Santa, Baby! (2001)
Eu já mostrei outros especiais da Rankin/Bass aqui, como cês devem lembrar de clássicos como Rudolph, Jack Frost, A Verdadeira História do Papai Noel, e O Ano-Novo do Rudolph. E se você tem algum mínimo de conhecimento cultural, sabe que eles costumam fazer especiais natalinos baseados em músicas natalinas.
E hoje não é diferente! Assim como os outros clássicos atemporais de fantasia, num charmoso stop-motion, nos anos 2000 a Rankin/Bass quebrou o jejum de 16 anos sem especiais temáticos e produziu Santa,Baby!, um desenho que usa jazz, personagens afro-americanos, e um estilo 2D que na época era genérico mas hoje já é especial, comparando com o estilo atual que tenta deliberadamente ser o mais feio e desagradável visualmente possível..
...
Totalmente diferente do que eles fizeram durante toda a vida, mas ok.
Also, não confundir com A Filha do Papai Noel 1 e 2. Mesmos nomes, mas não é a mesma coisa. Talvez Filha do Papai Noel seja mais interessante que o especial de hoje, no entanto.
E sim, algumas das imagens tão em melhor qualidade que as outras, eu tirei da Wiki de Especiais de Natal, porque tavam em qualidade melhor que o filme que eu vi.
Sim, tem uma wiki só pra especiais natalinos, não sei porque a surpresa..
A história conta sobre Dakota, uma garota-de-bom-coração-que-vai-todos-os-dias-ao-abrigo-de-animais-dar-comida-pros-animais. Mas o dono do prédio odeia animais e quer mandar os bichos embora, porque HUMPH HARUMPH. Eu até entendo o cara, deve ser difícil aceitar um abrigo com animais não convencionais como camaleão, lagosta, e porco. Quem raios tem uma LAGOSTA de estimação? Um porco eu até entendo, a Alexa Bliss tem um, então ok.
Mas aí tem uma rena bebê, que eu imagino que deve ser o pet dos sonhos entre 8 a cada 10 crianças.
...né?
Mas Dakota tem outros problemas, como seu pai, que e um compositor fracassado que não consegue pensar numa música de sucesso e milagrosamente ainda não tem que morar numa caixa de papelão se alimentando de farelo e Yakult. Mas Dakota encontra a lendária ave mencionada na música 12 Days of Christmas, a parridge in a pear-tree, que por algum motivo invoca magicamente personificações das rimas da música e realiza desejos.
E se você não conhece 12 Days of Christmas, não sei se eu te xingo ou te abençôo. É uma música tradicional e popular, mas também INCRIVELMENTE irritante, vez ou outra eu me pego cantarolando isso e tenho que me dar um tapa pra voltar ao normal.
Dakota então pede que seu pai tenha inspiração pra compor uma música de sucesso, com sorte tão grudenta e irritante quanto 12 Days, e a ave o força a fazer várias atividades natalinas, como se vestir de Papai Noel pra arrecadar moedinha, reformar a praça, e salvar os animais do abrigo inundado.
Pra vocês porcos incultos, Santa, Baby foi uma música cantada pela Eartha Kitt quando ela era jovem e é tocado até hoje em shoppings, é basicamente o Então É Natal dos americanos. Exceto que eles também tocam So This is Christmas, infelizmente a versão original e não a versão eurobeat.
E sim, Eartha Kitt, a Mulher-Gato do Batman com Adam West e a louca dos gatos naquele filme de Halloween do Ernest, e a velha rica de A Pequena Espiã. Aqui ela referencia seu papel como Mulher-Gato interpretando a gata de Dakota, mas também porque...
...né.
Mas ela não é a única cantora aqui, Patti LaBelle interpreta a ave gênia e eu só conheço ela por menções rápidas em Todo Mundo Odeia o Chris. De fato, de todo o elenco, eu só conheço ela e a Eartha Kitt, mas cês devem conhecer a Vanessa Williams de algum lugar, sei lá.
