Willow - Na Terra da Magia


Ok, eu reparei que eu tenho trabalhado em muito conteúdo relacionado a Disney ultimamente. Embora eu ame falar da história do estúdio e suas obscuridades, eu gosto de ter uma variedade. Raios, é meio que necessário, senão eu me sinto estagnado.

No momento que escrevo isso, eu tenho pelo menos 3 projetos em andamento que envolvem a Casa do Rato, nem que seja de forma indireta tipo alguns contos de fada. Eu ia resenhar uma versão de Pequena Sereia na semana que eu escrevi sobre a Renascença Disney, não ia dar certo.

Então eu resolvi pegar um filme que há tempos eu queria ver. Uma fantasia medieval dos anos 80, com gosto de nostálgica por qualquer motivo, e que-

*é da LucasFilm*

AH RAIO.



Willow foi concebido por George Lucas em algum dia que ele acordou e disse "mano... Senhor dos Anéis." e quis fazer um épico de fantasia medieval, batizando o embrião de projeto como "Munchkin". Quando George conheceu Warr... pera deixa eu checar o nome dele.

...

Warwick Davis. Nomezinho estranho. Enfim

George conheceu Warwick nas filmagens de O Retorno dos Jegue, onde ele atuou como Ursinho Carinhoso Principal. Daí George escreveu o filme tendo especificamente ele como protagonista. O resultado é... Willow.

Ok, do que se trata a história?



Um fazendeiro é chamado pra uma grande aventura onde ele precisa lutar contra as forças malignas e tirânicas de uma Imperadora DUMAL que tem como general um cara de capa preta e máscara de caveira. O fazendeiro encontra um aventureiro de lealdade e moral questionáveis, mas se mostra um valoroso combatente. Ele tem um relacionamento de amor e ódio com uma princesa, e eles tem como auxílio uma velha sábia com poderes mágicos.

...

Ok, não soou como eu imaginei. Vamo tentar de novo.



A Rainha Bavmorda governa o reino com mão de ferro, mas uma profecia diz que uma criança especial irá destroná-la ou algo assim. Assim, ela banca o Herodes e manda matar os bebês pra impedir isso. Mas uma menina escapa e é encontrada no rio por um anão chamado Willow. Sua esposa insiste em ficar com a criança, e Willow relutantemente aceita.

Até porque ele tem coisas mais importantes em mente; ele é um mago em treinamento e tá se preparando pro desafio de ser apontado como aprendiz do... anão-mago-supremo da vila. Ele basicamente faz truques de circo e ilusionismo, mas... Sei lá, é o que tem pra hoje.

Enfim, a vila é atacada por cães usando máscara de borracha e roupas estranhas, e o chaveiro do Panoramix organiza uma equipe pra ir deixar a bebê com um humano. Willow vai na equipe, se encontra com o Batman, fadas, e pequenos seres de chocolate que gostam de pôneis, os brownies.



A história segue a mesma receita de um Senhor dos Anéis, ao menos... o primeiro filme, que foi tudo que eu vi da saga. E eu passei três dias pra ver esse filme na primeira vez, então... Perdão, eu tou divagando, não durmo direito há duas semanas, eu tou de pé à base de café e misericórdia divina. Não exatamente de pé, porque quem raio escreve artigo de pé?

O fato é que meu cérebro tá ficando com a estrutura física de um mingau devido minha privação de sono. Aliás, o Espantalho no livro ganha um cérebro de trigo, então... divago de novo. Onde eu tava? AH sim, eu vi só o primeiro Senhor dos Anéis, mas o filme consegue captar bem alguns elementos-chave da trilogia de Tolkien, ao mesmo tempo que salpica umas referências bíblicas e vegetais de Tauó.

Eu fiz piada ali em cima, mas o fato é que as... "rimas" de Tauó não são tão óbvias durante o filme. Quando tu para pra pensar tem MUITA semelhança (mano, o enviado da rainha tem capa preta e máscara de caveira, não tem como ser mais óbvio que isso), mas as semelhanças são esporádicas e são mudadas o suficiente. Por exemplo, a princesa é filha da imperatriz e recebe ordens da mesma; o guerreiro oscilante mas valoroso é um prisioneiro; a velha anciã com poderes só vai aparecer lá pela metade do filme, etc. E a história principal é nova o suficiente.

