Lembra quando Once Upon a Time Pulou o Tubarão de maneira épica?


Sim, eu cheguei atrasado pra festa. A essa altura a série não tem mais a mesma popularidade que antigamente, ou... talvez nunca tivesse, sei lá. Que... é um dos motivos que gerou o assunto desse artigo, mas me adianto. O importante é que ver algo depois de sua vida útil de hype tem suas vantagens. Posso ver tudo no meu próprio ritmo, sem me preocupar em ver um episódio por semana, sem contar que não tem um monte de gente comentando e super-reagindo ao redor. Ambas as coisas ajudam a clarear a visão sobre a novela e ter uma impressão mais limpa.

Sim, é uma novela, não me encha o saco.

Aliás, esse artigo vai discutir pontos de trama cruciais da quarta temporada, então se não viu até esse ponto, essa é sua última chance de sair daqui. A menos que cê não ligue pra spoilers, ou nunca vá ver a série mesmo mas quer ler sobre ela.

Caso esteja se retirando, dá um clique ali no botão de Random, tenho certeza que vai achar alguma coisa que possa ser do seu interesse. Ademais, adiante!


Se acalme que logo essa imagem vai fazer sentido.
Ou não.
Pra início de conversa, é importante sabermos o que raios é um Pulo de Tubarão. Tem uma definição do TV Tropes, mas caso tu não entenda inglês ou não queira ir pra outro link agora pra ler o que seja, eu vou explicar. E mesmo que tu vá, eu vou explicar do mesmo jeito, então se segura aí.

O termo Jumping the Shark (ou Shark Jumping) surgiu da série Happy Days, que eu tenho absoluta certeza que menos de 10% de vocês assistiram, e menos ainda sequer ouviram falar. De fato, eu provavelmente fui o único no cinema a rir quando colocaram o <IMPORTANTE PLOT DEVICE> numa lancheira do Fonzie em Capitã Marvel, o que deve ser sinal o suficiente do quão desgraçada e solitária é minha vida.

Não, eu nunca vi a série, mas a abertura é daora.

Enfim, esse mesmo Fonzie, em um certo episódio da sitcom, fez uma façanha de fazer um salto de ski aquático sobre um tubarão. Pra muitos, esse foi o ponto onde a série fez muito esforço pra atrair atenção, mas o tiro saiu pela culatra, já que o resultado foi pateticamente discrepante do resto da série. Fãs da série vão dizer que foi o ponto onde a série começou a perder a qualidade e identidade. Basicamente, os produtores fizeram tudo que podiam fazer, e numa tentativa desesperada de dar novo gás pra série, fizeram algum absurdo pra chamar atenção. Agora o programa agonizava enquanto morria lentamente.


Um Pulo de Tubarão não necessariamente prelude ao fim da série, já que Happy Days ainda durou mais seis temporadas. Mas é um ponto característico e notável, já que inclusive força Fonzie a desaprender uma lição aprendida em episódios anteriores, onde ele se machuca num salto de moto.

Outras variações de um Pulo de Tubarão envolvem adicionar personagens novos, como Padrinhos Mágicos, que tem mais adições de elenco do que Pokémon. Mas como Once Upon a Time não necessariamente segue as mesmas regras de uma sitcom, não vem muito ao caso. Um drama consegue se sair melhor ao colocar novos personagens fixos do que uma série de comédia.

Comédia segue umas regras específicas pra funcionar, e são diferentes de um drama. Num drama tu bota um personagem novo e deixa ele zanzando por lá, porque... É assim na vida real. Numa comédia, aquele personagem tem que ter uma função cômica, adicionar uma nova dinâmica. E muitas vezes acaba quebrando o status quo básico da série (como Chloe Carmichael).

Sendo assim, vamos dar uma olhada em como Once Upon a Time pulou o tubarão de forma majestosa.

Essa família é muito unida...

A história original envolvia Emma Swan, uma moça que cresceu órfã e trabalha como... Caçadora de caloteiros ou algo assim. Até que num belo dia, aparece um moleque dizendo ser o filho dela. Sendo uma moça responsável, ela resolve deixar o menino de volta na cidade de onde saiu, Storybrooke. Uma cidade fora do mapa, onde estrangeiros nunca conseguiam entrar, habitada por personagens de contos de fada que foram amaldiçoados a esquecerem suas identidades e viverem como gente normal. Ou ao menos o mais normal que dá quando não se envelhece, mas ainda acompanha as tendências culturais e tecnológicas.

