The Mighty Ducks - Os Super Patos (os filmes, não o desenho)
Eu não sei vocês, mas quando eu cresci, Os Super Patos era aquele desenho que passava no Disney Cruj que minha mãe não deixava eu ver, provavelmente porque Tim Curry dublava um dinossauro que cuspia fogo ou algo assim.
Então, na minha mente, The Mighty Ducks era basicamente isso, até eu descobrir a internet e com o vídeo do Nostalgia Critic sobre filmes de esportes, descobrir que era baseado num filme sobre moleques que jogam hóquei.
E que teve sequências.
O que quer dizer, eu não cresci com os filmes, logo eu não tenho nenhum apego emocional por eles.
E já que o Disney+ tá fazendo uma série baseada na franquia (porque é claro que sim), nada mais justo que dar uma olhada nos filmes da franquia hoje.
O desenho talvez quando o Disney+ tiver a boa vontade de botar na plataforma, junto com Muppet Show.
Eu nunca fui fã de esportes, sempre achei algo trabalhoso de acompanhar e nenhum esporte realmente me interessava. Só depois de velho que eu comecei a gostar de tênis e baseball, tentei acompanhar uma temporada na ESPN mas, como sempre, trabalhoso demais pra eu acompanhar. Fiquei só nos jogos, esperando que alguém faça um mod que tire os flashes de Baseball Stars 2 e eu possa jogar por mais de 5 minutos sem querer arrancar meus olhos usando uma colher de sorvete.
Ah é, e wrestling. Eu consigo acompanhar melhor algo que tenha uma história.
Filme de esportes, então, entram nesse quesito, embora eu nunca tenha ativamente buscado eles. Digo, eu gostava de Inazuma Eleven pelo absurdo visual, e se eu procurar com um pouco mais de esforço deve ter um ou outro filme de esporte que eu tenha gostado ao longo da vida.
Nunca foram os mais memoráveis pra mim, mas ainda assim, sempre teve aquele filme de basquete com o Martin Lawrence e Space Jam.
Nos anos 90, o roteirista Steve Brill escreveu um roteiro baseado no seu gosto pessoal por filmes de esportes, que já existiam, mas não eram tão populosos e não tinha um filme sobre hóquei. O roteiro original de Mighty Ducks era bem mais ousado e maduro, com piadas sobre o treinador pegar a mãe de um dos moleques do time, mais foco no romance, etc. Se fosse um filme independente, provavelmente seria feito e seria memorável do mesmo jeito, mas nenhum estúdio quis fazer.
Nenhum exceto a Disney.
Porque, vejam bem, Michael Eisner.
Michael "Absoluto Homem Louco" Eisner tinha produzido vários filmes de esportes pela Paramount, como The Bad News Bears (Garotos em Ponto de Bala), e achou que era uma boa hora da Disney voltar a fazer esse tipo de filme, algo que o estúdio já fazia com a franquia Herbie, e filmes solo como O Fantasma do Barba Negra, e Gus, o filme com a mula jogadora de futebol americano.
Me lembrem de resenhar Gus qualquer dia desses.
Eisner comprou o roteiro do filme e os produtores amansaram o roteiro, mas muita coisa do filme original ainda acabou se mantendo, como veremos logo mais.
Então vamos dar uma olhada no primeiro filme da franquia.
The Mighty Ducks (também conhecido como D1: The Mighty Ducks; na terra de Monteiro Lobato, Nós Somos os Campeões)
Gordão Bombado é um adevogado que, como todos os adevogados, faz o que pode pra vencer um caso, mas ele de fato comemora e vibra suas vitórias como se fosse o Galvão Bueno narrando o Tetra, e isso é tudo o que importa pra ele. Em resumo, ele é basicamente o Relâmpago Marquinhos se tivesse fracassado nas corridas.
Até porque foi exatamente isso o que aconteceu com Bombado, quando moleque ele errou o gol da vitória por meio milímetro nas finais de hóquei do seu time, algo que o traumatizou pra toda a vida.
E agora eu quero uma versão de Ace Attorney com veículos falantes.
