Tio Walt - Parte 7: O Show Não Pode Parar
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Voltando aos trilhos originais, o próximo longa de Walt seria um mais leve de se fazer. Ao invés de se prender a uma história conhecida, um livro, seria uma história própria deles, onde eles poderiam fazer basicamente o que queriam com os personagens e com a narrativa.
E assim o estúdio nos brindou com o fofíssimo A Dama e o Vagabundo.
Joe Grant, um dos animadores de Walt, fez alguns rascunhos de sua cadelinha, Lady. Sua filha acabara de nascer, o que moveu toda a atenção de Joe e sua esposa pra criança, o que resultou em algumas reações da cachorrinha. Walt gostou do desenho, e sugeriu que fizesse um stoyboard. Joe fez, mas Walt odiou o resultado. Lady era sim, uma personagem adorável, mas Walter sabia que fofura não fazia uma história.
Os live actions de Alvin e os Esquilos que o digam.
Assim, o projeto ficou engavetado por algum tempo, quando numa bela manhã de sol, Válter estava lendo uns contos no jornal, quando uma história de Ward Greene, sobre um cachorro cínico (ou assoviante, sei lá. Eu achei dois títulos, Happy Dan, the Cynical Dog e Happy Dan, the Whistling Dog) chamou sua atenção. Ele imediatamente comprou os direitos da história, e pediu que Ward jusntasse Dan com a personagem Lady. Valt sabia que unindo dois personagens tão diferentes, seria mais fácil de criar uma história.
Só 50 anos depois, na edição de Platina do filme, que Joe Grant recebeu o crédito que lhe era merecido.
Depois que sua esposa faleceu, ele voltou pra Disney e ainda trabalhou em projetos como Pocahontas e O Rei Leão.
Explicado esse pedacinho fascinante de História, vamos à história em si.
Um cara dá de presente pra sua esposa uma linda cachorrinha numa caixa de chapéu. Ignorando que hoje isso daria no mínimo um processinho daquela organização com nome de biscoito de polvilho, a moça morre de amores pela cadelinha, e a vida do casal é completa só com ela.
Até que a mulher engravida e toda a atenção do casal migra pra criança, e Lady tenta entender o que tá acontecendo.
Mas o casal tem que viajar e deixa a casa aos cuidados de uma tia deles, que tem dois demônios disfarçados de gatos. Aliás, eu tenho motivos pra acreditar que a tia deles é o próprio capeta, mas eu chego lá.
Coisas acontecem, e Lady acaba indo parar na rua, sendo salva e acolhida por um cachorro de rua, conhecido como Vagabundo. Que provavelmente é um dos nome mais sem criatividade pra um personagem que é tecnicamente um mendigo, mas o próprio Valdisnei botou o nome, então... É.
Blábláblá. Espaguete, esteriótipos italianos, romance, lucros.
Agora, eu acho incrível como os caras do estúdio tem essa habilidade de pegar histórias simples e transformar em algo memorável. Isso tem todo o jeito daqueles filmes feitos só pra agradar aquele nicho específico de gente que vai ver filme só pra ver animaizinhos fofinhos fazendo coisas fofinhas; mas ao invés disso nos dá uma história genuinamente divertida por vários fatores.
Claro que a fofura é parte primordial disso, mas não é a única.
Os personagens em si são muito memoráveis, embora bastante simples. Lady é uma dama, mas ao mesmo tempo ela não é mimada demais, ou esnobe. Ela é delicada, gentil, mas também sabe quando precisa ser agressiva (porque instinto canino). Os vizinhos dela, um cão desmemoriado e um cão irlandês, também são memoráveis e divertidos, bem como ajudam a história a andar. E Vagabundo é o típico malandro de rua de bom coração.
Todo o filme é narrado e mostrado do ponto de vista dos cachorros, o que não me parece muito original, mas dá espaço pra coisas interessantes. Por exemplo, o nome do casal é Jim "Querido" e "Querida", porque a Lady só ouve eles se chamarem assim. E os cenários parecem maiores, mais espaçosos, como se fosse de fato a visão de uma criatura pequena.