O que me faz pensar se a Turma da Mônica e do Archie não sofrem do mesmo mal, mas divago.


Os episódios são narrados de maneira anacrônica (ou, num termo mais fácil, "vai-e-volta"), onde vemos um trecho do presente e um trecho do passado, geralmente espelhando ou referenciando um ao outro. E nisso, vamos aos poucos descobrindo a história de como os personagens foram parar no Maine dos dias atuais sem passar pelas mãos de Stephen King.

O que seria bem propício, se me perguntar. Digo, já tem o Escritor (August), o Alcoólatra (Gancho), o Adúltero (Robin Hood?), e acho que dá pra encaixar os Anões como caipiras. Tem elementos sobrenaturais por vezes inexplicáveis, o capeta já apareceu algumas vezes, e os efeitos visuais não tão muito distantes de The Langoliers 

E sim, eu peguei da paródia do Nostalgia Critic de Gilligan's Island. Por incrível que pareça, eu nunca tive saco de ver ou ler algum trabalho do Sr. King, tudo que eu conheço foi de vídeos resenhando seus filmes. Mas divago.

Emma então descobre que é a Salvadora que vai quebrar a maldição, blablabla, e descobrimos que alguns personagens conseguiram escapar da maldição, como Mulan e Aurora (que eu sempre quero achar que fez Game of Thrones por algum motivo). O alcance foi limitado e alguns se safaram porque fizeram feitiço de proteção ou algum mumbo-jumbo do tipo, eu não vou pesquisar isso agora. O importante é que além de reinos vizinhos que escaparam por magia ou sorte, um certo reino ficou de fora.

Arendelle.


Agora, é importante ressaltar que até então, a série se manteve BEM distante de suas contrapartes animadas pela Casa do Rato. O que era interessante e dava liberdade criativa pros caras torcerem os contos originais pra que a história tivesse alguma coesão e/ou algo fresco. Por exemplo, Rumpelstiltskin pega vários "papéis" além de seu próprio, como o crocodilo de Peter Pan e Fera; o Gênio é também o Espelho Mágico; Branca de Neve era basicamente o Robin Hood (mesmo existindo o próprio). E visualmente eles também eram bem distintos dos desenhos, se apegando às descrições tradicionais: Branca tem a pele alvíssima, de cabelos negros como ébano; Rumple parece um duende e até se porta como um; Rainha Má é vaidosa e elegante, Robin Hood não é uma raposa e usa calças, por aí vai.

E não é como se eles nunca usassem nenhuma referência Disneyana, também. Embora a história de Bela seja totalmente diferente de sua contraparte animada, ela ainda usa o mesmo estilo de roupa do longa, e os anões, embora sejam... só ligeiramente baixos... cada um tem os mesmos nomes dos anões do clássico animado, mesmas personalidades, e eles até assoviam Heigh-Ho em alguns momentos. Mas eram momentos isolados e até sutis. Digo, pra um abilolado feito eu era um momento único e memorável, pro público normal era um toque interessante. Ainda era Once Upon a Time e a história andava com as próprias pernas.

Mas lá pela terceira temporada, Ariel foi introduzida, e essa era sua aparência:


Linda, fofa, pululante, e visualmente semelhante ao clássico Renascentista, sem contar sua personalidade básica. Elementos da história também estavam presentes, mas com um toque Onciano: Úrsula era uma divindade do reino de Príncipe Eric, e num dos momentos mais engraçados da série, a Rainha Má se faz passar pela deusa tentáculos pra fazer Ariel virar humana e botar em frente seus próprios planos.

O negócio é que a Rainha realmente tenta imitar a interpretação de Pat Carroll e... É sensacionalmente engraçado.


Sério, tirem um tempo e assistam esse vídeo, olhem essa atuação. Lana Parrilla sabia que tava absolutamente RIDÍCULA e a direção que lhe deram era a de uma drag queen vaudevilliana como no longa, e ela se diverte em cada segundo da cena. O dia que eu ouvir ela falar "dillemma" sem rachar o bico é o dia que eu morrer por dentro.

Mas esse ainda não é o pulo de tubarão. Não, não senhor. Esse foi só um teste, se daria certo colocar referências mais específicas dos filmes da Disney, em especial aqueles que diferem tanto do conto original que referenciar a história ao invés do filme seria perda de tempo. O público-alvo provavelmente era o mesmo do que reclamou que Mogli da Netflix não tinha "Somente o Necessário", imagina se eles vão adaptar Aladdin e na primeira cena o maluco tá espiando a princesa Badroulbadour tomando banho, ou se a Pequena Sereia vira espuma do mar no final.

