Super Aventuras Marvel: Batalha Gelada (2015)


A Marvel hoje tem conseguido um sucesso que seria impossível há uns anos atrás. Colhendo frutos de décadas de um marketing que envolvia ceder direitos de filmes e produzir desenhos pra TV, hoje a marca consegue ser levada mais a sério, e seus mega crossovers conseguem chegar ao nível de eventos culturais em larga escala.

Claro que nos quadrinhos acontece um "Ultimato" cada vez que a Tia May espirra, mas sem a mesma fanfarra.



Embora eu goste do fato de que hoje mais gente conhece os personagens que eu conhecia quando moleque (não tão a fundo, diga-se de passagem; mas eu era um moleque com internet discada e muita boa vontade), às vezes parece que os filmes se tornaram sérios demais.

Digo, eles ainda tem o elemento de diversão abobada e tentam fazer os filmes com um gênero em mente, que é uma decisão que permite que os filmes foquem no tipo de história e personagem que querem contar, mas também carrega as limitações do gênero.
Thor é fantasia; Homem de Ferro é sci-fi; Homem-Formiga é comédia nonsense; Doutor Estranho é fantasia surrealista; Pantera Negra é Rei Leão só que chato e animado num Playstaton 2 slim destravado; Capitão América é guerra/espionagem; por aí vai. E eles até abusam de one-liners quando tem a oportunidade, mantendo aquela essência original.

Mas... ainda são heróis coloridos de collant. Tem um certo absurdo idiótico nisso que produções multi-trilionárias não podem reconhecer totalmente, senão podem perder parte do público mainstream, que são facilmente ludibriados por tons sérios e cores sombrias que tentam tornar a história mais épica e dramática do que realmente é.

Ainda bem que existem os desenhos animados.


Nos anos 2010, depois da popularidade cinematográfica dos filmes, é claro que a Marvel começou a fazer desenho pra TV, pra manter a imagem dos heróis viva na cabeça do público e ao mesmo tempo lhes dar novas histórias. Além de servir de propaganda pros brinquedos, mochilas, estojos, escovas de dente, e assentos pra privada.
É algo que eles sempre fizeram, nem que fosse reprisando desenho antigo, o que acabava sendo bem mais em conta pros estúdios e pras emissoras.

Um desses desenhos foi Avengers Assemble, que teve um (ao menos um, sei lá se teve mais) de seus especiais estreiando exclusivamente na internet, tanto pela Netflix quanto "online".
Onde? "Online", é só isso que a Disney Wiki diz.
Fui nos comentários atrás de respostas. "Online". Deve ser um mega-servidor que distribui filmes diretamente na sua mente quando cê enfia o modem de internet no nariz, sei lá.


E esse filme parece ser exatamente o tipo de coisa que eu adoraria ver quando moleque, na manhã de Natal, na casa da minha avó, junto dos meus primos, comendo salgadinho que sobrou do dia anterior com guaraná Wilson. A gente ficaria tirando sarro dos absurdos do filme, mas também ia genuinamente se divertir com ele.

Eu fiz a exata mesma coisa, só trocando salgadinho por pizza gelada, manhã pela noite, dia de Natal por um dia aleatório em Novembro, e a companhia de meus primos jocosos por...

....

.....

Eu mandei prints fora de contexto disso pra uma amiga. A foto dela sumiu no meu WhatsApp e toda vez que eu vejo ela na rua ela arregala os olhos e acelera o passo. Não sei porque.

...

Enfim.


A história acompanha os Vingadoidos no seu dia-a-dia enfrentando O MAAAAAAAAL, que agora parece ter tido um plano ESPLÊNDIDO de iniciar uma nova Era do Gelo a partir de uma ilha paradisíaca e tão quente quanto a Praia da Barra.

Mas é tudo um esquema de Loki e um gigante de gelo cujo nome não me importo de lembrar, que obviamente fracassa mais uma vez porque eles são DO MAAAAAAL. O gigante então tem a brilhante idéia de roubar uma caixa mítica que rouba os poderes de alguém e passa ao usuário da caixa. Ele sugere que Loki a use pra roubar os poderes do lendário Jolnir.

Loki mesmo assume que Jolnir é uma lenda pra entreter crianças nórdicas, um mito. Mesmo vivendo no universo DA FREAKIN' MARVEL, isso parece absurdo demais pro SEMIDEUS NÓRDICO.

Pois bem, adivinha quem é Jolnir?


OH YEAH!

