O Legado de Tio Walt - Parte 7: Momentum


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Não satisfeita com o crescente número de assets, a Disney resolveu criar mais uma produtora de filmes, a Caravan. Porque... Touchstone tava dando certo, então vamo fazer mais uma...?

Ok então.

Vamo dar uma olhada no primeiro filme da Caravan, que eu lembro ter visto na TV algumas vezes mas nunca tive saco pra ver. E também os grandes hits animados do estúdio, e Pocahontas.





Os Três Mosqueteiros conta a história que tu já conhece: o cardeal quer dar um golpe de Estado e se tornar rei da França após ter matado o rei. Seu filho tonto assume o trono, mas como ele é tonto o cardeal dissolve a guarda real do rei, os mosqueteiros. Mas 3 mosqueteiros leais resolvem se rebelar contra o cardeal e seus planos dumal. No meio disso tudo, entra um novato que quer entrar pra boyband e acaba ajudando o super sentai titular.


Três Mosqueteiros é o filme sessão da tarde ideal, em todos os sentidos. Ele basicamente reúne todos os elementos necessários pra fazer o filme pipoca ideal: tem ação, tem comédia, tem trama política, tem protagonistas com as personalidades das Tartarugas Ninja, tem Tim Curry sendo Tim Curry, é uma maravilha.


E sim, a história até onde eu pude pesquisar é levemente diferente da do livro... Mas pra melhor. Assim como Conde de Monte Cristo (outra obra de Alexandre Dumas que tem um filme DO BALACO BACO™), as mudanças (tanto as sutis como as mais notáveis) servem pra que o filme possa fluir melhor. Na real, a maior mudança que eu pude ver foi na relação entre Jack Bauer e a mulher, mas funciona em prol da narrativa. O resto são coisas melhores e que são mais... marcas do tempo.

Como Oliver Pratt sendo o mosqueteiro engraçadinho com frases prontas, ou Charlie Sheen sendo... Charlie Sheen, ou Tim Curry sendo Tim Cur-eu já tou me repetindo.


Os mosqueteiros principais (incluindo Dartanhão; e sim eu sei escrever o nome dele, mas eu tenho preguiça de usar o apóstrofo o tempo todo) tem personalidades simpáticas e gostáveis. Ele é o moleque sonhador e inocente; mas ao mesmo tempo nunca chega no território de desenho animado. Cê sabe, aquele personagem que idolatra um herói e quer viver como ele, agir badassmente como ele, tipo o Gurincrível, Scooby-Loo, e aquele moleque do Last Action Hero. Charlie Sheen é o religioso mulherengo...

...e essa frase deveria ser o suficiente.

Oliver Pratt é o mais moleque do bando, que vive soltando frase feita como se fosse um herói de quadrinhos, e Jack Bauer é o tipo durão com um passado trágico, mas não deixa de se divertir enquanto luta, assim como Oliver Pratt.


E claro, os vilões são cartunescos, mas nunca o suficiente que não os levemos a sério. Tim Curry consegue ser ameaçador e cartunesco ao mesmo tempo, mas também maquiavélico, sutil, e até nojento. O personagem dele é basicamente um protótipo de Frollo, de Corcunda de Notre Dame. E tem até mais profundidade, ele explicita que, por ser um homem dedicado aos seus afazeres religiosos, não tem contato com mulheres, mas adoraria ter com a rainha. E explicita isso PRA PRÓPRIA RAINHA EM UM MOMENTO DE PRIVACIDADE PÓS-BANHO.

...DISNEEEEEY!

Also, esse é o primeiro filme da Disney sob a marca Disney a ter suicídio.

...

WHEN YOU WISH UPON A STAAAAAR...


Agora... O filme tem muitos personagens, e é até fácil lembrar de cada um fisicamente e das personalidades, bem como papel na história. Charlie Sheen tem mullets e um cavanhaque, Oliver Platt tem os olhos esbugalhados, Jack Bauer parece o Thor, Dartanhão tem cabelão, o rei parece uma versão de soja do Príncipe Valente, e Tim Curry tem um braço direito que só usa preto, tem tapa-olho e fala como se fosse o Shen-Long com gripe.

Mas... eu estaria mentindo se dissesse que tudo funciona na narrativa. Cada personagem tem seu tempo de brilhar na história, mas alguns subplots são desnecessários. Por exemplo, o romance de Dartanhão com a dama de companhia da rainha é TÃO plano e inexistente que faz com que Aurora e Philip soem como Romeu e Julieta.

Eu juro, se a guria não conversasse com a rainha e não mencionasse Dartanhão, eu JAMAIS associaria ela à guria do cavalo que Dartanhão salvou quando chegou em Paris. Aliás, que raio foi aquilo? Elas tavam sendo perseguidas? Era ela e a rainha? É uma cena incrivelmente solta na narrativa e todo o subplot poderia ser jogado pela janela que não faria nenhuma falta. Raios, o romance de Jon e a Love-Hewitt no filme do Garfield é mais crível que isso!


Mas felizmente todo o resto é aproveitável. Eu adoro a narrativa, que consegue desenvolver uma trama política acompanhável até pra crianças, mas ao mesmo tempo interessante pra adultos; e consegue ter cenas de ação cartunescas, mas que funcionam perfeitamente com suspensão da descrença.

É o típico filme de ação cheio de clichês, mas são tão divertidos que não dá pra não gostar. E quem faz o filme funcionar realmente é o elenco, especialmente Tim Curry e os Mosqueteiros.


Pode nem ser o melhor filme baseado no livro, mas considerando que é uma adaptação mais family-friendly sob a bandeira Disney, ele cumpriu exatamente o que propôs. Tira um tempinho e assiste quando puder.

