How Murray Saved Christmas


Assim como eu, eu creio que vocês gostem de uma história onde alguém se sente incapaz de realizar uma tarefa grande mas através de uma boa motivação e talvez superar um passado trágico conseguem terminar a missão que lhes é dada com louvor.

Básico de história de underdog, tipo Rocky Balboa, Luke Skywalker, Yui Hirasawa e os Muppets.

How Murray Saved Christmas é mais uma dessas histórias.
Mas se segure em sua cadeira, só como medida provisória.
Assim como Dr. Seuss, esse é um especial rimado.
Mas ao contrário de Dr. Seuss, não é feito pra crianças
Então não fique desavisado.



...não, eu não vou rimar o artigo todo, eu tou ficando é véi, não doido.

Doido eu sou faz é tempo. Raios, nem a métrica na abertura eu acertei direito, eu não vou arriscar um artigo inteiro rimando. Enfim.


How Murray Saved Christmas é um especial da NBC, e que talvez apareça mais numa daquelas listas de "Especiais de Natal que Cê Deixou Passar". A história se passa numa cidade onde todos os representantes de todos os feriados coexistem e levam vidas normais. Ou quase normais, sei lá, eu sei que Vishnu é dono de um mercadinho, mas eu não lembro de outros mascotes fazendo o mesmo.

É mascote que chama nesse caso? Digo, o Coelhinho da Páscoa tem uma ligação incrivelmente frouxa com a Páscoa, mas ainda serve de mascote. Vishny é um deus hindu mas eu não sei se classificaria ele como mascote. Por outro lado, Papai Noel é um santo da Igreja Católica/Anglicana/Ortodoxa, então... eu sei lá.


O importante é que os representantes vivem aqui, e estamos na época do Natal, onde Noel vai fazer sua rotina de sair em casas distribuindo presentes e se empanturrar de comidas típicas como leite com biscoitos, biscoitos da sorte, tapioca de carne de sol com São Geraldo, e peixes porque... porque não?

Mas um terrível acidente acontece quando um elfo inventor acaba nocauteando Noel com seu novo brinquedo: uma luva de boxe dentro de um jack-in-the-box.

...

O QUE PODERIA DAR ERRADO?


Ah, é.

Enfim, eles precisam agora de alguém que possa substituir o velho Kris, ou o Natal será cancelado. Eles precisam de alguém que consiga lembrar de vários pedidos específicos e entregá-los.

Eles precisam de...


MURRAY! O CARA DA LANCHONETE! Que também é coincidentemente o cara mais ranzinza, rabugento, cabeça-dura, contumaz, resoluto, resmungão, lamuriante, rabuja, ranheta, queixoso, e renitente habitante da cidade. Praticamente uma cópia exata do bom velhinho!

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O primeiro diferencial desse especial tá na forma que a história é narrada. Praticamente tudo é rimado, o que é um feito e tanto. Rima é uma parada absurdamente difícil de fazer, e esse especial consegue ter uma fluidez natural mas ao mesmo tempo self-aware, inclusive zoando esse fato vez ou outra.


Ao contrário das obras de Dr. Seuss, ele não tem aquela finura e classe nas rimas, constantemente elas próprias são a piada quando não tem uma piada na cena. O que não é muito comum, porque esse especial é CHEIO de piadas.

E piadas realmente engraçadas, que não são exatamente originais, mas cujo timming e leves alterações são o suficiente pra te pegar desprevenido. Tem uma piada em especial que é a mesma punchline daquele episódio do Chaves que eles vão pra casa da Bruxa do 71, mas aqui eles esticam um pouco mais e tem uma punchline final totalmente diferente.

Algumas piadas rimadas são tão sutis e são uma atrás da outra que não dá pra tomar conta de tudo, é o tipo de coisa que merece mais de uma assistida, com certeza. A história em si também é típica natalina, inclusive com o arco de redenção do protagonista que é basicamente um everyman. Eu gosto desse tipo de história, é bem humana e palpável e pode ser até inspiradora pra alguns.


E sim, esse especial definitivamente não é pra crianças. Algumas piadas podem passar direto pelas crianças, mas não é exatamente obscena. Ao menos... Eu acho.

Tem uma cena que Murray como Noel encontra um moleque de 6 anos que lhe pede que faça a tradiiconal risada. De tanto rir, o cinto afrouxa, mostrando o nome na sua cueca. Murray olha pra câmera e diz: "Eu vou pra cadeia."


Nessa hora eu tive que pausar e mandar um "como É" pra tela do meu monitor e sim, eu falo com os filmes que assisto, quem não faz isso provavelmente é um psicopata em potencial. É estranho ter esse tipo de piada nesse especial, até porque vem absolutamente do nada. Tem umas duas ou três piadas nesse nível, o que torna o desenho um pouco fora de tom às vezes.

Fora o trocadilho que eles fazem no final, que poderia ter sido melhor lapidado, talvez com alguma música natalina antiga com a palavra "gay" pra fazer a ponte pra punchline estendida, sei lá. Não é difícil de achar, mentalmente eu consigo lembrar de de Carol of the Bells e It's the Most Wonderful Time of the Year.


Apesar disso, o resto das piadas é tranquilo. Não parece o tipo de coisa que vá entreter crianças abaixo de 13 anos, mas enfim. Ainda tenta emular o mesmo charme de histórias infantis com um ritmo cômico moderno e tirando sarro de algumas concepções populares.

Por exemplo, Papai Noel é um velho um pouco tirano por obrigar os elfos a trabalharem demais, sem dar benefícios e sequer lembra de quem são seus funcionários direito. Não é uma referência direta, mas lembra algumas análises feitas do Papai Noel em Rudolph, que provavelmente era um aproveitador de talento alheio quando isso lhe convinha.

O design e animação são ótimos, aliás. Eles parecem um pouco baratos mas pode ser parte da tentativa de emular esses especiais clássicos como O Natal do Charlie Brown e os da Rankin/Bass. Ao mesmo tempo alguns personagens tem uma certa atenção a detalhes, como o policial que tem um elemento de cada feriado maior. E os designs simplesmente funcionam, tu consegue captar facilmente quem é quem e qual a personalidade deles nesse desenho em especial.

Embora eu tenha lá minhas dúvidas do porque raios Lincoln e George Washington tão nesse especial. Sim ok Dia dos Presidentes, mas só deles dois? Porque? Talvez pra fazer uma piada de Três Pateta com Tio Sam, quem sabe. Não ia funcionar se fosse com o Bush e o Obama.

Fora que eles são vivos ainda e poderiam processar, eu acho.


Meu único cata-piolho com o design é que alguns personagens parecem muito... Family Guy. Nada do nível Be Cool, Scooby-Doo!, mas ainda assim as renas me parecem muito... Family Guy.


How Murray Saved Christmas é um especial divertido. É animado de uma forma divertida, escrito de uma forma divertida, e tem conceitos divertidos em um mundo que consegue existir funcionalmente.

É o tipo de coisa que não é espetacular, mas ainda assim tem tanta coisa interessante acontecendo ao mesmo tempo que é impossível não gostar de alguma coisa. É um pouco trabalhoso de ir atrás, mas vale a pena.


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Sério, já viu o preço do salmão? Pois é.


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