Eu devo ter zoado essa história pelo menos umas 3 vezes, pelo absurdo exemplar
que ela é da falta de coerência dos quadrinhos em geral, mas especificamente
Disney.
Digo, a Casa do Rato já é um grande nome de sua indústria, provavelmente o
maior, mas houve um tempo em que a empresa se limitava a recontar contos de
fada/clássicos conhecidos e fazer histórias engraçadas de animais falantes.
Ok, existiam os filmes live action, mas geralmente eles não cruzavam a linha
dos quadrinhos com a mesma facilidade. Tem histórias do Zorro e do Merlin
Jones, mas você não veria o Sargento Garcia prendendo o Pateta por ter roubado seu tamale, obrigando o Batman do velho oeste de fazer a justiça com as próprias mãos, resgatando o maior representante da raça Canis Goofus da prisão espanhola.
Aliás, não tem os filmes do Merlin Jones no Disney+, como 90% da biblioteca
dos groovy years.
Cê sabe, os anos 60 e 70. Criei esse termo agora, é um projeto em andamento.
E nessa história vamos ver um dos maiores crossovers que era um acontecimento
comum no universo Disney dos quadrinhos. Se quiserem que eu escreva mais sobre
esse tipo de história, deixe sua sugestão, porque é de fato um negócio meio
difícil de trackear.
Sem mais delongas, adiante!
Nossa história começa com Papai Noel fazendo o inventário de brinquedos, e
algo me diz que esse vai ser um Natal bem fraco. Digo, supostamente é pro bom
velhinho entregar presentes pra todas as crianças ao redor do mundo, mas as
prateleiras que vemos aqui são bem magras e não podem conter muitos
brinquedos. Fora que tem menos variedade que o corredor de brinquedos do
finado Extra.
Ou Noel teve o crédito reprovado pelo banco ou 1978 foi um ano com 98% de
crianças particularmente cruéis.
Aposto que tem alguma relação com a Argentina ter vencido a Copa do Mundo.
Mas o velho então percebe que falta uma prateleira inteira de bonecos (24 unidades; de novo, péssimo ano) está
vazia, e ninguém mais ninguém menos que Peter Pan está por perto para
ajudá-lo.
O que levanta perguntas.
Peter Pan sempre está por perto do Polo Norte? A Terra do Nunca fica próxima
da Lapônia?
Como esse moleque não passa frio usando uma camisa feita de folha de árvore e
uma calça que equivale a 40% de um uniforme de sentai?
Questões que fariam Cascão e Nimbus discutirem ferrenhamente à parte (se você
entendeu essa referência, parabéns, tome um biscoito), Noel tem mais problemas
do que parece. Gepeto tinha ficado de entregar bonecos que se mexem sozinhos
sem fios pro Noel entregar pras crianças, mas ele é um velho distraído e
esqueceu.
Ok, agora faz sentido, Klaus demitiu os elfos/duendes e terceirizou todo o
trabalho de fabricar brinquedos.
Ou ele achou que Peter Pan era um elfo gigante e contratou ele no lugar do
resto dos elfos, vai saber.
Noel e Peter voam até a Itália, onde Gepeto conta que seus 24 bonecos sumiram
do absoluto nada. Peter Pan, porém, tem uma idéia de onde estariam os 24
bonecos.
Ora ora, mas que coincidência!
E aqui está Peter na Itália durante o inverno, com Gepeto tendo que usar um
casaco e cachecol pra não morrer de frio, ao passo que peter permanece com
suas roupas comuns, o que prova que o menino que não cresce tem a mesma
resistência ao frio que uma piriguete. Raios, até a Sininho precisa usar roupa
de frio de vez em quando, qualquer um que tenha visto Secret of the Wings sabe
disso.
Enfim, Stromboli obviamente nega ter roubado os bonecos, mas Peter o espiona e
o ouve confessar que sim, ele não roubou os bonecos, mas quem botou a mão na
massa foi João Honesto!
Oh! A infâmia!
E Peter o chama de “João Pilantra”, e é literalmente a primeira e única vez
que eu vi esse personagem ser referenciado com esse nome.
Como Gepeto é um velho que acompanhou Ted Boy Marino em seu auge (inclusive
Nona é um curta fofinho), Gepeto espragueja e ameaça descer a mãozada nos
vilões, mas Peter o impede, porque sabe que embora Gepeto tenha um baita
bigodão, ele não é Hulk Hogan, e o convence a pedir ajuda ao Papai Noel.