Mas a vida é uma caixinha de surpresas, e Gordão Bombado acaba sendo pego dirigindo bêbado (uma das coisas que se fosse hoje, a Disney teria cortado ainda na fase de roteiro; Newsies estreou no mesmo ano, parando pra pensar), e agora vai ter que cumprir 500 horas de trabalho comunitário treinando o time de hóquei local.
É aquele velho plot de filme de esporte que todo mundo conhece, e tu provavelmente deve tar pensando em todas as batidas narrativas: o cara vê que os moleque são um bando de traquina sem talento ou união, ele tenta desistir, percebe que há um potencial adormecido, treina os moleques, eles chegam às finais, ele cumpre as horas requeridas e pode voltar ao seu trabalho normal mas escolhe treinar os moleques, e o time de zebras vence a final de forma milagrosa.
Eu sou uma besta quadrada quando se trata de esportes e não achei um termo equivalente pra "underdog", então eu vou confiar na palavra do Leo Balmant que "zebra" e "underdogd" são termos equivalentes. Se tiver errado, briguem com ele.
É uma fórmula batida, assim como os personagens: o moleque nerd, o grandalhão forte meio tonto, a menina™, o "protagonista" que não tem tanto talento mas tem uma história dramática e pode ser o melhor jogador se alguém der uma chance a ele, e o clássico moleque gordo medroso que só pensa em comida.
Mas o que faz esse filme funcionar tanto é o elenco e a direção, bem como o roteiro que dá mais coração pros personagens e surpreendentemente, não cai nesses clichês que eu mencionei. Ao menos não 100%.
Sendo o filme que popularizou o gênero em sua época até uns anos depois, ele faz MUITA coisa certa. Gordão é um personagem que passa por um arco narrativo real, ele muda de atitude, mas a atuação dele é brilhante. Ele nunca perde aquele jeito de advogado do começo do filme, ele fala baixo, ele usa cada palavra de forma quase calculada, e ele fala com a entonação de quem realmente acredita no que diz.
As motivações dele são totalmente clichês, mas a forma que o filme passa pra gente aos poucos faz que a gente tenha um pouco mais de simpatia pelo cara. E o próprio carisma do ator, que consegue ser mais gostável e com um arco narrativo pessoal que faz com que torçamos por ele.
O bando de moleques também tem suas características próprias além do que a gente espera deles. O moleque gordo não é aquele que só pensa em comida, ele é só gordo e abobado e medroso. A garota não tá no time pra "provar que as meninas também PODEM jogar hóquei", ela tá lá porque gosta de hóquei e foi designada praquele time. O moleque "protagonista" tem uma história semelhante da de Gordão, e o moleque nerd é só irritante mesmo.
Sério, cada vez que ele aparecia tentando forçar uma catchphrase com algo que acabou de ser dito eu queria arrastar o rosto dele no gelo.
Mas pelo menos ele não aparecia o suficiente pra ser irritante, era só naquela hora e acabava. Os outros moleques mesmo cortavam ele quando ele começava com as piadas forçadas.
Nenhum dos outros personagens chega a ser socável e intragável a esse ponto, e o filme realmente toma o tempo que precisa pra desenvolver os personagens. Claro, não o suficiente pra que eles sejam tridimensionais, mas eles agem tridimensionalmente, ao menos os principais.
Tem personagens que tão lá só pra fazer volume, como uma das garotas. Sim, tem duas garotas no time, a que a gente não conhece praticamente nada exceto que ela é adorável e parece uma versão diet da Jennifer Connelly, e a que faz patinação artística e entra no time porque ela sabe patinar e porque eles precisavam treinar no mesmo ringue.
Rinque. Gelo. Sei lá o termo técnico, eu não manjo de esporte.
Mas os personagens que aparecem mais tem sua importância devida. O maluco grandalhão que só é forte mas não sabe patinar; o moleque que era do time adversário e que muda de time por uma tecnicalidade e não é bem recebido pelos outros; o protagonista cuja mãe tá saindo com o Gordão.