Não creio que eles tenham feito isso com Frozen em mente, no entanto. Agrabah já havia sido mencionado na primeira temporada (e esse nome foi criado pelo estúdio no filme de 92); o episódio de estréia da Ariel foi ao ar no dia 3 de Novembro de 2013, enquanto Frozen estreou no dia 10 do mesmo mês e ano. Coincidência das coincidências, porque a Disney não esperava que Frozen fizesse TANTO sucesso, mas acabou servindo a seus propósitos. Eles já jogavam certas referências específicas desde o começo esperando alguma reação de aprovação ou empolgação de seu público.

E alguém achou uma boa idéia usar a história do mais recente sucesso no meio da história.

O que poderia ser interessante, já que Frozen foi baseado na história da Rainha da Neve. E eles de fato usam a Rainha da Neve no plot de Elsa, mas... Temos alguns problemas.

Ok, vamos comparar.


Essa é uma imagem comparativa dos personagens da Disney e de Once. Vejam como raramente eles tem algo gritantemente em comum, e a maioria segue descrições vagas das histórias originais. Isso também se aplica nos plots, vale ressaltar.

Ok, essa é a Elsa animada.


E essa é a de Once.


...ou é o contrário? Enfim.

Elas são praticamente uma réplica exata uma da outra, até os mínimos detalhes. Anna, Kris, os demais personagens e até o design de figurino e sets seguem o mesmo padrão, incluindo as personalidades intactas.

O único personagem que não aparece é Olaf, curiosamente. Nesse ponto dá pra dizer que a história aqui é basicamente um universo alternativo do filme, mas ok.
E sim, o Marshmallow aparece aqui.

Mas a ausência de Olaf parece ser a única diferença do filme pra versão televisiva. A história de Elsa se passa logo após os eventos do filme, onde ela controla os poderes e tem o vestido de gelo, Anna e Kris planejam o casamento, e TODO o design de produção remete ao filme, inclusive nos personagens secundários como o Duque de Weaselton. E sim, também fazem a mesmíssima piada aqui.


A diferença é que o plot de Frozen (com uma guria com poderes de gelo incontroláveis) é usada na Rainha da Neve (Ingrid), que é a tia de Elsa e Anna, quando o Grand Pabbie apagou as memórias de TODO O REINO após o poder de Ingrid sair do controle. E sim, o troll animado em CG é bizarro.

Also, também trocaram o nome da mãe de Elsa e Anna, de Iduna pro nome da guria do conto original. Mas ninguém além de mim se importa com isso então prossigamos.

Cada plot point do filme é reciclado na trama de Ingrid no passado, e é reconhecível por qualquer um que tenha visto o filme, a ponto de tu conseguir prever 70% do que vai acontecer nos próximos episódios. Talvez não nos mínimos detalhes, o que em parte é bom. Tu se engaja em ver algo que te dá um certo conforto mental, mas ainda te desafia por mostrar elementos familiares de uma forma diferente. É uma das coisas que me faz gostar tanto de versões Broadway de filmes e vice-versa, é uma história familiar mas com um tempero ou modo de preparo diferente, que dá mais surpresa e às vezes uma nova visão da obra original.

Por exemplo, a versão Broadway de Corcunda de Notre Dame mostra que Frollo perdeu o irmão pros prazeres mundanos, teve um filho com uma cigana, e Frollo se vê obrigado a criar o sobrinho após a morte de seus pais. Isso dá um peso MUITO maior aos personagens, que agora são parentes, e ainda joga uma luz no interesse de Frollo em Esmeralda.

Once Upon a Time faz algo parecido, usando referências, iconografias e escrita idêntica ao que já conhecemos do filme, mas de uma forma própria.


Essa é a temporada que até então MAIS referenciava propriedades intelectuais Disney, e curiosamente, ainda consegue manter os mesmos aspectos que já vinha desenvolvendo. O Pulo de Tubarão também pode ser caracterizado por um gimmick, uma novidade, e nesse caso é usar literalmente os mesmo personagens, plot points e iconografia de um filme recente extremamente badalado pra chamar atenção. Mas ao que parece isso não era suficiente.


"Oh, boy! I'm too old
for this shit! Hu-hah!"
"Bom, já que começamo essa marmota, agora vamo até o fim.", os produtores devem ter dito, quando voltaram do arco de Frozen pra história principal.