A animação parece bem pior em alguns prints aqui, mas é só a qualidade do rip, os prints que eu tirei da wiki mostram que era uma direção de arte muito competente e agradável.
O que mais me incomoda realmente é o tanto de filler que esse desenho tem, como os animais falarem e quase terem seus próprios subplots, mas nada disso realmente levar a lugar nenhum. De verdade, é só tempo extra que poderia ser cortado e nada seria perdido, e poderíamos aproveitar esse tempo pra desenvolver melhor os personagens.
Mesmo pra um especial de Natal raso e com intenções de divertir um público muito específico só uma vez por ano, o mínimo que eu esperava era personagens um pouco mais desenvolvidos. Não que os que a gente recebeu aqui sejam ruins, mas o especial todo parece meio sem foco, pulando de plot em plot sem saber exatamente pra onde ir.
Começa na guria com o lance do abrigo de animais e o velho chato, e aí vemos os animais que falam entre si, aí o protagonismo passa pro pai dela, e depois os dois acabam dividindo o protagonismo, não tem uma direção firme pra história.
Mas não quer dizer que não seja um desenho ruim. As músicas são clichês, mas são bem interpretadas, a história é ligeiramente interessante, embora fique cansativa lá pela metade e do nada jogam o Papai Noel no meio da história.
E o Noel pede que o pai da guria (que se chama Noel) o substitua por essa noite.
...
E o Papai Noel aqui é negro.
...
Ok, estamos seguindo as regras de Santa Clause, Noelle, ou O Auto da Compadecida?
Não é piada, eu realmente quero saber, não pode ser coincidência.
Enfim, Santa, Baby é o último especial que o estúdio produziu, talvez numa última tentativa de reerguer essa powerhouse de fim de ano. O que é mais estranho é que o IMDB lista a Rankin/Bass Productions como co-produtoras de Meu Papai é Noel 3 e Capítulo 27, o filme sobre o assassinato de John Lennon.
Eu não faço idéia do motivo.
Ok, outro momento estranho nesse especial, tem uma hora que toda a comunidade se reúne pra consertar o abrigo de animais, e só então nosso protagonista tem a inspiração pra escrever a música que vai ser um hit, finalmente.
Só que ele tem a inspiração durante o multirão pra consertar o abrigo. Tá lá todo mundo pintando parede, consertando cano, levando madeira, etc.
E O INFELIZ TÁ LÁ RABISCANDO PARTITURA NA PAREDE!
ALGUÉM VAI TER QUE LIMPAR ISSO DEPOIS!
Eu não sei exatamente porque o especial falhou em ser uma Renascença pros especiais natalinos da Rankin/Bass. Não sei se foi alguma intriga interna, ou se foi o desgaste do próprio gênero, ou se do estilo de especiais que a Rankin/Bass fazia. Digo, tem clássicos atemporais como Rudolph, Jack Frost, e Frosty (que eu não vi ainda), mas também tem coisas como o especial de ano-novo do Rudolph, que não era lá essas coisas, mas ao menos era visualmente criativo.
O negócio é que especial de fim de ano desse estúdio normalmente é brega, mas sabe que é brega e não tenta te enganar quanto a isso. Funciona numa produção dos anos 60 e 70, mas nos anos 2000 os gostos e exigências do público eram diferentes, o que deve ter resultado em exigências e objetivos diferentes quanto a Santa, Baby!.
Dá pra ver porque foi o último especial do estúdio, mas ainda fico triste porque mostra um real potencial na animação, só talvez a história não seja a melhor a ser usada, ou faltou um refino. Eu gosto do conceito da ave da música clássica realizar desejos e invocar os outros elementos da música, mas não foi usada pra ser engraçada ou avançar o plot ou fazer demais, e nem os personagens tem foco suficiente dentro da história pra se desenvolverem direito.
Ainda vale a pena ver? Vale, se tiver curiosidade. Não é lá essas coisas, mas não faz mal botar na playlist de fim de ano.
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Sério, já viu o preço do salmão? Pois é.
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