Eu consigo lembrar de boa parte dos jogadores e suas características marcantes, eles nunca soam unidimensionais, mas ainda não são profundamente conhecíveis. São gostáveis, simpáticos e nos importamos com eles, e isso que interessa, na real. Não é a história deles, é a história de Gordão e eles sabem disso.
Grande parte dessa dinâmica funcionar é que vemos de fato eles treinando e melhorando, mesmo sem ser em montagens. Vemos eles sofrendo pra melhorar, se expressando sobre isso, e nisso vemos mais das personalidades deles e descobrimos mais sobre eles individualmente. E não só isso, mas os diálogos são engraçados e combinam com os personagens sem parecer uma repetição de piada, não parece coisa escrita uma vez e dane-se.
É literalmente um filme como não se faz hoje, ele preza pelos personagens e seus desenvolvimentos, sabe que é uma fórmula previsível mas faz o possível pra que a jornada seja valorosa. É impressionante.
E o legal é que assim como o time, é um filme underdog. Pra todos os efeitos, devia ter sido esquecido nos anos 90, mas ganhou uma popularidade absurda.
Digo, de verdade. Parece que tudo ao redor do filme cooperou pra que tudo desse um bom resultado, algo memorável, algo até wholesome e bonito. Exceto um dos atores que recentemente armou um crime de racismo só pra provar sua visão política, mas divago.
Mas ó, Minnesota criou uma lei com o nome de Mighty Ducks que incentivava a construção de arenas de hóquei e estendia o programa pra garotas jogarem. Se isso não é um efeito positivo, eu não sei o que é.
The Mighty Ducks é um daqueles filmes que envelhecem MUITO bem. Tem coração, tem personagens cativantes, tem uma história previsível mas com um tempero e uma forma de cozinhar diferentes e inovadoras o suficiente pra que tu queira comer mais e mais.
É memorável, é divertido, é inteligente, e ainda preserva um pouco daquele filme independente mais ousado que era proposto inicialmente. Tem até piada de masturbação.
NUM FILME DA DISNEY!
Ok, eu jurava que tinha tirado print dos diálogos, mas eu descrevo. Os moleques acham uma caixa com um monte de edições da Sports Illustrated, e um dos bullies diz algo como "é melhor ler isso no banheiro né?"
POIS É!
É sutil o suficiente pra que passe voando pela cabeça de crianças, mas mais velhos vão entender. De novo, algo que definitivamente não passaria hoje. Raios, Haunted Mansion tentou fazer algo parecido e foi AINDA mais leve. Curiosamente, também com uma Sports Illustrated.
Enifm, se tiver um tempo, é um tempo bem investido e tem no Disney+. Vale a pena demais ver The Mighty Ducks.
Mas não seria o último filme da franquia.
D2: The Mighty Ducks (Nós Somos os Campeões 2)
O primeiro filme mostra o estabelecimento do time e a vitória dos Patos em sua própria terra, o que poderia ser o próximo passo? Obviamente, eles iriam defender a Terra de Dinossauros espaciais!
...ou enfrentar times de todo mundo, cabe melhor no orçamento.
O produtor Jordan Kerner era muito amigo de um dos chefões na Turner, e lançou a idéia pro velho Ted (Ted Turner, não Ted Geisel) de fazer o segundo filme nos jogos da Boa Vontade, que foi criado pelo Ted (Turner). Mas não é aí que o filme começa.
O filme começa com Gordão Bombado em uma das ligas de hóquei locais (que curiosamente usa de símbolo um M com a mesma fonte que usam em alguns produtos do Mickey), a um passo de entrar na liga nacional, a NHL. Mas uma contusão o impede de jogar e ele decide voltar pra Minnesota, provavelmente porque...
...eu não sei, ele volta e fica dormindo na loja de equipamento de hóquei do Hans, que não aparece nesse filme, mas é substituído pelo seu irmão. Porque motivos.
Não, sério, não tem motivo algum pra não ser o Hans, é literalmente o mesmo personagem só que com outro ator que dá a desculpa de "ele foi visitar a mamãe, ela sempre gostou mais dele".