E ela não é só nova e interessante, ela é incrivelmente bem narrada.


A impressão que se passa é que o filme foi baseado em um livro. Vários momentos do filme tem a mesma fluidez de uma história como Senhor dos Anéis ou Nárnia, onde exploramos o mundo e sua mitologia, bem como os memoráveis personagens. Ao menos em termos visuais e de personalidade. Tem o anão bully e calvo, o anão guerreiro e barbudo, o anão genérico que sempre é lembrado por não ser memorável, e por aí vai.

Aliás, esse é um dos filmes que mais utiliza anões atores, que é algo que não se vê todo dia. Até Senhor dos Anéis usou trucagens óticas pra fazer com que os personagens parecessem menores do que realmente são. Usar anões reais não só é bom pros atores, como dá uma sensação de verossimilhança maior.


Ok que a atuação de Willow lembra muito aqueles adolescente de séries como Saved by the Bell, mas Warwick tinha 17 anos quando filmou o filme. Mas ele faz um bom trabalho de atuação, eu realmente consigo acreditar que ele é um carinha minúsculo que se sente pouco importante ou irrelevante. Mas ao mesmo tempo ele sabe que tem uma missão que precisa fazer, e ele quer ao menos encontrar alguém digno dela, e enquanto ele tiver com a bebê ele vai protegê-la. É um personagem carismático e Warwick consegue te fazer se importar com ele.

E podemos ver um progresso no personagem tentando aprender magia, e eles lançam alguns conceitos filosóficos interessantes; ao mesmo tempo em que temos aquela lição de que "magia real tá na sua inteligência e capacidade de acreditar em si blablabla" sem ser escancarado. Nós VEMOS isso acontecendo e flui bem na história.


Val Kilmer também é carismático o suficiente, sendo um arquétipo tipo Han Solo, mas ao mesmo tempo tendo uma história e personalidades distintas. Ele aparentemente era um guerreiro, mas nunca jurou lealdade a nenhum reino, e por isso vivia vagando por aí sem rumo e se metendo em encrenca. E embora ele renegue a missão principal, acaba se afeiçoando a Willow e se juntando à jornada.

Os dois brownies são... meh. Existem pra ser alívio cômico, mas no fundo não adicionam tanto assim à história. Não consigo ver eles fora do filme, já que eles são parte da mitologia interessante desse mundo. Mas... é, tão lá. Ok.

E só agora eu notei que eu não
tirei um print do Val Kilmer. Oh, well.

Eu creio que a narrativa flua tão bem não só porcausa dos personagens carismáticos, mas também pela mitologia e forma que os desafios são apresentados a Willow. Veja bem, anos 80, época de RPGs no NES, RPGs de mesa. Em jogos assim há situações específicas que são familiares a esse gênero. Por exemplo, personagens importantes que aparecem por um tempo, somem, e depois retomam a jornada com o herói depois de algum momento onde eles precisam de ajuda mútua.

Lembra do bardo em Final Fantasy 4? Ou do monge em Final Fantasy 4? Ou do-sim, o único Final Fantasy que eu joguei MESMO foi o 4, eu não tenho saco nem tempo. Eu nem cheguei na Lua, vejam só vocês. Enfim, isso acontece aqui também, com encontros e desencontros, e várias negações de continuar na jornada, tando de Willow quanto de Batman.

Esses pequenos pontos que lembram jogos de aventura servem pra te manter investido na trama, por mais simples que seja. Na real o ideal é que seja o mais simples possível mesmo, pra não confundir o público e não ser desnecessariamente complicada. E Willow faz isso, sem nenhuma pretensão de ser maior do que realmente é.

...com certas ressalvas.

Porque, veja bem, o idealizador do filme é George Lucas.


Não é à toa que a mitologia do filme é super bem projetada e interessante. Claro, pode ser influência da época também, Dark Crystal já tinha feito isso e Labyrinth debativelmente também. E Lucas trabalhou com Henson nesse segundo, é provável que tenha tido uma troca de experiências.