Aprendiz de Feiticeiro é usado como plot point também, mas como as únicas outras versões filmadas não-Disney da história são de 19301931, e dos anos 80, eu imagino que a única imagem no inconsciente coletivo seja a de Fantasia. Rumple usa uma vassoura pra lhe levar até o Aprendiz, o que é ok, dar vida a uma vassoura faz parte da história original. Mas como o público só conhece a versão de Fantasia...


...

Eu literalmente conseguia ver Rumple pensando "Bom, mais um pouco e acho que vamos ver Benny o Táxi em Storybrooke". Ao lado de Grand Pabbie, essa vassoura é o ser digital mais cartunesco da série, e eu não conseguia parar de rir enquanto assistia, tamanho era a discrepância visual.

Aliás, essa temporada inteira eu fiquei rindo, devido às referências Disneyanas esfregadas na tela. Eram tão repentinas e me sugaram tanto da minha suspensão de descrença que tudo parecia uma piada pouco self-aware.

Eles dão um twist interessante pelo Aprendiz ser um velho e ter uma função dentro do universo de Once (proteger o chapéu do Sombrio), mas... Bom, esse é o chapéu.


...

É. É literalmente o chapéu de Yen Sid (e não de Merlin, como erroneamente se presume). Feito de uma forma diferente e supimpa, mas ainda é um chapéu azul pontudo com estrelas e luas. Mas além disso, o Aprendiz usa um robe vermelho.

NÃO SATISFEITOS COM ISSO, Rumple transforma ele num animal.

Um doce pra adivinhar qual animal ele é transform-sim, é um rato.


Agora, o que é mais interessante é que MICKEY MOUSE EXISTE NESSE UNIVERSO. Em pelo menos dois momentos uma pelúcia do Mickey aparece como objeto de cenário, e em uma delas é o foco do enquadramento.

A sutileza de um coice de gorila
(Also pelúcia bem-feita demais, eu quero uma dessas)

Então, no mesmo universo em que Fantasia existe, Rumple transforma o Aprendiz de Feiticeiro, que usa robe vermelho, e protege um chapéu azul-escuro pontudo com estrelas e Elsa existe.

Eu juro como passei a temporada inteira esperando alguém olhar pra Elsa e dizer algo como "Ah sim, eu te vi na lancheira da minha sobrinha". É um uncanny valley DESGRAÇADO que criaram nessa temporada. Digo, já fizeram outras referências antes (Neal dizendo pra Mulan que "fizeram um filme sobre você, é legal."), mas NADA a esse nível.

Agora, pra ser sincero, o lance do Aprendiz Rato é... Meio que explicado. É incrivelmente retardado e cria tanto buraco argumental que faz as ruas de Fortaleza parecerem um tapete persa, mas explicam.
Segurem esse pensamento, enquanto chegamos na segunda parte da temporada.


Acabado o arco de Elsa, descobrimos mais personagens tirados diretamente de filmes Disney: Cruella, Úrsula e Malévola. Malévola já tinha aparecido na primeira temporada, e Úrsula é mais um resquício do... sub-arco...? da Ariel. Ainda assim, são personagens executadas de forma independente dos filmes, e Úrsula tem um visual gritantemente diferente do filme (mais próximo de Uma de Descendentes 2, parando pra analisar). Isso porque essa Úrsula não é a deusa, mas outra personagem que toma seu nome.
Malévola ainda lembra a vilã animada, mas com aquele toque mais verossímil e realista que permeia o design de produção da série. Mas Cruella... Oooooooh boy.



O momento que nos é apresentado o novo trio de vilãs (ou Trio Calafrio, chame como quiser) é meio bizarro. Digo, lá está Úrsula, a Bruxa do Mar, junto de Malévola, que é... Malévola, e Cruella DeVil, o equivalente canino da Louca dos Gatos.

Perdoe-me se minha memória me trai, mas ficar surtando por casacos de pele brancos com manchas pretas não cai na mesma categoria de “feitiços avançados”. Mas talvez seja só eu.


...OU A CRUELLA USA FUMAÇA DE... CIGARRO...¿¿ PRA LANÇAR FEITIÇOS.

CLARO, PORQUE NÃO?

Digo claro, eles explicam como tudo isso aconteceu, mas quando cê assiste pela primeira vez e eles te jogam uma cena da Cruella usando BAFO como MAGIA e vê aquela senhora com roupas distintamente londrinas junto de fantasia medieval, te causa uma confusão mental a nível olímpico.

