Incríveis 2


Eu me lembro quando eu vi Os Incríveis no cinema. Eu era um moleque impressionável, amei o filme, e com o passar dos anos, continua sendo um filme de herói daora.

E sim, eu decorei o filme. A ponto de que eu posso simplesmente passar ele na minha mente com pouco ou nenhum problema. Se você me ver olhando pro nada pensativo, eu provavelmente tou lembrando de Incríveis, Procurando Nemo, Shrek 2, ou repensando minhas decisões de vida que me levaram a decorar filmes inteiros.

Enfim, depois de 14 anos de espera dum filme que terminava num cliffhanger (mas não realmente), tivemos a sequência.

Valeu a pena a espera?




O filme começa extamente onde o primeiro terminou, no incidente com o Escavador. Porque os produtores se preocuparam com os fãs de Incríveis que sofrem de TOC.

Logo em seguida vemos Sr. Incrível e sua família sendo presos e interrogados pela polícia e sendo ordenados que se escondam novamente, porque heróis ainda são ilegais. Mais rápido que alguém grite "#TeamIncredible", aparece um ricaço que quer relançar os heróis como algo legal, porque seu pai era um grande fã de super-heróis, mas foi morto porcausa da lei que proibia os supers.

O plano dele e de sua irmã envolve em lançar primeiro a Mulher-Elástica, já que... marketing? Começa botando um dedinho na água morna pra acostumar e...
...eu juro que tem uma analogia melhor pra isso, mas eu não consigo pensar agora. Eu só tive uma cadeira de empreendedorismo na faculdade, dá um desconto.


Enfim, isso acaba meio que ferindo o ego do Sr. Incrível, que queria ser o centro das atenções mais uma vez. Mas ele vê o propósito maior da coisa e aceita ficar em casa enquanto Helena faz o serviço semi-ilegal.

Oh sim, eles mencionam isso. Helena tá fazendo algo ilegal pros heróis serem legais de novo. E poderia ser um foco do filme, e um ponto interessante de se debater nesse universo, mas nunca é trazido de volta, não nessa perspectiva.



A melhor coisa do filme é a animação. A coreografia das lutas é sólida e clara, além de usar os poderes de formas criativas. E eles realmente não se intimidam em mostrar, por exemplo, a Violeta, uma adolescente, levando pancadas pesadas de uma heroína adulta e mais forte. É diferente do primeiro filme, onde tinha caras com arma de fogo, mas... É um filme da Disney, tu sabe que as balas nunca vão pegar ela. Botar as crianças pra lutarem mano-a-mano com um herói adulto, força tanto física quanto psicologicamente. E podemos ver que eles amadureceram de certa forma desde o primeiro filme, depois de terem enfrentado os capangas de Síndrome, por exemplo.

Os efeitos visuais também tão ótimos. Na real, é daora comparar o primeiro filme com esse pra ter uma noção do quanto a tecnologia evoluiu. No primeiro filme foi um pesadelo animar e renderizar o cabelo da Violeta; aqui eles simplesmente botam ela com um secador de cabelo pra mostrar "OH YEAH MALUCO OLHA ISSO OLHA ESSE EFEITO VAI SE LASCAR EU SOU O MESTRE DOS CABELOS"


E há muitas, MUITAS cenas de noite, onde vemos a Mulher-Elástica se pendurando pelos prédios, tipo o Homem Aranha. Só que a ambientação é muito mais puxada pro gótico, estilo Batman TAS.

Não, não o cara do Castelo Rá-Tim-Bum. Ele é o Lex Luthor. 

E é por cenas como essa que eu recomendo FORTEMENTE que não veja o filme em 3D. Na real, não veja mais NENHUM filme no cinema em 3D, porque simplesmente não vale a pena. É mais caro (pouco, mas ainda assim), e só deixa tudo mais escuro porcausa da lente dos óculos. E nenhum filme tem usado a tecnologia 3D como deveria, a novelty disso já morreu depois que Robert Rodriguez fez Shrekboi e Levagirl.

Eu só vi Han Solo em 3D porque a Disney tava tentando escacaviar o máximo possível o lucro de um filme que custou o dobro do que deveria custar e que teve um marketing mais feio que dar rasteira em idoso.


Falando nisso, no começo do filme há um aviso que algumas cenas podem causar convulsões em pessoas com histórico de epilepsia. Várias ocorrências foram relatadas nos EUA, mas aqui parece não ter acontecido, ao menos até onde eu soube.

