O Legado de Tio Walt - Parte 6: Prestígio


Se perdeu a parte anterior, clique aqui.

O estúdio de animação estava se firmando na nova Era Disney, e os filmes live action pela Walt Disney diminuíram, já que Eisner agora focava em lucros altos e rápidos com a Touchstone. E tava dando resultado.

Mas ainda assim, a Walt Disney Pictures ainda fazia live actions, e o próximo filme é uma pareceria entre a Walt Disney e a Touchstone.

É tipo tu e teu irmão gêmeo se juntarem pra fazerem um projeto.


E o resultado foiThe Rocketeer, de 1991.




Baseado numa HQ, o filme conta sobre Cliff, um piloto que sonha em participar do torneio Internacional de Corrida de Aviões. Mas ele acaba esbarrando num protótipo de mochila a jato, e usa ela pra salvar um cara que foi bancar o piloto pra salvar o trabalho de Cliff.

Daí todos os jornais tão falando disso, o que atrai a atenção do aviador famoso cujo nome eu nunca me lembro e eu tenho certeza que se meu amigo Willyson souber quem é ele vai me dar uma mãozada, dos nazistas, e de Timothy Dalton interpretando a versão maligna de Timothy Dalton.


Eu nunca li os quadrinhos e pelo que sei tem no mínimo 3 versões diferentes, sem contar um desenho novo que vai sair no Disney Junior. Mas eu entendo um pouco sobre os quadrinhos pulp, e esse é um filme que captura muito bem esse clima.

É a típica aventura do cara relativamente normal, com uma namorada bonita (no caso uma das criaturas mais adoráveis a pisar na Terra, Jennifer Connelly, que sempre me deixa confuso sobre a quantidade de consoantes em seu nome), e que acaba se envolvendo numa trama muito maior do que imaginava e termina o dia lutando contra nazistas.

Também conhecida como "quinta-feira".


E enquanto herói comum... Cliff é bem sem sal. O que... é uma característica dos pulps, eu acho. Digo, não é como se eu tivesse lido demais, eu acho que o mais próximo que eu cheguei de pulps foi os quadrinhos originais da DC e... talvez os de Archie. Que não eram heróis, mas a forma de criar personagens era parecida.

Batman era muito influenciado pelos pulps, então é o único que me vem à mente e logo, vou comprarar a ele. Esse filme lembra muito as histórias de origem do "Bat-man", com um herói interessante, mas com pouca substância de personalidade. É um personagem bem simples, mas o ator faz com que nos importemos com ele. O elenco de apoio é muito mais interessante e vivo, e talvez o protagonista não ser muito complexo seja parte da idéia de que qualquer um pode se colocar no lugar dele.

Ele tem um sonho grande, luta pra isso, ele namora uma guria linda (que é parte da fantasia), mas também tem os problemas pra se relacionar direito com ela, com aquelas coisas pequenas que todos nós fizemos ou faremos em algum momento. Ele tem essas características universais e não dá pra não torcer por ele, tal qual Archie (mas num nível de trapalhada infinitamente menor).


E como eu falei, o resto do elenco é formidável. Timothy Dalton consegue ser divertido e vilanesco ao mesmo tempo que é sedutor; Jenniffer Conely é fofuxa, linda, mas ao mesmo tempo com uma personalidade forte e determinada. Ela é a donzela em apuros, mas em outros momentos consegue se virar sozinha. O velho que nunca fica bem estabelecido se é pai do Cliff também é um velhinho engraçado e sábio, sem soar muito cartunesco.

Todos os personagens são simples o suficiente de serem compreendidos, mas a performance e alguns twists fazem com que se tornem personagens interessantes.


E igualmente interessante é a história em si.

A trama que aos poucos vai revelando as ligações com os nazistas, é algo típico dos quadrinhos que o filme homenageia. Cê lembra aquele tempo em que TODO super-herói dava uma bofetada no Hitler? Pois bem. Aqui é um filme Disney onde vemos o verdadeiro Adolf em pessoa.
Leve o tempo que precisar pra digerir essa informação.


As tretas entre nazistas, gângsters e o FBI são interessantes e até um pouco violentas, mas continua sendo algo meio que pra crianças, não mostram sangue, tem alguns momentos mais engraçadinhos de trapalhadas ou stunts mais cartunescos, mas nada que soe tão cartunesco que seja fora do lugar. Até o assassino de aluguel que é basicamente um desenho ambulante feito por Robert Crumb, ele soa estranhamente plausível nesse mundo.

Um mundo onde um zé do interior encontra uma mochila foguete steampunk projetada por nazistas, mas ainda assim.


E eu simplesmente AMO o design de produção desse filme. Tu se sente realmente naquela época, mas de uma forma mais fantasiosa. Pega muita influência de art deco, mas não precisa ser um especialista pra entender e sentir o filme. Esse foi o filme que mandou o diretor a fazer outro grande filme de herói de quadrinhos dos anos 30 produzido pela Disney: Caipirão América - O Primeiro Vingadoido.

É!


E tudo foi feito com base nos desenhos e esquemas originais do criador da HQ, então o grau de fidelidade é bem alto. Embora Michael Eisner tivesse insistido em mudar o design do capacete pra algo mais NASA, até que um dos escritores ameaçou vazar fora caso acontecesse.

E esse é só um dos exemplos de como Eisner tinha umas idéia loca massa, mas outras... Eram só desastrosamente ruins.

Also, sim, os efeitos visuais na tela verde podem não ter envelhecido muito bem, mas é só um detalhe, o filme realmente te prende pela trama e pelos personagens.


E pra quem gosta de cinema da época, também é interessante ver referências da época, tanto da forma que se produziam os filmes, como outras coisas mais rápidas (como menção a Clark Gable e referências a Errol Flynn).


