Aladdin: O Super Gênio


Cês lembram que durante um tempo no Bob's o brinde era uma cabeça e borracha fazendo uma careta? Acompanhava um chapéu de borracha e umas sementes de grama. Era realmente um brinquedo interesasnte.

Tu botava terra e as sementes dentro da cabeça (que era oca e tinha três turos embaixo), o chapéu virado pra cima encaixado na cabeça, e regava. Aí crescia uma graminha e tu podia cortar o cabelo rico em celulose do boneco.

Ainda me lembro do cheiro da borracha, infelizmente eu não sei que fim levou esse brinquedo.Provavelmente foi levado por algum rato e tá até hoje sendo usado como ídolo em algum culto pagão concorrente à Igreja do Mickey. Enfim.

"Mas o que isso tem a ver com o filme de hoje, Kopão?" Absolutamente nada. Exceto que foi no dia que eu ganhei esse brinquedo, que esse filme passou na TV e eu gravei. Eu até me lembro de estar com meus pais no meio da rua e uma churrascaria passando o filme e eu logo apressei o passo pra ver em casa.

Eu provavelmente tinha ele gravado em VHS, mas eu devo ter gravado Meus Amigos Dinossauros por cima, sei lá.

Mas o filme nunca saiu da minha mente, e hoje eu quero comentar um pouco sobre... Esse... Achado?

...eu não consegui fazer uma frase de ligação bacana, então... O JOGO.




A história começa quando um moleque chamado Al (de sobrenome Hadim) encontra uma lâmpada a óleo enquanto trabalha numa loja de antiguidades. Como seu trabalho é polir peças velhas, ele sem querer acaba invocando um xerife criminoso do velho oeste com poderes infinitos. Esse grandalhão barbado que mais parece uma versão mais mal humorada do Maguila se apresenta como o gênio da lâmpada, e agora o moleque é seu mestre.

Eles se envolvem em altas confusões enquanto o moleque tenta livrar a mãe e os lojistas locais de um gângster, fora um chefe de polícia que quer a lâmpada pra si. E tem ainda a paixonite de Al, que é filha de um policial e...

...é, a história meio que vai pra todo lado.


O diretor italiano é acostumado a fazer filmes com Bud Spencer e Terence Hill. Eu acho... Eu não tive saco de olhar com calma o IMDB dele.
Mas como eu não manjo de filmes de faroeste e o máximo que eu conheço da dupla são... 3 filmes contando com esse, eu não sei dizer se é o estilo italiano de narrativa ou se é o estilo faroeste que não se encaixa bem no ambiente moderno.

O filme todo parece mais uma colcha de retalhos, com pedaços que parecem-se uns com os outros. Ele não tem tantos personagens, mas são tantos subplots que não exatamente te deixam perdido, mas mais... Desinteressado. Nem os personagens nem plots tem tempo pra respirarem.


Por exemplo, a mãe de Al trabalha de garçonete numa boate, a mesma boate que pertence ao tal mafioso que fica mandando seus lacaios irem cobrar a mensalidade de cada lojinha da região. O que poderia ser um plot mais dramático e funcionar bem ,mesmo nesse contexto, que é basicamente uma aventura familiar com fantasia. Poderíamos nos identificar também com a mãe e como isso afeta a vida do moleque, e como o gênio ajuda a família a se livrar das garras do criminoso. Mas acaba sendo jogado de lado pra vermos Al tentando impressionar uma guria fazendo ski aquático.


Aliás, o filme nem se dá conta das semelhanças com a clássica história; em um momento, Al menciona seu nome completo e o gênio meio que "hehehe" e o moleque "ow qual a graça?" e eles seguem normalmente. Em outro, quando o moleque tenta recuperar a lâmpada, ele descreve como "a lâmpada de Aladdin".

Pode ter sido coisa da dublagem brasileira, mas ainda soa estranho à beça.

O filme poderia ser um pouco mais self-aware, já que tenta ser uma comédia também. Mas a narrativa é tão desconexa que eu não me surpreenderia se a produção fosse forçada pra fazer algum esquema de lavagem de dinheiro.

Ou pode ser o estilo italiano de contar histórias, mas se for... Rapaz, é um estilo tão prático quanto pintar um muro usando esmalte.

Digo... é um filme de comédia e aventura, mas envolve gângsters. Gêngsters (ou é "gângsteres"?) que ameaçam cobrar dinheiro enfiando a cabeça de seus credores no sorvete, e tem um outro subplot com crianças raptadas, onde encontramos até o único amigo de Al, que... tem tanta relevância na história quanto Rodrigo Santoro em As Panteras.
Fora as inconsistências. Por exemplo, Bud pergunta a Al sobre as tais "caixas com rodas", mas quando o moleque pede um Rolls-Royce o maluco faz aparecer um Rolls-Royce.
Eu.. é... uh... QUE?

Olha essa imagem. Um filme nesse
não tem MORAL pra tentar se levar a sério.

Mas o que realmente mata o filme não é só a narrativa, mas as atuações.

Bud Spencer deve ter sido mesmo um cara gente boa. Aquele tipo grandalhão de bom coração que víamos tanto na época, e hoje por qualquer motivo, nem tanto. Mas essa aura não é passada em seu personagem. Ele é um gênio passivo, que espera que as coisas aconteçam ou que seu mestre o ordene algo. Compreensível, já que ele tem desejos infinitos, ao contrário de normalmente 3. Os gênios que eu lembre com 3 pedidos eram relativamente mais independentes, então deve ter alguma correlação, sei lá.

Mas nem a dinâmica entre Al e o gênio funcionam, porque o moleque é TÃO genérico que até a Sarah de Labirinto parece mais espontânea e complexa em comparação. Com um moleque sem personalidade e um gênio passivo, dá pra se notar que o clima todo do filme é beeeeem morno. Mesmo com um plot relativamente interessante, a narrativa é lenta demais pra um filme família ou de aventura, e quando acontece alguma briga de bar (que sabemos ser uma das especialidades de Bud), não compensa tanto.

Não sei se os atores italianos tavam mais preocupados em pronunciar um inglês correto do que atuar ou se o orçamento realmente era um pão na chapa com geléia.

...sim, é um filme italiano, com atores italianos, gravado nos EUA, em inglês. Vai entender.

Não, sério! Tem cara de uma comédia
self-aware locona, mas não é.
A trilha sonora é interessantemente datada, mas se torna irritante depois de um tempo. No geral, é um filme que é totalmente passável, a menos que tu seja muito fã de Bud Spencer. E se for, me diga como são os outros filmes dele.

Eu cresci vendo Meu Nome é Ninguém e Me Chamam de Trinity, mas se eu vi duas vezes cada um, foi demais. E eu tenho quase certeza que um deles não tem Bud Spencer, mas... Sei lá, estilo de narrativa italiana.

Na real, se quiserem ver um filme com o mesmo conceito de um gênio nos dias modernos, provavelmente seria melhor ir ver Kazaam. Sim, aquele filme com o Shaquile O'Neil. Sim, é brega, sim, é debativelmente ruim, mas ao menos ele sabe o que é e não tenta ser mais do que pode ser, e se diverte com isso. Toma as liberdades necessárias e no mínimo, é tão ruim que é bom. Superfantagenio é um "aceitável", mas totalmente passável.

*grunf*

You May Also Like

0 comments