Os Filmes de Dr. Dolittle (parte 3)
POIS É, NEM EU!
Eu queria ter terminado antes, mas eu tenho dois bons motivos. Primeiro, eu tava desenvolvendo mais o canal e me aprimorando na edição de vídeo, o que ocupou mais do meu tempo do que o esperado. E segundo...
...
O primeiro filme é uma desgraça tão grande que eu evitava de assistir por puro mecanismo de defesa.
Sendo assim, ADIANTE!
Existe um certo desdém geral quando se trata de qualquer coisa pra criança. Geralmente umas paradas imbecis e sem conteúdo, como Teletubbies, Boobah, e Luccas Neto. Eu ainda acredito que é possível fazer uma coisa que adultos e crianças possam aproveitar em algum nível juntos, como Sesame Street e suas versões, Princesinha Sofia, My Little Pony Friendship is Magic, e Puffin Rock, embora eu não tenha visto ainda.
Eu sei, passaram muitos anos e eu nunca lembro de ver porque meu cérebro gosta de sofrer com coisa ruim.
E... O que temos aqui não é nem bom nem ruim. É algo tão incrivelmente medíocre que nem vale a pena se irritar ou assistir. É como um buraco negro de interesse, é fantástico. E ainda tem a pachorra de ter no elenco nomes como Tim Curry, Jason Alexander, e o cara que dublou Mario e Luigi em Hotel Mario. E também "vozes" em Paladins, queria saber quais. Enfim.
Vamo acabar logo com isso, The Voyages of Young Dr. Dolittle (2011)
É mais impressionante que esse filme sequer tenha sido lançado no Brasil, só saiu oficialmente nos EUA e na França. Tá disponível no Amazon Prime, mas como o Saberspark mostrou, o critério deles é absurdamente baixo Talvez por usar o mesmo esquema do Kindle, quem sabe? Qualquer pé-rapado consegue escrever um livro e jogar na Amazon, inclusive eu!
É aqui que eu ponho o link da loja né? O físico tá em outro canto, por falar nisso.
Ok, então do que se trata Young Dr. Dolittle?
Hhhhnnngg.
Depois dos eventos do primeiro livro/filme que Dr. Dolittle estabelece uma ilha só pra animais... aparentemente, ele vai embora e deixa os animais pra se virarem por lá, aprendendo a língua uns dos outros. Mas o sobrinho de Dolittle, também chamado de Dolittle e se auto-intitulando Dr. porque é claro que sim, resolve tentar aprender a língua dos animais e seguir os passos de seu tio famoso.
Usando uma máquina que ele mesmo construiu.
Considerando que a máquina tacou ele no chão, podemos presumir que todo o filme se passa na imaginação dele, certo?
Eu queria que esse filme fosse só imaginação.
Ok, aí ele recebe a visita de uma pata que veio da ilha que tá sendo dominada por um bode DUMAL que odeia Dr. Dolittle. Até agora eu não faço a menor idéia do motivo dele odiar Dolittle, já que nunca nos é explicado.
...HHHHHNNNGGGh. Que preguiça.
E aí o moleque viaja pra lá enquanto conhecemos personagens como o porco que não sabe dar aula, o macaco que vive trocando de lado, e um rinoceronte míope apaixonado por outra rinoceronte, mas vive confundindo ela com pedras porque ele é míope.
...Ah mano. É, é aquele tipo de filme. Sabe, AQUELE. O tipo de filme que seria vendido como brinde naquelas caixa de desconto das Lojas Americanas. Quando tu vê um DVD de DragonBlade por 2,99 naquelas embalagem de papelão vagabundas e tem um filme animado feito da Chechênia que foi claramente feito em 5 minutos desde a pré-produção até a finalização.
Esse tipo de filme.
Eu acho que a melhor forma de descrever a experiência de ver essa coisa é a de passar uma tarde inteira vendo os piores exemplos do Nick Jr. e do Disney Junior. Ou pior, Discovery Kid nos anos 2000. Esses canais tem excelentes séries que estimulam criatividade das crianças, entretem, divertem, ensinam, mas quando são ruins, é uma parada absurda. É maçante, repetitivo, e não faz o mínimo de esforço pra ser interessante.
As motivações dos personagens são incertas e mudam o tempo todo, as personalidades são insípidas e previsíveis, e a animação é tão básica que chega a ser preguiçosa, e olha que eu respeito MUITO quem trabalha com animação. É um trampo difícil e trabalhoso, mas isso aqui é muito fundo de barril.
Ok uma das empresas que trabalharam nesse filme também fez esse vídeo, mas basicamente devem ter feito as animações de transição que usam mapas e desenhos 2D. Eles e a outra companhia que fez a animação de Diário de Um Banana 16 ou seja lá como se chame. Uma dessas duas (não lembro qual agora) foi responsável pelo desenho de Lalaloopsie, que você tinha esquecido que existia até esse exato momento.
O estúdio da animação 3D produziu aquele filme sobre o filho do Pé-Grande, e já anunciou que vai fazer uma adaptação de Mr. Ed (que aparece no Dr. Dolittle de 98), e... A Torradeira Valente vai à China.
...
Eu queria muito fazer uma piada sobre como eles vão estragar mais duas propriedades clássicas, mas eu quero muito saber se a Torradeira vai pegar a Gripe Chinesa ou se a cura é torrada com manteiga, o que não me surpreenderia a essa altura.
Enfim, não assistam esse filme, é uma desgraça de tão maçante e não vale a pena assistir mesmo por curiosidade. Sério.
O que nos leva a finalmente, o último filme da lista...
Dolittle (2020)
...que é em grande parte igual Young Dr. Dolittle, ao menos no fator "diversão".
E no fator "talentos desperdiçados".
