Os Filmes de Dr. Dolittle (Parte 2)


Até o momento os filmes de Dr. Dolittle não foram tão ruins. Digo claro, o musical de 67 chega a ser maçante e as histórias dos bastidores são infinitamente mais interessantes que o filme; e os filmes com Eddie Murphy abusam de piadas sexuais e de banheiro mesmo sendo um filme teoricamente livre, mas ainda consegue ter alguma ponta de coração.

Se não leu o artigo anterior, é bom dar uma lida e aproveitar, porque a partir de agora é tudo ladeira abaixo.



Dr. Dolittle 3 (2006)


Cês se lembram quando a Universal fazia inúmeros spin-offs, sequels e reboots de filmes de terror? Tipo, Frankenstein fez sucesso, então bora fazer a Noiva de Frankenstein, o Filho de Frankenstein, o Fantasma de Frankenstein, Frankenstein Encontra o Lobisomem, Casa do Frankenstein, e Abbott e Cosello Encontram Frankenstein.
Algum desses aí com certeza soa como uma piada, mas não, é tudo real.

Nem sempre é o caso, mas normalmente esse tipo de filme tende a ter uma qualidade absurdamente ruim, feita pra se aproveitar na onda de um nome popular.

Mas esse é o caso com Dr. Dolittle 3.
Uau. UAU! Que filme incrivelmente desnecessário.


Digo, metade da família Dolittle caiu fora desse filme. Logo depois que Raven fez o primeiro filme, trabalhou em Zenon, um filme do Disney Channel. E como sabemos que é o costume, uma vez nas garras do Rato, é muito difícil sair. Depois de Dr. Dolittle 2, ela apareceu em Eu, A Patroa, E as Crianças (que era um sitcom da ABC produzida pela Touchstone Television), um episódio de A Família Radical, e então fez sucesso com uma pequena sitcom chamada As Visões da Raven. O resto é história.

Eddie Murphy começou com um filme da Touchstone, depois foi pra Mulan, e então Dr. Dolittle. Mas ele já tava numa trilha de sucesso, então não era de se espantar que começasse a aparecer oferta de papel adoidado. O que aconteceu é que era muito mais negócio pro Eddie continuar fazendo o Burro Falante do que Dr. Dolittle; Shrek tava no ápice da popularidade e a voz esganiçada de Murphy iria soar em filmes, especiais de TV, brinquedos, atrações de parque temático, e privadas japonesas.

A essa altura talvez o papel de Dolittle tivesse cansando ele, já que era um personagem que não podia puxar suas habilidades cômicas como o Burro. Fora que ele não se sente bem com animais por perto.

Sério, nas filmagens de Dolittle ele terminava uma cena com animais e normalmente saía do set com medo, geralmente gritando. O que raio fez ele aceitar esse papel, eu não faço idéia, mas ele o fez com dignidade e profissionalismo.
...ou o máximo que dê pra tirar disso de um filme que tem um macaco bêbado.


Ok, perdemos o Doutor e Paprika Dolittle. Ou era Charisse? Clarrise? Eu só consigo chamar ela de Raven, enfim. Quem sobra? Maya e Lisa Dolittle. Eles nunca explicam, mas é insinuado que Maya tenha começado a falar com os animais pouco depois da puberdade, mais ou menos como Charisse. Ela tem 17 anos agora e aparentemente o filme decide se esquecer que sequer existiu uma Charisse Dolittle, porque só John é mencionado.

Enfim, a história é que Maya tá passando pelas mesmas dores de adolescência que sua irmã sumida (que trocou de poder mutante; deve ser uma coisa tipo Zezé dos Incríveis), e sua mãe decide mandá-la pra um rancho onde ela mesma ficou quando era adolescente. Assim como Charisse, Maya só queria ser normal, sem ter que ouvir os bichos falando com ela o tempo todo.

Enquanto em Dr. Dolittle 2 tivemos um arco narrativo relativamente sutil, onde nos dava alguma ligação com os personagens e seus relacionamentos, aqui é simplesmente PÁ! MAYA FALA COM BICHO! PUM! MAYA NÃO QUER FALAR COM BICHO!