Enfim, Gordão tenta voltar a botar os pés no chão, agora que a mãe de Charlie casou de novo (e não retorna nesse filme, provavelmente porque seu novo marido tem DOIS EMPREGOS e não precisa de cachê de filme da Disney), e decide voltar a treinar os Patos. Especialmente porque aparece um cara que representa uma marca de equipamentos de hóquei querendo patrocinar os Patos, e levar eles pros Goodwill Games.
Mas como é um torneio que busca os melhores de cada país, novos integrantes aparecem pros Patos, vindos de outros cantos do país, como Texas, e... outros cantos, eu só lembro do Texas. Mas não quer dizer que os outros personagens não sejam menos caricatos.
O moleque do Texas age e fala como um vaqueiro; o moleque brutamontes é o moleque brutamontes que já tínhamos (Fulton) só que totalmente descontrolado; o moleque asiático é patinador artístico e tem a menina que quer ficar no gol mesmo com o judeu gordo que parece meu amigo Wilson ter um recorde perfeito de defesas.
...AGORA QUE EU ENTENDI! O MOLEQUE GORDO É O MELHOR GOLEIRO! HA-HA!
Quando a gente é apresentado aos novos personagens, eles parecem um monte de personagem de Overwatch ou outro hero shooter. Semiótica forte, características marcantes e que parecem ser o único (ou um dos únicos) traços de personalidade deles. Mas o legal é que ao decorrer do filme, eles mostram outros traços.
O que me faz querer um jogo de beat'em up misturado com esportes baseado no desenho dos Super Patos, mas eu divago.
Não é estranho que o único jogo baseado no desenho é um portátil de LCD da Tiger? Chega a ser injusto, se me perguntar. No auge dos anos 90 e não tem um jogo de esporte pra Genesis/SNES no auge da qualidade de jogos Disneyanos?
Mas, de novo, eu divago.
O moleque cowboy é um moleque normal; o asiático quase não aparece mas pff sei lá ele faz uma pirueta no último jogo que garante um gol; a goleira tem sua chance mas fora isso só nos é mostrado que ela é insistente; e o brutamontes é o que mais tem tempo de tela, mas por ele ser forte igual o Fulton e serem apelidados de Bash Brothers.
São poucos traços e poucos momentos, mas assim como no primeiro filme, a atuação dos moleques faz que isso pareça mais verossímil, ou pelo menos desviar das falhas e fraquezas de roteiro. São atores mirins genuinamente talentosos e divertidos de acompanhar, com uma ótima direção, então é uma maravilha, e o roteiro realmente se aproveita de momentos em que os moleques podem ser... moleques.
Mas o foco é realmente no Gordão e seu arco narrativo se tornando um treinador de hóquei infanto-juvenil que por estar sendo patrocinado começa a achar que é o The Miz.
É, o tema do segundo filme é sobre como o sucesso sobe à cabeça e às vezes tu acaba perdendo a visão do que fazia aquilo ser tão especial originalmente e acaba se vendendo pra patrocinadores em troca de influência, dinheiro e poder.
A Disney atual podia rever esse filme e tirar alguma lição.
É uma história clichezaça, mas de novo, o que faz funcionar é a atuação. Bombado continua agindo como sempre agiu, mas suas decisões e suas palavras são mais brutas e mais duras e exigentes. Ele mesmo se contradiz na motivação de jogar hóquei, e sim, é clichê, é previsível, mas Emilio Estevez tem carisma o suficiente pra bancar isso.
A idéia original era fazer a Rússia o adversário maior, mas acabaram indo pra Islândia porque "as pessoas não conhecem muito a Islândia, tem aquela mística nórdica, posso fazer eles basicamente vilões loiros dos olhos azuis com sotaques engraçados e uma cultura estraha".
Palavras não minhas, mas do roteirista Steven Brill, que claramente mostra que esse filme foi feito nos anos 90 e seria mais uma coisa que a Disney iria limar logo no começo. O que seria uma pena, porque a interpretação do técnico islândico é uma das melhores coisas do filme.
