Era uma Vez um Estúdio: Esquecidos no Rolê


A Disney compleou 100 anos semana passada, e as comemorações envolvem um curta animado com trozentos personagens do estúdio, de clássicos a obscuros. Eu poderia listar aqui sobre todos os personagens que se pode ver lá, mas este é o SRT, não é assim que a bola toca.

Não é assim que a bola toca. Porque, no baseball, quando você toca a bola… é…


ENFIM, meu intuito aqui é mostrar os esquecidos, os ignorados, os esnobados e que podem tentar a sorte novamente daqui a 100 anos, quando um holograma do Bob Iger será o CEO através de uma IA baseada no MouseGPT e o Brasil já tiver afundado tão profundamente que vai fazer Atlantis ressurgir.



As Centaurettes Zebra



Embora um casal de centauros apareça na foto oficial, eu não consigo deixar de lembrar que, originalmente, haviam duas centaurettes negras: uma que ajudava as outras centaurettes a se arrumarem pra encontrar os centauros e outra meio-zebra que abanava o deus grego Dionísio.

Obviamente, elas foram removidas por serem (supostamente) caricaturas racistas e porque a Disney não tem bolas o suficiente pra relançar uma remasterização na íntegra com o aviso padrão de “era errado naquela época, é errado hoje, buy our shit”. Porém, um detalhe me chama atenção.


A centaurette zebra tem um design geral melhor e mais aceitável que a infame Sunflower, e até na maquete ela tinha um ar mais nobre, digno.


A maquete aparece em Reluctant Dragon, que, caso você não seja um VERME INCULTO, leu sobre esse filme e a época turbulenta na retrospectiva Tio Walt.
E sim, o visitante tava roubando essa estatueta especificamente. Não irei elaborar.

Quando fizerem uma versão live-action desse segmento, com certeza vão dar um jeito de botar ela como a rainha dos centauros ou qualquer coisa do tipo. Eu tenho mais medo de pensar em um live action baseado em outros curtas, como All the Cats Join In.


Falando nisso…


All the Cats Join In


Parando pra pensar, uma adaptação live action disso não faria mal (caso feito nos anos 90). É um curta sem história que só pretende ser divertido por… 3, 4 minutos? Sua duração é bem mais curta que outros curtas memoráveis do estúdio, e hoje em dia é mais lembrado por apagar os seios da menina em duas tomadas em que ela troca de roupa e se arruma, mas só em relançamentos.

O que é irônico, porque tem uma gag visual que um menino só aceita dançar com uma menina depois que o animador apaga parte da bunda dela, implicando que ela é gorda…? Eu acho?

Com certeza algum animador quis fazer uma piada envolvendo bongôs mas todos concordaram que não seria apropriado.

Porque jazz não usa bongôs.



Eu pessoalmente gosto muito desse curta porcausa da estética e setup, que me lembra muito os quadrinhos da Archie, mas Deus sabe como já sofremos com todas as adaptações live-action da turma do garoto ruivo average.

Mas por ser absurdamente esquecível e por ter sido produzido on a budget pra um filme-pacote, nenhum dos adolescentes groovy entrou pra comemoração dos 100 anos (embora se me perguntasse, poderiam ter feito alguma ponta em algum momento).


Mas, de Make Mine Music usaram Johnny Fedora e Alice Bluebonnet, que é infinitamente superior e um dos meus favoritos pessoais.
E ainda é um crime não ter Make Mine Music no Disney+, alguém devia ser demitido por causa disso.

Ainda assim, teria espaço pra uma menção curta e rápida pra esses curtas mais desconhecidos, mas que tem lá sua relevância maior na História do estúdio.


The Nightmare Before Christmas


Tecnicamente um filme da Touchstone, mas que recentemente teve merch e relançamentos sob o branding Disney, provavelmente pra chamar mais atenção de potenciais compradores. O que é meio desnecessário, mas hey, it’s show business, it’s in the name.

Embora tenha aparecido junto de outras propriedades prestigiosas em Kingdom Hearts (ainda pegando a licença da Touchstone nos créditos, no entanto), Jack Skellington não apareceu junto de seus colegas e foi pro seu segundo emprego na Hot Topic, tendo que assistir o curta no meio do expediente, ignorando os chamados de uma cliente de 13 anos com piercing no nariz para suspirar.