É um filme FANTÁSTICO e incrivelmente divertido, de verdade. Tem tudo que tu quer pra uma Sessão da Tarde, e talvez um pouco mais. É engraçado, é sério, é dramático, é aventura, é Jenniffer Connelly sendo linda e adorável e mostrando que os LARP de Sara em Labirinto compensaram.
Se ainda não assistiu, assista assim que puder. E caso a Netflix não tenha até o fechamento dessa publicação, quebre as regras e baixe no torrent mesmo.






Voltando pra animação, o estúdio se preparava pro seu maior sucesso, mesmo que os envolvidos não soubessem. Assim como Pequena Sereia, é uma história clássica, mas mais conhecida, com versões em trocentos países, e com versões cinematográficas desde os anos 30 e 40. O rastro histórico das versões do conto justificam os versos "tale as old as time", e sua essência de como o amor puro cura feridas justifica "true as it can be".

É claro que tou falando de Bela e a Fera.


A história trata sobre Bella, uma jovem-camponesa-de-bom-coração-que-vai-todos-os-dias-à-vila-cantar-sobre-todos-os-habitantes-e-alugar-livros. Seu pai é um inventor que termina um cortador de lenha automático, e vai pra feira de inventos mostrar sua criação. Mas uma dobra errada em albuquerque o leva ao castelo do Fera, que foi amaldiçoado por ser um moleque mimado e remelento e não oferecer abrigo a uma feiticeira disfarçada de mendiga.

Eu tenho CERTEZA que isso foi muita injustiça, ele deve ter ouvido falar na Rainha Mariana e seu kit de ciências pra virar uma velha. Mas eu divago.


Enquanto isso, o herói local, Gaston, quer casar com Bella por nenhum motivo exceto que os dois são bonitos.

Ok.



Bella troca de lugar com seu pai, se tornando prisioneira de Fera, que começa a ser incentivado pelos seus servos-utensílios vivos a tentar ser gentil com ela, porque a maldição só seria quebrada se o Fera aprendesse a amar e ser amado de volta.

E agora que tu notou que o pessoal da vila
tá olhando diretamente pra ti, cê tá desconfortável.
Quanto mais olha, pior. De nada.

E eu já vou mandar a real logo: não é um dos meus filmes favoritos do estúdio. A história não conversa muito comigo, os personagens são divertidos mas... É. Eu troco esse filme por Aladdin ou Pequena Sereia ou até Hércules qualquer dia da semana.

Mas isso não quer dizer que eu ame assistir e muito menos que seja ruim. Muito pelo contrário. É especatular. É lindo. É fantástico.


Há uma discussão (a qual eu darei meus dois centavos de opinião em algum ponto no futuro) que os filmes atuais da Disney só conseguem competir com outros filmes do estúdio, mas não com outros filmes mais sérios. Por exemplo, Branca de Neve e a sequência da Noite no Monte Calvo em Fantasia eras assustadores como filmes de terror da época; ou como Branca de Neve pegava inspiração em filmes surrealistas alemães e era tão bom quanto eles, etc.
E durante MUITO tempo, meio que se faltou isso, eu calculo que lá pelos anos 60 perdeu-se essa idéia de querer competir com outros filmes mais "sérios". Animação é uma mídia, uma ferramenta pra contar histórias, e era assim que Walt pensava e agia como produtor.

Nos anos 60 os filmes ficaram mais seguros, com uma mentalidade e narrativa mais palpável pro público da época e tentavam menos ser atemporais como seus antepassados. Eu não tenho tanto conhecimento dos filmes da época, mas eu tenho a teoria de que os anos 60 precederam os fundamentos dos fracassos de bilheteria e crítica dos anos 70 e 80. Claro, sem contar as tretas internas de bastidores e business, mas ainda assim.


Pequena Sereia foi um risco que pagou, Rescuers Down Under aperfeiçoou técnicas, e Bela e a Fera provavelmente foi o filme que elevou Disney de volta ao patamar dos clássicos da Era de Ouro. A esse ponto, graças aos desenhos-comerciais que INFESTARAM a televisão americana (Transformers, My Little Pony, G.I. Joe, Go-Bots, Tartarugas Ninja, só pra citar alguns), a mídia de animação passou a ser aceita e concebida popularmente como "coisa de criança", e nesse meio entrou os desenhos Disney (cujos clássicos como Branca de Neve, Pinóquio, Peter Pan, e Cinderela funcionam tão bem quanto as fábulas originais, logo envelhecem com mais dificuldade).

Mesmo que o estúdio tivesse história, o senso comum era de que desenhos eram feitos pra vender brinquedos e deixar crianças quietas por uma hora e meia.

Bela e a Fera foi a primeira animação a ser indicada pro Oscar de Melhor Filme, num tempo que o Oscar realmente importava.

Sim, os cabelos delas representam
Jasmine, Ariel e Bela. Ignore
artigos clickbait sobre isso.

O público adorou. A crítica adorou. Foi mostrado uma prévia com cenas incompletas, ainda a lápis, e o público aplaudiu. Pequena Sereia iniciou de vez a Renascença Disney, mas Bela e a Fera cimentou. Era como o efeito Branca de Neve de novo.

E com bons motivos.

Os personagens são adoráveis, odiáveis, mas todos são divertidos. Bella é uma moça sonhadora, mas tem uma personalidade bem definida e objetivos até meio... profundos. Ela busca por aventura, por algo que ela não compreenda, maior que ela mesma. Como todos nós em algum momento de nossas vidas, ela procura por algo fantástico, algo que cative seu interesse, que ela não compreenda mas a atiça em busca de respostas.

Aí ela se apaixona por um fursona.
Gaston é o herói local que atrai corações de todas as donzelas da região. O filme poderia acabar aí mesmo, mas não seria family-friendly a Disney ter um filme onde o vilão tem um harém, então seu objetivo é casar com Bella. E o trabalho de animação nele é fantástico, conseguimos ver nele um personagem engraçado, capaz de se envolver em sequências cômicas de slapstick, mas também de como ele é maligno e manipulador, nos fazendo odiá-lo.


