Diário de Aventuras da Ariel: A Maldição das Bruxas do Mar
O conceito de Universo Expandido não é nada novo, Star Wars tem feito isso durante anos pra se manter vivo no imaginário coletivo através de livros, jogos, quadrinhos e até alguns filmes e séries. É um conceito interessante por expandir a história dos filmes familiares sem mudar muito o que acontece. Pelo contrário, às vezes até enriquece.
Ou só deixa tudo ainda mais confuso e ablublublé sem motivo. Eu ainda não fui atrás unicamente porque o plot dos clones do Palpatine soa legal mas errado ao mesmo tempo.
Curiosamente (ou não tão curiosamente), a Disney foi uma das empresas que criou e mais utilizou desse conceito, como eu já escrevi algumas vezes aqui. Essa tradição continuou e se amoldou à medida que os tempos exigiam, com séries animadas e filmes direct to video que nos fazem tremer até hoje.
Hoje, a Casa do Rato vem tentando pegar o mercado de graphic novels, com histórias fechadas e mais elaboradas, tentando atrair um público que não tem o costume de ler quadrinhos sazonais (malditos zoomers), mas não tem paciência pra ler um livro em prosa.
Que, pelo que andei lendo, não é lá grandes coisa também não.
Exceto os Twisted Tales, esses são genuinamente bons.
Já trouxe pra vocês os quadrinhos de Frozen, e agora trago uma da Pequena Sereia, porque tava de promoção na Amazon e eu gosto da Ariel mais do que vocês.
O material extra baseado nos longas da Casa tem lá seus méritos, embora por vezes caiam nos mesmos clichês rasos que sempre me dão uma agonia, como… sei lá, referenciar diretamente elementos do filme sem rima ou razão. Eu quero ver esses mesmos personagens em momentos diferentes, e eu vou sentir que são os mesmos personagens pelas atitudes que eles tomarem de acordo com os novos desafios que a história me dá, eu não preciso ser lembrado constantemente que Let it Go existe, pelo amor do Howard!
A Maldição das Bruxas do Mar, felizmente, não segue esse padrão. O nome completo inclui “Diário de Aventuras de Ariel”, o que implica que eles pretendam fazer uma série, caso esse livro dê certo.
Eu torço que dê, porque o conceito é legal, mas ao mesmo tempo não sei se o livro em si mereça tanta atenção, mesmo de fãs mais hardcore da Casa do Rato.
O livro conta sobre Ariel e Eric, viajando e agora casados, mas nenhum sinal de Melody à vista, até porque esta é uma viagem de trabalho. Agora como príncipe e princesa da Dinamarca, eles tem que supervisionar a construção de um porto marítimo na Groenlândia, o país que apesar do nome, não tem nenhum palmeirense. Apesar de ser bom economicamente, Ariel se preocupa com a mudança que o porto causa na vida marítima local.
Ah sim, agora que deixou de ser sereia, a bonita se preocupa com seus iguais.
Como ainda não inventaram a televisão, Ariel não pode matar o tempo assistindo Chaves; Eric, por outro lado, está ocupado demais pra fabricar a Melody. Então nossa heróina entediada começa a zanzar pelo lugar e descobre sobre as sereias nativas, e a história de sua rainha, que assim como nossa princesa de cabelos cor de fogo, também se apaixonou por um ser humano.
Mas aqui, a história da rainha cujo nome eu não me lembro tem um final trágico, onde ela destrói a vila do humano que ela se apaixonara, após ele a abandonar e decidir casar-se com uma humana.
É curioso como isso reflete o conto original, aliás, e nos faz pensar no que teria acontecido se a Pequena Sereia original não aceitasse tão fácil ter sido descartada após todo o sofrimento e sacrifício que ela fez.
É um paralelo interessante que não cai no clichê que eu mencionei lá em cima, já que não é marretado como uma gimmick, mas é mencionado quase que casualmente, como um motivacional pra Ariel ir atrás da rainha e tentar resolver a situação.
Não só o passado da rainha, mas porque as sereias e os humanos começaram a tretar porcausa da construção do porto.