…que só agora eu notei sua ausência, faz sentido. Não dá pra ter o São Nicolau
em pessoa zanzando pelas ruas da Itália em pleno Natal, só iria demonstrar a
fragilidade de seus poderes.
…que é literalmente o plot de Santa Clauses, mas divago.
Mas Stromboli é um incompetente e não consegue fazer os bonecos funcionarem, mas pelo menos ele não berra com a bailarina.
Stromboli pode ser um vilão, mas ele jamais levantaria a voz pra uma donzela.
João Honesto (ou Pilantra, sei lá quem traduziu isso) então sugere que ele chame
Gepeto pra consertar os bonecos.
Porque nossos vilões tem o nível de QI equivalente ao do Jorginho d'Os Caras
de Pau.
Enquanto isso, a Fada Madrinha da Cinzerela (e sim eu sou a favor dessa ser a
grafia oficial, não me encha o saco) aparece do absoluto nada e pede ajuda de
Gepeto pra consertar a varinha mágica dela.
COMO INFERNOS CONGELANTES GEPETO TEM FERRAMENTAS E KNOW HOW PRA CONSERTAR
VARINHAS MÁGICAS, eu não faço a menor idéia, mas Gepeto deve abrigar uma mente
brilhantíssima.
E então Stromboli chega pedindo ajuda de Gepeto pra consertar os bonecos e
Gepeto aceita.
…
…
MAS É UM ENERGÚMENO MESMO!
Ok, aí o pai de Pinóquio vai lá consertar os bonecos, e antes que Stromboli os
teste, captura Gepeto numa gaiola cartunescamente gigante.
Porque ele tem uma dessas? Oras, porque ele é o vilão! Mas que pergunta, Pedro
Bó.
Mas ninguém esperava que Gepeto sussurrasse no ouvido dos bonecos ordens de
prender Stromboli e João Plenário, e conseguem fugir do italiano gordo e do
furry amaldiçoado.
Quem diria, Gepeto de fato é um estrategista!
No meio da fuga, reencontram a Fada Madrinha (que ainda
tava na região por motivos que nunca entenderei), e prontamente devolve o
favor de Gepeto, prendendo Stromboli e o fugitivo da FurFest.
Mas a noite ainda não acabou, porque o Pai Natal é um velho gordo preguiçoso
que não quer ter o trabalho de carregar VINTE E QUATRO BRINQUEDOS pro trenó.
E é nesse momento que Peter Pan, o menino que não sente frio, joga o pozinho
mágico em cima dos brinquedos, que milagrosamente não saem voando sem rumo e
vão direto pro trenó do velho Klaus.
E assim, todas as 24 crianças do mundo inteiro que conseguiram se comportar o
ano todo por não se envolverem em rebeliões organizadas por causa de futebol
vão receber seus protótipos de robôs inteligentes que muito em breve dominarão
o mundo! Hooray!
Se você achou difícil passar no enem, imagina passar pra lista dos bonzinhos
em 1978, deve ter sido O caos.
Essa é uma história bobinha que saiu em formato de tiras de jornal nos EUA,
mas é interessante por misturar vários personagens Disney com o Papai Noel,
algo que não devia ser tão difícil visto que… né..
Voltando pra minha teoria do
Universo Compartilhado Disney, é legal ver os personagens interagindo assim sem muita pretensão, é
equivalente a brincar com seus brinquedos de universos diferentes, algo que eu
tenho certeza que todos já fizeram em algum momento, mesmo sem ter os meios
pra isso. É um ótimo exercício criativo, mesmo pra quem já passou da idade de
brincar com pedaços de plástico (que segundo a Lego é 99 anos).
Você pode construir diálogos e aventuras com o Yoshi, Ênio, Beto, e o Charlie
Brown e ninguém vai aparecer pra dizer que não faz sentido. Ou o simples fato
de se questionar se o Goku daria uma sola no Superman e discutir com seus
amigos ou vozes da cabeça quais seriam os desdobramentos narrativos desse
embate, e é essa sensação lúdica que quadrinhos como esse me trazem.
Mas eu sou um velho ranzinza emotivo, me deixem.
E eu acho mó daora esse traço, esse estilão americano de quadrinho que era bem
no model sheet mas que tinha uma certa graça. Eu amo traço italiano solto, mas
tem um charme nesse traço mais familiar, mas feito com criatividade de poses e
capricho.
O que me lembra, Carl Barks criou o Tio Patinhas numa história de Natal, e tem
uma coleção com as obras dele na Amazon. Comprando pelo link aí debaixo cê
ajuda o blog e etc
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