[Mês do Dr. Seuss] Halloween is Grinch Night


É Março e eu começo a ficar sem idéias do que fazer pro Mês do Dr. Seuss. Essa minha homenagem anual pra um autor cujas obras deviam ser melhor conhecidas na cultura pop ainda se segue, mas como eu resolvi dar um freio na produção de artigos esse ano pra me focar em outras coisas, é bom que eu guardo conteúdo pros próximos anos.

Isso até a série do Soldado Invernal e Falcão referenciar Dr. Seuss e de repente uma pancada de gente aparecer aqui.

Oh bem, até lá, vamo encher liguiça com um especial que é basicamente... encheção de linguiça.

Mas eu gosto de linguiça, ainda mais na pizza.

Eu não sei onde eu queria ir com essa analogia, é quase uma da manhã e eu tou com fome.

...adiante, Halloween is Grinch Night!
 


De todos os filmes e especiais originais de Dr. Seuss (e eu escrevi sobre alguns, aquiaquiaquiaqui  e aqui ) esse é provavelmente o mais fraco deles, depois de Pontoffel Pock. Mas talvez eu esteja exigindo demais de um especial de Halloween dos anos 70 feito pra crianças em fase de alfabetização.

Esse é um conceito que eu nunca imaginei que existisse, mas cá estamos.

Digo, ele é mais memorável que Pontoffel Pock, o que não quer dizer muito. Hoober Bloob Highway tem um conceito bom, que eu creio ter sido melhor explorado em Soul, mas é uma boa síntese curta das idéias do "sentido da vida" de uma forma que pré-escolares podem entender.

Halloween is Grinch Night cai mais no Grinch Grinches the Cat in the Hat e 5000 Fingers of Dr. T, onde a história serve mais como pano de fundo pro Dr. mostrar suas habilidades de rima e visuais bizarros.

Exceto que aqui ele preza mais pelos visuais que rimas, e é justamente um dos pontos fracos do desenho. E o que deveria ser o ponto forte (os visuais) não são tão bem aproveitados, mas com um motivo.


A história serve como uma prequel pra Como o Grinch Roubou o Natal, completo com inconsistências narrativas que te fazem coçar a cabeça. Aqui há eventos que acontecem sempre que chega o outono: ventos que irritam gatos, gatos que irritam águas, águas que irritam bichos marinhos, bichos marinhos que irritam o Grinch, e o Grinch irrita a vó, a vó a bordar.

Sendo assim, sempre que bate o vento de outono, todos os Whos se trancam em suas casas e não saem por nada nesse mundo.

Imaginem só! Se trancar em casa por causa de VENTO! Comédia, né? Imagina se alguma coisa assim acontece no nosso mundo! Pff.

Mas o jovem Eucariah quer tentar resolver o lance com o Grinch, e sai de casa pra ir pro Eufemismo.


É, esse é o Eufemismo.

DR. SEUSS: PIADAS SOBRE CAGAR!

Só que Eucariah acaba sendo levado pelo vento, e se encontra com Grinch, que usa todo seu arsenal pra assustar Eucariah antes de assustar o Whos na cidade.

E é basicamente essa a carne com batata do especial, o momento que todos nós esperamos, a sequência mais memorável do curta, que... acaba tão logo ela chega.


...é, o ritmo do curta é meio bisonho, tudo meio que acontece de uma vez e logo acaba. A primeira metade é bem lenta e sem muita coisa acontecendo, nem tantas rimas memoráveis, e quando chega no delírio febril, acaba.

Mas é um especial filler, fazer o que? E kudos pro Dr. Seuss por ter tentado sair da zona de conforto, e aparentemente ter feito o dever de casa no gênero terror. Os acontecimentos estranhos em Whoville (os ventos, gatos, etc) são uma preparação pro que está por vir, como se fosse uma lenda urbana, algo do próprio folclore dos Whos.

Tipo quando começa a chover em Fortress City, meu computador se recusa a ligar.

O importante é que ele finalmente responde à velha pergunta: "o que aconteceria se Dr. Seuss fizesse Pink Elephants on Parade?"