A essa altura eu já tava esperando Mike Wazowski aparecer de uma das portas mágicas que levam pra Arendelle ou algo assim, e o papo de Luz x Escuridão se tornara tão tônico da temporada que só faltava Sora, Riku e Kairi aparecerem em Storybrooke.

...o que ironicamente explicaria MUITA coisa, pra ser sincero. Digo, o maldito Chernabog apareceu aqui, então eu não ficaria surpreso se o tal Autor que eles tanto buscam se chamasse Yen Sid.

Mas oh boy. OOOOOOOH BOY. Hu-hah, com certeza.

O fato que ele lembra vagamente o This Man
é só a cereja do bolo.
As vilãs se juntam a Rumpelstiltskin pra achar o Autor do livro de contos de fada de Henry (o maluco com um donut na imagem acima), que foi o que gerou toda a série, bem dizer. Eles partem do pressuposto que vilões nunca tem seus finais felizes e querem obrigar o Autor a mudar isso.

Pinóquio (cuja nova identidade é a de um escritor e dedicou sua vida a entender o livro mágico e buscar o tal Autor) informa aos nossos heróis que o Autor é na verdade um trabalho, e não um único maluco. Um monte de gente, de Eras atrás, tomou o trabalho de registrar os contos de fada e outras histórias em outros... mundos? O que não descarta minha teoria de Kingdom Hearts, mas eu divago.

Então... Um dos Autores que ele cita é Walt Disney.

Por. Nome.

Se não entende inglês...
...aprenda.

E o mais engraçado é que não há nenhuma preparação pra isso, é uma referência totalmente solta. Não há uma gradação, como “escritores, novelistas, desenhistas, cineastas, Grimm, Shakespeare, Esopo, Walt”. Não, não, é simplesmente jogado “UM CARA CHAMADO WALT.”

E eu não estou brincando. No dia que eu vi esse episódio eu GARGALHEI. Eu fiquei RINDO, sozinho, escovando os dentes, bebendo água, vez ou outra me acalmava, me lembrava do ocorrido e voltava a perturbar meus vizinhos com meus carcarejos.
E enquanto eu revisava esse artigo, eu voltei a controlar meus surtos de riso antes que meus vizinhos ligassem pra polícia achando que o Mal passeava encanamentos da casa.

MAS NÃO LIGUE AINDA, PORQUE TEM MAIS!

Logo após essa menção de Walter Elias Disney, o homem real, nos é revelado que o Autor precisava estar no mundo fantástico (Floresta Encantada ou seja lá como se chame) pra poder escrever sobre os ocorridos.

 Eu fui dar uma olhada na Wiki da série, pra ver como eles relatavam esses eventos, e...

...

...

ENTÃO.

Lembram que eu mencionei que o Rato Aprendiz faria sentido? ERA LITERALMENTE DE ONDE WALT TIROU A IDÉIA DE FAZER O CURTA ONDE MICKEY ERA O APRENDIZ DE FEITICEIRO. O tamanho da coincidência pra isso ter acontecido é suficiente pra alinhar o cosmos com o polegar de Chuck Norris duas vezes.

E ainda segundo essa wiki, Walt relatou os eventos de mundos mágicos e os adaptou pros filmes. Só que seus filmes já eram adaptações de histórias dos Grimm, de Hans Christian Andersen, P.L. Travers, etc. Então ele não meramente relatou, só recontou o mesmo relato de uma forma diferente, sendo assim... o trabalho ainda tava certo?

NA REAL isso só confunde mais ainda, porque tem histórias originais, como dos curtas de Silly Symphonies e os personagens da Casa, e algumas histórias onde todos eles se encontram. Mas e aqui, seria possível?


Mickey Mouse existe no mesmo universo que Branca de Neve, Chapeuzinho Vermelho, e toda essa galera? Bom, tecnicamente sim, porque aqui Mickey é o Aprendiz, mas teoricamente, poderíamos ter uma versão humana do Pateta se encontrando com Frankenstein? Grilo Falante no reino mágico era literalmente um grilo, mas no mundo real ele virou um ser humano, o mesmo aconteceria com Donald? Emma Swan poderia estar caçando o Zé Carioca?

Aliás, o Aprendiz de Mickey é SÓ UM PERSONAGEM, uma encenação do Mickey "verdadeiro"? Ou Walt usou elementos do Aprendiz real e usou no Mickey porque o Aprendiz virou um rato e ele já tinha um personagem rato? Originalmente o papel seria de Dunga, então poderia ter uma desculpa pra ligar as duas coisas.


