Os Quadrinhos de O Abismo Negro (The Black Hole)


Existe uma tradição dos velhos antigos, de tempos há muito longínquos, onde se fazia uma adaptação em quadrinhos de filmes em exibição nos cinemas.

Digo, Branca de Neve estreou quando os quadrinhos adaptando o filme tavam sendo publicados nos jornais, como já mostrei aqui. É onde inclusive vemos coisas do roteiro original que por um motivo ou outro foram cortadas do filme, como o Príncipe Cabeça de Balde e a Rainha Mariana prendendo o Príncipe pra que ele não encontrasse Branca de Neve.

Esse hábito de adaptar filmes ainda nos cinemas pros quadrinhos e até livros continuou acontecendo ao longo dos anos, com resultados variáveis. Eu mesmo tive uma adaptação em quadrinhos de Toy Story, e eu tenho uma de Aladdin por qualquer motivo. Geralmente quando são adaptações feitas bem depois que o filme já tá com um roteiro pronto ou nos estágios finais de produção, não é tão interessante quanto quando ele é feito nos estágios iniciais.

Hoje eu quero mostrar pra vocês algo fascinante: esse filme semi-esquecido não só tem uma adaptação em quadrinhos nos estágios iniciais de produção, (o que a torna diferente do filme), mas tem uma sequência.

Pois é!

Vamos dar uma olhada nos quadrinhos baseados em The Black Hole, ou O Abismo Negro.



O Abismo Negro é um filme bastante peculiar da Disney. Eu devia ter colocado na retrospectiva Tio Walt, mas sinceramente não achei espaço suficiente lá, mas ainda o recomendei em um podcast, que se nada der errado, a essa altura já deve estar postado.

O filme trata sobre uma equipe de astronautas que se deparam com uma imensa nave fantasma, nave essa que devia ter voltado à Terra anos atrás. O cientista-capitão, o Dr. Reinhardt, é o único sobrevivente e permanece nesse lugar pra estudar o buraco negro à frente da estação espacial.

Dr. Reinhardt recebe os tripulantes em sua nave, com o robô Maximillian observando ao fundo.

Os tripulantes debatem entre si sobre o que fazer, ao mesmo tempo que tentam entender o que raio tá acontecendo com a tripulação robótica do Dr. Reinhardt. É um filme que… tem excelentes idéias, mas que nem tudo é explicado como deveria. Por exemplo, a mulher da tripulação tem uma ligação telepática com o robô VINCENT, que é algo que é usado em… 2, talvez 3 momentos do filme, especificamente num momento onde eles não podem usar um comunicador tradicional.

Saudades quando a ficção científica era só ficção. Tempos mais simples.

Dr. Reinhardt pondera sobre alguma coisa relacionada ao Buraco Negro que dá título ao filme da Disney

Dr. Reinhardt é praticamente um Capitão Nemo do espaço, e todo o filme brilha mais porcausa dele. O longa tem um excelente senso de direção de arte, e especialmente de ambientação. Há um clima de suspense constante, uma sensação de que tem algo errado, mas ninguém consegue dizer exatamente o que é, até ao ponto do próprio Reinhardt ter medo da sua própria tripulação. Ele é um homem extremamente culto, porém seu estudo mais o tempo isolado deixou ele ligeiramente abirobado, então ninguém sabe quando ele fala algo a sério ou quando é a loucura que tomou de conta.

Eu resenhei com mais detalhes no podcast, e eu recomendo que vocês assistam pelo menos uma vez na vida. Junto com Tron, Condorman, Something Wicked This Way Comes, Watcher in the Woods e Trenchcoat, foi um dos filmes que levou Ron Miller a criar a Touchstone, já que a Casa do Rato tava perdendo um público mais velho, intermediário.

Capa da adaptação em quadrinhos do filme O Abismo Negro, da Disney


O que não era problema pros quadrinhos, curiosamente. A adaptação foi publicada em diversos países, e aqui no Bostil Bananal tivemos uma publicação especial com a adaptação do filme em versão nona arte.

Eu acho que quadrinhos ainda é a nona, não lembro qual a oitava. Também não lembro em qual se encaixa os videogames. Enfim.
O resto dos episódios sequel tá espalhado em vários gibis, mas já chegamos lá.



Isso nem faz sentido, usava-se storyboards
mas não precisavam de quadros intermediários,
muito menos eletronicamente.