Fera é um personagem trágico, e quanto mais tu entender isso, melhor tudo fica. Ao contrário daquele DESASTRE AMBIENTAL QUE FOI O REMAK-ok vou tentar me conter.

Fera é um personagem trágico, que quer se livrar da maldição, mas já perdeu todas as esperanças. Ao mesmo tempo, ele quer se agarrar ao mínimo que pode, e essas duas vontades conflitantes nele é o que fazem com que ele seja tão interessante e identificável



Os servos do castelo são igualmente interessantes, não se sentem só como alívio cômico, ou pra fazer a história andar, ou pra vender brinquedos. São personagens reais e com sentimentos, e nos importamos com eles. Tem inclusive uma música nas versões recentes, Human Again, que foi cortada da versão original. Mas como fez sucesso na Broadway, resolveram juntar o pessoal de novo pra animar a sequência, que nos dá um insight sobre o ponto de vista dos servos. É interessante e grudenta, bom demais.


E falando nas músicas, são todos clássicos. Originalmente o filme ia ser mais sombrio e sem músicas, até que Howard Ashman e Alan Menken chegaram de voadora nas portas do estúdio e a partir de então a música passou a dirigir e ser parte integrante da história. E sim, seguindo o conceito de um musical da Broadway, que combina perfeitamente no filme, especialmente em Be Our Guest.

E o design de produção, o castelo do Fera, as cores, tudo é perfeito demais. Quando os personagens entram pela primeira vez no castelo tudo é muito assustador, grande, massivo, ameaçador, sombrio. Aos poucos vai ficando mais confortável, sem deixar de ser imenso e detalhado na medida certa.

Ao contrário de C E R T A S versões...



Aliás, a paleta de cores do filme é essencial pra mostrar emoções, mas principalmente porque os artistas representam cada etapa do filme como uma estação do ano, assim como a relação entre as cores da roupa de Belle, do Fera e do Gaston. Azul representando a bondade, com Bella passando maior parte do tempo nesse vestido inspirado por Dorothy em 1939; e Fera começando o filme com tons roxos/vermelhos e aos poucos migrando pro Azul; enquanto Gaston passa o filme todo com vermelho, representando o mal. É bem óbvio, mas é uma das coisas que faz o filme funcionar.

É um filme muito detalhista e eu amo isso.



E esse foi o primeiro filme que usou MUITO da modelagem 3D primitiva pra fazer o layout de algumas cenas, especialmente a cena da dança. É de arrepiar, não só pela técnica, mas porque a cena toda é lindamente executada.

Aliás, a cena toda foi projetada no computador, mas sabe os protagonistas? Foram animados À MÃO.

É!!

A partir daqui todos os filmes animados do estúdio praticamente teriam alguma cena assim, e cada vez mais eles iriam melhorando a técnica. Mas eu já chego lá.

Aliás, um ano depois, antes de Querida, Encolhi as Crianças, o curta Off His Rockers foi exibido, mostrando um estudo da interação do 2D com 3D.
E sim, parece MUITO Toy Story.



Que mais eu posso dizer desse filme que não tenha sido dito? É espetacular, é fantástico. Diverte crianças, diverte e maravilha adultos; tem temas clássicos e universais tratados de uma forma realista e madura (como eu já falei, o Fera é um personagem trágico DEMAIS), mas também tem coisas relativamente mais modernas, sem deixar a obra datada, criando uma mistura agradável.

Tem uns toques pequenos que eu amo, como quando Bela tá lendo um livro e Gaston a chama, e ela fecha o livro com carinho e faz um gesto tipo uma mãe faz pra um bebê dizendo "eu volto já, não chora".
E os backgrounds são LINDOS, pelo amor do Pequeno Urso. Eu amo como a primeira cena referencia a primeira cena de Branca de Neve, ao mesmo tempo em que empurra o conceito aos limites, é sensacional.

Não é um dos meus filmes favoritos do estúdio, mas é legitimamente um dos melhores. Melhores animação, melhores roteiro, melhores interpretação de vozes, melhores narrativa. É simplesmente um filme perfeito e que os próprios produtores assumem que foi basicamente um milagre ter tanta gente talentosa junta (os diretores foram trazidos pra um período de experiência, e só depois ficaram pro projeto todo). É um filme que nunca poderá ser replicado.


E ainda assim um zé mané qualquer com demência intestinal disse "AH NÃO EU POSSO FAZER MELHOR QUE ISSO". O resultado todos já sabemos.




Agora, sabemos que a Disney consegue se dar bem com fantasia. Contos de fada, histórias originais, é por isso que eles são conhecidos. Mas e histórias reais? Digo, fora Davy Crockett e provavelmente alguns live actions que eu não assisti, de cabeça não lembro de nenhum fato histórico que o estúdio tenha adaptado. E... Davy Crokett era beeeem romantizado, como se sabe. Mas era um herói, era meio que esperado que fosse uma adaptação mais exagerada pra ser interessante.



Aí alguém pensou "Ow e que tal um filme sobre a greve dos moleques jornaleiros em 1899?"

Michael Eisner: Pera, isso existiu?
Cara random sem nome: EXATAMENTE! É a oportunidade perfeita pra mostrar esse período obscuro da História!
Eisner: ...tá, como seria então?
Secretária de Eisner: Seu Micael o Alan Mendes tá na linha 2.
Eisner: Valeu, Gertrudes.
Cara: PERA O ALAN MENDES DA PEQUENA SEREIA?
Eisner: E que acabou de fazer Bela e a Fera, junto do finado Howard Ashman.
Cara: OK ENTÃO ia ser um drama sério, mas agora VAI SER UM MUSICAL?
Eisner: Um music-como é
Cara: ESTILO BROADWAY
Eisner: ...cê quer fazer um musical broadway live action baseado em fatos reais?
Cara: EXATAMENTE
Alan Menken (no telefone): BRILHANTE!
Eisner: ...mano toma esse cheque, sai da minha frente, e diga pra Gertrudes cancelar meus compromissos de hoje. Eu preciso me entupir de Tylenol e sorvete.