Até porque sabemos que a melhor versão de Três Mosqueteiros é com Mickey, Donald e Pateta.

UM-POR-TO-DOS!

E TAMBÉM TODOS POR UM!

MOS-QUE-TEI-ROS!

JUNTOS SEM FALTAR NENHUM!

SE-AL-GUÉM-OU-SAR

UM DE NÓS DESAFIAR

VA-MOS-LU-TAR

SEMPRE JUNTOS UM POR TODOS E TODOS POR UM POR TODOS E TODOS POR UUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUMMM!




Enfim, algo aconteceu durante a exibição de cinema de Três Mosqueteiros. Sendo um filme sob o nome Disney, o estúdio queria mostrar ao público um trailer de seu próximo longa animado.


Sim, eles simplesmente botaram toda a sequência de abertura com a música Circle of Life. Não por preguiça, mas porque era simplesmente a melhor coisa do filme que já tava pronta.


O Rei Leão era pra ser um filme mais... experimental. Custou mais que os outros filmes (45 milhões, comparado aos 28 milhões de Aladdin e 25 Milhões de Bela e a Fera), e foi um sucesso imediato e inesperado, arrecadando mais de 900 milhões de dólares mundialmente.

O Rei Leão se tornou uma FEBRE nos anos 90. Talvez maior que Frozen em popularidade, não sei se Simba também vendeu sutiãs e assentos de privada, mas enfim. Era o GRANDE hit da Disney na época e todo mundo, crianças e adultos imediatamente se apaixonaram por tudo no filme.


Éééé... Bom. É.

...só bom.

...ok vamos pra história antes que vocês queiram arrancar minha cabeça.


No coração da savana africana, nasce um moleque filho de Mufasa, o leão regente da selva. Ou savana. Sei lá eu sempre bombei História, dia desses eu tinha esquecido ABOSLUTAMENTE o que era "tundra". Enfim, agora o pequeno Simba tá destinado a ser o próximo rei da selva. Mas seu tio Scar maquina um plano pra tomar o trono, matando Mufasa e Simba no processo.

Ao menos é o que deveria ter sido. Simba sai vivo e Mufasa o faz acreditar que ele matou Mufasa. Mesmo estando os dois absolutamente sozinhos num canto isolado e Scar tinha apoio das hienas nas proximidades, então apagar o moleque não deveria ser difícil. Mas divago.

Simba é exilado de sua casa e acaba se juntando ao bando de também exilados Timão e Pumba, que são muito mais engraçados na série própria deles do que aqui, mas já chegamos lá.


Enfim, todo o plot do filme revolve na jornada de auto-redescobrimento de Simba, entre a necessidade de enfrentar seus medos e continuar a viver de qualquer jeito, fugindo de suas responsabilidades e comendo insetos.

Que eu suponho que pra um leão seja o equivalente a ele virar vegano, mas eu divago.


Não vi esse filme quando moleque, primeira vez que eu vi foi em... 2015, eu creio. Mantenho a mesma opinião: é um filme MUITO superestimado. É de fato um excelente filme da Disney, e por vários motivos merece ser superestimado.

Ok, essa frase ficou estranha, mas me acompanhe.


A fotografia do filme é LINDA. Ele é IMENSO, em todos os sentidos. Os cenários: imensos. Pradarias, vales, close-ups de personagens, tudo nele é exageradamente massivo e te dá uma sensação de estar vendo aqueles épicos históricos dos anos 30-40, tipo 10 Mandamentos, Ben-Hur, ou Cleópatra. E a história acompanha esse clima, já que é basicamente Hamlet pra crianças.

Hamlet com piadas de peido, mas ainda assim.


O mesmo filme que tem hienas nazistas
tem essa piada.
Pense sobre isso.
Aliás, a cena do estouro da manada levou 3 anos pra animar, porque o pessoal da CG teve que desenvolver um programa pra que cada gnu (eram gnus? sei lá que bicho é aquele, não sou zoólogo) corressem na mesma direção, em velocidades diferentes, sem barroar uns nos outros.

E a animação deles foi feita à mão também, numa técnica daora. Os caras fizeram um looping de animação tradicional do bicho correndo de lado, escanearam no computador, e fizeram um wireframe de animação em cima disso, e então botaram textura pra que ficasse do jeito que ficou. Sensacional.



Os personagens tem traços humanos muito característicos e identificáveis, mas sem tirar os traços animalescos. E mais que isso, eles refletem tudo que seus personagens precisam ser: Simba parece um gatinho, cresce e se torna parecido com seu pai, mas diferente o suficiente pra que seja ele mesmo; Scar é magrelo tanto em estrutura corporal como na juba, e Mufasa passa a mesma segurança e respeito com carisma e simpatia do leão do PROERD.

Se eu tivesse que reclamar de alguma coisa seria na interpretação do Scar. Sim, a performance do Jeremy Irons é ótima e passa bem o Tim Currysmo do personagem, mas... Sei lá, mesmo nesse conceito me soou exagerado demais, teatral demais. Um vilão desses deve ser exagerado e ameaçador (e ele consegue), mas o mundo ao redor dele é tão verossímil que eu me pergunto como ninguém suspeita do maluco.

Mas Jeremy Irons faz bem seu papel e Scar é um vilão de dar raiva, então tudo ok.


Outro que faz seu papel MUITO bem é Darth Vader como Mufasa. O cara consegue usar a voz de uma forma que soe imponente e séria, mas também amável e carinhosa. Se a voz não tivesse tão marcada no Darth Vader, daria pra ele fazer o Aslam de boas.