A nossa versão tem uma matéria com curiosidades do filme, que é bem… marketeira, digamos. Tem um monte de texto sobre os envolvidos no filme, sobre a tradição de animação que de alguma forma eles querem ligar com a animação computadorizada do filme (que só existe na sequência de abertura, aliás), e sobre o final do filme, tentando valorizar os esforços de sigilo sobre o originalíssimo e surpreendente final.
Quem já viu o final do filme sabe que é… Uh… Com certeza é um final.

…eu não daria spoilers nem se eu conseguisse dizer como o filme se conclui.

Mas o que se diz na matéria é que era um filme tão inovador, tão revolucionário, que o final dele era segredo guardado a sete chaves e ninguém do elenco poderia compartilhar e blablabla.


Na real ninguém na produção sabia como terminar a história, e teve um monte de alteração de última hora. Os caras até conseguiram autorização do Vaticano pra usar a Capela Cristina no final do filme, mas acabaram abandonando a idéia.

Se você nunca viu esse filme, já tem uma idéia do quão estranho é o final.


A adaptação em quadrinhos resume MUITO os eventos do filme, também. Algo que é costumeiro desse tipo de adaptação, aliás. Pela diferença de mídias, seria impossível, só dá pra fazer uma aproximação. Como eu já mencionei, quando eu era moleque eu tinha uma de Toy Story 2, e eu tenho uma ainda de Aladdin, que comprei por pura curiosidade mórbida.

São adaptações tristes, mas nenhuma supera a de Mickey-Donald-Pateta em Os Três Mosqueteiros. Eu pedi pra minha mãe comprar um Almanaque Disney porcausa da adaptação do filme, que eu já tinha visto e amado, mas só meus primos que tinham o DVD do filme.


Não é ruim, só… Bem menor que o filme. Mas, de novo, é um filme absurdamente bom e não tem o direito de ser tão espetacular quanto é.

Em Abismo Negro é o mesmo caso, mas se torna mais curioso porque tem muita coisa diferente em relação ao filme. E não digo diferente de coisas alteradas, é só… menos.

Menos diálogo, menos ação, menos desenvolvimento, menos tudo. O que faz sentido, deve ter sido adaptado de um estágio bem inicial do roteiro, como de costume. Mas ainda mais porque o ator do Reinhardt improvisou durante suas falas, inclusive coisas que acabariam sendo essenciais pro personagem e pro clima de incerteza do filme.


Aqui, Reinhardt que mata o Dr. Durant, e não Maximillian. E não vem reclamar de spoiler, a morte dele tá no trailer, vá se lascar. O visual do Durant também tá diferente, ao invés de parecer um jovem Moff Tarkin ele parece alguém que seria registrado numa listinha muito especial do governo e provavelmente seria professor de jardim de infância de alguma escola estadual.

O Durant também não demonstra interesse na pesquisa de Reinhardt, e mal tem qualquer ação durante os eventos do quadrinho. Os outros personagens são bem intercambiáveis, como o capitão e o outro carinha que é jovem louco pra ter um pouco de ação na jornada.

O que é engraçado, no filme eles são fisicamente parecidos e talvez cê não consiga diferenciar eles nem por nome, mas eu consigo lembrar de pelo menos dois momentos pequenos onde os personagens deles podem ser diferenciados pela personalidade, o que é dizer mais do que essa versão impressa.


E o final que… Meio que não acontece. Não tem um pingo do que aconteceu no filme, porque, de novo, nem o diretor nem os produtores nem os roteiristas sabiam o que fazer com o final.

No mais, a versão em quadrinhos é bem xoxa, mal dá pra empolgar pra ler, na real. É desprovido do mesmo tipo de suspense e ambientação que o filme oferece, e não é culpa do meio ou da adaptação, é porque quem quer que tenha adaptado não teve material suficiente pra adaptar.

Pior que, tentando achar outras obras de quem adaptou, descobri que a roteirista (Mary Virginia Carey) também adaptou outros filmes Disney pra quadrinhos, como Sword in the Stone, Merlin Jones, Blackbeard’s Ghost, mas também escreveu um livrinho baseado em O Segredo de NIMH.
Filme que eu recomendei no mesmo podcast onde recomendo The Black Hole.
Meme magic?

Also, ela compartilha o nome de uma falsa profetisa da Guerra Civil. TIL.

Enfim, o negócio começa a ficar interessante quando vemos a sequência, Beyond the Black Hole.