Tem um tópico no Reddit sobre isso, onde mencionam o Harding Test, um teste pra saber se o filme ou programa de tv pode ou não causar convulsões. É bem provável que a Disney tenha feito o teste, mas ainda assim, cada caso é um caso. Eu não entendo dessas coisas e nem conheço gente que tenha histórico de epilepsia, mas eu imagino que frequências de luzes diferentes afetem pessoas diferentes.

Fora que, pelo que eu pude perceber internet afora, também pode afetar pessoas com outros tipos de problema, tipo vertigem e PTSD.

...Post-Traumatic Stress Disorder.

...

Estresse pós-traumático! Mas vocês também querem tudo de mão beijada! Eu, hein!

Agora, eu vou contar minha experiência pessoal nesse filme.


Eu não lembro de ter muito problema com flashes piscando. Exceto que incomoda a visão, o que é natural. Eu lembro do primeiro episódio de Samurai Jack, quando ele é teletransportado pro futuro, eu sempre olhava pra outro lugar, caso minha vista cansasse. E sei lá por qual motivo, Aladdin da Disney tem uma paleta de cores mais forte, sempre que eu assisto eu sinto um leve desconforto quando eu olho pra outra coisa que não seja a tela do PC. Mas é menos nocivo, eu imagino. É tipo sair no sol e a pupila diminuir pra entrar menos luz solar.

Tem um termo pra quando a pupila diminui né? Eu nunca lembro.

Incríveis 2... Eu saí com dor de cabeça da sessão. Claro, pode ter sido pelo fato de que no dia que eu vi esse filme eu fui com uns amigos e inventaram de ir naqueles pula-pula gigante com tela nas paredes pra te fazer sentir o Naruto, e eu, um nerd sedentário com a habilidade social de uma barata com trombose e o odor de um calzone de calabresa, disse "ok bora".

Em menos de 10 minutos, eu fiquei pálido, sem respirar direito, bebendo água feito a onça naquela história do Chico Bento, e pálido feito o Mickey nos quadrinhos italianos.

...o que não tira o fato de que eu realmente senti que os flashes me afetaram. Eu já vi gravação em balada com luz estroboscópica (o vídeo dizia que era numa igreja, mas era só de fachada) no meu celular, e senti que se continuasse a ver eu ia ficar com os olhos incomodados por um curto período de tempo.

Imagem meramente ilustrativa.

O que potencializa o efeito danoso à vista no filme é que tu tá vendo numa tela gigante, numa sala totalmente escura. Mesmo que tu não se sinta incomodado, tua vista vai se cansar mais fácil. E não é só um momento, são vários. Um quando a Helena vai dar uma entrevista na TV, outros momentos salteados depois desse que eu não consigo lembrar com precisão, e quando ela encontra o Hipnotizador no apartamento dele, que tem uma sala onde as paredes e o teto são telas hipnóticas e tudo pisca mais que a 25 de Março em Outubro; e tem um no barco no clímax, esse vem de surpresa.

Não, não é spoiler, é um PSA.

...

Public Service Announcement.

...

...

...Anúncio de Utilidade Pública.

Ao menos não pode dizer que eu não te ensinei uns termo massa em inglês. Diga isso pra sua mãe próxima vez que quiser uma justificativa pra ler meu blog ao invés de estudar.

Aliás, acabei de achar um trailer que tem um trecho dentro da cabine hipnótica, então tirem suas conclusões, sabendo que tem mais momentos disso nos filmes e eles duram bem mais tempo. (aos 0:20, 1:23)



No geral, é um filme divertido. Os personagens são engraçados, a animação funciona tanto nas cenas de ação como nas de comédia, e o plot...

...é a pior parte do filme.

"Como OUSA falar mal de um filme da Pixar?
PIXAR É PERFEITA GIRL POWER SEJE MENAS FIGHT LIKE A GIRL"

O problema de Incríveis 2 é por ele ser epicamente desfocado. No primeiro filme tínhamos um arco principal bem definido, com pequenos arcos desenvolvendo a família: Flecha era um moleque com dificuldade pra controlar os poderes (porque na idade dele tudo tem que ser "maneiro" e impulsivo); Violeta era uma adolescente tímida e muito insegura de seus poderes (e podemos ver pelas reações dela durante o filme como isso é desenvolvido, bem como o Flecha controlando melhor seus poderes lutando contra os capangas do Síndrome); e Helena era uma ex-heroína que só queria levar uma vida normal, tal qual a Lindana em Phineas e Ferb.