WE'RE GOING THERE!

CHOO-CHOO!

Então, agora os Vingadores precisam viajar pra algum reino nórdico de doces pra...

...

Proteger o Papai Noel de Loki.

...uau, que era pra se estar vivo.

Isso enquanto Tony Stark vai na jornada só pra provar que não existe Papai Noel, enquanto o mais jovem do grupo, Reptil, tenta provar o contrário. E tem ainda um plot B no filme onde Hulk tenta explicar pro Thor porque o Natal é tão legal, enquanto o semideus do raio faz aquele lance de peixe fora d'água, tentando entender a festa tal qual Bob Esponja e Sandy Bochechas.
Como se não fosse suficiente, tem um terceiro plot onde Rocket Racoon e o Groot vão capturar Papai Noel porque ele é um PROCURADO INTERGALÁCTICO.

FELIZ NATAL!


Sim, o desenho simplesmente atira pra todos os lados no quesito "absurdo", e tem tanta one-liner que poderia causar uma trombose nos escritores de Zorra Total, porque aqui é legitimamente engraçado.
A narrativa em si não é nada de especial, é basicamente um episódio da série, só que com uma hora e pouco de duração. Então se tu tá acostumado com os filmes, talvez se decepcione um pouco com o ritmo da narrativa. Não só por isso, mas porque o tom dele é BEM campy.

...campy. Intencionalmente ruim pra ser engraçado. Extravagante.

Digo, é uma história onde os VINGADORES vão salvar o PAPAI NOEL, o que GELADEIRAS FLAMEJANTES tu espera desse contexto? Homens-biscoito zumbis? SIM É CLARO QUE TEMOS, NÃO SEI PORQUE A PERGUNTA.

E pro crédito do desenho, ele consegue fazer bem o que veio pra fazer. É engraçado, é absurdo, nos dá frases fora de contexto maravilhosas, e a ação é..

...bom...

...eeeehhh?


Talvez o ponto mais fraco seja a animação. Eu não sei se o problema é só comigo, que não é acostumado a ver os desenhos de Vingadores (que geralmente tem um estilo diferente do que eu tou acostumado, tipo aquele Homem Aranha dublado pelo Fábio Lucindo de 2009), mas... Sei lá, tudo parece tão off pra mim.

Às vezes parece que os personagens não tem a emoção correta no rosto, ou mesmo corporal. Muitas vezes eles parecem e se mexem como se fossem as action figures do nível barato, mas em outras vezes conseguem dar piruetas, socos e voadoras eximiamente bem.

Eu acho que o único erro de animação mesmo seria o soco que o Reptil dá no Loki em um momento, que o vilão sente o soco antes do punho do moleque chegar nele junto do efeito sonoro. E tu nota bem isso porque é uma cena em câmera lenta, sei lá porque.
Ou pode ser uma referência visual aos filmes de luta brega mesmos, mas ainda assim, soa errado especialmente numa câmera lenta.


Mas mesmo com a narrativa meio lheguelhé, a animação meio tronxa... Eu não consigo não gostar desse filme. Ele é imbecil, sabe disso, e tenta se divertir o máximo que o orçamento permite. E ele tem momentos legítimamente interessantes e heartwarmings.

Sim, eu misturo inglês com portugês com mais facilidade do que deveria. Google é seu amigo (exceto quando ele bisbilhota sua vida, nesse caso use DuckDuckGo).

Todo o plot envolvendo Hulk e Thor poderia ter sido melhor expandido nesse sentido, com Hulk mostrando tradições natalinas tal qual Olaf naquele curta longo de Frozen, mas do jeito... Hulk. Meu momento favorito é lá perto do final, onde os heróis compartilham lembranças natalinas entre si. É um momento genuíno de coração, e onde podemos ver os heróis como mais próximos a nós, abrindo suas fragilidades uns aos outros, tal qual como acontece vez ou outra nos filmes.

Sério, eu não consigo não sorrir assistindo essa cena, é legal demais.


Frost Fight não é espetacular e talvez o teu sobrinho de 8 anos goste mais do que tu, mas ainda vale a pena assistir durante os feriados, com mais gente por perto, de preferência.

É um absurdo digno dos quadrinhos, e eu amo isso.

E como um bônus, aí vai uma pancada de cenas fora de contexto pra cê mandar pros amigos ou usar em conversas informais. É meu presente de Natal pra vocês:











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Sério, já viu o preço do salmão? Pois é.


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