Agora só precisamos de animais fofinhos fazendo rotinas de Tom e Jerry, uma árvore falante e Christian Bale pra começarmos a cantar Savages!
O ritmo da aventura é um pouco irregular, mas não chega a ser esquizofrênico. Embora seja bastante… estranho. A história é intercalada por trechos do próprio diário da Ariel, onde ela relata o que aconteceu naquele dia e dando um pouco da visão pessoal dela, que é um elemento único e interessante. Tem umas ilustrações a lápis acompanhando, feitos pela própria Ariel, e é feito de uma maneira cuidadosa pra não se misturar artisticamente com o traço normal do quadrinho.
Mas alguns intervalos são grandes demais, e outros pequenos demais, é meio esquisito. Me parece que a idéia era que as páginas do diário servissem como divisa capitular, já que a graphic não tem essa divisão. Sei lá, é estranho.
Porém, embora a história apresente algumas questões mais complexas que são alheias à história do filme, elas nunca são exploradas de maneira muito aprofundada. Quando Ariel mencionou a vida marinha local eu soltei um grunhido, imaginando que já a história toda iria ser Ferngully Underwater, mas felizmente não é.
Ariel tenta dialogar com as sereias e com os humanos, e os humanos apresentam motivos sólidos pra continuar a construção do porto: é o progresso tecnológico e comercial, estão gerando empregos, tem locais que dependem desse serviço, as estruturas estão construídas, etc.
E é interessante que ela mesma se coloca como um intermediário entre os humanos e as sereias, por motivos óbvios. Pelo menos ela não age feito um SJW que age como se falasse por grupos oprimidos sem perguntar pros grupos oprimidos se eles realmente são oprimidos.
Mas a narrativa visual é desinteressante, embora o traço seja fantástico. As cores são vivas e o design dos personagens é fiel, mas ainda tem um estilo característico original. Porém, os ângulos de visão sofrem de uma falta de inspiração e dinamismo, especialmente em momentos onde a história poderia se beneficiar disso.
Por exemplo, tem um momento que Ariel ouve que Eric é raptado pelo mar, e ao invés de termos uma cena com energia, em ângulo, que dê a ilusão/impressão de velocidade e urgência (como aconteceria em um quadrinho do Pato Donald, por exemplo), a cena parece uma punchline em uma tirinha de Peanuts.
E nesse caso, talvez nem seja culpa dos artistas envolvidos, mas sim da Disney como licenciadora, que impõe uma pancada de restrições e ajustes pra encaixar no branding.
Se eles já fazem isso com Muppets, que dirá com uma IP tão valiosa como Pequena Sereia. Nesse caso, quem sai ganhando são os quadrinhos dos Patos, que geralmente caem em boas mãos e não tem tantas amarras da licenciadora (embora isso possa estar mudando).
Outro aspecto gráfico que incomoda bastante é a forma que o desenho é impresso. Assim como Donald Jovem, o desenho foi feito no computador, e portanto, pode ter mais detalhes visuais e um refino maior deles, com técnicas de zoom do próprio software e o raio a quatro.
Mas como ele foi feito num formato similar a livros comuns (provavelmente pro preço não ser tão alto, já custando em média 40 a 50 reais), mas o ideal seria um formato maior. Talvez não um formatão igual o especial de Férias que fizeram uns anos atrás, que é tão grande que eu não tenho como guardar junto das outras coleções.
Ainda assim, é uma história interessante pra leitores bem jovens. É divertido e fácil de acompanhar, além de apresentar os personagens reconhecíveis em situações novas, sem apelar pra “LEMBRA DISSO DO FILME? LEMBRA???”.
Poderia ter sido bem melhor, mas também poderia ser bem pior. Tem até um pouco de ação que acontece sem um narrador descrevendo tudo que acontece, ou balões de pensamento da personagem no meio da ação, uma filosofia que eu sempre achei meio idiota mesmo quando pirralho.
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E agora, por motivo nenhum, fotos das piores estatuetas que eu já vi da Ariel. São as coisas mais horrendas e escabrosas que eu já vi na minha vida, e ainda assim, por algum motivo, eu amo todas elas.
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