Eu tenho pra mim que deixaram ele de lado por ser stop motion, e os bonecos originais já estão deteriorados (ou servem de enfeite na casa de ouro maciço do Danny Elfman), e não compensaria fazer bonecos novos só pra esse curta.

Pelo menos lançar livros, quadrinhos, e jogos que continuam a história do filme é mais barato.


Song of the South


Nos anos 80, o Irmão Coelho (que no Brasil se chamava Quincas por um motivo que eu não consigo entender pela luz de Paulo Maffia) e os outros animais Irmãos eram sensação da Disney. Mesmo bem após as controvérsias raciais do filme terem sido reativadas, eles eram personagens populares que ambientavam a Splash Mountain, e até apareceram no jogo Disneyland Adventures pra Kinect, o que prova que a Disney poderia tentar desligar a imagem deles do filme (supostamente) racista e fazer alguma outra coisa com eles.

Os contos do Tio Remus são fábulas americanas interessantes e com tom nostálgico, e era o tipo de coisa que Walt genuinamente apreciava, como dá pra ver pelos filmes que ele fazia. Raios, faltou só uma catchphrase de Maxwell Smart pra ele fazer uma adaptação animada do primeiro grande conto de fadas americano, O Mágico de Oz!

Eu ainda tenho delírios sobre um Mundo de Oz em Kingdom Hearts, mas é assunto pra outro dia.

Agora, a Splash Mountain é uma atração temática de A Princesa e o Sapo, que pelo menos é um filme mais divertido que Canção do Sul, mas que não tem a mesma importância técnica das aventuras do Tio Remus interagindo com animações como se fosse uma quarta-feira qualquer.

Mas é um excelente lembrete do filme que matou a animação 2D mainstream no cinema.

E mesmo assim, John Lasseter não fez nada de errado.



Who Framed Roger Rabbit?


Humanos live action interagindo com animações não era nada novo na época de Song of the South, no entanto. Era um trope bastante comum nos anos 30, e o próprio Walt começou a carreira fazendo Alice’s Comedies, que envolviam uma garota real num mundo de desenho animado.

Porém, Tio Remus caminhou pra que Eddie Valiant pudesse voar.
Não literalmente, esse Valiant a gente vê já.


Uma Cilada para Roger Rabbit é outro filme lançado pela Touchstone que recebeu o branding Disney de uns tempos pra cá, só não apareceu em Kingdom Hearts ainda.
ToonTown não conta como referência, não insista.

Porém, o filme foi um marco não só no aspecto técnico, mas também cultural, ao reunir personagens icônicos da Disney, Warner, MGM, e até a primeira grande rival do Rato, a Fleischer, com todo o respeito que esses personagens merecem.
E não só isso, continua um filme fabuloso, com uma narrativa impecável e engajante. A cena onde vemos Eddie em seu escritório é uma verdadeira aula de “show, don’t tell”, que faz tanta falta no cinema atual.

Não consigo entender porque raios não usaram NENHUM personagem de Roger Rabbit, ou nem uma referência visual como gag de fundo. E pior, tinha um momento IDEAL pra usar Benny, o Táxi: sendo dirigido por Venellope.


Ei, se eles podem usar um personagens ABSURDAMENTE obscuro que é o Lost Boy de Robin Williams de Back to Neverland, eles podem ter um espacinho pra um filme tão icônico e memorável quanto Who Framed Roger Rabbit.

E nem vem dizer que é um filme híbrido e por isso não conta, tem um pinguim de Mary Poppins nesse curta.



Selvagem e Valiant


Esse item é basicamente uma piada, porque é óbvio que nenhum desses dois filmes seria lembrado pros 100 anos do Estúdio. Mas raios, meu trabalho é lembrar a você que eles existem.

Em ambos os casos, a Disney só distribuiu, e não produziu. O que é algo impensável hoje em dia, mas outrora era bem mais comum. Provavelmente eles viram que o lance de absorver a Pixar deu certo, e procuravam a próxima Pixar, talvez nas zoropa, como é ocaso desses dois longas.

