As Fiandeiras da Lua (The Moon-Spinners, 1964)



Se você já leu a Retrospectiva Disney que eu faço, deve se lembrar que lá pelo tempo que Walt começou a fazer a Disneyland, começou a pipocar uma pancada de filme live-action, e foram tantos que eu basicamente escolhi ignorar durante a retrospectiva porque seria inviável e cansativo se eu fosse por esse caminho.

Esse filme é um dos live-actions produzidos nesse período, filmes que deveriam teoricamente ser mais baratos e ter um retorno maior pra ser investido em animações, nos parques, e seja lá o que Walt estivesse planejando pra um futuro próximo.

Então, porque não fazer um thriller de suspense pra família?




Baseado em um livro de 1962, o filme conta sobre Nikky e sua tia, que vão passar um tempo na Grécia, porque a tia é musicóloga e trabalha coletando músicas folclóricas. Enfim, elas conhecem um outro maluco britânico misterioso que Nikky começa a se envolver, e após uma série de desencontros, descobre a trama de roubo e justiça que ele busca pra limpar seu nome e...

...

Eh. É interessante, mas nada de mais. Não tem nada de novo, é mais um suspense básico, mas que ao menos te deixa interessado no desenrolar.

A forma que a história vai se desenvolvendo e vamos descobrindo o que raio tá acontecendo junto com a protagonista é a melhor maneira de contar. Sabemos tanto quanto ela e à medida que mais personagens vão aparecendo e mais informações vão sendo descobertas por ela, não sabemos se podem ser auxílio ou mais problema pra nossa heroína. O que não impede que a personagem seja inocente o suficiente pra acreditar nos novos personagens, o que nos coloca numa posição um pouco desconfortável e desconfiada, por vezes. O que funciona bem e é o tipo de coisa que eu espero desse tipo de história.


Hayley Mills era uma das queridinhas do estúdio na época, e fez uma pancada de filmes pra Disney, incluindo Operação Cupido, As Grandes Aventuras do Capitão Grant, Operação Cupido 2, Polliana, Operação Cupido 3, Doce Verão dos Meus Sonhos, Aquele Gato Danado, e Operação Cupido 4 - Férias Havaianas.
E agora vocês sabem porque eu hesito em fazer uma retrospectiva de Operação Cupido. Esse e Herbie.

Enfim, ela é a garotinha adorável e fofolete que se vê no meio de uma trama de roubo internacional de jóias, e... cumpre bem o papel. Eu ouvi gente comentando que não consegue ver ela num papel mais sério e dramático como esse, porque os papéis anteriores dela foram mais juvenis, cômicos e açucarados.

Eu não consegui sentir muito problema, a adorabilidade e inocência dela é o que fazem a personagem funcionar. Ela é engraçada, insegura, tem bom coração, mas também não é tonta e tem uma noção de em quem confiar em determinado momento.
Sério, ela faz umas caretas engraçadas durante alguns momentos, mas também consegue fazer cenas mais românticas, de drama ou de perigo iminente.

Ela é fofa e engraçada, mas ela equilibra com momentos mais palpáveis e realistas de uma maneira convincente, o que funciona a favor dela quando sua personagem está em perigo. A gente pode sentir que ela tá dando o melhor de si pra despistar o vilão ou quem quer que ela suspeite, mas a personagem dela tem suas limitações.



O maluco britânico busca limpar seu nome indo atrás do ladrão das jóias, e é complicado explicar a história quando a graça do filme é justamente ver a história se desenrolando em seus plot twists. É um thriller de suspense, e o filme consegue te manter interessado no que vai acontecer a seguir. Claro, pra fãs do gênero talvez seja cheio de clichês previsíveis, mas pra um filme familiar é ok.

Ele nunca chega a ser muito sangrento, embora grande parte do plot envolva o braço ferido do britânico após ter levado um tiro, não chega a ser algo exagerado ou sem motivo, eles ainda mantém PG.
Eu acho que é a classificação desse filme. Eu não sei e nem vou olhar agora, eu não ligo.


Foi um dos live-actions mais caros do estúdio na época e... Eh. É interessante. Vale a pena ver por curiosidade, ele toma MUITA liberdade em relação ao livro, mas ainda é uma narrativa coerente e engajante. Os atores conseguem te convencer dos personagens e da trama, especialmente o velho grego que mais tarde iria ser um dos protagonistas de Três Homens em Conflito.

Sim, aquele filme de faroeste que todo mundo referencia quando quer fazer uma referência genérica a faroeste mas que ninguém sabe daonde veio, ou se sabe nunca viu o filme.

Bando de porcos sem cultura.

Se bem que não perderam muita coisa, o filme em si é um saco até pros padrões de faroeste, ao que me parece. É bom, mas superestimado, se não quiser gastar 3 horas vê a cena do clímax no YouTube, sei lá.


The Moon-Spinners é um filme legalzinho, mas nada que salte aos olhos. É uma diversão de Sessão da Tarde, mas daquelas que te fazem sentir que tu não perdeu o tempo. A fotografia das paisagens gregas são espetaculares, a atuação embora seja um pouco enganchada em alguns momentos consegue te engajar na trama, a própria trama em si é contada em pedaços no decorrer do filme sem soar confusa ou forçada, e é interessante ver alguns aspectos da cultura grega.

Se tiver nada pra fazer e tiver curioso em ver um filme obscuro da Disney, dê uma olhada nesse, talvez tenha algo que te agrade. Caso contrário, pode passar que não tá perdendo nada.



***


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2 comments

  1. Eu achei esse filme chatinho, fiquei assistindo à prestação. 😂

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    1. Sim, filme nessa época tinha um conceito muito diferente do de hoje, eles ainda queriam se parecer demais com teatro em alguns aspectos, tanto pela narrativa como falta de tecnologia.

      Mas a história em si pode ser interessante, um remake provavelmente estragaria tho. Mas vale como uma pequena cápsula do tempo.

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