E foi mais ou menos assim que surgiu Newsies (também conhecido na terra do Amigão como Extra! Extra!).


A história se passa em Nova York de 1899, onde acompanhamos a rotina de um grupo de garotos órfãos ou com dificuldades financeiras no lar e que trabalham vendendo jornais. Mas os jornais não estão vendendo tão bem quanto o dono do jornal The World, Joseph Pulitzer (sim, AQUELE Pulitzer) gostaria. Sua solução é aumentar em 10 centavos no preço que os guris compram os jornais, sem mexer no preço pro consumidor final. 

Isso enfurece os já pobres Newsies (que é como os moleques são conhecidos), que iniciam uma greve liderado por Batman e pelo maluco que parece o Kirk Cameron.


Conheço gente que não gosta de musical. Sei lá porque, talvez ache brega demais ou o mickeymousing não funcione neles. Se tu é um desses HEREGES, esse filme não é pra ti. At all. Desista.

A maioria dos musicais tenta focar em algo fantástico, seja sobrenatural, uma história fictícea, ou mesmo algo mais realista e dramático, mas exagerado pra soar mais bonito e/ou interessante. E normalmente eles são conscientes disso. Eles sabem que alguém começar a cantar do nada é ridículo, mas pra eles não faz diferença, nesse mundo é natural, música é usada como um meio pra te dizer algo que não teria o mesmo impacto só com diálogos ou ações.

Newsies... Faz exatamente isso. Só que todo o design de produção dele é realista demais.


As roupas são muito próximas das usadas na época, os sets são muito detalhados, e raios, as pinturas de fundo pra tomadas amplas da cidade são LINDAS. Então quando os moleques começam a cantar e dançar e rodopiar feito bailarinas que comeram rojões no café da manhã tu pode acabar estranhando tudo.

Mas, se tu for como eu, que já tem gosto pela Broadway... Só adiciona à experiência.


Eu gosto dessa coisa realista (especialmente dessa Nova York antiga, sei lá porque) e gosto de Broadway. Já dizia Shoe0nHead, "duas coisas que eu gosto... JUNTAS!"

Mas claro, eu gosto de tomate e bolo de chocolate, mas as duas coisas juntas... Não combinam.
...sim eu boto farofa na pizza, mas ao contrário do exemplo citado, esse último é um hábito belo e moral.

Pera, é o Whihndersson Nunes ali atrás?
Newsies faz com que essa mistura estranha funcione. Grande parte se deve ao protagonista, apelidado de Cowboy. Batman é um ótimo ator, e o próprio personagem nos faz querer torcer por ele. É um moleque solitário e com grandes sonhos, e embora a narrativa dele seja algo já manjado, o carisma do ator e a temática da história em si consegue te cativar o interesse. Da mesma forma o maluco que parece o Kirk Cameron, com um personagem mais tímido, mas que aos poucos vê a necessidade de se firmar como líder.

E o irmão menor dele fez o pivete autista que pronunciava Califórnia como "Cawifohnia" em O Gênio dos Videogames.

Minha performance favorita tem que ser o do líder dos Newsies do Brooklyn. Eu sei lá, ele parece tão novo, mas ele age como se fosse um maldito chefe de gangue. É engraçado, mas tu consegue levar ele a sério, o ator dele é muito bom.


E não só isso, mas a história em si é interessante e cativante. Termos um arco narrativo muito sólido, e que te dá uma catarse IMENSA no final. É simplesmente um filme satisfatório de assistir, nesse sentido. É meio brega, meio previsível, mas a performance paga por tudo.

O que não é brega, é levado muito a sério, e os atores conseguem te convencer, mesmo quando eles acabaram de rodopiar e pular tanto que poderiam gerar energia elétrica suficiente pra ligar um microondas.


E falando nisso, as coreografias também são magníficas. Há MUITO esforço aqui, e tu consegue sentir isso. Lembra de Step in Time, de Mary Poppins? Então, basicamente todas as coreografias aqui são basicamente isso, só que a um outro nível. Eu não sei, mas é só... Bom demais de assistir. É craitivo, é divertido, é empolgante, e nem sempre diz muito da história ou sentimentos, é mais doce pra vista e pro ouvido.

Aliás, Kenny Ortega que dirigiu. Cê sabe, o cara de High School Musical, Descendentes 1 e 2 (3 futuramente 3), e This is It.
Sim, o filme do Michael Jackson.

Foreshadowing.
Newsies não é pra todo mundo. É pra um público muito específico, o público da Broadway. O movimento da coreografia é planejado como um palco da Broadway, mas com a liberdade de ângulo e movimento que o cinema te dá. E talvez esse seja um dos motivos que afastem o público mais normal e que levou o filme a receber críticas ruins e baixíssima bilheteria na época de lançamento.

Ok, isso e o sotaque nova-iorquino do século 19, que faz com que todos atuem como se fosse Bert interpretado pelo Dick Van Dyke bêbado, mas eu divago.

"Mas o Bert tinha sotaque britânico, não nova-iorquino!" Exatamente.

Ok, pra ser honesto, Cowboy foi baseado no verdadeiro líder da greve, que era quotado nos jornais com sotaque. Então ao menos isso tem fundamento histórico.
Resta saber se as greves eram coreografadas também, imagino que sim.

"I'm rotten to the core, core
Rotten to the core"
Newsies é um filme muito estranho. Tem MUITO esforço em todos os setores, da história, à atuação, à coreografia, à direção, design de produção, etc. Mas tudo isso pode jogar contra ou a favor das tuas expectativas.

