Meus Amigos Dinossauros 2


Se você lembra bem, há uns anos eu resenhei um filme nostálgico pra mim, e que eu tinha gravado num VHS e teve uma certa influência nos meus cenários de brincadeira da época. E qual a minha surpresa foi, ao descobrir já naquela época, que esse filme teve não uma, mas duas sequências.

E ao invés de resenhar logo naquela época, eu deixei pra fazer hoje. Sim eu sei, atrasei um pouco, mas ao menos não foi tão ruim quanto Grilo Feliz 2.

...que eu ainda tenho que fazer.

...sim, eu não achei uma forma de ver Grilo Feliz 2 ainda.

Mas hoje vamos ver Meus Amigos Dinossauros 2, porque eu já perdi neurônios demais com dinossauros em miniatura.




Caso não tenha lido o artigo sobre o primeiro filme, tá aqui o link, clique sabendo que tá UMA DESGRAÇA! HORRÍVEL! HORRENDO! ENTRONCADO E MAÇANTE! EXATAMENTE IGUAL O PRIMEIRO FILME!

...

E ainda assim o primeiro filme é melhor que o segundo.


O primeiro filme girava em torno de uma família de caipiras que não pareciam a Família Buscapé, no dia que eles acharam ovos de dinossauro que foram roubados de algum templo sagrado na América do Sul. A cachorra da família choca os ovos e deles nascem dinossauros em miniatura que são batizados com nomes de estrelas da música, como Elvis, Madonna, Paula, Hammer, e outro que eu nunca lembro.

Se tu criou qualquer tipo de conexão ou apego com a família do primeiro filme (o que eu acho que seria MUITO difícil), vai ficar feliz em saber que nenhum deles volta pra esse filme!

...É!


Sendo um estúdio de baixíssimo orçamento, eles provavelmente não quiseram ou não conseguiram trazer ninguém do primeiro filme, exceto o Frank Welker porque ele é o único cara na região que consegue fazer ruídos animalescos estranhos. Ok, tinha o Dee Bradley Baker, mas a essa altura ele não tinha feito tanta coisa quanto Welker.


Então, se não tem ninguém do primeiro filme além do cara que fazia os guinchos e grunhidos dos dinossauros, sobre o que se trata a história?

Entre um filme e outro, os dinossaurinhos criaram o vício em comer uva-passa, o que finalmente explica o tipo de ser vivente que gosta de uva-passa: dinossauros em miniatura e os Irmãos Metralha. Curiosamente, ambos dublados pelo Frank Welker.

É sério, checa o IMDB dele.

Ok que o lance da uva passa acontece nos quadrinhos, e eu só vi nos quadrinhos do Don Rosa, e Duck Tales é outra timeline...

...e agora que eu parei pra pensar, eram ameixas e não uva-passa. Mas os dois são roxos escuros e tem gosto de morte com decepção, então dá no mesmo.


Enfim, os dinossauros fogem da estufa da família do primeiro filme (que tava sendo cuidada por um velho random que os caipiras contrataram) e acabam se metendo numa caixa de uva-passas, que de alguma forma são transportados sem que os caras que tavam carregando as uvas notassem que tem literais calangos pré-históricos do tamanho de gambás dentro das caixas.

Provavelmente eles já tavam acostumados e queriam se livrar dos bichos que passavam a noite toda rugindo e não deixavam a vizinhança dormir.


E então passamos a acompanhar um moleque podre de rico que gasta seus dias a atazanar os empregados de sua mansão, como o jardineiro russo e o cozinheiro japonês que improvisa paródias de músicas com versões culinárias. Provavelmente não vai receber o mesmo processinho que a Disney levou por botar The Lions Sleep Tonight em Rei Leão, mas poderia levar um processo do Comida dos Astros.

Por ser um moleque rico dos anos 90 cujo pai tá sempre pendurado no telefone e em alguma viagem de negócios, ele tem um quarto com uma pancada de coisa daora que acaba nunca usando, como um pula-pula, pilhas de brinquedos, uma mesa de pinball e um Game Boy gigante. Que, pelo pouco que eu sei (obrigado, Guilherme Dea), estima-se que entre 100 e 500 unidades dessa coisa foram feitas (de fato, é mais fácil achar na internet o modelo menor), então eu suponho que todo o orçamento do filme tenha ido pra pegar um desses e deixar no cenário. O resto foi o equivalente a um McLanche Feliz.

O tanto de quinquilharia que a produção teve que arranjar pra decorar o quarto do guri explica o pai dele achar que os dinossauros eram brinquedos. De fato, tem uma cena que a governanta da casa invade o quarto do moleque, ele pega um controle remoto e diz "olha só ele até dança rumba" e o Elvis começa a dançar.

Alguém teve que escrever isso, pessoal.