Mas a lição que George pegou é que uma franquia pra mitologia assim na época era muito provável ter um potencial criativo e de retorno financeiro maior que só o filme. Ele fez Tauó sem nenhuma pretensão, e deu no que deu. Imagina planejar algo pra uma trilogia? Willow foi feito pensando já numa franquia, mas no final dos anos 80 a fantasia medieval já tava ficando saturada, aparentemente. O filme teve uma bilheteria fraca, e os planos pra sequências foram descartados e transformados numa trilogia de livros e RPGs de mesa, além da novelização do filme que conta mais coisas.

Mas não foram as únicas mídias alternativas.


Willow teve ainda 3 jogos eletrônicos, um pra DOS (o qual eu vou ignorar porque parece ser incrivelmente tedioso, além de não adicionar nada ao mundo do filme), um pra NES e um pra Arcade.

O de NES é basicamente um Legend of Zelda com elemento de RPG, com experiência, níveis, etc. Eu não joguei tanto esse porque... sei lá, ele é meio travado. Tu entra nas casas ou esbarra em NPCs pra conversar com eles, aí passa pra outra tela e não dá pra avançar a conversa quando tu percebe que eles não tem nada de interessante pra falar; a transição entre telas é meio enganchada; e a orientação nas vilas no começo do jogo é meio zoada.


Mas tem alguns elementos bons. Os controles respondem bem, é divertido matar montros, e pequenos toques como Willow dar golpes meio lentos quando usa uma arma nova, mas quanto mais tu usa, dá golpes mais rápidos e até mais precisos. Te bota em perspectiva que ele é um anão fazendeiro desajeitado, mas que evolui no decorrer da aventura.



O de arcade foi o que eu realmente me apaixonei. Assim como o filme, ele me lembra muito dos tempos que eu ia pra casa da minha avó passar férias/natal/feriado e ficava jogando no emulador de Super Nintendo com meu primo, descobrindo jogos e vendo... sei la, Hércules/Xena.

E nem só pela nostalgia, mas porque é legitimamente um jogo interessante. É basicamente um platformer com elementos de RPG, com moedinhas pra comprar itens e power ups, segredos nas fases, chefões, etc. Não tem feeling de RPG como Dungeons and Dragons pra Arcade, mas ainda assim é divertido à beça.

E difícil.

Tipo... injustamente difícil.


Cuphead é um jogo difícil, mas uma vez que tu aprende os padrões, é só questão de timming, quase como tocar uma música. Willow tem padrões na fase, mas mesmo se tu aprender, o tempo de reação que tu tem que ter é tão caótico que muitas vezes tu vai se ver morrendo pra coisas simples, mas ao invés de culpar a si mesmo (como em Cuphead) tu vai culpar o jogo. Isso fica bem notório na cena da fuga na carroça, onde tu tem no mínimo 2 arqueiros, um soldado/cão que pula na carroça, e um pássaro que não satisfeito em jogar uma pedra em ti, ainda te dá um rasante.

Mas é o trabalho dele, né. Jogo de Arcade é projetado pra ser insana e injustamente difícil pra te fazer gastar todo o cheque especial em fichas.

Ainda assim recomendo MUITO esse jogo, é divertido de jogar e os gráficos são bonitinhos e satisfatórios. Tu provavelmente vai ter alguma dificuldade pra pegar o jeito e gastar muita ficha, mas é o básico de arcade.

Taí, pra não dizer que eu não
botei foto do Batman.
Os dois jogos tomam liberdades necessárias, como não que tomar conta de um bebê. Na versão de arcade a princesinha já tá com a rainha DUMAL e tu tem que ir resgatar, e isso nos é contado pelo primo cosplayer do Gorpo. Eu literalmente não lembro desse cara no filme, mas ok.

A versão de NES ainda traz mais luzes na história, contando que Bavmorda e TIR AZALÉIA (ou seja lá como for o nome da bruxa boa amaldiçoada) eram espíritos que mantinham a Terra em harmonia, mas Bavmorda ficou gananciosa e blablabla. Não sei se isso tá de acordo com os livros e eu tou com muita preguiça pra ir pesquisar isso agora.