Se tu tiver atrás de um musical baseado em fatos reais, que seja brega quando precisa, mas também consiga ser sério e dramático, e se tu gostar de espetáculos estilo Broadway, esse filme é pra ti, assim como ele é pra mim. É divertido e dramático à beça, e eu vou adorar rever vez ou outra.

Sim, tem vários momentos de adolescentes fumando.
Hoje a Disney não faria esse filme.

Mas não era o foco do estúdio, claro. Uma vez que a Renascença tinha se firmado com Bela e a Fera enchendo os cofres do Rato, a equipe se dividiu e começaram a trabalhar cada um em um projeto separado, pra tentar manter a promessa de um novo longa animado por ano. John Musker e Ron Clements tiraram uns dias de folga depois do excesso de trabalho em Pequena Sereia, e durante a produção de Bela e a Fera foram chamados pra produzir um novo filme pro estúdio.

"OW JEF AGORA É O ILHA DO TESOURO NO ESPAÇO NÉ", eles perguntaram. A resposta foi uma gargalhada e um rascunho de Aladdin.



A produção do filme teve vários problemas, especialmente porque o conceito inicial do filme foi feito por Alan Menken e Howard Ashman. Infelizmente, Howard era soropositivo, e durante a produção de Bela e a Fera sua saúde só foi piorando. Ele faleceu pouco antes da estréia do filme, o qual foi dedicado em sua memória.

John e Ron fizeram uma versão bem alpha do filme e mostraram pro chefão Jeffrey Katzemberg, que disse "tem filme demais" e saiu. Oh sim, Jeffrey ODIOU o filme, e mandou que refizerem tudo do zero, sem mexer na agenda.



E assim como eu fazia no ensino médio, John e Ron fingiram que refizeram do zero, mas aproveitaram o máximo possível do que já tinha sido feito. Foi cortado TANTA coisa, que futuramente eu vou fazer um vídeo dedicado exclusivamente a apontar as diferenças da versão alpha e da versão final do filme.

...alguém usa o termo "versão alpha" pra filme? Eu só vejo ser usado pra jogo, mas é literalmente o melhor termo que eu pude pensar agora.


Enfim, baseado em uma das histórias supostamente contadas por Catarina, Aladdin conta a história de... bem, Aladdin. Um pobre órfão morador de rua que é forçado a roubar comida dos vendedores na Feira da Parangaba pra poder comer ele e seu macaquinho Abu. Até que um belo dia ele encontra uma mocinha linda da Aldeota, que acaba causando confusão sem querer por lá. Aladdin ajuda-a a fugir, sem saber que ela é filha de Tasso Jereissati, o Sultão. A princesa fugiu do apê porque ela queria ter liberdade de poder ir e vir e decidir o que fazer da sua própria vida, já que seu pai queria que ela se casasse com um maluco qualquer aí que facilitaria comprar o shopping da família ou algo assim, sei lá.


Enquanto isso, Jafar, o conselheiro real, usa Aladdin pra conseguir uma lâmpada mágica, mas nem isso ele consegue. Aladdin descobre que dentro da lâmpada habitava um dos maiores comediantes e atores do mundo, que o ajuda a conseguir a princesa, yadda yadda yadda, lâmpada, parada, princesa, lucros.

Quem desconfiaria desse cara?
Esse é um filme que quebra algumas regras. Até aqui todos os longas (ou pelo menos a maioria deles) tentavam se afastar o máximo possível de referências modernas. Vez ou outra tinha algo do tipo, mas geralmente era algo mais sutil, como Branca de Neve pegando inspiração em filme surrealistas de terror alemão, ou talvez a personalidade do Grilo Falante, ou até 101 Dálmatas quando mostravam a série de TV que eles assistiam. Mas eram referências facilmente perceptíveis e tavam intrinsicamente ligados à história, e o fato de eu ter que pensar por MUITO tempo até achar esses exemplos deve dizer alguma coisa. Alguns eram nem referências em si, eram mais técnicas narrativas, como o surrealismo de Branca.

Se quiser esticar, em Fun and Fancy Free tem o cara lá dos bonecos que ninguém lembra mais hoje. Mas eram filmes feitos pra gerar lucro rápido, e ainda assim eles tem aquele clima atemporal. Então ok.

Mais um foreshadowing.

No caso de Aladdin, alguém chegou na sala do animador Andreas Deja (supervisodr de animação do Jafar) berrando "MANO OS CARAS FIZERAM O ARNOLDO ESUASNEGA NOS STORYBOARD"

Deja: que
Alguém: ARNOLDOESUASNEGA
Deja:...pera fala mais dev-
Alguém: ARNOLDO-
Deja: mano calma

I'LL EAT YOU JAMIE NHAW NHAW NHAW
E não era só nosso austríaco favorito, mas uma SÉRIE de personalidades modernas, que poderiam datar o filme a nível criminal. Isso porque os produtores escreveram o papel do Gênio tendo Robin Williams em mente, e como sabemos, Robin era um mestre do improviso.

Pra cê ter uma idéia, ao fim das gravações eles tinham quase 16 horas de material. DEZESSEIS HORAS. Provavelmente 90% disso não era nem apropriado pra um filme da Disney. Eu duvido que mostrem algo disso até em documentários de making of.


E nesse papel podemos ver como Robin Williams levava a sério o trabalho de atuação, já que ele conseguia ser engraçado À BEÇA, e o filme foi projetado pra que as referências modernas do Gênio não soassem destoantes, mesmo ele sendo o único capaz disso. Porque mágica. Mas ao mesmo tempo, ele conseguia ter uma performance dramática legítima, que é um dos elementos que me faz chorar ao final do filme, quando ele diz pro Aladdin "Não importa o que digam de ti, você sempre vai ser um príncipe pra mim".