Aliás, que cenários! Pegaram muito das artes conceituais de Mary Blair, e é um resultado incrível. É belo, detalhado, e eficaz ao mesmo tempo, não te distrai dos personagens.
Aliás, é interessante falar do enquadramento. Essa foi a primeira animação Disney (não sei se a primeira geral, eu creio que seja) feita em widescreen. Alguns cenários tiveram que ser expandidos depois de completados, e mesmo assim, nota-se como a ação normalmente ocorre dentro de um pequeno pedaço da tela, o que seria originalmente o 4:3. Alguns cinemas ainda não tinham essa tecnologia, então eles não eram prejudicados.
A animação também é sensacional. Se você tem um cachorro, vai se identificar com várias situações, desde o serzinho querer dormir dentro de casa até as brincadeiras típicas de cachorro, como ficar pulando pra chamar atenção do dono ou correr atrás de alguma coisa que se mova. E é tudo feito com uma naturalidade incrível, ao mesmo tempo em que eles mantém os traços humanos necessários.
E pra variar, os gatos siameses podem ou não ser um retrato racista de asiáticos. Digo, eles dizem ser siameses, fisicamente eles lembram asiáticos, e a música deles é tipicamente oriental, da melodia aos instrumentos.
Eu pessoalmente não me importo, mas poderia muito bem esganar os gatos e a tia do casal e fritá-los vivos. Eu juro, eles sequer são vilões, mas são personagens TÃO detestáveis e que criam situações TÃO injustas com Lady e o Vagabundo, que eu não consigo sentir pena alguma desses personagens.
"Ain nossa que crueldade" Crueldade é uma pitomba, não são seres reais: são personagens feitos pra transmitirem uma idéia ou sentimentos; se eu posso me apaixonar pela Pequena Sereia, porque eu não posso odiar mortalmente uma senhora de 70 anos que passa a mão na cabeça de meliantes como os gatos siameses?
HUNF! HARUNF!
Mas sério, até isso funciona perfeitamente bem, dentro da ótica de um cachorro. São seres estranhos, e o instinto da Lady diz que são prejudiciais, então esse sentimento faz todo o sentido. Estamos vendo do ponto de vista da Lady, afinal.
A Dama e o Vagabundo é, assim como Moana, um filme que não tenta ser demais. Ele simplesmente é divertido. É fofinho, te dá personagens cativantes e memoráveis, e tem músicas que vão te fazer ficar cantarolando depois de uma sessão: o que é suficientemente bom pra mim. É um filme divertidíssimo tanto pra quem ama filme de animais como quem não ama.
Uma nota menor: eu vi esse filme quando pirralho, mas a única coisa que me lembro era da cena onde a Lady sem querer rasgava o jornal. Bom, eu alguei o VHS de Tarzan na mesma época, e... É, pra um moleque de 6 anos, certamente Tarzan ficou mais bem gravado na minha memória.
E antes que eu me esqueça. Peggy Lee, dubladora da Peg e de outras personagens, que sugeriu que Trusty não morresse ao final do filme. Ela foi uma das poucas celebridades grandes que atuou em uma animação Disney na época, e junto com Sonny Burke, escreveu a maioria das músicas do filme, e cantou He's a Tramp, La La Lu, a música dos Gatos Siameses, e What is a Baby?.
O motivo que eu menciono isso é porque, como ela teve uma participação imensa na produção, ela tinha direitos iguais sobre a venda e lucro da distribuição do filme e das músicas. Até que em 87, a Disney lançou o filme em VHS. Não querendo dividir os lucros com Peggy, a Disney chegou nela e ofereceu uma graninha pra promover o lançamento. Peggy rodou a baiana e processou a Walt Disney Company e em 91 ganhou o processo, recebendo 2.3 milhões de Bushs.
Provando que nada é impossível, e eu ainda espero uma resposta oficial pra família de Tezuka. Mas aí já é outra história.
E já pegando carona em cachorrinhos bonitinhos, falemos de um dos live-actions mais lembrados e queridos de Walt Disney.
...que? Não, seu adolescente com o QI equivalente a um pepino, não é Air Bud!
Nem Space Buddies! Meu Deus, quem vocês pensam que eu sou?
Nem Space Buddies! Meu Deus, quem vocês pensam que eu sou?