Sr. Incrível era o cara que teve seus dias de glória no passado, mas desde que proibiram os supers, ele sonha em voltar à ativa. E vemos isso aqui nesse filme, com o ego de Beto que o impulsiona a querer ser o primeiro na iniciativa... Vingadores? Gelado é o que chama eles pra iniciar um super-grupo, então deve ser.

O fato dele ter dificuldade em deixar Helena ir pra essa missão e ficar em casa tomando de conta das crianças é mais por conta do ego e desse sonho em voltar a ser o grande herói, e condiz com o primeiro filme.


Só que... o resto dos personagens ficou bem de lado. No primeiro filme cada um tinha seus momentos divertidos e que conduziam a história numa progressão natural. 

Pega a cena do jantar, por exemplo, onde eles começam a falar sobre o dia na escola, temos uma exposição curta sobre o crush da Violeta, as crianças começam a usar os poderes contra eles mesmos (mostrando que eles tem uma certa dificuldade em se entenderem). Enquanto isso, Beto vê no jornal que um ex-super desapareceu (lembrando que ele foi pra cozinha porque se empolgou com o Flecha usar os poderes na escola e quebrou o prato. E a mesa. Tudo ligado naturalmente na narrativa). Nesse momento aparece Lúcio, que por uma brincadeira própria da idade de Flecha (nesse contexto, ao menos) descobrimos que Lúcio é o Gelado e que eles usam seus poderes confortavelmente entre si, mostrando a intimidade da relação da família.


Incríveis 2 tudo parece acontecer muito rápido. Eu tenho certeza que se analisar o filme com calma, vão aparecer momentos como os que eu descrevi ali, mas... Não são tão memoráveis como deviam. Quando eu sai do cinema eu já conseguia quotar ao menos algumas falas do filme, que era tão quotável quanto Procurando Nemo. E olha que Nemo é quase um Chaves de tão quotável.

Sabe o que mais não é quotável? O vilão.

Aliás, o design do Hipnotizador é tão simples
que os designers de minions de Sentai levam mais tempo
pra fazer o serviço.

E esse é um problema IMENSO no filme. Num filme de herói, o vilão é quase tão memorável (ou até mais memorável) que o protagonista. Ainda mais Incríveis, que tenta emular os seriados de herói dos anos 60 e quadrinhos pulp. O que é daora, aliás, é uma realidade tipo steampunk, só que no lugar de ser na Era Vitoriana é nos anos 60. E os designers fazem um equilíbrio pra que não soe brega demais nem destoe demais do propósito inicial.

Enfim, o Síndrome no filme original tinha uma personalidade divertida, falas engraçadas, mas ao mesmo tempo era genuinamente ameaçador. Claro, o plano dele não fazia muito sentido quando tu para pra pensar. 

Citando o filme:"...e quando todo mundo for super... ninguém mais vai ser"...? Como é mano? Tu quer matar TODO MUNDO NA TERRA? Deixa só tu e a Miragem? Ela é boa demais pra ti, nem a pau ela vai aceitar ter um filho teu. Pera, tu queria criar uma raça superior de supers, uma raça pura... misturando um ruivo barrigudo de sardas com uma latina de cabelo branco com a finura de uma tapioca? O que é isso? Liv e Maddie?



Mas ao menos ele tinha um senso de teatro que fazia com que ele soasse legitimamente ameaçador, mas também divertido de assistir. E mais importante, o que ele representava era diretamente ligado ao Sr. Incrível. Ele queria mostrar como ele era capaz de ser um herói mesmo sem poderes, e pra isso usava os Omnidroids pra lutar com heróis, capturar informações sobre suas habilidades, e vender como armas e possivelmente até mesmo ele usar eventualmente.

O Hipnotizador... Não tem isso. A motivação dele é pífia e não é ligada à família Incrível da mesma forma que o Síndrome. A gente mal passa tempo com o vilão, e eu desafio qualquer um a citar QUALQUER fala dele, e eu aposto um saco de batata frita de ambulante do Centro como tu vai ter dificuldade pra lembrar.
Ok que parte da idéia do Hipnotizador é que a gente tá tão preso ao lazer e coisas bonitinhas que esquece de prestar atenção no que tá sendo dito... Enquanto ele monologa sobre isso, a Mulher Elástica voa pelos prédios procurando por ele numa sequência absurdamente linda.