Mas não foi só Robin Williams que improvisou, Gilbert Gottfried (e eu juro que devo tar escrevendo o nome dele errado), que dublou Iago, também improvisou muito durante as gravações. Na real, faça um favor a si mesmo e assista o making of de Aladdin, Gottfried é RIDICULAMENTE engraçado.

Essa parte foi improvisada
por Gottfried e Robin riu feito uma mula com trombose.


O único porém é que... tem uma longa história entre Robin e Disney.


Como eu mencionei na resenha de Popeye, Michael Eisner tava recuperando carreiras de atores baratos, que geralmente vinham saído de uma queda grande, como vício em álcool e drogas. Robin Williams foi um desses casos, trabalhando com a Disney em Popeye e com a Touchstone em Sociedade dos Poetas Mortos e
BOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOM DIAAAA VIETNÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃ!

Espero que tenham conseguido ouvir meu berro nesse momento.


Mas assim como John Lasseter, Robin sabia como a Disney operava no marketing, e sua motivação pra dublar o Gênio foram duas: uma era pra deixar algo pros seus filhos, pra ser parte da tradição da animação. A outra foi um teste de lápis feito em cima de uma de suas rotinas de stand-up, que toda vez que eu vejo eu dou uma risada porque simplesmente funciona muito bem.

Robin fez provavelmente uma das melhores e mais únicas atuações da sua vida, e foi pago pelo menor valor possível que o sindicato permitia. A única exigência dele era que a voz dele não fosse usada pra brinquedos e que seu personagem não ocupasse mais que 25% de pôsteres, trailers, outdoors e propagandas em geral.


Esse era o pôster original:



E esse é o pôster de depois do lançamento:




...éééé. A Disney tentou cumprir parte do acordo reduzindo o tamanho dos outros personagens, mas quanto à voz... É. Foi usada exaustivamente nos trailers. Não disseram "ESTRELANDO ROBIN WILLIAMS", mas ainda assim descumpriram essa parte do acordo, que não tava selado em nenhum contrato.

Robin Williams ficou TÃO irado com a Disney, que na época denunciou publicamente essas atitudes, tirou seu apoio ao filme, e mesmo com Michael Eisner mandando um Picasso original pra ele, não foi suficiente pra ganhar o perdão de Robin. Tanto no filme Retorno de Jafar como na série animada, o Homer Simpson dublou o Gênio, fazendo um trabalho até bom como imitador de Robin. Quando o terceiro filme, Aladdin e o Rei dos Ladrões foi produzido, Jeffrey Katzemberg já tinha saído da Disney e o ex-produtor da Fox que agora tava na Casa do Rato conseguiu convencer Robin a voltar ao papel, mesmo com as falas de Homer já gravadas. A única condição de Robin era que, depois do filme o Gênio faria aparições educacionais, como numa série de curtas sobre personalidades históricas no Disney Channel, e um jogo de matemática pra PC, que é a última aparição de Robin como Gênio.


Nessa mesma época de Aladdin e o Rei dos Ladrões, Robin também fez filmes com a Touchstone, como Homem Bicentenário e Jack, dirigido por Francis Ford Coppola. Sim, AQUELE Francis Ford Coppola, tio de Han Solo. Homem Bicentenário foi um fracasso de bilheteria e Williams culpou o marketing do filme. E é por isso que não o vemos fazendo o papel de Gênio em Kingdom Hearts, o que é uma pena, ele amava jogos eletrônicos, certamente ele teria abrido uma exceção.

E é por isso que o Gênio soa TANTO como Homer Simpson nos jogos.


Aliás, sabem porque Robin não queria que seu personagem fosse tão divulgado na época do filme?

Ele tinha outro filme que iria estrear com poucas semanas de diferença, e não queria competir com ele mesmo. Aladdin seria mais um cameo grande e o outro filme seria um trabalho de paixão mesmo.
O outro filme era Toys (A Revolta dos Brinquedos). 

"Que raio de filme é esse? Nunca ouvi falar"

Pois é.

Toys foi um fiasco monumental de bilheteria, mas aparentemente não é um filme que gere grana anyway.
No Natal eu resenho ele.



A animação é esplêndida. ESPLÊNDIDA, eu digo! Essa é uma história que não poderia ser contada em live action, ao menos não essa versão. Nem só pelo Gênio, que é o sonho e o pesadelo de todo animador, mas pelos próprios personagens, pela interação entre eles, pelas acrobacias e a velocidade que o fazem. O filme tem um ritmo que dificilmente um live-action teria (na sua época).

E claro, o uso de CG aqui começa a aparecer mais. Temos o mais próximo possível de um personagem totalmente 3D, a Cave of Wonders. Sim, tem um nome em português, mas eu vi o filme em inglês e tou acostumado com Kingdom Hearts, então Cave of Wonders it is.

Fica especialmente notável
como envelhece mal quando bate o flash.
Não é exatamente um PERSONAGEM, mas é meio-termo. É parte do cenário, é praticamente uma entidade, mas tem diálogo, tem uma certa personalidade, e... É incrivelmente datado. Assim como a lula em 20 Mil Éguas Submarinas, colocar a cena de noite funciona muito bem tanto dramaticamente quanto pra esconder as falhas da CG. O processo pra ser animada é basicamente o mesmo que fazem atualmente: é feito uma animação em papel, tradicionalmente, e depois passado no computador, a fim de imitar aquela animação, com a vantagem que agora dá pra girar ao redor do objeto animado. Hoje só se fazem as animações-chave, primordiais, que sirvam de base pros animadores, mas ainda assim.


E toda a animação nos personagens é magnífica. Tanto Aladdin quanto Jasmine conseguem ser bonitos, mas ter personalidade, eles são engraçados, tem anseios, sonhos.

Aliás, esse é um dos pontos-chave do filme.