Outro ponto que me incomoda é que Maya passa o segundo filme todo tentando falar com os animais, sem sucesso. Nada disso é sequer pincelado aqui, o que é uma oportunidade perdida. Poderíamos ter uma visão um pouco mais profunda de Maya quando a mãe dela mencionasse "ah mas tu queria muito falar com bicho quando piveta" e ela "SIM MAS EU ERA PIVETA AGORA É CHATO INCOMODA".

Continuaria sendo um roteiro ruim, mas ao menos teria algum esforço. Ou de alguma maneira iria nos levar a mencionar a irmã perdida, o que eles devem ter evitado sei lá por qual motivo.

Enfim, ela obviamente não quer ir, chega lá sofre bullying da guria que parece uma cantora de country noventista irrelevante, mas muda de idéia imediatamente quando vê o filho do dono do rancho sem camisa.

Se fosse com os gêneros trocados hoje seria "problemático" e "tóxico". mas eu divago.


Como ela tem um sobrenome famoso e associado a algo que ela absolutamente quer se distanciar, ela mente seu sobrenome e passa os dias na fazenda tendo o mínimo de contato possível com animais.

Até que Lucky chega e espalha pros outros bichos que ela é uma Dolittle.

Devia ter um plot aqui em algum lugar... Ah sim, o rancho tá prestes a ser vendido e a única maneira de salvar é vencendo o rodeio, onde o bando de moleque da cidade vai usar as habilidades que aprendeu no verão pra mostrarem que são vaqueiros de verdade.

E Maya vai conversar com os bichos pra ajudar a vencer o torneio, um filme que assim como Blackbeard's Ghost, nos ensina que trapaça é errado, exceto quando não é.


Esse plot mesmo só vai aparecer lá pro final do filme, mas até lá ao menos tem um bom desenvolvimento.

...ok "bom" mesmo não é, é mais... Uh... existe.


Por exemplo, desde o começo vemos que há a rivalidade entre os ranchos, e vemos o dono do rancho vendendo animais e etc. Mas nunca voltamos a esses assuntos com muita frequência, exceto em um momento que eles encontram o outro rancho no bar country.

O filme tenta fazer isso numa tentativa de te fazer esquecer o lance do rancho estar se acabando, ao mostrar os moleques gradativamente gostando mais do lugar e Maya se habituando a falar com os animais e aceitando seu dom, mas o que realmente faz é nos deixar constantemente nos perguntando "ok cadê o plot de vender a fazenda?"


Isso porque nenhum dos personagens é interessante. Bo, o filho do rancheiro, é o vaqueiro bonitão sarado de bom coração que vai todos os dias ao campo recolher lenha genérico; Brooklyin é a Menina Malvada manipuladora que aos poucos e sem motivo algum se torna gente boa; o moleque magrelo é o moleque magrelo; o moleque gordo é o moleque gordo com uma auto-estima elevada e que acaba sendo genuinamente um cara gente boa.

Ele fica constantemente apartando briga e coisa assim, todo mundo já conheceu um gordo gente boa desse tipo. Tanto é que ele foi o Papai Noel num game-show infantil. 

...uau. A realidade é realmente sem condições.

E Maya é a protagonista genérica que demora a aceitar seu destino mas a gente já sabe que ela vai aceitar seu dom e fazer todo o lance de Revelação do Mentiroso, o que é uma parada que sequer funciona nesse universo.


Pensa bem, o pai dela é um maluco com um dom ÚNICO, e que viaja pelo mundo todo e é famoso e foi notícia de jornal e salvou a floresta californiana. Se essa guria devia ter alguma vergonha, é pela fama do pai, de ser constantemente assediada pelo seu dom pelos outros guris. Digo, é o que parece que esse filme tenta fazer, ela tenta se distanciar de seu dom e de seu sobrenome porque tem o pai famoso, mas na real é mais incômodo por ouvir voz de bicho o tempo todo.

Tem inclusive uma cena que ela não consegue dormir porque os bichos ficam tagarelando a noite toda, então eu consigo ver os dois lados da justificativa. Mas nada é explorado o suficiente pra que faça sentido quando tu para pra se tocar de que TODO MUNDO QUER FALAR COM BICHO.

Maya tem uma habilidade extraordinária e mó daora, e ela vai prum lugar onde só tem bicho, praticamente, porque ela não usaria a habilidade dela? Um começo novo num lugar onde ninguém exatamente conhece ela de perto, onde as habilidades dela poderiam ser úteis? Digo sim, ela é uma adolescente retardada como todo adolescente é em algum momento, mas nada nessa linha de raciocínio é trazida à tona.

