Ou seja, todo o lance de ter trocentas renas, a cabra irritante, e Fred foi só uma forma de frisar BEM que o Grinch NUNCA teve uma família, porque isso não ficou claro em todas as outras trocentas vezes que eles o fizeram.

Digo, na própria cena do roubo do trenó isso é frisado mais uma vez, não precisava tanto.

...ah sim, e pra vender pelúcia do Fred, claro.


E então cortamos pra cena do Grinch fazendo a roupa de Noel, só que ao invés de tocar You're a Mean One, Mr. Grinch (como nas outras versões), aqui temos Zat You, Santa Claus?. O que até faz sentido, mas a intenção da produção é tentar não parecer nem com o filme de 2000 nem com o desenho dos anos 60, então eles usaram Mean One pra abertura, como introdução do personagem, e Zat You aqui de forma meio irônica.

Mas eu reafirmo minha teoria quando na cena que Grinch se olha no espelho, não tem o famoso quote "With this coat and this hat, I'll look just like Saint Nick!". Que era algo que, aliás, tá no livro, então... what gives? Porque raios eles não deixaram esse momento icônico tá além de minhas capacidades.


Finalmente, o Grinch começa a roubar o Natal e... é sensacional.

Esse é um momento que em todas as encarnações é ridiculamente divertido, criativo, e pouco se pode fazer pra desvirtuar a intenção original do livro (embora a versão de 2000 tenha tentado tudo ao seu alcance pra fazê-lo). E aqui não é diferente, mostrando variações de apetrechos numa bengala doce, usando como ímã, gancho, ou atirando uma rede. E toda a cena é narrada com uma rima que não é do livro, mas que como o resto da narração do filme, é bem seussiana.


E chega um momento que, pra acelerar o ritmo da sequência, eles botam vários momentos juntos onde várias coisas acontecem, e todas elas são criativas de algum jeito. É uma narrativa visual que eu só vi ser feita em histórias em quadrinhos, muito bom.


E claro, chega a última casa, a casa de Cindy-Lou, onde o Grinch diz "é, porque não?" e come um biscoito, que até agora tinha evitado.


Ele é capturado, dá a desculpa de levar a árvore pra consertar, e Cindy-Lou diz o que ela realmente quer de Natal: que sua mãe fosse feliz. A essa altura eu realmente achei que o Grinch e a mãe dela iam casar ou algo assim, mas provavelmente ia acabar em um subplot que lembraria o filme de 2000. Mas a essa altura do campeonato, o Grinch padrasto da Cindy-Lou eu taria totalmente ok.
Eu não sei explicar os motivos, mas... é.

Enfim, Grinch parece tocado pela forma que Cindy-Lou descreve a alegria da festa de Natal, e passa o resto da noite se questionando sobre tudo que fez até então.


A cidade acorda sem enfeites, presentes ou comida, e Cindy-Lou se sente culpada por tudo, já que ela provavelmente deixou "Noel" zangado quando o capturou. Sua mãe então diz que ele só roubou coisas, mas não o Natal, e que Cindy-Lou é o melhor presente que ela pode ter.

O fato dela não mencionar os irmãos dela me incomoda, uma mãe de verdade iria ser grata até pelos filhos pequenos e bagunceiros, porque... raio, é a natureza deles. Mas bora dar foco pra Cindy-Lou pra vender Funko Pop dela, né. E também porque... convenhamos, os irmãos dela são mero instrumento de narrativa pra dar mais dificuldade à vida de Donna.

...e ninguém questiona que uma figura conhecida como o Papai Noel esteja agindo de forma contrária à sua natureza? Estranho.


Os Whos então começam a cantar e o filme ignora o clássico monólogo do Grinch nesse momento porque "AI EU SOU DIFERENTÃO" mas o Grinch mesmo assim faz o que Cindy-Lou disse antes (ouvir música natalina de olhos fechados pra tristeza sumir) e seu coração cresce três vezes seu tamanho.


Mas claro, o trenó cai e o Grinch segura com um gancho. Tudo parece perdido, até que Fred ouve que há um clímax por perto e aparece com sua família pra salvar o Grinch, porque é claro que sim.


Ele então volta pra cidade com o trenó e os presentes e confessa o crime, e pede perdão por tudo que ele fez. Assim, volta pra casa, cabisbaixo e querendo ficar sozinho. Mas pouco tempo depois, ele pede café pro Max, e quando o cãozinho vai pro elevador...