Infelizmente, ambos os filmes são ruins. Digo, ok, Selvagem tem a vantagem de ser (debativelmente) um knock-off de Madagascar e ter uma ou outra gag que te faz soltar um arzinho pelo nariz. Also, a sequência inicial é muito daora.

Valiant… eu tinha o DVD disso. Copiado de outro DVD, mas tinha. Assisti uma vez quando criança, e nunca mais. Achei chato, monótono, e visualmente desagradável, e provavelmente foi o primeiro filme que eu assisti que, quando cheguei ao final, eu tive uma sensação de vazio tão imensa que concluí que perdi duas horas da minha vida.


James e o Pêssego Gigante


Financiado pela Disney e produzido novamente pela mesma equipe criativa de Nightmare Before Christmas (o que provavelmente implica que Henry Selick de fato dirigiu o filme enquanto o Tim Burton aparecia vez ou outra pra balbuciar qualquer coisa incompreensível e voltar pra sua mansão escura no topo da colina), esse é mais um filme que poderia ter alguma referência que fosse, nem que seja uma gag visual.

Um pêssego real na cafeteria serviria. Seria mais simples do que animar bonecos que teriam que ser recriados. Mas, de novo, não é o core Disney.
O que só me fez perceber que a casa do Rato não tem uma animação stop motion. Huh. Curioso.

Eu não cresci com esse filme e tudo que eu sei é que 1)meu primo adorava e tinha o VHS; 2)o Nostalgia Critic resenhou isso. Então não tenho piadas ou comentários inteligentes o suficiente pra fazer aqui.

Oh, não, espera, eu tenho um. Caham.


Pelo menos não tem o Milo de Marte Precisa de Mães aqui.

Uh... ouviram falar que um maluco achou a trilha de áudio original dada por perdida em um completo acidente? É uma história bacana, ao contrário do filme que é uma desgraça completa e não tem nada de interessante além de ter matado o estúdio do Zemeckis e o remake de Yellow Submarine.

Ei, é quase relacionado. Também foi feito por um estúdio que eles acreditavam ser a próxima Pixar, e já que eu mencionei por nome…



Todos da Pixar




É bem óbvio, eu diria. É o aniversário dos estúdios animados de Walt Disney, que começou como Disney Brothers Cartoon Studios, ou ESTÚDIO DE ANIMAÇÃO DOIS IRMÃOS, como eu gosto de chamar.

A Pixar é totalmente alheia a isso e eu só coloquei aqui porque com certeza alguém vai notar ou reclamar disso.
Agora não me encham o saco.



Encantada


Inaceitável. Ultraje. Uma afronta, eu digo! Encantada é um filme que tira sarro dos tropes clássicos Disney, e foi o primeiro filme do estúdio a fazer isso antes que fosse moda, e estamos colhendo os maus frutos disso até hoje.
Eu ainda tenho um pequeno rebuliço com aquela piada de Moana. Cê sabe qual.

Mas mesmo assim, Encantada é um filme divertido e que tira sarro dos tropes Disney da maneira certa, construindo uma versão exagerada da percepção de Princesa Disney™ que provavelmente é muito mais próxima da Aurora do que de qualquer uma das outras.

Aurora segue sendo a pior princesa, fight me.


Com certeza daria pra ter usado o Príncipe Ciclops e a Rainha Elsa, exceto que essa piada não funciona porque temos a de facto rainha Elsa no curta.

Sei lá, faz uma piada visual do Edward do lado da Elsa. Eles nem precisam interagir, só deixa eles lá um do lado do outro que eu me dou por satisfeito. É tipo a piada dos Feebles na série da Electric Mayhem, não precisa elaborar, quem sabe, sabe.


Mas o curta tem uma PANCADA de personagens desconhecidos que apareceram só em um curta e nunca mais, então eu vou abrir espaço no Curta o Vintage pra alguns desses curtas. Se quiser saber quando esses artigos vão aparecer, se inscreve lá e receba direto no e-mail ou no   Substack assim que sair.


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