Assim como outros filmes oitentistas (De Volta pro Futuro, Caça-Fantasmas, e até Labirinto), Willow é um filme surpreendentemente divertido e interessante. É quase um crime que ele não seja tão bem lembrado quanto esses citados e mais outros que cê deve tar citando mentalmente agora. Provavelmente por alguma questão legal, sei lá. O filme foi lançado pela MGM, que hoje é basicamente uma empresa subsidiária, que co-produz filmes com outros estúdios maiores, como Sony e Warner.

Os assets (no caso, direitos dos filmes) acabaram ficando com Ted Turner, cuja empresa envolve a Warner. E é por isso que temos filmes como Tom e Jerry no Mágico de Oz. Provavelmente alguma treta legal que divide os direitos de Willow entre a LucasFilm e a Warner/MGM/Silvio Santos não permita que o filme seja normalmente distribuído e bem-conhecido hoje.

É um clássico de aventura e que merece uma olhada, definitivamente. Pode não ser incrivelmente épico ou grandioso, mas assim como o protagonista, ele é o que precisa ser.



UPDATE: Como esperado, o filme tá nas mãos da Disney hoje e tá disponível no Disney+. Mas, caso cê ceja meio ablublublé das idéias feito eu, talvez se interesse pelo DVD + CD + Extras disponível na Amazon



***
  Esse post foi feito com o apoio do padrim João Carlos. Caso queira contribuir com doações pro blog, dá um pulo lá no Padrim, que cê vai poder dar pitaco nos artigos futuros, ler artigos assim que forem terminados, e mimos aleatórios na medida do possível.
Ou dá uma olhada nas camisas da loja, tem camisa com o símbolo do blog, designs exclusivos de Disney e Archie, e também aceito sugestões de ilustrações, aliás.

Também dê uma olhada nos livros originais do grupo SRT, que podem ser lidos usando o Kindle Unlimited, que é basicamente uma Netflix de e-books. Tu paga uma mensalidade e pode ler QUANTOS LIVROS QUISER, no kindle, tablet, celular e computador.
Clica na imagem e faz um teste de graça por 30 dias, na moral.


Ou se tu preferir filmes e séries, dá uma chance pra Amazon Prime, que não só tem um catálogo diferente da Netflix, como tem uma pancada de outros benefícios, tipo frete grátis, assinatura de revistas, brinde na Twitch, etc.

Inclusive o Prime Gaming dá jogo de graça todo mês, pra ficar na tua biblioteca mesmo. Vez ou outra aparece umas pérola tipo arcade da SNK, point and click da LucasArts e sei lá, o jogo de Dark Crystal, além dos pacotes pra uma PANCADA de jogo online.

Sério, faz o teste gratuito aí clicando na imagem abaixo, talvez tu encontre algo que não tenha na Netflix, ou Disney+, ou wathever que te interesse. Tem filmes clássicos também, tipo os da Pantera Cor-de-Rosa no MGM.
Se não gostar ou não quiser continuar com o(s) serviço(s), só cancelar a qualquer momento, sem besteira.


Cê também pode ajudar compartilhando os artigos do blog nas redes sociais, pros amigos que também possam gostar, etc. Manda pro teu amigo e termina a mensagem com "se tu não mandar pra mais 5 pessoas tu vai pegar cirrose no dedão do pé".

Se quiser dar uma doação random de qualquer valor sem compromisso ou assinatura, escaneia o algum dos códigos abaixo ou usa o botão do PayPal ali do lado. Qualquer valor já ajuda a manter o blog e impede que o Joshua morra de fome.


 

You May Also Like

2 comments

  1. Hahahaha.. Vc divaga tão bem quanto escreve. Adorei relembrar esse clássico através das suas palavras, devo ter visto esse filme uma dezena de vezes. Pesquisando sobre, vi que no youtube tem disponível na integra, acho que vou até me aventurar de novo, dessa vez com meu filho. #loveWillow

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Bom, esse foi um dos melhores elogios que já me fizeram hauehauaha

      Vale muito a pena, filmes oitentistas tem uma carga nostálgica bizarra demais, mas é sensacional. É bom passar isso pra próxima geração

      Excluir