Ah é, tem a governanta da casa linha-dura, que é a antagonista do filme. Não é nem vilã, ela só quer botar o moleque na linha e que ele seja bem-sucedido que nem seu pai, sem saber que isso implica que ele vai ser tão triste e fracassado emocionalmente quanto seu velho. Um exemplo é que a mãe abandonou o pai porque ele era workaholic demais, o que é um elemento incomum em filme assim. Normalmente a mãe morreu de foradecenatose, como aconteceu no primeiro filme.

Aqui a explicação é surpreendentemente plausível, o cara tinha mais paixão pelo celular do que pela família, a mulher pulou fora, e como o cara é rico e tem os melhores advogados, ficou com a guarda do filho.


Durante uma de suas escapadas de moleque-rico-e-mimado-que-só-quer-um-pouco-de-amor, ele acaba na estação de trens porque foreshadowing, onde ele encontra bullies genéricos e acaba entrando num carro que contém a caixa de passas com os dinossauros em miniatura. ORA, MAS QUAIS AS CHANCES?

Daí ele compra a caixa e manda entregarem na casa dele, mas a garota que o flagrou no carro, Naomi, vai visitar os bichos porque ela considera parcialmente dona dos dinossauros, já que tava no carro onde ela trabalha.


O grande plot do filme é que o moleque descobre que o pai dele costumava brincar com trens em miniatura e apronta o sótão com as miniaturas e trens pro aniversário dele mas aí ele se atrasa e blablabla.

Ah sim, tem uns exterminadores paranóicos que a governanta contrata pra exterminar os "ratos" da mansão. Eles fazem a mesma parada que Christopher Walken fez em O Ratinho Encrenqueiro alguns anos depois, só que aqui é menos engraçado porque a gente sabe que são passas e eles descobrem isso assim que botam uma na boca.

...é, não é um filme muito aproveitável.


Assim como o anterior, os personagens humanos são meio monótonos e previsíveis, mas o maior crime do filme é que os dinossauros quase não aparecem e nem são o plot principal. No outro filme, ao menos eles ainda eram a maior atração, aqui, eles literalmente quebraram a asa da Madonna pra não ter que gastar dinheiro animando ela.

...taí uma frase que eu nunca achei que fosse dizer na vida.

Embora previsíveis, há uma certa inconstância nos personagens. Por exemplo, o moleque rico começa o filme como um babaca que perturba seus empregados, mas quando encontra os dinossauros liga pro número na coleira deles pra dizer "ow eu tou com teus bichos aqui, quiser me buscar liga pra mim".

O que é estranho que os caipiras paleontólogos do primeiro filme achem que qualquer um que encontre DINOSSAUROS VIVOS EM MINIATURA vão ligar pro número das coleiras ao invés de dissecar os bichos, mas eu divago.


Outro problema é que a narrativa é incrivelmente maçante. Os eventos parecem ter sido feitos pra um filme de 40 minutos e esticados o máximo suficiente pra 1h e pouco, que ainda é curto pro padrão normal. Cenas se estendem demais ou levam nada a lugar nenhum, tipo descobrir que a governanta é careca. Parece que vai ser uma grande revelação, mas no final ela é só careca mesmo.

E a música é repetitiva demais e o tema da franquia é tocado em momento absolutamente nada a ver. Aliás, é um caso de estudo fascinante pra músicos, por ser uma música memoravelmente esquecível.
...
Sim, eu sei o que eu disse.

Outro ponto que talvez valha uma nota de rodapé, o moleque protagonista foi o mesmo que levou a Stephanie pra uma "festa do beijo" em Full House.

E o Elvis abre uma fechadura usando a cauda dele.
...
Ok.

Mas ainda é um filme que vale a pena ver pra zoar com os amigos, tem cenas que são tão absurdas que precisam ser presenciadas. Tipo quando a piveta Naomi tenta seduzir o velho jardineiro russo pro moleque rico pegar a tesoura dele.

...


Ok, é bem menos estranho do que minha descrição. Não é exatamente a piveta que seduz o velho. Digo, sim, ela o chama de "querido" e "bonitão" e ele cai na lábia, mas ela tinha botado um walkie talkie atrás de uma planta.

O velho achou que a planta tava xavecando ele.

E ele cai.

"Eu sempre gostei mais de te regar".

...

E ela chama ele pra... fertilizar... ou seja lá o termo que ela usa...

...

Eu... Nem consigo...

...

Vejam esse filme, mas só com amigos e pra zoar. Caso contrário, passem.

...

Meu Deus, eu preciso de café.

E ei, olha só, eu fiz uma faixa de comentários desse filme, e ele tá disponível de graça no TubiTV (em inglês)

Se quiser ver o filme com os comentários, pode ouvir pelo widget do Anchor ou pelo Spotify





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