Eu falo de Old Yeller, conhecido como Meu Bom Companheiro em terra brasilis.
A história começa quando Davy Crockett tem que sair de casa por 3 meses pra caçar coelhos, ou algo assim. Ele deixa a casa sob o mando de seu filho mais velho, Travis, que começa a fazer todo o serviço de colheita. Mas durante seu trabalho, um cachorro amarelo cruza o caminho de seu cavalo, causando grande destruição. Mas ele não pôde fazer nada quando ao cachorro, já que seu irmão caçula insistiu em ficar com o animal.
Mesmo tendo ódio mortal pelo cão, aos poucos ele acaba se afeiçoando e aceitando seu espaço na família. Blábláblá, se você viu Marley e Eu, sabe como isso vai acabar. Talvez não como em Marley, mas ainda assim.
A princípio, é um filme que demora um pouco a se desenvolver. Lembra muito um faroeste, só que num conceito mais slice-of-life. Vemos a família em seus afazeres diários, Travis tentando conviver com o cachorro, e seu irmão caçula sendo irritante e mal-educado.
Sério, esse moleque é ridiculamente irritante e sem limites, se eu fosse a mãe dele já tinha dado uns tapa na boca dele. "Ain nossa que crueldade" O MOLEQUE JOGOU PEDRA NO DONO ORIGINAL DO CACHORRO, VAI SE LASCAR.
É difícil pra mim se conectar com os personagens quando eles são ridiculamente imaturos (como o moleque) ou não são simpáticos o suficiente. Eu entendo que o filme é sobre Travis amadurecendo e se tornando um homem, mas raio, ele rejeitou o filhotinho que a guria deu pra ele! E da forma mais fria e bruta possível! Não tem como eu simpatizar muito com ele.
Agora, em todo o resto, é um filme muito bem feito.
O clima é ótimo, a fotografia capta bem as paisagens texanas (embora tenha sido filmado na Califórnia), e especialmente o treinamento e pós-produção nas cenas dos animais é fantástica! Tem um making-of curto sobre o filme, se entender inglês vale muito a pena dar uma assistida. Até por ser curto.
A atuação de Travis em especial é muito boa. Pra uma criança atuar a esse nível de emoção, e protagonizar cenas tão difíceis de assistir, é um feito muito grande. Embora eu não goste muito do personagem, a atuação é extremamente bem executada.
E assim como 20 Mil Léguas, é um filme que se leva muito a sério. Poderia ter sido facilmente um filme muito meloso, um musical; mas ao invés disso decidiu ser sério, e aceitar a vida como ela é. Quando é alegre é alegre, quando é difícil é difícil. Mas se nos prendermos só aos momentos tristes e difíceis, toda nossa vida será triste e difícil. Como Bob Ross disse, precisamos ter luz e escuridão numa pintura, assim como na vida. Temos que ter uma tristeza de vez em quando, pra valorizarmos os momentos alegres. E essa é uma mensagem muito boa a se passar, e o filme a passa de maneira eficaz.
É um filme tanto pra amantes de animais como pra quem não é muito chegado. Assim como Marley e Eu, ele não é tanto sobre o cão em si, mas sim sobre os seres humanos e como eles foram afetados pelo cão. É um filme que merecia mais destaque, mas provavelmente pela postura atual da empresa, não recebe o destaque que merece, infelizmente.
Enquanto isso, Walt preparava desde 1951 o próximo conto de fadas do estúdio, Bela Adormecida.
A história, baseada no clássico balé de TCHAUCOVSK, narra sobre uma linda princesinha que acabara de nascer, e seus pais mortos de orgulhosos, proclamam feriado em todo o reino, e são visitados por 3 fadas que dão presentes pra criança, como beleza e canto. Mas a festa é interrompida por Malévola (que nesse ponto do estúdio ainda não era uma fada má, graças a Deus), que dá seu presente pra criança. Aos 16 anos, ela espetará o dedo em uma agulha de tear e morrerá. A fada que por algum motivo parece a Rosie O'Donnel dá o último presente, que abre uma brecha na maldição: ela só vai dormir e será acordada com um beijo de amor verdadeiro.