“Nossa Kopão cê ta viajando demais” É CANON TÁ ALI O PINÓQUIO MENCIONA WALT POR NOME, TEMOS PELÚCIAS DO MICKEY EM MAIS DE UM MOMENTO DA SÉRIE, O CHAPÉU DO FEITICEIRO É IDÊNTICO AO DE YEN SID, A DESCRIÇÃO DO AUTOR SE ENCAIXA NO WALT MAS AO MESMO TEMPO NÃO SE ENCAIXA E NÃO FAZ O MENOR SENTIDO! VEMOS QUE ISAAC SE TORNA UM AUTOR NA ÉPOCA DAS TVS A COR, LOGO NOS ANOS 60, ÉPOCA DA MORTE DE WALT!

A REUNIÃO DE ROTEIRO DA ÉPOCA ERA BASICAMENTE O JAJÁ METENDO OS PÉS PELAS MÃOS E GRITANDO “TÔ DOIDO TÔ DOIDO” ENQUANTO QUEBRA TUDO

ESSA SÉRIE FICOU TOTALMENTE BONKERS DO ABSOLUTO NADA DE ZERO A CEM EM DOIS SEGUNDOS

GAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAACCHH!

...

.....

........


Ok, o sorriso da Jennifer Connelly me acalmou.

...


Prosseguindo, eu nem quero dizer que a série ficou ruim. No geral ainda leva a história do jeito que vinha levando até agora, com as mesmas mecânicas narrativas. Só que agora fica jogando personagens Disney no meio porque Sinergia é a alma do negócio. Ainda tem idéias interessantes na próxima temporada, onde o tom fica mais sombrio e... É, começou a perder um pouco da graça que já tinha. Ainda são conceitos interessantes e que soam naturais pra continuidade da história, mas já não é a mesma coisa.

Mas eu achei a quarta temporada um estudo fantástico de Pulo de Tubarão. Eu ainda não terminei de ver a série pra dizer com certeza que a qualidade só foi decaindo, mas eu sei que a partir daqui personagens de Valente e Aladdin aparecem como nos longas animados, então é uma tendência que prosseguiu.

O que na real gera mais dúvidas, já que a série foi contemporânea de Frozen e Valente, que são histórias novas (Valente sendo 100% original). Só que os dois filmes foram produzidos por John Lasseter, e ele DEFINITIVAMENTE não era um Autor na série, então...
...
Isso porque eu nem tou considerando os outros plot holes do tamanho do Castelão, como os eventos da Floresta Encantada na primeira temporada se passarem 30 anos antes do nosso presente, sendo que só Branca de Neve veio em 1937, e já era uma história clássica...
...
...
Meu Deus, eu preciso de um tylenol.


Pronto, já me sinto melhor.


Mas o negócio é que esse Pulo de Tubarão foi um movimento muito arriscado. Primeiro que ao que tudo indica, foi basicamente uma decisão empresarial, então os roteiristas foram obrigados a usar Elsa, Anna, Cruella, e... Mickey Mouse. E fizeram o melhor que podiam, pra ser sincero. Os personagens dos filmes que tinham a iconografia clássica (excluo daqui personagens como Úrsula e Gênio; incluo Ariel e Eric) parecem ter a mesma personalidade dos filmes, mas sem os tornar muito unidimensionais. Eles o são até certo ponto, mas é legal ver esses personagens em outros ambientes, como uma versão Broadway de um musical conhecido.

Ainda assim, foi uma decisão feita pra chamar atenção de um público que normalmente não assiste ou assistiria a série, e embora desse um boost considerável na audiência, assim que o arco de Elsa acabasse, eles iriam abandonar. Tentaram segurar, colocando outros personagens de filmes populares (Cruella, Malévola, Úrsula, Aladdin, Merida), o que, após Elsa, deveria ser uma constante. Se a Disney tocou naquela história, a versão OUATiana deveria ao menos lembrar física, psicológica, ou narrativamente o filme Disney, e ao mesmo tempo se encaixar na história atual da série.. Isso limita bastante a liberdade criativa, e gera absurdos semióticos como os que narrei nesse artigo.


Mas eu ainda acho uma pena não termos uma temporada de Kingdom Hearts, teria sido uma das poucas séries com dois pulos de tubarão, e a bagunça gerada disso seria fantástica.

Não sei como terminar o artigo então vejam esse walk-around do Sora:



***
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