Ainda assim... Pra que a gente deveria se importar com o vilão, ou com a mensagem dele? Só conhecemos ele agora.


Enquanto o Síndrome... "É MAIOR! É MELHOR! SENHORAS E SENHORES, É DEMAIS PARA O SENHOR INCRÍVEL! [gargalhada DUMAL]" e também, "Tu, casou com a Mulher Elástica? E eles não tinham televisão!", fora que "Não dá pra confiar em ninguém, principalmente nos seus heróis", sem esquecer de "QUEM É O SUPER AGORA? EU SOU SÍNDROME, SEU MAIOR RIVAL E... ô beleza." SEM FALAR QUE "Agora é tarde! Quinze anos de atraso, seu zé!".

...pois é.

Aliás, tem um vídeo inteiro do NerdSync sobre os discursos de vilão, e se tu entende inglês vale muito a pena dar uma olhada.


"Seu malandro! Me deixou fazendo discurso!
Eu não acredito!"
Mas além disso, outro grande problema (que é aliado à falta de foco do filme) é que Os Incríveis 2... Não é sobre Os Incríveis. É sobre a Mulher-Elástica e como ela é "perfeita diva rainha girl power muh feminism lacou migx".

No primeiro filme tinha um equilíbrio bom entre os personagens. O foco era o Beto, mas sua história fazia com que Helena se movesse na narrativa, assim como Violeta e Flecha. Não eram personagens ruins, eram personagens ativos, com personalidade, com qualidades e falhas. Eram identificáveis, relacionáveis, e interessantes.


Aqui, vemos Beto como dono de casa e Helena como a "mulher empoderada" que sai pra trabalhar. E sim, vemos as HI-LÁRIAS TRAPALHADAS de Beto tendo que botar o Zezé pra dormir, ou ajudando Violeta com o crush (e falhando miseravelmente na tarefa), ou fazendo o trabalho hercúleo de entender matemática inútil pra ajudar o Flecha com o dever de casa, enquanto Helena tá ganhando o mundo sendo a nova heroína do pedaço, e Beto simplesmente surta.

O fato do Beto surtar e vermos o desgaste dele é aceitável. Ser pai, ser mãe, ser dono de casa é um trabalho árduo, e até adiciona ao ego de Beto. Mas a forma que foi retratado é excessivamente... excessiva. Vemos que Beto até consegue superar as dificuldade de criar os filhos e tomar conta da casa, mas aparecem mais dificuldades, que provavelmente seriam mais fáceis se ele dividisse as tarefas com sua esposa. Enquanto isso, Helena tá no mundo, ralando e absolutamente tudo dando certo pra ela.

Notam um desequilíbrio aqui?


Os Incríveis é sobre a aventura de ser uma família, sobre um precisar do outro. O ideal era que o status quo inicial era que tanto Beto como Helena dissessem "de boa, eu posso dar conta disso sozinho", mas ao enfrentarem as dificuldades percebessem que precisam um do outro, precisam agir unidos, como equipe, como família.
Sabe? Narrativa do Herói, etc. O básico de qualquer narrativa pra que ela seja interessante.

Helena poderia ter dificuldade em falar em público/na televisão, especialmente porque OS HERÓIS AINDA SÃO ILEGAIS. Ela salvou um monotrilho que quase despenca, porque não vemos ela dando uma coletiva de imprensa sobre isso sem saber responder os detalhes técnicos/legais e as implicações dela ainda tar à solta? Não é pedir demais, COMEÇAMOS O FILME COM A PRISÃO DELES SENDO NOTICIADA PELA TV. É uma situação INTERESSANTÍSIMA nesse contexto e adicionaria ZILHÕES pra idéia de "tentar fazer os heróis serem legais de novo através da ilegalidade".

Sabem? Um conceito parecido com o da Marvel nos quadrinhos e no cinema, com exceção de que TODO E QUALQUER SUPER-HERÓI É PROIBIDO. Não existem lados, existe só a lei. Lei essa que abre brecha pra que malucos ricaços tipo o Síndrome ou o Escavador saiam pela cidade com máquinas de destruição em massa do tamanho de um navio sejam combatidos por policiais comuns com armas comuns.

Sim, a lei não faz o menor sentido de uma forma prática, mas eles NUNCA DEBATEM NESSE SENTIDO. É uma oportunidade perdida.