Não, sério! O personagem dele é um ex-jogador da NHL que foi expulso depois de uma temporada (ou algo assim) porque ele era tão agressivo que ganhou o apelido de "Dentista", porque ele arrancou mais dentes de jogadores que fez gols.
E ele age basicamente como um vilão de James Bond, e cada vez que ele aparecia eu caía na gargalhada. Ele se leva a sério demais mas ao mesmo tempo o ator tá se divertindo um bocado, é exagerado e cartunesco mas tem aquela coisa pé no chão, é fantástico. Ele tá num filme de esportes caricato e sabe disso e aproveita cada segundo de tela que pode.
E também vemos mais interações dos moleques explorando Los Angeles, o que sempre tem algo divertido e eu só queria poder ver mais disso. Dá um senso de amizade genuína aos personagens e de novo, eles nunca caem em clichês fáceis. Embora meio que tentem rodear o gordo com comida em alguns momentos, nunca é algo forçado, ele nunca faz uma piada sobre comer e etc.
Até o Averman, que era o personagem mais irritante do primeiro filme tá suportável. Uma das garotas tem um momento "eu não sou uma dama, eu sou uma pata", mas ela nunca é "a garota tomboy".
Ou seja, o filme se mantém fiel ao que estabeleceu no primeiro, e é legal ver alguns personagens evoluírem, como Charlie, que agora assume o posto de co-treinador e tecnicamente capitão do time, embora mencionem que outro moleque que é o capitão, criando uma inconsistência no terceiro filme.
Mas eu me adianto.
Outro momento que torna o time mais verossímil e gostável: quando Gordão passa a ser rígido (e ganhar o apelido de Capitão Blood), os moleques conhecem um time de moleques locais que também jogam hóquei, e aprendem algo com os jogadores locais também.
Um dos jogadores é Russ, o primeiro papel de Kenan Thompson num filme.
Sim, AQUELE Kenan.
"Kel, me arranja um taco de baseball, um taco mexicano, uma air fryer, e me encontra na quadra. VAMO LÁ... Gritzky." |
Eu não sei se eu considero esse melhor que o primeiro, ou mesmo inferior. É complicado, é quase o mesmo filme, mesmas batidas narrativas, mas diluído em outras dificuldades e outras situações. Eu gosto que expandem mais o time e os moleques, faz eles crescerem e criarem laços entre si e com os novatos.
Aparece um casal no time, vemos eles em empregos temporários (o que explica eles terem que treinar tudo de novo), e até aspirações mudam ou evoluem, e Gordão tá lá pra ajudar eles e pedir perdão por ter agido como agiu.
É realmente uma sequência: evolui seus personagens sem perder a essência, bota os personagens em desafios maiores que criam novos problemas, e realmente se sente como parte da história maior. Ainda é um filme divertido de ver, mas realmente não faz sentido ver sem ter visto o primeiro.
E como a Disney sempre faz o contrato de três filmes...
D3: The Mighty Ducks
O terceiro filme foi feito quase em estado de emergência. Os moleques tavam crescendo, logo iriam pra papéis mais sérios, ou largar atuação, ou virar bombeiros que nem o moleque latino. E era necessário aproveitar enquanto a franquia ainda tava em alta, porque... né. Filme de esporte não é algo que dura muito tempo.
A idéia original dos produtores era de continuar a história do segundo filme com o time da Islândia. Outro torneio mundial, o time da Bulgária ia zoar o Goldberg tanto por ele ser gordo como por ser judeu (YOU KNOW, A FAMILY PICTURE! A DISNEY MOVIE!), e aí eles iam brigar, o time da Islândia ia ajudar os Patos, etc. Os Patos perderiam pra Islândia, sendo eliminados do torneio e iam ficar depressivos. Gordão ia chegar e mandar a real pra eles, e eles iriam ajudar o time da Islândia.
Se me perguntar, é uma história MUITO interessante e seria um crescimento genuíno pro time e pro gênero de filme de esportes no geral. Sempre se espera que o time protagonista vença os jogos, os que perde não são perdas tão impactantes, só pra tirar eles da zona de conforto mesmo. Mas aqui eles seriam obrigados a enfrentar a derrota e criar um espírito esportivo e de camaradagem com seus ex-rivais, e assim desenvolver uma legítima amizade.