Tem um vídeo muito bom do Screen Prism tratando sobre como o tema Liberdade é usado no filme, com base em estudos filosóficos. Em resumo, Aladdin e Jasmine tem liberdades, mas totalmente opostas. Aladdin pode ir e vir quando quiser, mas não tem liberdade monetária nem de classe. Jasmine tem privilégios de classe e monetário, mas sua vida é decidida pelo seu pai e ela não pode sair do palácio. Aladdin acha que seus problemas se resolveriam só com dinheiro, e Jasmine só quer poder ir e vir e decidir sua vida.


Enquanto isso, temos Gênio, que tem PODERES CÓSMICOS ILIMITADOS, mas é sujeito às ordens de um mestre. Ele é a personificação do fato que mesmo com muito poder (seja lá de qual natureza), podemos não ter liberdade.


...mas BLEEEEEH filosofia, amamos o filme porque AÇÃO ESPADAS MAGIA E PIADAS QUE SÓ ADULTOS OBESOS SEM VIDA SOCIAL E FEDENDO A LANCHE DO SUBWAY COM MAIS DE 40 ANOS ENTENDERIAM! HOORAAAAAY!!



E pra ser sincero, é um excelente filme de aventura. A ação é divertida, os personagens são gostáveis, é engraçado, é dramático, tem boas morais pra serem ensinadas, tem momentos de tensão à la Cinderela, mas tem uma catarse igualmente gratificante. A animação é esplêndida, e pra variar os backgrounds.
Sim, eu tenho uma queda por esses backgrounds da Disney.

Isso pra não falar nas músicas, que torna praticamente impossível tu sair do filme sem cantarolar ao menos uma. É sensacional demais, um filme completo demais. Te dá a diversão básica, mas refinada; e se tu for matutar sobre a história ainda dá pra tirar umas lições pra vida.


Eu só não sei se é só comigo, mas as cores do filme são muito fortes. Sei lá, toda vez que eu assisto eu sinto minha vista meio cansada depois de um certo ponto.

Ainda assim vale a pena. Aladdin é um clássico mesmo com as referências datadas e vale a pena ser visto sempre.

ALIÁS, quase ia esquecendo, vacilo meu. Teve duas polêmicas envolvendo esse filme.
Uma delas é que Jafar tem a cor de pele ligeiramente mais escura que os heróis Aladdin e Jasmine, o que poderia ser... mensagem subliminar pra racismo? Sei lá, a paleta de cores desse filme é meio zoada, eu não consegui notar.

A outra polêmica é na letra da música de abertura, Arabian Nights. Logo no começo, a música diz "Oh I come from a land, from a faraway place/Where the caravan camels roam. /Where they cut off your ear if they don't like your face,/ it's barbaric, but hey, it's home". O trecho de cortar uma orelha se não vão com sua cara obviamente causou problemas com a comunidade árabe-americana, e em lançamentos futuros (incluindo versões pra Broadway) trocaram pra "Where it's flat and immense/and the heat is intense".

Só que... Isso nos leva a mais problemas.

Primeiro, ouçam a versão original aqui. Notem como embora o tom mude drasticamente, ainda casa bem com a melodia, tu nota que é a mesma voz.
Agora vejam a versão editada. Notou algo diferente? Pois é, ao invés de chamarem o cara original pra refazer o verso chamaram um Chester A. Bum que tava claramente de ressaca após varar a noite mendigando no sinal pra encher a cara de Ypióca.
Aliás, não foi Robin Williams, mas Bruce Adler. Robin Williams tinha vários talentos, mas cantar legitimamente bem não era um deles.


Não só o trecho ficou tão destoante e chamativo quanto a verruga daquela mulher de Todo Mundo Odeia o Chris, como tira um dos aspectos básicos do ambiente da história. Mesmo que hoje não exista o hábito de cortar a orelha de alguém por pura desconfiança (debativelmente, já que as tensões na área porcausa de terrorismo ainda existam), a idéia era mostrar como a arábia medieval ERA brutal e como em quase toda aventura fantástica, existia um clima de medo constante.

O que é engraçado porque a versão brasileira menciona "orgias demais" lá na frente, mas a versão redublada, embora tenha o trecho de "imensidão, um calor e exaustão", ele mantém o trecho sobre orgias.
E agora você tem um filme Disney onde Timão menciona a existência de festas com anarquia alcoólica e sexual.
YOU KNOW, A FAAAAAMILY PICTURE!

E embora não seja fundamental pra história... meio que perde um pouco nessa caracterização. É como se tu fizesse um filme sobre a colonização da América e não quisesse falar nos conflitos entre nativos e europeus.

...o que nos leva ao artigo da semana que vem.


Fiquem com essa versão belíssima de Arabian Nights por motivo nenhum exceto que eu amo essa versão que é superior ao desenho.


E eu tenho quase certeza que isso é
uma referência a um desenho do Pernalonga.
Só não lembro qual, mas eu via quando era pivete.

***
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4 comments

  1. +Kapan, como de praxe, mais uma grande resenha!

    Obs: eu lembro de assistir o filme do Planeta do Tesouro quando criança em VHS (era um dos meus filmes favoritos) e até hoje, os visuais do filme me impressionam. Quando for falar desse filme, gostaria que detalhasse bastante o por que esse filme foi mal nas bilheterias, mesmo tendo uma premissa interessante. Penso que se esse filme tivesse mais uns 30 minutos, para desenvolver os personagens e a os cenários, talvez a história ficasse um pouco melhor.

    Obs 2: um outro filme que eu assistia muito quando criança em VHS era Atlantis: O Reino Perdido e sim, considero um dos filmes mais desvalorizados dos Estúdios Disney, pois, caso fosse feito hoje em live-action, mantendo a coerência da animação, no mínimo seria aclamado por várias pessoas.

    Sugestão: comentar sobre o filme Capitão Sky e o Mundo de Amanhã (2004) e todas as possíveis referências que ele faz a época na qual se passa. É diversão garantida mesmo!