Pra esconder a guria de Malévola, as fadas levam Aurora pra uma cabana na floresta, onde a criam com o nome de Briar Rose, até que ela faça 16 anos.
Blábláblá, dragão, príncipe, lucros.
Uma das melhores coisas desse filme é seu design de produção. As instruções de Valt foram bem específicas, ele descreveu suas idéias como uma tapeçaria em movimento. Então todo o filme tem muito dos designs extremamente geométricos medievais, mas equilibrando com as formas mais fofinhas Disneyanas. Mas uma coisa que eu só notei agora, é que os cenários são extremamente detalhados. Eles não são pra parecerem tridimensionais, pela referência das tapeçarias. Mas em alguns cenários há uma riqueza tão grande de detalhes que impressiona.
Obviamente, porque Bela Adormecida foi o primeiro longa Disney a ser gravado em alta definição, então os cenários foram feitos em folhas imensas, e com um nível de detalhes absurdo. Claro que isso causou problema pros animadores fazerem os personagens minúsculos nesse mar de espaço.
A animação em si, aliás, é linda. Aqui começa-se a notar mais um estilo novo Disney, onde há mais personagens cômicos e com um estilo gráfico mais moderno, que iria se seguir nos anos vindouros.
Os personagens são ótimos. As fadas tem uma dinâmica muito boa, e cada uma é divertida por si só. Os reis tem uma certa comicidade, e as sequências filler não se sentem como filler, elas desenvolvem certos aspectos da história.
Mas o personagem que todo mundo se lembra é Malévola. E há excelentes motivos pra isso. Ela é má, gosta de ser má e praticar maldades, mas ao mesmo tempo ela tem classe, ela tem dignidade. Eu costumo dizer que ela é a prima européia e chique da Bruxa Má do Oeste. Assista esse filme e depois veja Descendentes, e vai entender o que eu quero dizer com isso.
Aliás, nem perca seu tempo vendo, a menos que você seja masoquista e ache que fazer a barba usando um cortador de unha enferrujado ensebado de óleo de porco é uma boa maneira de passar um sábado à noite.
A motivação dela é fraquíssima, mas todo o resto em Malévola é memorável: a forma de vestir, os poderes, a forma de falar, o clímax épico em forma de dragão. Aliás, esse é um dos melhores clímaxes que a Disney já fez, de verdade. Os animadores inclusive explicam que certas coisas não fazem muito sentido, como os espinhos; mas é algo do momento, da emoção, quase que como um pesadelo. É fantástico.
Infelizmente, o que o filme faz direito nos personagens de apoio, design de produção e animação, ele faz o equivalente contrário nos protagonistas.
Comecemos pelo Príncipe. É notório que os príncipes da Era de Ouro não eram bem desenvolvidos (parte disso era porque os animadores não conseguiam animar personagens masculinos e bonitos direito). Os príncipes de Branca de Neve e Cinderela nem possuem nomes (e se possuem, eu não lembrar disso é uma prova do quão subdesenvolvidos eles são). Aqui, ao menos eles tentam nos fazer gostar do príncipe, vemos ele criança no nascimento de Aurora, a reação dele ao ver a guria. Vemos que ele é muito amigo de seu cavalo... E... É.
Ainda não é o suficiente, mas ao menos eles tentaram.
Aurora, por outro lado... Ugh.
Eu DESPREZO Aurora. A ponto de em alguns momentos de debate onde eu a cito, eu esqueço o nome dela. É sério.
Em um artigo anterior dessa série, eu mencionei como Cinderela e Branca são bons exemplos pra todo mundo. São inocentes, puras, mas que sabem como agir dependendo da situação, o que geralmente envolve serviço pesado de casa (que, como já mencionei, não é fácil e não deve de modo algum ser menosprezado), e que tem formas louváveis de fazer esse serviço tentando se cansar o menos possível.
Ou seja, elas são donas-de-casa exemplares e tem personalidades agradáveis, cada uma a seu jeito.
Aurora... Ela é o esteriótipo que normalmente se pensa quando se fala "Princesa Disney". Ela é bonita, canta, e é ridiculamente plana. Mas não é só isso.