É como descobrir que tu tem a habilidade de manipular sorvete com a mente e não querer trabalhar na 50 Sabores; ou se tu fosse o moleque BlinkyDoo em Heroes e não quisesse trabalhar na IBM; ou ter uma capacidade de inventar histórias e não ser jornalista. Tu tem uma habilidade única e extraordinária e hesita em usar porque ainda tá se descobrindo, ok, mas ninguém ao teu redor usar essa linha de raciocínio é incrivelmente imbecil.


Como esse filme. É um filme triste, sem graça, que falha até em pegar o estilo de comédia "edgy" dos outros filmes, como a cena que Maya faz um exame anal num macaco (provavelmente tentando emular a cena do termômetro do primeiro filme), e do subplot do galo com disfunção erétil.

Sério, ele até tem um calendário de galinhas, o que implica que existe um equivalente da Playboy só pra galos, o que me leva a pensar que esse filme se passa no mesmo universo dos Muppets, porque ninguém além do Gonzo pensaria em algo assim.

E se tu acha que eles não fariam... Existiu uma paródia de Girls Gone Wild com galinhas. Pois é.


Dr. Dolittle 3 não é nada mais do que uma sequência desnecessária, criminalmente barata, e superlativamente maçante. Foi tão mal-recebido que até os executivos da Fox desistiram de lançar no cinema e mandaram direto pro DVD de última hora. O primeiro trailer ainda diz que vai sair nos cinemas, mas é algo rápido como que fosse um negócio que o narrador esqueceu de mencionar e falou bem rápido pra não passar do tempo.

É um filme que nem dá pra zoar tanto pelos clichês ou pela moda do início dos anos 2000. Filme altamente descartável, não perca seu tempo a menos que goste de torturar a si mesmo e a seus amigos.

...

Ou tem um blog e é obrigado a escrever sobre essas coisas.

...

Porque adivinha só. Teve MAIS DOIS DESSES FILMES.

OH.

JOY!

Pra aliviar a caminhada, Kyla Patt dublou a protagonista de Família Radical. Aqui está ela fazendo as orelhinhas do Mickey https://www.youtube.com/watch?v=4PY9zbzkOj8



E aqui está os outtakes, que provam que ninguém ali queria fazer e se prestar atenção, nem o editor do vídeo final queria, porque tem um corte absolutamente nada a ver na vinheta final.


Also, sabe esse moleque aqui?


Foi o guri abobado de Austin e Ally.
Agora você sabe.






Dr. Dolittle: Tail to the Chief (2008)


Uuuuuuuuurrrrrrgggh.

Eu tou procastinando escrever sobre isso há horas.

Ok, rápido e indolor.

Maya se esquece de TUDO que aconteceu no filme passado (zero menção ao Bo e ela já se engraça pro maluco do Serviço Secreto), e nem a atriz da mãe voltou pra reprisar o papel, agora é outra mulher lá que tem tipo 3 cenas no filme, porque se passasse mais tempo capaz do público desconfiar de que alguma coisa tava errada, considerando que só pacientes de lobotomia iriam assistir isso.

Mas essa hipótese cai por terra quando eu lembro que é Doutor Dolittle Maldito 4 e absolutamente ninguém vai assistir isso, exceto eu porque eu me odeio.

Ok, foco, eu quero terminar logo isso pra voltar a jogar Bully. Maya não consegue aprovação pra entrar na faculdade, mas o pessoal da Casa Branca aparece na porta da casa dela pedindo a ajuda do Dr. Dolittle.


Se Maya ajuda o presidente, ele pode recomendar ela pra entrar na faculdade de veterinária, ok. O presida precisa de Maya porque a cachorrinha da família se rebelou e se recusa a se comportar, mas ela precisa se comportar porque o príncipe de algum país africano (ou sei lá daonde eu provavelmente dormi nessa parte) precisa assinar um tratado protegendo uma floresta lá como reserva ambiental que uma empresa quer comprar pra demolir etc.

Sim é o mesmo plot do segundo filme só que agora envolvendo o presidente e uma cadela rebelde. Sim, eu também me pergunto quais substâncias os roteiristas usaram nesse filme.