    Obs 3: seria muito bom se algum dia a Marvel Studios/Comics, a Warner Bros Animation Studios/DC Comics e qualquer outro estúdio de animação pudesse lançar algum longa animado que tivesse mais de 3 horas, adaptando alguma história de um nível mais elevado.

    No caso da Marvel Studios/Comics, tenho algumas em mente:

    1) Guerras Secretas;
    2) Guerra Civil;
    3) A Era do Apocalipse;
    4) Vingadores vs X-Men;
    5) Invasão Secreta.


    Já no caso da Warner Bros. Animation Studios, seriam essas:

    1) Crise nas Infinitas Terras;
    2) Crise Infinita;
    3) Crise Final;
    4) A Noite Mais Densa;
    5) Novos Deuses (versão de Jack Kirby).

    Continue com o ótimo trabalho!

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    Respostas
    1. Pior que eu vi Planeta do Tesouro só de raspão, algumas vezes que passou no Disney Channel ahueahue Ilha do Tesouro eu só conheço as outras versões da Disney (o live-action e dos Muppets)
      Eu não sei dizer a essa altura porque o filme bombou, mas eu diria que tinha a ver com a concorrência e a Disney não saber como vender o filme. DreamWorks já era um oponente na época, eu imagino que tenha algo a ver.

      O pior é que Atlantis é legitimamente bom, mas... veio na época errada, eu acho. Era um filme de sci-fi steampunk, aventura, não era um musical e... provavelmente não era o que o público esperava. O que é irônico, o filme tá dentro do que a Disney costuma fazer, pega histórias conhecidas/lendas/contos de fada e dá seu trato único. Claro que teve filmes fora disso, como Nem que a Vaca Tussa e Zootopia, mas são exceções e ainda tão mais ou menos na definição de "fábula". Uma fábula original, mas ainda assim.
      A menos que Nem que a Vaca Tussa seja baseada num livro e eu não conheça.

      Also, o plot twist de Atlantis é incrivelmente imbecil, pelo amor de Joseph Campbell.


      Pera, eu acho que conheço esse Capitão Sk-AH SIM EU LEMBRO DE TER VISTO UM TRECHO SOLTO NA TV
      OBRIGADO EU VOU RESENHAR ASAP


      Ok, eu legitimamente ADORARIA ver como RAIOS adaptariam Crise nas Terras Infinitas. Envolve muito contexto dos quadrinhos da época, eu imagino. Sim, eu nunca li, e pelo pouco que sei... Uma minissérie seria mais viável. Adoraria ver também, mas medo de que ficasse muita coisa de fora, ainda assim.
      É uma adaptação, alguma coisa vai ter que sair eventualmente.

      Excluir
    2. Ah sim, obrigado por gostar dos artigos!

      Excluir
  2. +Kapan, acabei de ler a maxi-série (é assim que se chama) Crise nas Infinitas Terras e gostei muito!

    As batalhas são épicas mesmo!

    Para adaptar essa história para o cinema, há duas formas de fazer:

    1) Caso queiram a adaptação o quanto antes, podem fazê-la fora da cronologia dos filmes do Universo Estendido da DC Comics (agora chamado de Mundos da DC), como já foi dito por um site nerd (se não me engano, foi o Legião dos Heróis em uma matéria muito antiga).

    2) Agora, caso queiram fazer o filme de maneira mais cuidadosa, precisaria-se de pelo menos 20 anos desenvolvendo o Universo da DC Comics para tal e no meio do caminho, apresentar o conceito de multiverso, fundamental para a concretização da história, fora vários outros personagens que precisariam ser devidamente apresentados para ninguém ficar "boiando".

    Em ambos os casos, penso que, para uma adaptação marcante desse arco de quadrinhos, serão necessários pelo menos três filmes de três horas cada, para poder abarcar o máximo de conteúdo (para dar certo, teria que ser uma adaptação com um nível de qualidade e fidelidade autoral igual ou maior do que a trilogia O Senhor dos Anéis, que até hoje é lembrada).

    Obs: contudo, adaptar a saga Crise Final, de Grant Morrison, é ainda mais complicada, pois teria que apresentar muitos outros elementos do Universo DC, para daí, fazer uma adaptação decente (a história é confusa e caso você não seja um leitor de quadrinhos das antigas (o leitor raiz), você fica perdido no meio de tanta referência (coitado do Capitão América quando ler essa história), que posteriormente ao término da leitura desse arco de quadrinhos, tive de pesquisar todas as referências para compreender melhor o que se passava na Hq).

    Obs 2: Se não me engano, o Zach Snyder, quando estava no comando dos filmes da DC Comics, estava gradualmente conduzindo os filmes para a adaptação desse arco (pesquise no site Screen Rant sobre os planos do Zach Snyder para Liga da Justiça 2 e 3 e você verá).

    Obs 3: eu tinha esse filme da Ilha do Tesouro dos Muppets em VHS quando criança e gostava de assistir.

    Sugestões:

    1) Comentar sobre a extinção das videolocadoras no Brasil (nasci em 1993, logo peguei o finalzinho das fitas VHS e a vida útil dos DVDs, além é claro das videolocadoras) e a falta disso nos dias de hoje;

    2) Uma análise breve dos escritores Dr. Seuss (EUA) e Monteiro Lobato (Brasil), sobre os seus estilos de escrita, principais influências literárias, impacto para as crianças de suas respectivas nações e porque um é lembrado até hoje enquanto o outro é esquecido nos seus respectivos países;

    3) Considerando os filmes live-action da Disney baseados em suas versões animadas, poderia produzir analisar os filmes lançados até o momento do pior ao melhor? (ex: Malévola, Mogli, Cinderella, A Bela e a Fera, entre outros).

    Obs 4: li em alguns sites que a Disney quer fazer versões live-action dos filmes Alladin e Mulan.

    No mais, aguardo resposta!

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