Gatos Não Sabem Dançar
Cantando na Chuva é um musical sobre o início da época do cinema falado, onde vemos um grupo de personagens tentando modificar um filme pra que ele se adeque à nova técnica. Gene Kelly é uma das estrelas e mostra seu talento como cantor, ator e dançarino, e tá no meu top 5 de filmes favoritos.
Um dia alguém pensou em fazer algo parecido pra crianças, e assim surgiu Gatos Não Sabem Dançar.
A história conta sobre o exageradamente inocente Danny, um gato vindo do interior que tenta a sorte grande em Hollywood. Mas ele se depara com uma segregação entre os animais atores, e encontra um grupo que, já desanimado, só faz papéis pequenos e insignificantes. Mas Danny não desiste de tentar realizar seu sonho, e faz com que os animais se lembrem porque vieram a Hollywood, e mais uma vez, tentam ser estrelas, mesmo que a estrela mirim Darla Dimple tente impedí-los.
Eu tinha esse filme gravado de alguma das trocentas exibições do SBT, e graças à maravilhosa tecnologia que é essa Internet, eu achei o filme com áudio dublado pra baixar. Na real, eu tava procurando por outro, achei esse e muitos outros, mas uma vez de cada coisa.
O plot é ridiculamente simples e fácil de uma criança entender. Ao mesmo tempo, o filme joga algumas referências que adultos que tenham um certo conhecimento sobre cinema e showbiz vão pegar. Mas talvez não seja o suficiente pra os manter interessados, já que essas referências servem mais pra construir o mundo e o plot.
Mas as referências nem sempre são algo direto. Quando se trata de construir o mundo, elas são mais paródias, que criam uma identificação imediata com o público, mas que continuam originais o suficiente pra serem interessantes e até cômicas.
Mas as referências nem sempre são algo direto. Quando se trata de construir o mundo, elas são mais paródias, que criam uma identificação imediata com o público, mas que continuam originais o suficiente pra serem interessantes e até cômicas.
Mas ao menos elas conseguem andar sozinhas. Darla foi claramente inspirada por Shirley Temple, mas com uma personalidade cartunescamente egocêntrica e psicótica. O filme nunca especifica, mas eu tenho uma teoria de que na real ela é uma adulta com uma doença genética, tipo a Baby Doll do Batman TAS.
E se há uma palavra pra definir esse filme é "exagerado". Mas num bom sentido.
A animação é altamente energética e divertida de se ver. O estilo e época dos anos 50 acha um meio-termo bacana entre o clássico e o moderno (pros padrões de 1997), tanto na animação quanto no roteiro. É uma obra que respeita o showbiz clássico, mais ou menos como os Muppets. As coreografias são remanescentes das coreografias da época (com consultoria do próprio Gene Kelly), mas com a liberdade de uma animação; a própria movimentação dos personagens é muito carregada de personalidade, ao mesmo tempo que sabem quando ser mais realistas.
E ao mesmo tempo que o filme tenta ser grandioso em visuais, e energético nos movimentos, ele sabe quando deve se acalmar, tirar a música, e deixar os personagens falar de seus sentimentos e de suas histórias. Ele tem um ritmo decente que te deixa respirar quando necessário.
E embora tudo na superfície pareça bom, quando cê cava um pouco mais as coisas começam a parecer... "ok".
Não... ruim. Mas... "ok".
Danny é um personagem irritantemente inocente, e muitas vezes o discurso sonhador dele não faz sentido. Mas não é algo que vá incomodar demais, porque o personagem consegue ter um carisma estranho, considerando isso. Os outros personagens não são muito bem desenvolvidos, mas são suficientemente memoráveis: o bode razinza, a peixe madame, a tartaruga neurótica, a hipopótama excessivamente adorável, e o elefante mascote que toca piano.
E a Sawyer que é a personagem gata mais gata que eu já vi desde a Kat em Power Rangers SPD.
...vocês me entenderam.
A única reclamação é a mesma que eu tenho desde pirralho: a dublagem. Não que ela esteja ruim, embora a voz da Velma pra Sawyer tenha ficado um pouquinho fora de lugar, mas às vezes não dá pra entender o que os personagens falam. São poucos momentos, sim, mas incomoda especialmente na música triste de Sawyer. Eu não sei se ela não foi bem adaptada ou se a cantora realmente não conseguiu cantar direito, mas eu pessoalmente sempre achei confuso.
Eu só fui entender melhor quando vi a versão original, onde aí sim, as vozes combinarm muito mais, mas ainda assim na música final tem um problema de mixagem, onde os instrumentos tavam mais altos que as vozes. E a versão brasileira ficou melhor, as palavras ficaram mais ritmadas, mais variadas que no original. Isso é até raro de acontecer.
Mas isso é cata-piolhagem minha, e na real, não estraga o filme. Só deixa ele um pouco datado, mas dá pra assistir.
Eu via quando criança, muito, e amava esse filme. Provavelmente foi o que me fez assistir Cantando na Chuva, aliás. O filme te dá uma certa bagagem de referências desse tipo de filme, então eu não me senti perdido quando assisti. Cantando na Chuva foi o que me levou a Mary Poppins, que por sua vez me levou a Noviça Rebelde.
Então, sim, é um feito louvável apresentar esses conceitos clássicos a crianças de uma forma que elas consigam entender e gostar. É um filme que, embora seja extremamente bobinho, tem morais boas, simples pra uma criança entender, bem como momentos divertidos e energéticos sem aliená-las, contrapesando com momentos quietos e emocionais.
"Contrapesando" essa palavra existe né?
"Contrapesando" essa palavra existe né?
Como criança, eu amava. Hoje, mais maduro, a criança dentro de mim ainda gosta, e talvez uma vez por ano valha a pena assistir de novo. Os designs são lindos, as músicas são boas, as referências são passadas às crianças de uma forma que elas consigam entender. Se tem criança pequena, eu recomendo que assista com ela, provavelmente vai achar algo que satisfaça você também.
1 comments
ESSE FILME É UMA DAS MINHAS MELHORES LEMBRANÇAS DAS MANHAS DE SABADO NO SBT.
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