Enquanto isso tem um subplot com a filha do presidente que também vive querendo mais liberdade e também se rebela etc. Sim o ponto principal do filme é que Maya, a cachorra e a filha do presidente todas tem um grande papel a cumprir e a pressão de tentar superar seus pais ou donos no caso da cachorra eu acho não devem...

...não deveriam...

...

Fazer o bem, sem olhar o bem que... tem...?

...

Eu sei lá qual era a mensagem, eu só lembro que elas tinham isso em comum.


É um filme ridiculamente esquecível. Tão esquecível que eu nem consigo me lembrar da maioria das coisas pra comentar ou fazer piada. Talvez eu não tenha notado no terceiro filme porque eu tava distraído com a atuação ruim dos humanos, mas o nível de treinamento dos animais parece ter começado a cair lá, e aqui despencou a um nível que chega a ser risível.

Nenhum dos animais parece estar concentrado no que tá acontecendo, as animações nas bocas tão ainda mais preguiçosamente falsas, e as piadas continuam sendo o literal primeiro pensamento, sem um refino da coisa.

A história é absurda e não faz esforço pra te interessar. O que você vê é o que você tem: plot criminalmente previsível com nada de novo adicionado e subplots que são abandonados por motivo nenhum exceto que ninguém na produção do filme se importa.

Ok, pra ser justo teve duas piadas que me fizeram soprar pelo nariz.

Essa:



E essa:



Pronto, cê teve a melhor parte desse filme.

Nem a Kyla Pratt parecia tar se esforçando, e olha que ela era a única em Dr. Dolittle 3 que parecia que dava o melhor que podia pra que o filme fosse interessante. O orçamento desse filme foi tão baixo que tem cenas que cortam do nada e parecem ter sido gravadas numa Olympus. Dá pra notar a diferença de tom de cor e FPS quando isso acontece, geralmente quando foca em animais, mas tem um momento que é só umas placas na faculdade.

Inferno mediano. Esse filme cumpre o mínimo necessário pra que possa ser chamado de "filme".


Ok, falta só mais um e acabamos com a tortura.




Dr. Dolittle: Million Dollar Mutts (2009)

Assim como outros grandes épicos como os filmes de Piratas do Caribe, Matrix, Senhor dos Anéis, Vingadores Guerra Infinita/Ultimato, e De Volta pro Futuro, eu tenho quase certeza que esse filme foi gravado ao mesmo tempo do anterior. Não aparece na página da Wikipedia pra filmes produzidos simultaneamente, mas talvez seja porque ninguém se importa com Dr. Dolittle além do segundo.

Não estão errados.


Nesse filme, Maya consegue entrar na faculdade de veterinária, mas acha tempo demais dentro da universidade pra só então começar a cuidar dos bichos. Se fosse outra profissão tipo designer de jogos, publicitário, ou jornalista, realmente não precisaria de muita coisa além do pré-requisito de experiência na marra, fazer trocadilhos imbecis de tão sem graça, ou ser mau-caráter, além de vender a alma. Mas pra cuidar de saúde, por incrível que pareça, exige um pouco mais de esforço.

Mas Maya não quer passar por tudo isso, porque ela tem o dom de falar com os animais e eles responderem, o que na real parece muito com a carreira do Rob Liefeld. Maluco com talento nato mas sem uma formação sequer que seja. Exceto que desenhar personagens com anatomias questionáveis é bem diferente de curar cirrose hepática de esquilos atores.


Até que do ABSOLUTO NADA uma celebridade patricinha invade a casa Dolittle. E eu digo no sentido mais literal possível, ela toca a campainha, Maya atende, a guria tá no celular balbuciando algo sobre uma nova linha de roupas ou perfumes ou nebulizador portátil sei lá, e entra na casa dela sem a menor cerimônia.

O projeto de Sharpay Evans quer que Dr. Dolittle converse com sua cadelinha que há dias sofre de depressão, e Maya se oferece pra ir mesmo com a objeção de sua não-mãe.

Desculpa, eu ainda não superei a troca de atriz. Aliás, é engraçado que Kyla Pratt é a ÚNICA atriz a participar de todos os filmes do Murphyverso Dolittle. Ela e o Norm MacDonald, que dubla o Lucky. Mas a partir do segundo filme ele passa a não ser mais creditado, o que é uma injustiça maior do que a de ter os dubladores dos animais como secundários no IMDB.