Simba pivete é um moleque adorável e Simba adulto é... ok.


E a mensagem do filme é realmente boa. Exceto quando o filme não consegue passar. O diálogo "o passado já aconteceu" entre Rafiki e Simba é simples, mas exemplarmente bem executado. Mas durante a batalha final, quando Scar revela que Simba matou Mufasa, ninguém apoia Simba quando ele se defende dizendo que foi um acidente. Isso é um erro IMENSO na história, porque o próximo passo lógico é Simba perder apoio momentaneamente das leoas por estarem em choque com a revelação. E isso acontece.

Entretanto, o ideal é que as leoas (principalmente Nala) apoiassem Simba e acreditassem que foi um acidente. Mas aí seria mais difícil achar um motivo pro Scar botar Simba no penhasco e...

...é.

Do jeito que tá no filme, a idéia parece ser que mesmo se Simba tivesse matado sem querer seu pai, ele merecia morrer e Scar deveria continuar reinando na Pride Land, já que as leoas não apoiaram Simba. É contraditório, é confuso. E nada disso acaba importando, já que Scar confessa que ele matou Mufasa, então... faltou muito umas reescritas aí.

E é... Timão e Pumba. Eu não gosto muito deles no filme.


Eles são até engraçados e ajudam a quebrar o clima tenso de alguns momentos, mas dando espaço pro plot prosseguir. Eu só tenho dificuldade pra aceitar a existência deles dois atuando seriamente nessa história. É como se em Arquivo X Mulder e Shulder (ou seja lá como se escreve, eu tou com preguiça de olhar) tivessem o auxílio do Didi, fazendo piada o tempo todo mas sendo mais sério nos momentos que precisa. Alguma coisa não vai bater direito.

Ainda assim, eles conseguem me fazer rir vez ou outra. Especialmente na distração que eles arranjam perto do final, que aliás, foi improviso do dublador. Originalmente era pra ser uma paródia de Embalos de Sábado à Noite, mas aí o cara mandou "Dress in drag and do the hula?", e o timming da cena é tão no ponto que faz com que uma piada previsível dessa funcione.

Sim, é uma piada previsível, mas o timming e o fato deles não irem tão longe a ponto de destoar totalmente faz tudo funcionar.


Mas as piadas de peido ainda são ornitorrincamente irritantes, e... debativelmente foi o que levou a animação nos anos seguintes a seguir o exemplo, potencializada por Shrek.

Aliás, falando em Shrek...


Eisner era CEO e presidente da Disney, e junto a ele estava Frank Wells, que vinha da Warner Bros. Infelizmente, em 1994, Frank Wells morre num acidente com helicóptero. Um dos prédios dos Arquivos Disney foi batizado em sua homenagem, e O Rei Leão foi dedicado em sua memória.

Katzemberg queria muito o cargo de Wells, mas Eisner disse que iria magoar o cara, mas se caso o cargo vagasse, time de fora era do Jeffrey.

Entretanto, Roy Disney não ia com a cara de Jeffrey. Na real, quase ninguém ia. Jeffrey costumava tomar crédito demais pelos sucessos do estúdio, e parecia sempre querer ser mais importante do que realmente era, e aparentemente era baderneiro. Eisner também disse que por algum motivo, Jeffrey talvez não tivesse tratado Roy como ele gostaria. E disse mais, se Eisner fizesse Jeffrey presidente da companhia, iria lutar pra tirar ele de lá.

Resultado de tanta tensão: Katzemberg foi obrigado a renunciar seu cargo e ainda processour a Disney pra reaver dinheiro, alegando que a Disney devia a ele. Resolveram o acordo numa disputa de beiblade fora dos tribunais, e Jeffrey recebeu 250 milhões do Rato.

Isso que dá não usar beiblade feita de tampa de detergente.

Hamlet, etc.

Com tanta grana em bolso, Jeffrey resolveu comprar uma belíssima capa preta e chamar dois amigos: Steven Spielberg e... David Geffen? Seja lá quem for. Ele marcou uma reunião na sua casa (que provavelmente tinha um telão do tamanho da parede com um mapa-múndi colorido em tons de azul) e seguiu-se o diálogo:


Jeffrey: Cavalheiros... Imagino que estejam se perguntando porque os reuni aqui hoje.

Steven: Mano pra que a capa?

Jeffrey: É pra dar drama.

Steven: Mano eu sou teu bróder, precisa se arrumar não. Ó só, eu vim de chinela havaiana e uma camisa da campanha do Eymael, precisa se arrumar não.

Jeffrey: ESTEBAN PELO AMOR DE DEUS DEIXA EU FALAR

Steven: ...

Jeffrey: Enfim, eu planejo ME VINGAR DO RATO!

Geffen: Lá no Centro vende umas cola pega-rato boa que só, fica perto do Fórum do Trabalh-

Jeffrey: ...

Geffen: Perdão, prossiga.

Jeffrey: Aquele nanico careca me passou pra trás! EU que deveria estar no comando da Casa do Rato! Pois bem! Se não posso ter a Disney, EU CRIAREI UMA!

Steven: Cê tem um botão pra ativar efeitos sonoros de trovões?

Jeffrey: Sim, instalei só pra essa ocasião, mas foco aqui, camarada. Nós iremos fundar um estúdio pra produzir e distribuir filmes live actions e animação! Iremos superar a Disney no seu próprio jogo! Logo em breve, estaremos tão na dianteira da corrida de bilheteria, que ela IRÁ COMEÇAR A COPIAR NOSSAS ESTRATÉGIAS PRA FAZER FILMES! MUAHAHAHAHHAHA!