Todas as informações que eu achei referente a esse quadrinho me apontavam pra Más Allá del Abismo Negro, a publicação mexicana de Black Hole que continua a história do filme. Tem uma página no ComicVine, mas curiosamente, nem todas tão devidamente indexadas no Inducks e é um inferno de procurar por lá, porque nem procurando pelas histórias indexadas dos personagens cê encontra todas.

Só no Guia dos Quadrinhos eu achei a ordem correta, tal qual foi publicada no México. Supostamente, essas histórias só foram publicadas por lá, mas se for pelo Inducks acha outros países que também receberam sua tradução de Beyond the Black Hole, como Alemanha e… Suécia?

Enfim, eu vou indicar aqui onde eu li cada história, pra vocês localizarem n’A Gibiteca.
Deus abençoe os scanlators de gibis antigos.


Almanaque Disney 115 - Além do Abismo Negro


A história começa exatamente de onde parou, e embora tenha sido desenhada por outro artista, o traço se mantém bem fiel ao que já conhecemos da outra história, o que me faz pensar nos quadrinhos como mais um universo alternativo ao filme.

O que é apropriado, porque a equipe encontra a Palomino, com eles mesmos dentro da pequena nave. Eles passam por uma espécie de portal, e ao seguirem os doppelgangers, encontram Dr. Reinhardt vivo e sem lembrar deles.

Certas coisas, no entanto, fazem com que nossos heróis suspeitam que o portal pelo qual passaram seja um portal pra uma dimensão alternativa. Coisas como Maximillian falar, e ninguém, nem mesmo BOB lembrar de seus companheiros. Bob inclusive agora é carcereiro que vigia nossos heróis em sua prisão.


A teoria do capitão se prova verdadeira, e eles dão um jeito de escapar da nave com a ajuda de BOB, que se junta à equipe.

A história toma liberdades curiosas, como o design de alguns personagens (em especial Reinhardt, que agora parece um integrante de banda de rock brasileira). O diálogo também é bastante enxuto, não tem nem metade dos diálogos filosóficos e éticos sobre a pesquisa de Reinhardt. Tem menos ação que a primeira parte, mas é compreensível, o cenário em si não tem espaço (HA!!) pra fazer algo mirabolante, especialmente porque a primeira parte foi baseada num filme de alto orçamento.

Talvez se tentasse focar mais no suspense, a história poderia ter sido mais interessante ou melhor desenvolvida. Mas o estilo de quadrinhos Disney na época era bastante engessado, algo que servia bem pra comédia ou no máximo, histórias investigativas com Mickey e outros funny animals. É uma época onde quadrinho ainda precisava ter muita descrição pra acelerar a história, algo que não é tão necessário hoje.

E sim, a história tenta MUITO ser um repeteco do filme, com a equipe entrando na Cygnus e descobrindo um segredo. Só que o segredo não é tão interessante nem tão bem elaborado, é um negócio bem óbvio e que não tem tanta profundidade ou o fator spooky do filme.

Mas nossos heróis estão além do buraco negro, e mais histórias foram feitas baseadas nisso.


Tio Patinhas (Abril) 186 - Os Virlights


Aqui nossos heróis encontram os Virlights, um povo humanóide que foi mencionado rapidamente na história anterior. Eles são basicamente aquele clichê do povo utópico perfeito que aboliu as guerras e vivem em paz e harmonia, coisa monótona mesmo. A história deles é que Reinhardt quer invadir seu planeta, mas eles tem um campo de força que os protege de ataques inimigos.

Enquanto isso, também temos um backstory do robô BOB, que é totalmente diferente do que conhecemos.
Aqui, ele era um robô-babá do príncipe dos Virlights, e depois que Reinhardt (o desse universo, não o do filme) invadiu o planeta, os Virlights não puderam resistir, já que suas armas e naves estavam sem manutenção.

Tudo bem querer viver em paz, mas abolir manutenção e treinamento militar é imbecilidade. Onde estamos, no Brasil?


Reinhardt tomou BOB e o surrou pra que ele atendesse às suas demandas, e assim entendemos como chegamos no mesmo ponto por vias diferentes. SCIENCE!

Existem alguns pontos muito interessantes aqui. Por exemplo, Reinhardt é bem mais cruel e vilanesco que no filme, algo que explica ele ter mandado executar o resto da tripulação, deixando a filha do outro cientista lá viva. No filme, Reinhardt é um homem culto e ligeiramente sociável, ele jamais mandaria matar uma tripulação que poderia lhe ser útil e/ou controlável.