Não tem aquele senso da família unida, fora uma ou duas cenas soltas. Uma que me vem à mente é do Beto se desculpando com a Violeta por ele ter estragado tudo com o Toninho Rodrigues e ela dizendo que ele é um pai super. Sim, é uma cena incrivelmente clichê e que eu senti que só foi botada lá porque alguém se tocou "ih rapaz tá faltando emoção familiar nesse filme".

Tudo é meio artificial nesse filme, tem uma cena do Gelado saindo em missão, e a esposa dele gritando de outro cômodo da casa como no primeiro filme. Porque PRIMEIRO FILME! É uma cena rápida demais e sem graça pra quem não viu o primeiro filme. Mas aí estamos num impasse: se fosse longa demais, iria tomar muito tempo da já longa duração; se tirassem, iriam reclamar porque faltou... Não tem como vencer com essa nostalgia pós-millenial.

Até o clímax é um set up que poderia ter sido resolvido facilmente de outra maneira, mas que os caras resolveram dificultar pra parecer mais dramático.

Perdão, mas o primeiro filme teve UM ROBÔ GIGANTE PRATICAMENTE INDESTRUTÍVEL NO MEIO DE UMA CIDADE. A única forma de superer isso seria revelar que o navio é na verdade um Transformer e que a Disney comprou a Hasbro então tá tudo limpo.

Seria um plot twist mais interessante que o atual plot twist, que uma capivara míope com derrame conseguiria prever a uma milha de distância.


SIM É UM PLOT TWIST IMBECIL E A DISNEY TÁ SATURADANDO DE VILÃO SECRETO! Pixar já fazia isso desde Toy Story 2, mas era mais esporádico. Vez ou outra os vilões era mais uma situação (Inside Out); ou era personificado, mas também uma situação (Ratatouille); ou era um vilão secreto mas tínhamos alguém como vilão desde o começo (Monstros S.A.); OU MESMO o vilão era secreto, mas dentro do filme fazia sentido pra mensagem que eles queriam passar (Up, Wall-E).

Ao contrário da Disney que... Sim, alguns tem uma mensagem a passar com o Vilão Secreto, mas era compensado com o resto do filme... Que em alguns casos (cof cof Big Hero cof cof) se sentia... vazio.

Mas isso é assunto pra outro dia.

O fato é que, no caso de Incríveis 2, nem o Vilão Secreto compensa porque é óbvio demais. No primeiro ato tu tem 50% de chance de acertar sem pensar muito.



Falando assim até parece que eu odiei o filme. Nem odiei, só certos pontos dele que são MUITO problemáticos e que poderiam ter sido facilmente resolvidos. Exceto talvez o vilão, que demandaria um pouco mais de tempo pra se adequar ao contexto sessentista/pulp sem ficar desinteressante. E o clímax que é muito meh.
Mas todo o resto (relacionamento da família, luzes piscantes) poderia ter sido resolvido e evitado. Talvez cortar alguma coisa do filme, tipo metade das cenas do Zezé. Bota no corte do diretor, é um filme longo demais e quando tu prevê todo o resto do filme na metade fica cansativo. Alguns momentos divertidos, mas no geral, cansativo. Eu senti falta do Flecha também, ele ficou mais de escada pra comédia, incrivelmente pouco usado.

O primeiro filme tinha foco, tinha um ritmo mais agradável. Momentos de suspense, stealth, comédia, emoção, personagens, plot, dosados e misturados de uma forma memorável e interessante. A sequência faz com que tudo se pareça mais com material pronto pra trailer e artigo do Buzzfeed criando clickbait em cima da nostalgia ou do suposto "progressismo" político-social do filme.

Mas ei, vejamos pelo lado bom. Ao menos não é Carros 2. Ou O Bom Dinossauro.



Incríveis 2 é um filme que meramente existe. É assistível, mas não vale a entrada de um ingresso. Eu recomendo MESMO que espere sair em DVD/streaming/torrent, e se tiver que ver no cinema, veja em 2D e lembre-se de fechar os olhos nos flashes pra evitar dor de cabeça.


O que me lembra... Brad Bird disse nas redes sociais que Incríveis 2 era um filme que precisava ser visto em uma tela grande. Imensa. E se sua cidade não tivesse cinema com IMAX, que tu fosse pra uma cidade próxima que tivesse.