Geffen: Mano, cê sabe que isso vai custar mó grana né?

Jeffrey: SIM, mas eu ganhei 250 milhões da Disney num processo agora.

Steven: Que cê gastou nessa capa e na telona e nos efeitos de som.

Jeffrey: Eu já tinha a telona e os efeitos, mas sim a capa me custou 300 milhões mesmo. Mas a gente revende e tá de boa. A gente cospe nela, diz que Beyoncé usou e fica tudo de boa.

Geffen: Quem raios é Beyoncé?

Jeffrey: ENFIM, topam ou não?

Steven: Ok, mas com 3 condições: 1- a gente vai poder fazer filmes com outros estúdios se assim quiser; 2-não vamo fazer mais que 9 filmes por ano; e 3- a gente vai chegar em casa na hora do jantar.

Jeffrey: BRILHANT-pera como é

Steven: Cê acha que eu minha ex-mulher me largou porque? Eu ficava no forró até altas horas, meus amigos até me zoavam que minha mulher não deixava eu sair de casa às vezes.

Geffen: Mano, isso dá uma música grudenta daora, depois passa na minha gravadora.

Jeffrey: SENHORES! Estamos de acordo...?


E naquele dia Jeffrey adicionou dois exemplares de glóbulos vermelhos na sua coleção particular, criando a Dreamworks.


A outra polêmica é... não, seu normalfag comedor de uva passa, não vou falar sobre a suposta palavra SEX escrita na poeira. Era pra ser o óbvio ululante que aquilo era SFX, uma assinatura engraçadinha que os caras da produção de efeitos epeciais deixaram lá por motivo nenhum exceto que era pra ser um easter egg interno. Só dá pra ler SEX lá se tu tiver muito mal intencionado ou se tiver vendo num VHS com uma definição de imagem equivalente a uma linguiça calabresa embebida no álcool, ou as duas coisas juntas. Que era a maior parte dos casos nos anos 90, que já sofria dessa histeria de caçada a mensagens subliminares.

Qualquer dia eu faço um vídeo sobre isso.



Enfim, eu quero falar sobre a treta entre a Tezuka Pro. e a Disney. A alegação de que a Disney plagiou a obra de Osamu Tezuka é recorrente e basicamente se tornou uma punchline na cultura pop. O Rato alega que é só mera coincidência que muitas das cenas, incluindo disposição de personagens, ângulos de câmera, papéis, animais usados, sejam MONARQUICAMENTE parecidos. Uma das artes conceituais de Rei Leão inclusive tem um leão branco.

Entretanto, o plot das duas histórias é tão diferente quanto comparar maçãs com uma betoneira.

Pra começar que em Kimba, existem humanos.

A primeira semelhança que todos apontam é nos nomes Simba-Kimba. "Simba" significa "leão" em suaíli, assim como "aslam" é "leão" em turco. O nome original do desenho japonês é Jungle Taitei (Imperador da Selva), e na dublagem americana (que eu presumo ser a primeira versão internacional do desenho) onde mudaram muitos nomes de personagens, inclusive o do protagonista Leo, que agora se chama Kimba por... motivo nenhum, aparentemente.

Eu consigo achar duas dublagens, uma de 66 e outra de 89. Lembrando que 89 é o lançamento de Pequena Sereia, logo a Disney não tinha nada concreto pra Rei Leão além de conceitos vagos (formulados em 88, durante uma viagem pra Europa pra promover Oliver e sua Turma).


Outra alegação dos produtores de Rei Leão é que sendo um filme na África, é comum que se usem leões, hienas, seja lá que tipo de pássaro for o Zazu, e o babuíno. Claro que não tira a coincidência de vários papéis de ambos os filmes baterem com os animais, mas... É o mesmo lance de olhar pra um cachorro e imaginar uma personalidade alegre; e um gato recebe o conceito de mimado maligno dominador de mundos.

Eu sempre fiquei muito do lado da Tezuka nessa, que a Disney deliberadamente pegou elementos de Jungle Taitei e reformulou pra fazer sua própria história (já que também pega conceitos de Moisés, José do Egito e Hamlet, porque não de um desenho japonês obscuro dos anos 60?), até que Matthew Broderick, voz do Simba adulto, mencionou numa entrevista que ele achava que seria um remake de Kimba, "um desenho que eu vi quando criança".

E foi aí que eu me toquei: os caras podem ter feito essas semelhanças de forma inconsciente.



Na época que esse pessoal era criança, ter acesso a essas coisas era muito difícil. Raio, na MINHA época era difícil. Pergunta pra qualquer otaku paulista com mais de 40 anos que garimpava VHS na Liberdade. Imagina quando o Mattew Broderick era moleque. É muito capaz do pessoal ter assistido o desenho quando pivetes, mas as memórias ficaram num canto escondido da mente, e naturalmente as coincidências visuais foram se formando.

É natural que algumas histórias se pareçam (como o caso de Battle Royale x Jogos Vorazes, ou a Toei lançando Kamen Riders e Sentais que eram suspeitamente semelhantes a alguns conceitos da área de fanfics do fórum TokuBrasil, a ponto do "espião da Toei" se tornar uma piada interna), e nesse caso eu creio que seja isso. É semelhante o suficiente pros fãs de Kimba notarem e na época acharem que era um remake (como Matthew), mas pra quem viu talvez uma ou duas vezes e não lembra bem, é uma lembrança sutil e sorrateira, que subliminarmente moldou os rumos da produção.