Como descrevê-la... Sabe aquela guria da sua sala que foi criada a leite com pêra e ovomaltino pelo pai divorciado que não sabe dizer "não"? Onde ela anda sempre maquiada, com um iPhone 18, tem um armário só pra capinhas, e vive postando foto no instagram na praia ou na baladinha top? Aquela guria que basta 30 segundos de conversa tu percebe que o nível cultural dela é o equivalente a uma vitamina de açaí?
Aposto como pensou em alguém muito específico agora.
Pois bem, essa é Aurora.
...guardadas as devidas proporções.
O único trabalho que vemos Aurora fazer é ir colher frutinhas no campo. E em um momento ela abre a janela com um lenço na mão, que eu imagino que seja pra tirar poeira. Mas fora isso, não vemos ela fazer absolutamente nada.
Ela vai pro bosque colher frutinhas, encontra seus amigos animais, começa a cantar sobre o príncipe que encontrou num sonho, encontra o príncipe, fim.
E quando as fadas revelam sua origem e dizem que ela não pode ficar com o moço da floresta (porque ela não sabia que era o príncipe) ela começa a chorar.
Aliás, cês tem noção de que ela tem 18 linhas de diálogo? A primeira linha é aos 19 minutos, e a última é aos 39 minutos. O último som que ela faz é no castelo, chorando pelo príncipe. Meu Deus que criatura mimada e irritante.
E pior, eu só consigo imaginar como o presente das outras fadas (beleza e canto) não serviram muito, porque ela nem é muito bonita e a música que ela canta é com uma voz meio zoada. É bem afinada pra ópera, mas é totalmente fora do estilo, que causa estranheza.
E caso esteja interessado, a última fala do príncipe é "Goodbye, father!", quando ele parte pra encontrar Briar/Aurora na cabana na floresta.
E vocês achavam que os personagens de Branca de Neve eram planos. PTÚ! PTÚ, eu digo!
Ok, somados os prós e contras, é um filme que vale a pena ver ainda hoje?
Não só por motivos históricos, mas por motivos artísticos. O design, animação, e personagens são muito bons, e podem dar inspiração a outros personagens, mas os protagonistas e ritmo são muito ruins. É um filme lento demais, demora a acontecer alguma coisa que valha a pena. Mas ainda é assistível vez ou outra.
E enquanto eu assistia esse filme, eu lembrava de um momento de minha infância, quando meus primos alugaram um VHS de Bela Adormecida. Meu primo tentou me convencer a assistir, dizendo "é legal, a Malévola vira um dragão no final", e eu, achando que seria um filme de princesa chato (tipo, sei lá, um filme da Barbie que não seja O Quebra-Nozes) não quis. Bem, eu não tava errado, nem meu primo. É um filme extremamente plano em termos de protagonista e ritmo, mas tem um clímax do pipoco.
No mesmo ano, chegava aos cinemas Darby O'Gill and the Little People (A Lenda dos Anões Mágicos, na terrinha do Guaraná Jesus). Eu poderia falar sobre Shaggy Dog, que teve sequências e inspirou um remake com o Buzz Lightyear e o Tony Stark, mas vejam bem, Darby O'Gills tem efeitos práticos lindíssimos, e esse é totalmente meu ponto fraco.
A história se passa na Irlanda e segue um velho chamado Darby, que passa os dias no bar local a narrar suas histórias envolvendo duendes. Embora todo mundo na cidade goste de Darby e goste de ouvir suas histórias, há alguns que não acreditam, como Pony, filho da velha fofoqueira local.
Sim, o nome dele é pônei.
Mas o lorde decide que Darby não vai ser mais o caseiro de seu sítio, devido a sua avançada idade, e manda Sean Connery pra ficar no lugar do velho. E enquanto a mãe de Pônei tenta juntar seu filho com Katie, a filha de Darby, o velho acaba caindo no mundo dos duendes, onde o rei diz que ele não vai poder sair. O que não impede que Darby os engane e acabe capturando o rei, que agora lhe deve 3 desejos. Altas tretas acontecem, em um desafio de enrolação entre Darby e o rei dos duendes. E é divertido à beça.