E aqui tem mais um momento onde a telepatia entre a doutora e VINCENT é útil, já que os Virlights os acertam com uma pistola paralisadora.

Por algum motivo isso me soa familiar… Não tem um episódio de Doctor Who clássico que eles fazem isso? Ou eu posso estar confundindo com um episódio de Chapolin, vai saber.

Enfim, pelo menos é um uso legítimo de um elemento da história que supostamente teria um único uso no filme.


Outro momento legal é ver os heróis mais descontraídos. Os Virlights os recebem bem, dão banho, trocam de roupas, e a tripulação pode relaxar por alguns momentos e conversar sobre coisas mais leves. Depois de tanto perrengue, é legal ver os personagens mais soltos. Parando pra pensar, já que eles são astronautas, acho que nem mesmo no filme os vemos como civis normais, sempre tem algo pra resolver e todos estão num constante estado de sisudez que faria Hymie soar amigável.


Uma coisa curiosa a se notar é que na capa americana tem um dinossauro. É claramente um chamariz bem pulp pro gibi (já que Black Hole tem uma vibe beeeem pulp mesmo), mas sim, ele tá presente na história.
O motivo de eu não ter mencionado o dinossauro é que ele é literalmente irrelevante.


Nossos astronautas chegam num planeta muito similar à nossa Terra, e por alguns momentos podemos vê-los respirar ar puro e colher frutinhas, até que encontram o dinossauro e sebo nas canelas de volta pra nave, e então eles encontram o planeta Virlight.

Tudo isso não tem nenhum impacto na trama em geral e o único motivo de estar aqui é basicamente pra ter um dinossauro.
Raio, parece algo que a Image Comics faria, só que com menos pele exposta, e olha que temos uma cena de banho da doutora telepata.


O mais bisonho é que essa foi a última história de Black Hole publicada nos EUA, e a história termina num cliffhanger. Os gringos jamais souberam como essa saga terminou, mas brasileiros, mexicanos, e… alemães, eu acho, tiveram mais dois episódios.


Almanaque Disney 116 - O Campeão Prometido


Ainda no planeta do Virlights, nossa equipe descobre que a nave deles foi roubada por uma espécie de animais locais que logo perdem o interesse no que roubam.

Sim, é mais filler, tal qual o planeta parecido com a Terra que só existe pra justificar um dinossauro na capa. O subplot dura literalmente duas páginas e poderia facilmente ser cortado, mas aí perderíamos a descoberta de que existe uma cearense além do buraco negro.


Aliás, a doutora tá gamando no velho? É isso mesmo?
E porque eu só consigo ler a voz do velho na voz do velho de Jiraiya?

Enfim, eles explicam que a juventude e vigor vem de… pensamentos positivos, que são… capturados por um cristal… E que gera um escudo que protege a cidade…


Se pensamento positivo curasse doença física o Big E já teria voltado.

(Vai ser muito engraçado se eu lançar esse artigo e logo depois o Big E voltar)

Eles também informam nossos heróis sobre uma profecia de um herói com um sol na mão que trará a vitória definitiva contra Reinhardt, porque a presença do cientista maluco causa medo nos virlights, o que enfraquece o cristal e o escudo. Eles visitam o virlight mais velho que existe, que é o guardião do lore do planeta ou algo assim.


Parece um sujeito bem equilibrado.

Enquanto isso, a doutora e a virlight cearense saem pra passear de unicórnio, o que é bom pra doutora, porque ela sente que seu pai está próximo, nesse planeta. Mesmo que seja apenas uma cópia do pai dela, ela não tira isso da cabeça e se esforça em ir atrás dele.


Após serem atacadas por uma criatura que parece algo saído de algum clone de Dungeons and Dragons, a doutora encontra uma luva, e ela sente que pertenceu a seu pai, provando que seu instinto está correto.

Sim, eu esqueci o nome da doutora, não me encha o saco, eu tou com fome e a única coisa entre mim e um saco de Sucrilhos de doce de leite é terminar de escrever esse trecho.

Elas chegam a uma caverna sagrada pros virlights, então apenas a doutora Kate entra pra procurar pelo seu pai.

Que foi? O narrador disse o nome dela agora, não me questione.