E um artigo do HuffPost tem vários links confirmando isso... Provavelmente com alguma desinformação no meio, pra variar. Por exemplo, mencionam que o co-diretor do filme trabalhou como animador no Japão durante os anos 80, mas eu chequei o IMDB do maluco e foi basicamente... Little Nemo, que tem uma história de "escravos de Jó" mais longa do que a franquia Power Rangers.

Ou o Rato é um ladrão mesmo e se esconde atrás dos seus 20 super advogados, vai saber.

O importante é que Naruto copiou essa cena de Rei Leão.

Em resumo, Rei Leão é um filme fantástico. Ele tem lá suas falhas, algumas gritantes, outras passáveis, mas o que é bom nele é REALMENTE bom. Algumas músicas me dão nos nervos (cof cof Atum na Batata cof cof), outras são boas (Circle of Life) e Be Prepared é absurdo de tão espetacular.

E é um filme que merece ser visto numa telona de home theather, já que a Disney abandonou a prática de relançar filmes no cinema. Ao menos por aqui. É um filme massivo, a narrativa é muito boa, tem coisa pra adulto, tem coisa pra criança, é um dos melhores filmes Disney. Não é o top 5, talvez, mas ainda assim é obrigatório assistir, caso não tenha feito ainda.


Ok, muito drama agora. Bora aliviar um pouco com comédia.

Cês já pararam pra pensar como nunca teve um longa estrelando o Sexteto Sensacional? Sabe, Mickey, Donald, Pateta, Minnie, Margarida e Pluto. Sempre foram curtas animados, coisa pra TV, e quando apareciam em longas, era mais uma ponta, tipo Roger Rabbit.

Mas aí isso mudou em 1995, quando a divisão de animação pra TV resolveu fazer um filme baseado em Goof Troop (conhecido no brasil como TURMADUPATETA). O resultado é o excelente A Goofy Movie (a.k.a. FILMEDUPATETA)


Sim, tá em alemão. Não, eu não sei porque.

O filme se passa um pouco depois de TURMADUPATETA, já que Max tá ligeiramente mais crescido. E como todo moleque de sua idade, Max tem uma queda (é "crush" que os jovens de hoje falam né? na minha época era a tartaruga de Procurando Nemo) por Roxanne, e tenta impressioná-la com uma estravaganza musical no último dia de aula, imitando Powerline. Powerline é o mais próximo que esse mundo tem de um Michael Jackson, só que ainda mais cartunesco que o próprio Michael.

Aliás, esse conceito do moleque ter que fazer alguma coisa pra "impressionar" a guria ainda existe nos filmes ou é um clichê que morreu nos anos 2000?


Enfim, Max convida Roxanne (ou o contrário; é uma cena bonitinha que eu comento mais na frente) pra assistir o show de Power Jackson na casa da Stacy. Mas Pateta fica com medo de perder a confiança de Max, e Bafo sugere que ele saia de férias com ele. Max mente pra Roxanne, cancelando o encontro dizendo que vai pro show de Power Jackson porque Pateta conhece o cara e conseguiu entradas de graça ou algo assim.

A viagem toda segue Pateta e Max tentando se entender como pai e filho, mas também Max tentando ir pro show pra não passar de mentiroso.

...sim, é um drama. Mas é um drama mais... cartunesco. O que não quer dizer que ele tenha aqueles momentos "sitcom silenciosa".


Cê sabe, quando a sitcom simplesmente tira as risadas de fundo e o diálogo fica surpreendentemente realista ou profundo por mais tempo do que deveria. Acontecia direto em Um Maluco No Pedaço.

Pra um filme que se chama FILMEDUPATETA, ele tem vários momentos muito tensos onde os personagens tem que falar sobre coisas sérias da vida, especialmente criação de filhos e o relacionamento entre pais e filhos. Os diálogos entre Pete e Pateta são muito emblemáticos de dois pais que procuram o melhor jeito pra criar seus filhos, mas que nem sempre acertam. Só que Pateta é o cara mais inocente que confia no filho e Pete é o pai autoritário que só quer o respeito do filho.

E só agora eu notei que eu falei "Pete" ao invés de "Bafo". Muito tempo jogando Kingdom Hearts e vendo desenho em inglês dá nisso. Enfim.


Como eu dizia, na série é notório como Bafo ama e quer o bem de PJ, mas o temperamento dele é explosivo e autoritário, e muitas vezes no desenho acontece de ele tomar alguma atitude ruim, achando que vai ser algo bom. Como no episódio que o PJ surta porque o Bafo o obriga a estudar matemática e hijinks ensue. Eu falei rapidamente dele na resenha de Natal, talvez eu deva resenhar esse episódio qualquer dia. 


Enfim. Tirando a parte cartunesca do negócio (como na cena onde Pateta e Max abrem seus sentimentos um pro outro enquanto o carro se desgoverna e acaba em queda livre pra ficar quicando em rochas terminando num rio), a dinâmica dos personagens é muito realista. Embora cômico, Pateta é crível como um pai solteiro (debativelmente viúvo) que quer o melhor pro filho mas tem dificuldade de entender seu mundo. Parte dessa culpa é dele, que realmente não entende o mundo de Max, mas também de Max, que não se abre com seu pai, que sequer sabia da queda do moleque pela Roxanne.

A forma que os personagens são escritos é que te vende todas as situações. Max é um moleque comum do ensino médio, que não consegue pensar muito no futuro e tá mais preocupado com a ilusão do presente. Pateta é o paizão que ama seu filho, mas não percebe que ele cresceu e não consegue acompanhar as mudanças. E até Roxanne não é a guria mais popular e perfeitinha do colégio, ela também é insegura e tão tímida quanto Max.

E no final das contas, tanto um como o outro acaba hiper idealizando ao outro, como realmente acontece na vida real.