Tu só pode ver quem faz o trabalho de voz se clicar em ver todo o elenco, e lá estão eles, renegados ao final. Ok que o trabalho deles é menor que o os atores de fato no set, mas são personagens tão importantes quanto os humanos e que merecem reconhecimento. Tem gente lá tipo John Lenguizamo, Chris Rock e Julie Kavner.

Aliás, a Ellen DeGeneres faz a voz de narração no primeiro filme.



Enfim, Maya viaja pra Los Angeles com a guria (eu nem lembro o nome direito, chamar de Tiffany porque Tiffany é nome de patricinha mimada que nunca teve que pegar ônibus na vida), e o produtor da menina acaba se interessando por fazer um programa de tv com Maya, já que ele não conseguiu um acordo com o pai dela.

Porque o pai dela só queria ajudar os animais, como se isso desse dinheiro.

...exatas palavras do cara. Vejam só:


"Caso ainda não tenham percebido, eu sou o vilão. Wink, wink."

O problema é que Maya tá prestes a começar a faculdade, e a mãe dela é adamante que a guria volte pra casa o quanto antes, mas Maya demora a lhe contar sobre o programa e etc. Also, Maya se enamora com o Ranger Vermelho de SPD.


E aí ela vai descobrir como trabalhar em Hollywood é o equivalente a vender sua alma e genital praquele cara estranho, gordo e fedendo a bacon que tá toda sexta no bar, já que ela queria usar o programa pra ajudar animais, mas a direção que dão pra ele é ajudar em... moda. E coisa assim. E a Tiffany faz o lance de falar com animais mesmo sem ela de fato falar com animais.

Sim, é tão constrangedor como eu faço parecer. E é proposital. É mais uma daquelas autocríticas que Hollywood permite só pra se sentir um pouco melhor consigo mesma sem de fato tocar na raiz do problema, tipo Bright e O Grande Mentiroso.

É um filme previsível do começo ao fim. Cê conhece todas as piadas, mas ao menos é menos sofrível que Tail to the Chief. Não quer dizer que ele seja melhor, só que tem menos piadas imbecis e grosseiras, mas ainda é um amontoado de clichê sobre clichê sem necessariamente adicionar a alguma coisa, mas te dando a ilusão que tem conteúdo.

...é simples e complicado ao mesmo tempo.


Por exemplo, o romance de Maya com o Ranger tem menos profundidade do que Aurora e Phillip, mas os atores conseguem ter alguma química entre si, ele não acredita que ela fala com animais e ela prova que consegue ao descobrir pela cachorra dele que ele ainda dorme com roupa de cama de Star Wars e começa a zoar ele por isso.

Sim, isso era um esteriótipo negativo no final dos anos 2010, antes de existir um mercado pseudo-nerd forte e lucrativo. Às vezes eu sinto mais saudade desse tempo do que deveria, mas aí eu lembro que não teríamos acesso a tanto produto de quadrinhos, filmes e jogos.

Ao mesmo tempo, não existem mais roupas temáticas de Muppets, e eu consegui perder a única camisa de Muppets que eu comprei na Riachuelo, e aparentemente eu fui o único ser vivente de Fortaleza a ter comprado essa camisa, porque NUNCA mais veio nada de Muppets por meios oficiais. Os vendedores da Riachuelo já me conhecem quando eu entro na loja e suspiram "ah não o cara dos muppets de novo" e já ficam com o dedo no botão pra chamar a polícia.
Não os julgo. Não depois de eu ter encenado essa cena.

...

Prosseguindo.



O que eu quero dizer é que o roteiro é incrivelmente meh e clichê, mas ao mesmo tempo é seguro e fácil de vender, e não é obnóxio como as outras sequelas a partir do 3. Da Trilogia Pratt eu diria que o meu favorito é o 3, mas por pura falta de opção. Ele continua sendo imbecil e contraditório em si mesmo, mas se eu tivesse uma arma apontada pra minha cabeça mandando eu escolher um desses 3 filmes, eu escolheria esse.

O melhor Dolittle do Murphyverso é o segundo pra mim. O primeiro é mais interessante e vai em rotas absurdas, mas tem muito humor de banheiro pro meu gosto. O segundo parece saber o que fazer com o tom mais edgy, mas sem ser graficamente ofensivo.


E assim eu encerro finalmente mais uma parte dos filmes do Dr. Dolittle, não percam a última parte com um longa animado e o filme com o Sherlock de Ferro.


***
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