Uma Dobra no Tempo


SIM, MEUS AMIGOS! O filme Uma Dobra no Tempo estréia só dia 29 de Março no Brasil, mas ser um reconhecido blogueiro de entretenimento tem seu lado bom! 

Sim senhor, finalmente fui recompensado pelo meu trabalho duro em te trazer informação, opinião e comédia sobre filmes, quadrinhos e pôneis colecionáveis, e ganhei uma sessão exclusiva do novo filme de fantasia da Disney! 




...ppfffff HHHAHAHHAHAHHAHEAHHAHEHAHEAHA 

CLARO QUE NÃO NÉ. Meu modus operandi consiste em: se for pra elogiar, eu elogio mesmo, mas se for pra esculhambar, prepara o merthiolate porque eu vou apontar e provar os problemas um por um. Nenhum estúdio quer correr esse risco. 
Fora que o único motivo da minha resenha de Bosta e a Besta não ter motivado hordas de fãs acenderem suas tochas e foices virtuais e encherem meu saco com xingamentos dignos de um pré-adolescente fã da Anitta, é porque meu blog tem um alcance pequeno. 

Muito dificilmente um estúdio me daria um ingresso pra filme. Única vez que isso aconteceu, foi num sorteio pra ver A Lenda de Oz (e olha que eu já tinha visto em 3D antes). 

Maaaaaas, vamo lá. Uma Dobra no Tempo vai estrear e vai forçar milhares de pré-adolescentes a lerem o livro antes que o filme estreie aqui pra poderem ir e reclamar de todas as mudanças feitas. 
Mas não eu! Porque eu sou uma praga que perdeu o saco pra ler novos livros depois de Road to Oz.  Agora eu só ouço audiolivros em domínio público porque eu sou pobre. 

Ao invés disso, eu vi a outra adaptação do filme, que curiosamente, também foi a Disney que fez. 

Então, segurem nas mãos uns dos outros, e vamos fazer essa jornada. 



A história conta sobre Meg, uma guria normal de 14 anos, mas que ficou abalada depois que seu pai, um brilhante cientista, sumiu sem deixar pistas nem explicações. O irmão menor de Meg, CARLOS VEGETAL, é um moleque aparentemente autista: é inteligente, mas só fala na presença da família e tem hábitos incomuns, como ler o dicionário e memorizar coisas random e incrivelmente específicas. 

E ele também é um telepata, ou seja, ele pode ler mentes (o que é mais legal que o nome implica; imagina que daora tu ter um pato que funciona como comunicador. Aposto que seria usado por um agente caipira do CONTROLE). 


Meg e seu irmão vivem se metendo em problemas na escola (como se ir pra escola já não fosse problema suficiente), mas eles conseguem apoiar um ao outro. Mas CARLOS VEGETAL (e sim, eu vou usar esse apelido toda vez que citar o nome dele; fazem a mesma coisa no filme e é tão irritante quanto aqui) ouve uma voz na sua cabeça por vários dias, e isso culmina na visita de um corvo que vira uma mulher, que aparentemente sabe onde o pai dos moleques tá. Eles se juntam a ela, mais duas outras senhoras, e ao... mais ou menos crush de Meg, e partem numa jornada entre os mundos... Ou tempos... 

...planetas... 


Onde eles acabam salvando um planeta do que pode ou não ser o Palhaço Krusty de Stephen King, que escravizou os habitantes pra que todos sejam forçadamente iguais em absolutamente todos os aspectos, da roupa que usam até a batida de bola de basquete.

Em resumo pra você que provavelmente se perdeu: uma guria e seu irmão autista/telepata se juntam ao moleque do colégio e três senhoras que um dia foram estrelas pra salvarem seu pai e um planeta do domínio de comunistas espaciais. 

...EU JURO QUE ESSE É O PLOT. É SÉRIO, EU NÃO CONSEGUIRIA FAZER UMA HISTÓRIA TÃO VIAJADA NEM SE MINHA VIDA DEPENDESSE DISSO. 

E sim, há uma teoria que propõe que todo o universo de Stephen King foi baseado nos livros da série. Mas isso eu deixo pra vocês verem aqui. 

Depois de terminarem esse artigo. 

Aliás, só vou botar o link no final do artigo, assim terei certeza de que leram tudo. A menos que vocês sejam trapaceiros fedorentos, sujos, imundos, e bebedores de abacatada. 

Eu realmente não consigo explicar
essa imagem.
A princípio, a história parece ser uma bagunça, mas os eventos e conceitos do filme são bem narrados. Os conceitos de física fantasiosa (sei lá como definir isso) não são tão complicados da forma que explicam, deixando no ar o suficiente pra que a parte de fantasia tenha alguma graça. Os personagens são bem estabelecidos e temos conflitos identificáveis. 

CARLOS VEGETAL é o moleque estranho, mas que tem um genuíno grande potencial. Provavelmente acaba isolado por ter tal potencial e não saber controlar. Meg é incrivelmente mediana, sem ser necessariamente especial em nada. Ao contrário do que um shonen faria, ela realmente continua sua trajetória sem ter muita coisa em especial: ela não lê mentes, não solta raio pelas orelhas, não consegue botar juízo na cabeça de fanboys abilolados, etc. O único poder que ela vai ter é o de viajar pelo buraco de minhoca, e ela realmente não vai ter até o final do último ato. 