O clima do filme é agradável e tem aquele tom de cidade do interior, que é bem típica a nós, parando pra pensar. Eu consigo até traçar uns paralelos entre Darby O'Gills e O Auto da Compadecida, tem uma cidade do interior, tem o contador de histórias, tem a moça bonita que não quer casar com qualquer um. Bote um pistoleiro que não gosta de matar e tamos feitos.
Não, o Sean Connery não conta, ele ainda não era James Bond. Aliás, esse foi o filme que o revelou, e ele acabou em 007 Contra o Satânico Dr. No.
Uma das melhores coisas no filme é o elenco. Meu Deus, que elenco bem escolhido. Darby é incrivelmente amigável, carismático, e alegre; mas ao mesmo tempo ele é seriamente preocupado com sua filha e com o futuro dela, já que eles vão perder a casa que ela morou a vida toda. O que o leva até a cometer erros, como não contar logo a ela toda a situação, mas no fundo ele é um cara bem-intencioado. O que não o isenta dos erros, inclusive de tentar roubar os duendes em mais de uma ocasião.
Katie é uma guria extremamente adorável, quase uma versão mais jovem e irlandesa da Marion de Indiana Jones. E não só fisicamente, mas a personalidade dela também. Ela é uma moça de gênio forte: quando tá alegre, ela tá MUITO alegre, ela canta, ela pulula, ela sorri, ela rodopia. Quando ela tá com raiva, ela pode te dar uma bifa na orelha só por tu perguntar se ela prefere Coca, Pepsi, ou se tá de TPM.
E Sean Connery é o típico galã boa gente: posa, faz o serviço que tem de ser feito, mas acima disso, ele canta.
Sean Connery cantando em um musical da Disney.
Exceto o voice-over da Katie, sim... É estranho... Mas veja bem, SEAN CONNERY!
CANTANDO!
EM UM FILME DA DISNEY!
WOW!
CANTANDO!
EM UM FILME DA DISNEY!
WOW!
Um dos grandes focos do filme são os duendes, e rapaz, como foi acertado. A idéia de Walt era que ele tinha usado duendes reais pra fazer o filme, tanto é que o único crédito deles é agradecimento pela participação deles, e em seu programa Disneyland, ele e Darby mostram como convenceram o Rei a participar do filme.
E há um motivo muito bom pra isso: os efeitos são bons.
Muito bons.
Muito bons MESMO, até pros padrões de hoje.
Me diz aí, se a Disney resolvesse fazer um remake dess filme (Deus permita que não), ia ser tudo em CG. Mas naquela época, eles usaram truques práticos, na marra mesmo. E ficou lindo, eu ainda tenho dificuldade em acreditar que é uma trucagem.
Tem um vídeo mostrando como foi feito, mas eu recomendo fortemente que não veja. É sério. É uma das poucas vezes que um making of pode de fato acabar com a ilusão do filme, que já é fantástica por si só.
Outra coisa que esse filme faz bem é no clima das cenas. Há várias cenas alegres, coloridas, em belas paisagens e cenários pintados em um vidro na frente da câmera, mas há também momentos sombrios, tenebrosos, e isso reflete as situações das cenas, já que há conceitos um tanto quanto sombrios, como prender o Darby o resto da vida no reino dos duendes.
E claro, o Banshee. Que não é assustador como o Doug Walker lembra (isso eu creio que seja mais nostalgia mesmo, tipo eu com a Caipora), mas é algo tão bizarro e tão bem executado, tanto em visual como áudio, que tu não pode deixar de sentir um certo arrepio, é bom demais.
Darby O'Gills é um daqueles filmes que é extremamente bobo e brega, mas sabe quando tem que ser mais sério, desenvolver personagens, e como fazer isso sem deixar de ser divertido. O roteiro é ótimo, os atores são ótimos, os efeitos visuais são incrivelmente ótimos, e a música complementa tudo, dando aquele sabor irlandês animado.
É um ótimo filme, se ainda não viu, eu recomendaria que você assistisse o mais rápido possível.
E as novidades tecnológicas iriam continuar, na próxima parte veremos como os estúdios quase pararam de fazer animação 2D, e o Xerox os salvou.
Eu pensei em fazer uma piada relacionada a Princesa e o Sapo mas falhei miseravelmente.
Fiquem com o Darby imitando o Costinha, então.
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