Mas o estúdio achou melhor botar eles na faculdade e...
...é, ok, faz sentido. Os moleques tavam crescidos já, e é um filme que ousa mais em alguns momentos nesse sentido. Digo, o moleque latino agora é full mulherengo a ponto de ser um protótipo de Mestre Kame. Tem uma hora que ele se arrasta debaixo da mesa pra olhar as líderes de torcida debaixo das saias, e ainda olha pra câmera, só faltando fazer aquele negócio que o Didi e o Pelé fazem mas cujo nome eu não consigo descobrir.
Cê sabe, o Pelé naquele gif "É POUCA ZUERA?". Não sei o nome daquilo. Se souber me avisa aí.
Como Emilio Estevez tava ocupado gravando The War at Home (o filme, não a sitcom), não pôde participar tanto do filme, limitando seu papel a apenas algumas cenas específicas e necessárias. O que foi bom, porque esse é tipo o desafio maior pros Patos, se eles conseguem seguir sem seu treinador. O que piora é que o novo treinador da faculdade é um maluco ultra linha dura que quer resetar o time e treinar eles do zero, praticamente.
Obviamente, isso deixa Charlie irritado, porque ele perde seu posto de capitão, o novo treinador reorganiza o time (especialmente porque alguns jogadores não tão mais nesse filme), e porque Gordão era a cola que unia o time de fato.
Mas não é só isso, o time regular da faculdade é (you guessed it) um bando de bullies que implicam com o time novato, claro. Os subplots envolvem Charlie se engraçado pra menina que é basicamente a Lisa Simpson Diet (a Lisa das primeiras temporadas, não a atual, que é intragável); Goldberg fazendo a outra goleira engordar pra ele ficar com o posto de goleiro; o moleque latino sendo uma versão latina do Archie Andrews; e outras coisas tão menores que nem sei se valem a pena ser mencionados.
O que é engraçado porque tipo, são coisas pequenas que desenvolvem os personagens, mas são muito mais uma pedra a mais no caminho do plot do Charlie. Por exemplo, os Bash Brothers (que era os dois fortões do time) foram desfeitos porque o punk foi pra outra faculdade ou algo assim. Charlie e Fuller (o outro Bash Brother) passam um dia gazeando aula e o Fuller fica tipo "cara não sei se eu quero jogar hóquei o resto da vida" e o Charlie fica com raiva e enxota ele.
É interessante ver um personagem que não tem certeza se quer continuar jogando hóquei, faz parte do desenvolvimento de um jovem etc, mas no final acaba sendo só mais um motivo pro Charlie ficar com raiva.
E o cara que interpretou Charlie agora tá bem mais irritado, típico da idade, mas ele canalizou o sentimento de que não queria passar o resto da vida fazendo esse tipo de filme, o que foi bom na real. Charlie é mais protagonista aqui do que nunca, e faz sentido porque Gordão não é mais protagonista aqui.
O time como um todo teve um desenvolvimento ligeiramente maior, mas que é mais perceptível pelo diálogo que plotpoins de fato. Eu ainda não consigo lembrar o nome da maioria dos moleques, mas lembro das características principais da maioria deles. Ainda tenho dificuldade em diferenciar as duas meninas, no entanto. Eu sei que uma delas parece a Jenniffer Connely Diet e a outra é LOIRA, mas na hora do aperreio não dá pra diferenciar muito bem.
Tem uma cena que eles invadem o dormitório dos veteranos pra pregar uma peça neles, e eu só sei qual é qual porque a Connie tinha meio que um relacionamento com outro cara do time (eu ACHO que era o Guy Germaine, mas posso estar errado), e nessa cena ela dá um "chega pra lá" nele.
A menos que eu tenha confundido de novo, pra variar.