E "CG ruim".
...como raios esses filmes conseguem ser tão parecidos e tão diferentes ao mesmo tempo é um mistério pra mim, mas adiante.
O filme começa com uma animaçãozinha contando sobre Dr. Dolittle, um veterinário que tem a capacidade de falar com os animais. Não nos é contado COMO ele adquiriu essa habilidade, mas o filme nos presume que tenha sido na marra mesmo, tal qual a história original. Após salvar a vida do cãozinho da rainha da Inglaterra (que pode ou não ser a Elizabeth), ele ganha um terrenão pra abrigar trocentos animais com uma casa central, se apaixona por uma aventureira chamada Lily, que acaba morrendo em alto-mar, e leva o doutor a se isolar em sua casa.
Isso é só a introdução ao filme.
Anos depois, um moleque aparece com um esquilo ferido após uma partida mal sucedida de Duck Hunt, e ele segue Polly até a mansão Dolittle. Coincidentemente, junto dele vai uma piveta representando o Palácio de Buckingham (porque É CLARO que sim) pedindo ajuda de Dolittle, porque a rainha tá à beira da morte.
Como o bom doutor que é, Dolittle obviamente recusa, mas resolve aceitar após Polly lhe lembrar que a mansão só é dele enquanto a rainha estiver viva.
NOSSO HERÓI, SENHORAS E SENHORES!
E aí ele vai atrás de uma fruta mágica no cafundó do Judas, mas antes precisa pegar o diário de Lily, que era flha de um rei ladrão interpretado por Antonio Banderas. Enquanto ainda tem que lidar com seu rival médico, um dos vampiros de Crepúsculo cujo nome não faço questão de lembrar.
...
Ah é, o moleque vai junto porque sim.
Se minha descrição do filme pareceu sem nexo, é porque o próprio filme não faz questão de ter uma coesão narrativa ou de estilo. Nenhum personagem tem uma característica ou personalidade definida, a começar pelo moleque que acompanha Dolittle. Ele poderia ter sido removido do filme sem nenhuma perda, e talvez fosse até melhor pra entendermos como um personagem como Dolittle se comporta sozinho.
Ou talvez não, poque Robert Downey Jr. faz um Doutor que parece uma mistura de Jack Sparrow com Willy Wonka, sem saber exatamente qual dos dois quer ser. Curiosamente, ele me lembra um pouco as descrições que fazem de Rex no set do filme original, só que sem os xingamentos racistas.
O Dolittle de RDJ sempre fala em um tom baixo, às vezes sarcástico, mas sempre de mau humor, que é passado a nós de uma maneira incrivelmente babaca e desprezível. Não temos motivos pra gostar desse personagem, nem pra torcer por ele.
E quanto aos animais?
...é...
O que mais cê deve ter visto era as propagandas sobre os dubladores dos animais, celebridades como Selena Gomez, John Cena, e Emily Thompson. O negócio é que todas as vozes são incrivelmente desperdiçadas em personagens esquecíveis. John Cena é ideal pra ser um grandalhão sensível, como já mostrou em Ferdinando, mas seu urso polar friorento não tem um décimo do carisma do wrestler. E tem personagens tipo a girafa Gomez que depois que o filme acabou e eu fui olhar o casting no IMDB, eu descobri que era a Selena Gomez.
Eu não lembro de um momento a girafa falar no filme. Ela deve ter falado em todas as... duas cenas? Algo assim. Mas eu não lembro dela.
E teve o equilo com sede de vingança pelo moleque que... leva nada a lugar nenhum Provavelmente os caras desistiram de seguir o subplot quando viram que não era engraçado o suficiente.
O pior é que nenhum dos personagens animais parece convincente. A CG em si não é ruim, tem um bom nível de detalhes, os personagens passam emoção mesmo sendo fotorrealistas (NA SUA CARA, JON FAVOR), mas eles simplesmente não casam bem com o live action. Não sei se foi a forma que eles foram renderizados ou algo mais técnico assim, mas as duas coisas juntas não enganam teu olho nem a pau.
O filme em si parece muito uma colcha de retalhos de dois ou três filmes diferentes, o que é explicado pelas refilmagens que fizeram em cima das coxas antes da estréia. O fato de terem adiado o filme pra não competir com Tauó 9 - O Levantar dos Andarilhos Aéreos e jogado pra Janeiro, o mês que os estúdios normalmente botam os filmes que eles sabem que vão decepcionar na bilheteria, é mais prova de que todo mundo sabia da bomba.
Não sei se as refilmagens tem a ver com a edição do filme também, que não consegue ficar parada por 30 segundos e está em constante movimento. Sério, tem momento que parece que Michael Bay dirigiu esse filme, só sabemos que não foi ele porque não tem explosõ-não pera, eles explodem o castelo do rei ladrão lá.
Huh.
Na real, tem uma forma de achar alguma graça nesse filme: se você considerar que é um delírio alcóolico de Tony Stark após assistir Dr. Dolittle de 1967. Sabe, quando personagens lêem um livro e sonham estarem no livro, tipo Mickey's Ultimate Challenge ou Mickey Através do Espelho.
Porque o filme se comporta como um delírio febril.
A menos que cê vá ver com esse mindset, passe bem longe dessa desgraça, não vale o seu tempo.
E aqui teminamos essa mini retrospectiva movida unicamente pela minha curiosidade mórbida. Qual a melhor produção Dolittle até agora?
Sei lá, o segundo filme do Eddie Murphy? Esse, o musical de 67 (mais pelas histórias de gravação que o filme em si), e o primeiro com Eddie Murphy. E o desenho, talvez. Sei lá.
Eu só tou feliz de ter finalmente tirado esse peso das minhas costas.
***
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