Oh!


Grinch é um tsundere, agora você sabe.



Cindy-Lou bate na porta do Grinch, convidando-o pra jantar a ceia de Natal em sua casa. Quando perguntado o motivo, a guria responde:



...

snif.


Grinch passa rapidamente pela adolescência, e logo em seguida é recebido por Donna.

Aliás, Kenan Thompson que dubla
Bricklebaum. Achei relevante mencionar.

Então temos aquela sequência de momentos curtos onde o Grinch tenta interagir com os outros de forma meio desengonçada, mas bem mais realista e menos cômica, que é o que o filme realmente precisa aqui.


Além de o próprio Grinch cortar o primeiro pedaço, ele faz um curto discurso sobre como durante toda a vida ele odiava o Natal, mas na realidade, o que ele odiava era estar sozinho. E a bondade de Cindy-Lou que o fez mudar de vida e repensar o que ele realmente odiava.


E o filme termina com a cabra porque temos que lembrar dessa piada recorrente de alguma forma.


NOTA DO KAPAN: É BEM melhor do que eu pensava, eu mal consegui fazer piadas.




Eu fui pra esse filme esperando ser mais um filme da Illumination. E... foi exatamente o que eu consegui. É um filme bobo, genérico e cujas piadas só são engraçadas pra uma mentalidade muito específica. Mas certos pontos do filme são legitimamente uma excelente adaptação seussiana, com as rimas, alguns elementos de história, e especialmente os visuais, que, como ficou provado desde O Lorax, ao menos é a única coisa que eles acertam.

E também as partes que eles adaptam diretamente o livro e o desenho original, parece sempre serem divertidas e criativas de ver. De fato eu imagino que se fizessem uma edição contando a versão animada com as cenas dos longas, seria uma experiência bem mais interessante.

E mais, a mensagem dele é melhor focada do que na versão de 2000, onde todos os Whos eram egoístas mesquinhos. O que faz sentido pro que eles queriam fazer, mas a mudança de atitude deles foi rápida demais. Aqui pelo menos eles parecem mais os Whos originais, sendo uma comunidade pequena e unida. A história de fundo do Grinch também é bem mais dramática e mais palpável que a de 2000, mas o personagem acaba sendo bem mais "nice" do que deveria.


Se eu pudesse mudar alguma coisa pra consertar, seria tornar o Grinch um pouco mais malicioso ao menos nas atitudes, e mudar um pouco o visual. Daria até pra permanecer as cenas onde ele vê famílias e sente uma ponta de inveja ou saudade de algo que nunca teve, mas esses momentos contrastariam até melhor com um personagem constantemente ranzinza e maldoso. Assim, quando ele fosse transformado pela música dos Whos, sentiríamos melhor o impacto da mudança.

E como um cara que gosta de fazer tudo que for possível sozinho e prefere se isolar socialmente em qualquer situação, eu gosto da mensagem do filme. É tanto um alerta pra gente como eu como também praqueles que tem a oportunidade de fazer bem a alguém, sem saber se aquilo pode ou não mudar a vida desse alguém pra melhor. Pense nisso da próxima vez que tiver a oportunidade.

E pra encerrar, os músicos responsáveis pelo remake de You're a Mean One, Mr. Grinch foram Danny Elfman e Tyler, the Creator. Sim, o cara de Batman, Simpsons, e o maluco do tweet sobre cyberbullying.
Agora ISSO sim é um cross-over.

Obrigado por terem paciência de ler as duas partes e Feliz Natal e que Deus abençoe a todos!

"Mas Kapón estamos em Março, não é Natal ainda"

NÃO É PRA VOCÊ, SEU FILISTEU INCIRCUNCISO BEBEDOR DE PEPSI!

KEEP CHRISTMAS WTH YOU ALL THROUGH THE YEAR!



Esse artigo foi feito graças aos apoio dos padrinhos João Carlos e Cauã Alves. Se quiser ajudar o SRT a crescer e ainda dar pitaco no que pode aparecer por aqui, dá um pulo no Padrim e considera ajudar com uma doação de coração. Caso queira ajudar de forma não-monetária, compartilhe o artigo nas redes sociais, no Whatsapp, Telegram, sub-nick de MSN, qualquer coisa serve.

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