O moleque popular (e isso eu tou pressupondo, não vemos muito claramente que ele é popular, ao invés disso temos Meg pra nos dizer) também é relativamente ok, nada de especial. 


Mas o intuito da história é mostrar que cada um de nós somos especiais de alguma forma, ou temos talento/habilidade pra algo mesmo que seja simples. Quando perguntamos "ok eu posso pagar minhas contas tendo um amor baleial pelo meu irmão caçula?" então o filme diz "ih rapaz olha os créditos subindo" e somos deixados sem respostas. Provavelmente quer que encontremos nós mesmos, sei lá. 


O que é chato é que mesmo com personagens tão interessantes, a atuação seja tão fraca. Não, nem tou falando do moleque. Por incrível que pareça, o moleque atua INCRIVELMENTE bem. Ele consegue transmitir tanto a aura de inocência que eu imagino que algumas crianças do espectro autista tenham. Não sou especialista, mas eu tenho quase certeza que CARLOS VEGETAL se encaixa no espectro ou ao menos foi escrito pensando nesse arquétipo. 

Sei lá se dá pra chamar de arquétipo, eu devia tar deitado faz quase 3 horas, mas fui mordido pelo bichinho da inspiração. 

Segundo informações passadas pelo Prof. Carvalho, o correto seria "esteriótipo". Então tá aí.


O negócio é: o guri já tinha atuado em filmes sérios e filmes de terror como O Chamado, e posteriormente a Wrinkle, O Chamado 2 e Massacre da Serra Elétrica. Ele tem talento que a maioria dos atores-mirins não tem, e esse filme é uma prova disso. Ele consegue ser inocente, tímido, empolgado, maquiavélico (no último ato) e até um pouco arrogante sem querer, quando menciona fatos relativamente complexos sem muita dificuldade ou como se fosse algo cotidiano pra ele. Ele simplesmente é um moleque inteligente, e esse ar de arrogância nunca vai até o topo, fica na medida exata que alguém inteligente diria, sem destoar do fato de que na idade dele eu tava mais interessado em assistir Muppets na Ilha do Tesouro pela trigésima vez. 

Agora, sua irmã mais velha... Rapaz, ela tentou. 


A personagem não é exatamente complexa. Ela é uma estudante de ensino médio mediana, sem nada de especial. Provavelmente essas foram as únicas instruções do diretor, porque quase nada sobre a guria salta aos olhos. 

A atuação varia do "fraca" a "passável", mas em momentos de tensão, como quando CARLOS VEGETAL é seduzido pelo lado negro da Força, é que vemos que ela realmente não tem experiência. Ou o diretor só disse "gritem as falas dessa lista repetidamente à exaustão", e foi jogar Pica-Pau Racing no Game Boy Color. 

Ao menos a atriz parece não ter tido falta de trabalho, já que seu IMDB tem uma quantidade considerável de papéis. Aliás, um ano depois ela fez a Lince Negra em X-Men 2. 

Sim, no IMDB X-Men 2 vem antes de Wrinkle, mas o filme foi rodado em 2002 como uma mini-série, daí foi reeditado pra filme em 2003, e só em 2004 que foi exibido na ABC. 


E no fim? Vale a pena? 

Ehh... Depende do que tu procura. 


Se tu procura uma história interessante, com personagens fortes e idenfiticáveis, que provavelmente te façam lembrar da sensação de maravilhamento/divertimento de ser uma criança... Eh. 

Digo, a história é uma daquelas que tu meio que precisa pensar como uma criança pra poder sentir. Ao menos foi o que eu ouvi por aí. Mas a execução dos personagens não é láááá essas coisa toda. Não sei se é culpa do diretor, dos atores, do roteiro, ou mesmo da história original, já que eu nunca li o livro. A história em si é interessante, com pontos criativos tanto em narrativa quanto em visual. 


Aliás, se o que tu busca é visual com uma história interessante, esse é um bom filme. As CG's são RIDICULAMENTE datadas, e a fotografia em certos momentos lembra Power Rangers Força Mística, ou Hércules/Xena. Provavelmente porcausa da floresta, sei lá. Mas ainda assim, os conceitos visuais e o design de som são criativos o suficiente pra valer a pena uma olhada. 


É um filme agradável de se passar o tempo, provavelmente não é tão bom quanto o livro, já que a autora disse que "dei uma olhada; achei que fosse ruim, e é ruim". 

Se bem que P.L. Travers disse coisa pior sobre Mary Poppins, mas Travers era praticamente o pináculo da amarguidão, se é que essa palavra existe. 


É um filme pra TV de baixo orçamento, mas que vale a pela pelos visuais e história criativas. Se não se incomodar com atuações mirins passáveis, é um bom filme pra assistir quanto tiver de bobeira. Provavelmente não veria de novo tão cedo, mas é o que tem pra hoje.

Ah sim, o link do vídeo sobre a teoria lá, pra aqueles que leram toda a resenha. Pros que pularam direto pra cá, EU OS DESPREZO E TORÇO QUE SEU TODDYNHO VENHA SEM CANUDO.