E temos a resposta: é uma bizarrice surreal que só Dr. Seuss poderia nos dar.


Não é assustador, mas pra crianças pequenas serve meio como "meu primeiro terror", algo ligeiramente bizarro, mas não assustador o suficiente pra que o público-alvo saia chorando. Mas também é visualmente criativo do ponto de vista artístico, com visuais surreais no traço conhecido do velho Ted.

É um especial com muita pouca substância, não sei se o orçamento era bem menor que os outros especiais ou se era pura preguiça porque a emissora encomendou esse tema específico de especial e Seuss foi obrigado a fazer e saiu algo bem meh, mas é um desenho meio chato até chegar na parte que todo mundo lembra.

Não é RUIM, é só... chato. Tem tipo 10 músicas e quase nenhuma é memorável, exceto, de novo, a cena do Grinch Elephants on Parade. Desde que eu vi num vídeo do Nostalgia Critic eu me pegava cantarolando "Euchariah, Eucharia/Grinch's gonna get ya/Grinch's gonna get ya".

As músicas foram compostas por Joe Raposo, que era compositor de Sesame Street (assinando músicas como Bein' Green e C is for Cookie), mas também compôs pra outros especiais de Dr. Seuss, que eu provavelmente já linkei lá em cima.

Talvez não seja o pior trabalho dele, mas também não é dos melhores, pra mim.


Also, Max tem uma canção incrivelmente triste e que contrasta com a personalidade que vemos em Como o Grinch Roubou o Natal. Ele se pergunta porque raios ainda tá com o Grinch, se ele só faz o cachorrinho sofrer, e se pudesse voltar no tempo faria diferente e como ele sente falta de estar com a família.

O que é estranho que no final ele largue o Grinch e vá morar com Euchariah, porque, se for realmente uma prequel pro especial de Natal, então porque Max volta pro Grinch depois? O Grinch termina o especial ainda sendo um velho mesquinho e aborrecido e maquiavélico tal qual no Natal, então isso é consistente. Mas Max, depois daquela canção, voltar pro Grinch?

A menos que seja outro cachorro que o Grinch adotou e chamou de Max também, vai saber. Ou talvez ele tenha atraído Max de novo com seus poderes mágicos, que aparecem DO ABSOLUTO NADA aqui, e somente aqui.

Grinch pode encolher, crescer, fazer as sobrancelhas voarem, e aparentemente ele controla o mundo dentro da carroça de Pandora, ou seja lá como ele chame. Talvez sendo a antítese da Caixa do Cat in the Hat? É um conceito interessante, mas eu gosto mais do Grinch sendo só um Who estranho sem poderes mágicos. Ou talvez ele só tenha os poderes durante o outono? Vai saber.


Halloween is Grinch Night não é um desenho fantástico. Não tem um texto grandioso em sua simplicidade como os outros curtas e livros do Dr., a animação é bem enxuta e simplória, e tudo nele grita "baixo orçamento".

Mas talvez eu esteja exigindo demais do especial. Ele tem seu charme, a animação limitada consegue fazer milagres narrativos, e Seuss consegue fazer uma história com atmosfera Halloween sem apelar pra iconografias manjadas da época.

Grande parte disso vem pelo design de produção, a paleta de cores, as formas das árvores e nuvens, o que só prova mais uma vez o artista gráfico fantástico que era o velho Ted.

Eu gosto muito particularmente dessa cena que o Grinch leva a carroça montanha acima, é muito melancólica e passa bem os sentimentos do Grinch nesse momento, e é genuinamente bonito de ver.


Mesmo que a história não faça sentido e seja fraca comparado a outras obras do Dr., vale a pena ver pra apreciar a arte visual e o esforço do velho em fazer uma história mais atmosférica e assustadora, sem ser chocante pra crianças.

Se tiver 25 minutos pra matar com um desenho lento, dá uma olhada sem esperar muito, talvez encontre algo que te inspire artisticamente.

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Sério, já viu o preço do salmão? Pois é.




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