E há dilemas reais no filme, e os personagens são tratados como seres falhos. Nem Max, Nem Pateta, nem Bafo estão 100% certos nas atitudes, mas também não tão 100% errados. Bafo tem razão em querer que o filho o respeite, mas a forma que ele faz só bota medo no moleque; Pateta quer fazer parte da vida de Max, mas é tão trapalhão e inocente a ponto de quase viver alienado do mundo ao seu redor, que não percebe quando Max não gosta de algo (o contraste da cena que eles ficam trocando a estação de rádio e da montagem deles indo pros lugares que o outro gostaria de ir mostra isso); e Max não consegue confiar em seu pai tanto pelo jeito Pateta, como por eles falharem em tentar entender um ao outro.


E sim vai se lascar eu choro até perder o ar quando eles cantam Nobody Else But You. É palpável demais e tu legitimamente se importa com os personagens. São tão reais quanto personagens de carne e osso, mas o sensacional é que ele ainda se lembra que é um desenho animado e se chama FILMEDUPATETA, e toma as oportunidades que consegue pra criar situações hiperbólicas e escalaboféticas.

E ainda assim, tem momentos silenciosos. Não é um filme zoadento o tempo todo, ele toma tempo pra respirar, deixar seus personagens reagirem e pensarem no que aconteceu e como agir em seguida. É um dos muitos motivos que faz esse filme funcionar.


E claro, as músicas são o tempero do filme. Não dá pra ver o filme e não ficar cantarolando After Today, Stand Out, Eye to Eye, mesmo sem saber nada de inglês. Nenhuma delas parece como algo jogado ao léu, todas acrescentam algo ao filme, seja na cena em si, estabelecimento de plots ou desenvolvimento de personagens. Claro, alguns momentos são muito óbvio ululante que pulula nas mentes humanas, mas...

...

São sequências TÃO vibrantes e TÃO 90's que não dá pra não se divertir. É um dos exemplos de quando algo fica datado, mas tal qual vinhos e Labirinto de Jim Henson, só ficam melhores com os anos. É como uma cápsula do tempo, onde tu consegue identificar rapidamente a qual era aquilo pertence, mas ao invés de dizer "haha lembra como era imbecil/ridículo?" tu se diverte com a energia e com a qualidade de animação e como o próprio filme sabe que é algo datado.


A animação também acompanha o roteiro. Como eu mencionei, tanto Max quanto Roxanne são muito tímidos e inseguros, tal qual adolescentes reais. E a animação consegue te passar a idéia de que eles são pessoas gostáveis, mas ao mesmo tempo não são perfeitas. E te passam de uma forma que, se fosse feito num live action, provavelmente soaria forçado.

Ajuda o fato que Max é escrito como um moleque real, sem entender muito bem como funciona a vida. Isso fica mais evidente no final do filme:


FILMEDUPATETA é sensacional. É divertido, é emocionante, é dramático, e tu consegue se relacionar com todos os personagens e consegue comprar todos os momentos do filme, sejam mais cartunescos e engraçados, dramáticos e verossímeis, como também uma mistura dos dois.

Vale sempre a pena ver e rever.


Eu só gostaria de entender melhor a lógica de um mundo onde o Mickey Mouse é tanto um cidadão comum, mas aparece em produtos comercialivázeis. Além de mencionarem Walt Disney.

Sei lá, o Disneyverso é complicado.



Então, Rei Leão foi um sucesso inquestionável, gerando pilhas de dinheiro de bilheteria e o equivalente ao PIB de Sergipe na venda de pelúcias, brinquedos do Burger King, camisetas, e o que tu conseguir imaginar que seja vendível e que dê pra botar o rosto de Simba, Timão e Pumba. O FILMEDUPATETA foi um sucesso, mas ainda iria demorar até a internet chegar pra que atingisse o status cult de hoje, provando que era mais do que só um filme baseado num desenho da TV pronto pra ser um caça-níquel.

Mas era Pocahontas que era onde a Disney tava apostando TODAS as fichas. Vários animadores pediram pra serem transferidos de Rei Leão pra Pocahontas, porque esse deveria ser o próximo grande filme. O trabalho mais prestigioso pros artistas, o filme que era esperado que atingisse o mesmo patamar de Bela e a Fera, e também o superasse, ao de fato ganhar o Oscar de Melhor Filme.

Era o filme que deveria ser levado mais a sério, baseado numa história real, um momento histórico, e aclamado como tal.

Aí os caras vão lá e botam uma árvore falante.


Ok, vamos pra história. É a época das grandes navegações, e a Inglaterra manda um pessoal pro Novo Mundo usando o lema da marinha espanhola porque soa bem na música de abertura. Temos John Smith, um inglês com sotaque americano que pode ou não gostar de ser torturado. Esse cara é conhecido no seu meio por ser matador de índio, e levam ele na viagem por precaução.

Enquanto isso, o governador Ratcliff ou seja lá como se chame, é o europeu branco malvadão que só quer explorar o ouro da região, porque é claro que vamos fazer essa história aqui.

Eu gosto de navios a vela, tá.

Mas espere, ainda temos que ver o outro lado da história. A família dos Capuleto tem uma jovem filha chamad-pera, roteiro errado.

...caham.

Do outro lado, temos uma jovem índia de espírito livre que conversa com o fantasma da avó, mas se sente perdida quanto ao seu papel no mundo. Ela é inspirada por músicas que traçam um paralelo entre a água e a vida a fim de procurar seu destino, a fim de encontrar a si mesma, já que ela não quer aceitar o destino que lhe foi imposto.