Ela então encontra robôs idênticos aos da nave de Reinhardt, e usa sua telepatia pra chamar VINCENT e seus amigos, porque é basicamente pra isso que serve a telepatia entre os dois e mais ninguém.

Nossos heróis chegam ao resgate da Kate, mas só as armas humanas fazem efeito nos robôs, por algum motivo. Até que…


OH MY GOD!

O VELHO TÁ VIVO!

Digo… ele não reconhece ela, porque ele nunca teve uma filha aqui… mas… cês entenderam.

Ele então explica o backstory dessa realidade onde Reinhardt e ele comandavam uma nave espacial de exploração, mas com pouca comida, então eles buscavam um planeta com condições similares à da Terra.

O que parece um plano incrivelmente imbecil, se me perguntar. As chances disso dar errado poderiam ter sido evitadas a partir do momento que alguém assinou o cheque autorizando essa viagem.
A menos que tenha sido custeada pelo programa espacial da BRASA, aí faz todo o sentido.


Em um desses planetas, eles encontraram humanos primitivos que adoraram Reinhardt como um deus, e lhe deram materiais pra que ele fizesse um exército de robôs, inclusive Maximilian. Com isso, eles vazaram do planeta e foram pro próximo, planejando dominar geral.

A menos que ele tenha deixado o planeta original em um estado de destruição semelhante ao de Detroit, esse plano continua não fazendo sentido, mas já estabelecemos que Reinhardt ficou absolutamente bilu bilu tetéia, embriagado com a loucura que só o excesso de poder é capaz de trazer, tal qual Roman Reigns.

Tanto é que sua tripulação se revolta e ele revida, mandando que seus robôs os ataquem, e o pai de Kate é o único sobrevivente.
O doutor então mostra o que vem trabalhado, uma esfera que libera uma luz imensa e destrói os robôs, e apenas os robôs com o projeto de Reinhardt.


Sim, o pai de Kate que não é o pai de Kate é o campeão profetizado há anos!

…claro, porque não?


E nossa história termina com um ataque de Reinhardt, que será concluído na próxima história.



Tio Patinhas (Abril) 187 (1981) - A Volta de Reinhardt

Eu não sei o que eu esperava, mas… não era isso.

Ok, tentem me acompanhar.


Reinhardt começou a atacar o planeta pacato dos Virlights, mas logo recuou, porque o pai da Kate que não é pai da Kate tinha uma nave escondida e usou pra revidar. Ele então apresenta seu projeto aos outros Virlights, e traçam um plano pra atrair Reinhardt.

A idéia é mandar uma carta de rendição ao cientista maluco, fazendo com que ele entre naturalmente no planeta e assim seus robôs sejam destruídos com o orbe brilhante de do Dr. McCrae.
Mas Kate McCrae começa a suspeitar que algo errado acontece com o velho que não é seu velho, e vai investigar.

Nisso, ela volta ao laboratório das cavernas encontrado na história anterior, e encontra…

É… isso aí.

…..

….

É um robô… com aparência humana… capaz de ter sentimentos… Cujo único propósito de vida é entreter o doutor ao… dançar…


Cês já se pegaram vendo alguma coisa extremamente aleatória na TV Cultura? Ou o YouTube já te recomendou um vídeo completamente bizarro, que você só tinha certeza que não tinha sido desenvolvido automaticamente por robôs tentando imitar descrições de sonhos porque no início do site não havia tecnologia suficiente para isso?

É exatamente assim que eu me sinto vendo esse tipo de coisa.


Isso é completamente bisonho, e eu respeito demais o design do desenhista, porque é totalmente algo que seria feito no filme, bota um ator magrelo numa zentai preta com buraco no rosto e orelhas e diz que é um robô humanóide. É prático, barato, e cria essa sensação surrealista e cruel que eles querem dar ao Dr. McCrae.

E o mais bizarro é que isso tudo é propriedade da Disney. Se eles quiserem fazer uma sequência de Black Hole, eles poderiam muito bem adaptar esse arco de quadrinhos.

Não significa que funcionaria, mas eles poderiam.

Ok, wathever. Dra. McCrae tá mais do que nunca desconfiada do Dr. McCrae, que ele não é quem diz ser e etc.
Mas temos um plano a cumprir, e pelas barbas de Netuno, o cumpriremos!

Reinhardt chega com seus robôs, mas o velho McCrae controla Max pra bater em Reinhardt, que perde a cabeça.


Literalmente.