O filme tenta amadurecer os personagens, os colocando em situações mais complicadas, sobre decisões pro futuro, e até o enfrentamento da morte. Mas... o filme tem uma inconsistência tonal. Talvez o filme comece leve e goofy demais com uma loooooooooonga cena com os Patos indo de patins pra cerimônia de abertura do semestre, até que o Goldberg erra o caminho e Charlie vai atrás dele e ambos se metem em highjinks de slapstick cartunescos completos com efeitos sonoros dignos de ToonTown Online.
Só que essa cena leva literalmente nada a lugar nenhum. Tá no filme só pra ser engraçada e porque né filme família, ainda é Disney e eles tem que fazer isso.
Se me perguntar, eles poderiam ter cortado isso e ter feito um filme full maduro young adult. A comédia nele não é imatura (fora esse pedaço) e ele tem momentos genuínos de coração onde os personagens aprendem a se entenderem mais, e se entenderem até com o treinador novo. É um drama genuíno e que poderia funcionar bem se o filme não tivesse essa inconsistência tonal, tem outros momentos mais engraçados e leves no decorrer do filme que se encaixam nisso, pelo menos pra época.
Also, tem os clichês típicos das líderes de torcida serem um bando de broacas também. É um filme que usa bem mais clichês irritantes que os outros e não parece se importar muito com isso, o que é um problema. Os outros filmes usavam clichês, mas a execução era divertida, eles traziam algo de novo pra fórmula, tinha um sabor diferente.
Pelo menos nunca usaram piada de comida com o gordo, só leves sugestões.
Eu realmente esperava um filme que fosse um fechamento pra história dos Patos. É bom ver eles crescendo e amadurecendo, ver como não só os atores como os personagens mudaram e evoluíram, e realmente, esse devia ser um filme mais sobre o time que sobre o treinador, o arco final do amadurecimento deles.
Mas a coisa que ainda me buga é o final. Tudo nele é perfeito, a participação silenciosa de Gordão Bombado, a saída silenciosa sem os louros da vitória (que foram devidamente dados aos Patos), e o fechamento de vários arcos principais e um ou dois secundários.
Ainda não sabemos como ficou o lance do Gordão com o tanto de mulher que passou na vida dele pelos filmes, não sabemos o que houve com a mãe de Charlie (porque ela se casou de novo mas nada indica que ainda esteja casada no terceiro filme), e...
Ok, o arco do Goldberg com a goleira, eu esperava mais, é resolvido quase que off-screen, é bisonho.
Meu problema maior é que o final parece... vazio. Eu esperava uma despedida maior, ver eles na formatura, algo assim. Ou pelo menos seguir o clichê de filmes de esporte/baseados em fatos reais, com o narrador lendo que fim teve cada personagem.
Não teve, pareceu que faltou alguma coisa, e provavelmente foi isso. Passamos tanto tempo investidos nesses personagens, e a essa altura o estúdio sabia que não teria mais outro filme, então seria o momento ideal de fechar a trilogia. Mas hey, talvez tenhamos isso com a série do Disney+.
Ok, no exato momento que eu escrevo isso, eu tou tendo uma aula de latim que obviamente, tou prestando menos atenção do que devia, mas o professor tá usando o termo "agricolae" pra conjugar e eu lembrei de uma trivia bacana.
O quarto dos veteranos é o mesmo quarto de Sociedade dos Poetas Mortos.
...
OK, QUAL MEU FILME FAVORITO DOS TRÊS?
Eeehhh eu tou entre o primeiro e o segundo. O primeiro parece ter um senso de diversão cartunesca mas fundamentada na realidade, e o segundo é bem mais desenho animado, com os personagens novos e o vilão de James Bond.
Provavelmente o segundo seja o melhor pra mim, mas o primeiro tá beeeeem perto, por conseguir fazer um drama interessante pra crianças.
Also, eles tentam fazer o lance do ovo do primeiro filme com lixo no terceiro, e DEFINITIVAMENTE não funciona, mesmo pros padrões de Mighty Ducks.
Mas hey, é uma boa trilogia, vale a pena ver num dia que tiver entediado. É engraçado, é divertido, é vibrante, e os atores parecem se divertir enquanto gravam. As fotos de bastidores provam isso também.
WE WILL
WE WILL
QUACK YOU!
***
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