Pera, roteiro errado de novo, esse é o plot de Moana.

...

OK, ACHO que agora acertei.

CA-HAM!

Do outro lado, temos uma jovem índia de espírito livre que conversa com o fantasma da avó, mas se sente perdida quanto ao seu papel no mundo. Ela é inspirada por músicas que traçam um paralelo entre a água e a vida a fim de procurar seu destino, a fim de encontrar a si mesma, já que ela não quer aceitar o destino que lhe foi imposto.

...OKAY.


Enfim, Pocahontas encontra John Smith explorando a selva, e baseado nas conversas com sua árvore-avó ela deduz que ele é o destino dele porque ela teve um sonho com uma bússola e o cara tem uma bússola que aponta pra ele... porque de algum lugar Piratas do Caribe tinha que tirar esse plot device... e com a magia do vento as barreiras de comunicação entre eles são rompidas e eles conseguem trocar experiências e se apaixonam mas os índios e os europeus querem se matar e...

...tem um guaxinim e um cãozinho que fazem comédia silenciosa tipo Tom e Jerry, yaaaay?

...esse filme tem tanto foco quanto eu trocando as abas do Opera e a janela do WordPad.


Ok, vamos nos livrar dos problemas óbvios do filme. Ele é historicamente inacurado.


"DESCOBRIU A AMÉRICA", consigo ouvir você berrando, sem notar a ironia na frase. Dane-se as perfumarias mágicas, o maior problema dessa história foi querer tornar um momento histórico numa versão de Romeu e Julieta. Que poderia funcionar, caso fossem com personagens fictíceos (como Titanic), mas... É difícil de engolir, e o lance de magia é só a cereja do bolo.

Eu consigo engolir algumas coisas, já que eles se baseiam no misticismo indígena. Pocahontas falar com o espírito da avó numa árvore faz sentido no contexto, mas tudo se quebra quando John Smith reconhece que a árvore fala.

O que é irônico, porque a árvore fala, mas os animais não, o que seria mais que ideal nessa ocasião, mas eu também penso que seria incrivelmente irritante e ainda mais distrativo da parte histórica.

Se bem que... a barreira linguística foi quebrada graças à magia, então John Smith ver e falar com a Vovó Sequóia não é tão absurdo. É imbecil, mas não a nível The Legend of the Titanic. E é Disney, a essa altura ter magia nos filmes era algo obrigatório não só pra manter a marca registrada, mas também pra ser um plot device pra diminuir o tempo.

Se bem que... Uma música com eles aprendendo a liguagem um do outro seria interessante também. Enfim.

Mas esse não é o único problema do filme.


O problema maior dos personagens principais é eles não serem interessantes. Eles são bem estabelecidos e desenvolvidos, e é legal ver eles interagindo, mas... Meh.

John Smith é o típico herói corajoso e desbravador que vê seus conceitos desafiados quando encontra uma índia seminua com o quadril do tamanho de Minas Gerais. Pocahontas é a linda e desejável moça que OH!, não aceita o destino que lhe é imposto pelo seu pai e pela sua sociedade e busca algo mais na vida, e ao encontrar o estrangeiro bonitão com voz de masoquista acredita ter encontrado alguém que pode lhe ensinar e aprender sobre a vida.

E fica pior quando vamos ao vilão, que é basicamente o Burguês-Branco-Europeu-De-Mau-Coração-Que-Vai-Todos-Os-Dias-À-América-Para-Escravizar-Matar-Estuprar-E-Explorar-Os-Nativos-E-Sua-Região. Tudo que ele quer é ouro, ouro, OURO, e é um personagem tão desinteressante que é incapaz de sentar na mesa de grandes Vilões Disney, como Rainha Mariana, Capitão Cliffhanger, Hades, Gaston, Úrsula e Malévola.

Mano ele é praticamente um vilão
de James Bond, como ele é tão maçante?
MALÉVOLA! Que tinha uma motivação digna de uma patricinha mimada de Beverly Hills, mas cuja interpretação e design eram interessantes e bem executados o suficiente pra que ela se tornasse memorável a ponto de ter um remake bosta só pra ela. Até a CRUELA tá tendo um filme só pra ela, já não bastasse os da Glenn Close.

Cê consegue imaginar um filme baseado unicamente no governador sei-lá-o-quê? Não, porque ele tem a profundidade de um vilão de Uma Galera do Barulho! No máximo um remake mais sério/adulto em live action, mas iria levantar taaaaaaaaanto bafulê SJW na internet que nem vale o esforço. Galera do lacre iria odiar porque é uma deturpação histórica, e o público normal iria odiar porque seria um filme ruim.

Se bem que tem gente que gostou de Malévola e aquela desgraça de Leite Moça & o Zé Colméia. Então sei lá.


O resto dos personagens é igualmente esquecível: tem o cara inocente lá dublado pelo Christian Bale, o chefe da tribo dublado por um índigena ativista, o guerreiro que virou meme uns anos atrás. Nenhum personagem é memorável ou identificável ou mesmo desenvolvido o suficiente.

O maior ponto fraco da história é que a gente já sabe como tudo vai acontecer. Já ouvimos essa história antes, mesmo sem nunca de fato termos ouvido. Isso é o quão previsível é esse filme. Se vai contar uma história que já conhecemos por osmose, porque não fazer de uma forma diferente, ao menos?

Bom... por Deus, eles tentaram.

...e por glória e ouro e a Walt Disney Company.

...na minha mente tinha soado mais engraçado. Enfim.


