The Flight of Dragons
Rankin/Bass é conhecido por fazer os especiais de Natal, mas poucos sabem que o estúdio fez uma PANCADA de coisa.
Sério mesmo, eu só fui descobrir que eles fizeram Thundercats e Silverhawks pesquisando pra essa resenha.
Até Coneheads teve um especial animado por eles, eu achei que era só aquele filme com um pôster e conceito tão imbecilmente chatos que eu sempre esqueço que esse filme existe.
Nos anos 80, eles fizeram adaptações de Senhor dos Anéis, como O Hobbit e O Retorno do Rei.
E foi nessa vibe de fantasia oitentista que eles fizeram Flight of Dragons, com conceitos de um livro de mesmo nome, mas com plot derivado de outro.
Sim, é meio confuso e eu não quero entrar em detalhes porque o livro que teve o plot adaptado é o primeiro de 3 e eu tou totalmente sem saco de ler os resumos.
Vejamos apenas se ele se sustenta como filme.
O plot conta sobre uma época medieval (aparentemente), onde o mago verde Carolinus descobre que os humanos estão preferindo a ciência à magia, o que causa a redução de seus poderes. Ele se reúne com seus outros dois irmãos magos pra resolver a questão, propondo uma espécie de reduto mágico onde humanos não poderão entrar. Darth Vader, o mago vermelho, acha a idéia imbecil e decide ao invés disso, dominar o mundo. Os outros irmãos decidem dar um fim a esse plano, roubando a coroa de Vader.
Como os magos são proibidos de lutar entre si, Carolinus manda um cavaleiro (dublado pelo Snarf de Thundercats), Gorbash, o dragão da casa, e Peter, um criador de jogos de tabuleiro e ex-cientista. Dá um problema lá e o cara acaba se fundindo ao dragão, e ele terá que aprender como ser um dragão no caminho até o castelo de Vader, a fim de impedí-lo.
Sim, o cara tem o mesmo nome do escritor do livro. |
O plot segue bastante o clima oitentista de fantasia, mas com vários toques originais. E não só isso, mas os personagens são identificáveis o suficiente pra que não fiquemos entediados durante a jornada.
Peter é o cara que tinha um certo talento pra ciência, mas que preferiu se dedicar à fantasia simplesmente porque ela era mais legal. O cavaleiro tem uma história... até meio perturbadora, em certos momentos... Mas enfim.
As histórias são contadas por flashbacks, que contam bastante sobre os personagens e eu tenho certeza de que funciona melhor no livro, porque aqui acaba dando uns freios na história.
Sim, são flashbacks divertidos e interessantes de assistir, mas ainda assim com o tempo tu não deixa de ter aquela sensação de "ok, mas e a história?"
De certa forma tu não se pergunta porque tá entretido com a história de fundo, mas o fato é que sim, deixa a narrativa mais lenta.
me irl |
O tanto de personagens que se junta ao bando também é interessante na medida do possível, porque eles aparecem e logo mais se vão. Tu não consegue criar uma afeição por eles, mas estranhamente, tu consegue lembrar deles.
Esse filme é um achado. Ele é tem muitos elementos que o tornariam facilmente entediante e esquecível, mas que por algum motivo acaba não o sendo. Ao menos tenta ser entretível.
E quando ele volta ao tema de magia versus ciência, onde uma coisa pode coexistir com a outra, é interessante. Um tanto quanto batido, mas a forma que eles comparam e explicam certas coisa é relativamente criativa.
E esse filme tem algumas das melhores cenas fora de contexto. |
Por exemplo, há uma longuíssima explanação sobre como os dragões voam, na visão dos dragões (com termos fantasiosos) e Peter traduzindo pra ciência, que é o tema do livro Flight of Dragons, aliás. Não é uma história, é um tratado... científico-fantasioso.
E pra ser justo, essas partes poderiam ser mais interessantes. Cortadas não, porque são parte integrante da ideia do filme, que é magia versus a ciência. Aliás, a forma como Peter derrota Darth Vader é ao mesmo tempo condizente com a idéia, mas ao mesmo tempo hilária.
A animação é típica da Rankin/Bass na época, aquele sentimento de barato, mas feito com amor. Foi animado no Japão, então se você achar o estilo familiar, já sabe daonde veio.
Algumas vezes o layout de cena e o enquadramento são péssimos, dando um close estranhíssimo no rosto dos dragões, mas de resto é aceitável.
Flight of Dragons não é um filme espetacular, mas tá longe de ser um filme ruim. Ele é puramente uma Sessão da Tarde, algo que a Record passaria numa tarde entediante. É uma história criativa, com uma narrativa que tem suas falhas, mas que continua sendo agradável de se ver. Definitivamente vale uma assistida ou duas.
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