O REINHARDT DESSE UNIVERSO ERA UM ROBÔ!!!

DUN DUN DUUUUUUNNNNN!!

Kate aproveita o espanto geral e usa o orbe brilhoso do Dr. McCrae, que destrói todos os robôs menos Max, porque Vincent que precisa derrotar Maximillian.

Por algum motivo.


Mas durante a luta, temos uma das mortes mais violentas de todas as mídias Disney. Sim, mais violenta do que muitos dos vilões clássicos, como a Bruxa Má que foi esmagada por uma pedra (mas sobreviveu e passa bem); Klayton que foi enforcado e até vemos a silhueta dele; o vilão de Oliver e sua Turma que foi atropelado por um trem, e até Scar que foi devorado vivo.

Lembrando que isso é uma história em quadrinhos que foi tão desprezada que mal recebeu uma publicação mundial decente, e é um milagre que a tenhamos oficialmente em português.



Maximillian pega o doutor McCrae, e desobedecendo as ordens do velho, o aperta até esmagá-lo e provavelmente espalhar miolos, sangue, e vísceras por todos os lados.
Claro, nunca vemos o resultado tão vermelho que faria os produtores de Game of Thrones acharem um exagero, mas o fato de que temos Kate, a filha do Dr. McCrae original, presenciando e quase vendo a cena com os próprios olhos dá um requinte de tragédia e crueldade pra morte do velho pecador.

Enfim, o pergaminho tem bons conselhos em geral, porque a Disney ainda se preocupava com uma boa moral nessa época, por mais clichê que possa parecer.


Enfim, BOB termina no planeta dos Virlights, agora que ele tem seus braços de babá de volta e pode voltar a cuidar de crianças tal qual sua programação original lhe instruía, e nossos heróis sobem a bordo da Palomino para voltarem para casa.

O que eu acho interessante é que sim, o final dá a entender que eles acharam o caminho de volta pra Terra original, mas nunca vemos eles de fato voltando à Terra, talvez um final semi-aberto caso houvesse interesse em continuar as histórias do filme, ou até mesmo pra que crianças pudessem continuar as aventuras dos astronautas com seus brinquedos.

Todas as cinco crianças que compraram brinquedos de Black Hole.

Eu totalmente teria brinquedos de Black Hole, não vou mentir.



Ok, qual meu veredito sobre o… universo expandido de Abismo Negro?
É um dos melhores exemplos do porque a Disney como companhia continua sendo absurdamente fascinante pra mim.


Só o filme já é um marco na História do estúdio, mostrando grandes mudanças de narrativa e de mercado, mas que ainda estão alinhadas com os padrões e valores que o velho Walter já havia estabelecido. Grande fã de tecnologia e de viagens espaciais, The Black Hole é um exemplo de um filme Disney mais sério e sombrio, mas que mantém aquele mesmo espírito de criatividade, imaginação, e avanço científico.

Claro, o filme ainda tem muitas falhas, mas é algo que o estúdio ainda não estava acostumado a fazer, e só iria conseguir o tom certo alguns anos depois com Tron.

Que também levou anos pra ser reconhecido como a grande obra que é, mas divago.

Outro filme no mesmo estilo que me vem à mente é Misson to Mars, que eu já resenhei na Retrospectiva Tio Walt, e que é ainda mais próximo das raízes do velho Walter, por ser baseado diretamente em uma ride da Tomorrowland.

E que foi dirigido pelo Brian de Palma.


O quadrinho tem muito o mesmo feeling de “tudo pode acontecer” que normalmente tem em quadrinhos Disney da época baseados em outros filmes, como os clássicos animados ou mesmo os baseados em Merlin Jones. Ao mesmo tempo, parece existir uma certa proteção maior das IPs animadas ou de maior prestígio, por assim dizer.

The Black Hole parece ter dado mais liberdade criativa nos quadrinhos, até porque a adaptação em papel é baseada num roteiro bem primordial do filme.

Então… é uma anomalia. Por um lado, eles poderiam ter feito tudo que quisessem, conceitos sci-fi completamente ablublublé, mas seguiram uma rota bem segura com um twist bem bolado e executado.

Não é uma obra-prima da ficção científica, nem um quadrinho Disney com uma aventura exagerada e cartunesca, mas talvez seja justamente por estar nesse ponto doce tão específico que valha a pena dar uma lida, pelo menos pra imaginar como uma sequência de Black Hole poderia existir em algum outro universo.


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