Eu não sei se ele se orgulha da escala visual do filme (que é de fato, fenomenal: a cidade é lindíssima e como eu disse, lembra muito o estilo art deco de Batman), ou se ele queria realmente hipnotizar o público, ou causar convulsões e dores de cabeça.

Eu sei lá, o Brad pode ter só pirado mesmo. A produção desse filme foi iniciada depois de Tomorrowland, que... Ironicamente sofre do mesmo mal de falta de foco e química natural entre os personagens.

...huh.

You May Also Like

4 comments

  1. Kapan, gostei muito de sua análise do filme Os Incríveis 2!

    Pretendo assistir quando sair em streaming!

    Sugestão: poderia por favor produzir um artigo dos 20 arcos de histórias em quadrinhos da DC Comics que poderiam se tornar grandes filmes animados, tais como Batman: O Cavaleiro das Trevas Parte 1 e Parte 2, Liga da Justiça: Ponto de Ignição (Flashpoint), Liga da Justiça: A Nova Fronteira, Jovens Titãs: O Contrato de Judas, entre outros?

    Grato pela atenção e continue com o excelente trabalho!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sup Lucas!

      Sim, infelizmente não vale a pena pagar o preço do ingresso de Incríveis 2. É uma pena porque alguns visuais dele ficam daora numa telona (eu não sei exatamente porque o cinema que eu fui era beeeeeem ruinzinho ahueahuea)

      Eu não tenho muito conhecimento de quadrinhos de heróis, eu não tenho muito saco pra ficar procurando onde começar a ler, etc. Acabo lendo mais os encadernados (E ainda tive uma dificuldade pra começar a ler Spider-Gwen auheuea)
      Mas é uma idéia interessante, eu provavelmente vou fazer isso com quadrinhos mais desconhecidos. Eu tou com uns aqui que tão na fila pra ler ainda.

      Excluir
  2. +Kapan, obrigado por me responder!

    Recomendo um site para ler online algumas histórias em quadrinhos chamado HQBR: https://hqbr.com.br/home

    Já lhe dará alguma ajuda para ler alguns arcos famosos de Hqs!

    Obs: ouso dizer que, caso a DC Comics/Warner Bros. Animation Studios adaptar a saga Crise nas Infinitas Terras em três partes de forma igual a Hq, tenho certeza que será indicada ao Oscar de Melhor Filme, pois o conteúdo ali é de grande qualidade (pelo que o pessoal comenta)!

    Obs 2: se possível, analise os longas animados do Universo Cinematográfico da DC Comics baseados nos Novos 52, que são:

    1) Liga da Justiça: Flashpoint (o final do filme) (2013);
    2) Liga da Justiça: Guerra (2014);
    3) O Filho do Batman (2014);
    4) Liga da justiça: O Trono de Atlântida (2015);
    5) Batman vs Robin (2015);
    6) Batman: Sangue Ruim (2016);
    7) Liga da Justiça vs Jovens Titãs (2016);
    8) Liga da Justiça Dark (2017);
    9) Jovens Titãs: O Contrato de Judas (2017);
    10) Esquadrão Suicida: Inferno a Pagar (2018);
    11) A Morte do Superman (2018);


    E em 2019, será lançado O Reinado dos Supermen (2019);

    Obs 3: se a Warner Bros. Animation Studios for esperta, ela adaptará em seguida a esse filme a saga Crepúsculo Esmeralda, no qual devido as ações do Super Ciborgue (um dos quatro pretendentes ao posto de Superman após a sua morte) destrói Coast City, a cidade natal do Lanterna Verde Hal Jordan, o que faz com que ele vá pedir aos guardiões que possa reconstruir a cidade, só que o pedido é negado e ele enlouquece, mata alguns lanternas verdes e é tomado pelo Parallax, a entidade do medo (caso eu tenha errado na descrição, algum fã de quadrinhos mais experiente irá me corrigir).

    No mais, aguardo resposta!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu COM CERTEZA preciso ver os longas animados da DC. Acho que eu só vi o do Lanterna Verde e Superman Contra a Elite. Morte do Superman eu vi mas achei meio meh (a primeira adaptação, nem sabia que tinha outra).

      Quanto a filme da DC ganhar Oscar... Sei lá, depende do quanto eles pagarem os jurados. Oscar é só politicagem, Disney ganha/é indicada por motivo nenhum, tipo em Big Hero 6.

      E obrigado pelo site, sempre é bom ter alternativa pra ler online

      Excluir