A única razão pra ver esse filme (além de ser apaixonado pela Pocahontas, o que é totalmente compreensível) é a direção de arte. A história é ridiculamente clichê, mas a forma que as cores são usadas no filme é espetacular. Em alguns momentos a fotografia/layout de cena é beeeeem meh, mas quando brilha, rapaz, realmente BRILHA. Tem momentos onde a animação fica meio expressionista,  por vezes surreal, outros é simplesmente um flow agradável e criativo, e em outros é relaxante ou agressivo, depende da situação e os artistas usam todas as armas que tem disponíveis.

Piada não intencional.


Mas por mais bonitos e criativos que os visuais sejam, não é suficiente pra tornar Pocahontas um filme bom, ainda mais dada as expectativas que os produtores tinham. O tom do filme vai pra todos os lados, com um momento sério e dramático sendo seguido por um slapstick fofinho e engraçadinho. A gente acabou de ver um inocente morrer por um mal-entendido, eu não quero ver um guaxinim e um cãozinho mimado brigando por uma bolacha agora.

E nem as músicas são do mesmo nível, eu só consigo gostar de Colors of the Wind na versão country ou eurobeat. Just Around the River Bend é bonitinha, mas meh. Savages tem lá seu mérito, até por tentar mostrar uma visão diferente sobre o confronto entre nativos e europeus... Que pode ou não ser historicamente acurado, mas a essa altura, né.


Pocahontas poderia ter sido muito bom, mas infelizmente os caras não tinham foco. Foi a maior estréia pra um longa animado, feita no Central Park e até a Mãe Natureza olhou e disse "mano do céu que filme paia" e deu sua contribuição, tendo uma chuva passageira durante um momento de chuva do filme. Mas nada é suficiente pra que esse seja um filme memorável.

Exceto os relatos de face characters da Pocahontas que tem que ouvir de crianças visitando os parques: "a minha turma visitou teu túmulo semana passada".



Mas nada abala o estúdio ou Michael Eisner, que continua na sua missão de tornar os anos 90 na Década da Disney. Vejamos na próxima parte o que raios o nosso careca favorito vai aprontar.

Essa frase deveria estar na capa do DVD.


***
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2 comments

  1. +Kapan, mais uma vez, gostei muito da sua resenha!

    Obs: eu lembro que tinha as fitas VHS do leão Kimba, contudo, já faz tanto tempo que assisti que só lembro que há um episódio no qual um dos animais olha diretamente para o Sol e fica cego (não tenho certeza se foi uma cobra).

    Olha, no caso do filme da Pocahontas, para melhor desenvolver os personagens a Disney poderia ter feito um longa animado de três horas (algo que ainda não foi tentado por nenhum estúdio de animação no mundo, até onde sei), para dar tempo de desenvolver os personagens melhor (principalmente o vilão), ambientar a cultura indígena de forma decente (inclusive com alguns conflitos de tribos rivais vizinhas a tribo principal da história), desenvolver melhor os colonizadores (dando detalhes do processo de colonização), entre outros pontos que fariam justiça a história e tudo isso, de uma forma interessante para crianças e adultos.

    O outro filme da Renascença Disney que seria plausível de ter três horas de duração é: Hércules. Nesse caso ficaria bom, pois a primeira hora do filme seria para explicar o background da mitologia e história da Grécia (o que é necessário conhecer antes) daquele período e lentamente introduzindo os conceitos dos personagens que serão melhor desenvolvidos nas outras duas horas. Não sei se concorda comigo, mas penso que seria algo interessante.

    Sugestões:

    1) Comentar sobre o antigo hábito dos cinemas de terem intervalos em seus filmes, chamados de intermission, colocados no meio da exibição, dando muitos exemplos disso (tanto bem sucedidos, quanto mal sucedidos) e a possibilidade dessa prática retornar;

    2) Comentar sobre um filme da falecida atriz Jayne Mansfield de 1956 chamado, Sabes o que Quero (no original. The Girl Can't Help It), que aliás, possui o mesmo ator que contracenou com a Marilyn Monroe no filme O Pecado Mora ao Lado, no ano anterior (esse filme tem disponível completo no You Tube).

    3) Comentar sobre os filmes Príncipe da Pérsia: As Areias do Tempo e John Carter: Entre Dois Mundos e por que todo mundo diz que são filmes ruins (assisti John Carter online recentemente e até que gostei um pouquinho).

    Obs 2: ouso dizer que o filme da Alice no País das Maravilhas só funcionaria se, além de ser bem fiel ao livro, tivesse efeitos especiais dignos do filme do Doutor Estranho (leia-se: mind-blown effects).

    Aguardo resposta!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado pelo apoio!

      Kimba eu lembro de ter visto o DVD na locadora, mas parecia tão velho e empoeirado que nem dava vontade de alugar auehauheaue
      Mas ainda tenho vontade de ver Kimba, qualquer dia desses eu procuro completo.

      Filme da Pocahontas não daria certo de jeito nenhum, ao menos não como eles queriam fazer (com magia e etc). Sempre vai aparecer alguém pra reclamar de algum mísero detalhe que os produtores esqueceram ou mudaram levemente pra fazer a história funcionar/fluir melhor.

      Hércules... Eu não sei, talvez 2 horas seja suficiente, é pra ser um filme de ação com comédia, se deixar longo demais fica cansativo.

      Agora sim, é algo que merece nota em algum momento... mas eu preciso pesquisar melhor, só vi dois filmes com isso (Noviça Rebelde e ...E o Vento Levou)

      E sim, eventualmente eu vou resenhar esses filmes, só que vai demorar um pouco hauehuaheua
      Eu vou encerrar essa parte do Legado antes do início dos anos 2000, com Toy Story 2.

      Excluir